"A noite fria, nublado, sem lua, sem estrelas, sem cor, a escuridão me fortalece, mas no fundo sinto que algo está me consumindo. Não consigo parar de pensar nele, rejeito minhas irmãs que são parte da família biológica, e aceito essa carga que levarei para a vida toda,sozinha, sem amigos, a única tarefa será sempre proteger a minha nova família e nada mais. Será que vou ter filhos ou estou amaldiçoada para não continuar meu legado? Só o tempo irá dizer."(Giovanni)
[Cena: Laboratório do Romero no porão da Mansão Farrar]
Romero: Como vou terminar este projeto sem cobaias? Talvez eu use a Daisy de novo, mas tenho medo de matá-la como fiz com a Duquesa.
Fernanda: Pai acho que tem algo de errado comigo. Estou começando a ter ansia de vômito, vou ao banheiro todo momento e não paro de engordar. O que foi que comi dessa vez?
Romero: Deite ali que já te atendo. Só preciso buscar umas coisinhas na cozinha e já volto.
[Cena: Fora da Mansão Farrar]
Uma figura usando sobretudo marrom, chapéu preto, sapatos fechados e óculos escuros, está olhando para a Mansão Farrar, distante pisando em uma poça de água rasa na grama. Não é possível ver seus olhos, apenas a sua barba e bigode depilado. Um sorriso confiante de seis segundos aparece em seu rosto e a brisa sopra os cabelos com leveza. Em seu bolso carrega dois tubos com um líquido pegajoso azul, não se sabe exatamente a reação que se tem ao usá-lo, apenas que foi extraído de uma planta poderosa que cresce apenas em um lugar do mundo. Caminha até a entrada da Mansão Farrar, para em frente a porta de dois metros de altura e espera o momento certo para entrar com respeito.
[Cena: cozinha da Mansão Farrar]
Romero entra na cozinha em busca de ingredientes para continuar o experimento de criar próteses para deficientes visuais, auditivos e sensitivos. A ideia é criar uma ferramenta que irá trazer de volta os sentidos que um deficiente físico possui e afeta seu cotidiano.
Romero: (Abrindo a geladeira) O que temos aqui?
Romero está pensativo e não percebe que há uma figura atrás dele. Após pegar os ingredientes que acredita ser os ideais para continuar o experimento, Romero volta-se para a porta e um ruído absurdo com flache apaga a energia da Mansão Farrar. A misteriosa figura aparece em frente ao Romero e pede para que o escute com atenção.
Figura(Líder e diretor da Academia Flavoure): Preciso de cobaias para injetar este líquido e transferi-los para a Academia Flavoure, uma escola e residência especial para aqueles que estão preparados a mudar o mundo com a ciência e sua magia.
Romero: (com medo) Como entrou aqui e o que você está querendo dizer?
Figura: Tudo que posso dizer é que encontre cobaias, quatro de preferência, e injete este líquido especial. O líquido irá se ajustar ao corpo com o tempo e quando completarem dezesseis anos, serão transferidos para a Academia Flavoure.
Romero: Não vou deixar um estranho levar inocentes para uma academia sem localização!
Figura: Prevejo que você está prestes a receber os escolhidos, ou melhor, as escolhidas. Esta família é especial e ideal para criar novos guerreiros.
Romero: (irritado)Que história é essa? Quer assaltar a minha casa? Então leve tudo logo, mas não ouse tirar nossas vidas!
Figura: Sua vida não vale nada para mim. Porém a vida delas é o que importa e voltarei daqui há dezesseis anos para buscá-las. Não se esqueça de injetar este líquido especial nelas.
Um segundo ruído e flache da tempestade aparece, ligando a energia da Mansão Farrar e a figura desaparece.
Romero: Inacreditável! Estou vendo coisas agora?
Romero acredita ter sido apenas uma ilusão, na verdade foi real e ele percebe quando repara nos tubos deixados sobre a bancada da cozinha. O líquido do tubo não para de brilhar e ilumina como um reflexo da luz azul da Lua em um comodo vazio. Ele pega os tubos, guarda no bolso esquerdo do jaleco e volta para o laboratório no porão.
[Cena: Laboratório do Romero]
Romero desce as escadas correndo e coloca os ingredientes sobre a bancada mais próxima. Ele ouve os gritos da filha, muito sangue escorrendo da maca para o chão, e a agonia que Fernanda carrega sem saber o que fazer.
Romero: Por que todo esse sangue? O que está acontecendo?
Fernanda: Eu sinto algo no meu estomago, algo saindo de dentro de mim por baixo.
Romero: Então era isso que o profeta previu.
Fernanda: Pai do céu, me ajude!
Romero: Respire fundo, vou pegar toalhas.
Romero corre para pegar as toalhas penduradas em uma arara e volta para a filha que está em momento de parto natural crítico.
Romero: Continue respirando fundo, abra bem suas pernas e empurre o que está querendo sair de você. Logo irá passar, apenas continue respirando e empurrando.
A primeira bebê sai do ventre e Romero sabe que pode vir mais como a figura avisou. A filha continua nos gritos e esforçando-se para gerar os bebês que querem nascer logo o segundo e terceiro bebê nascem, um colado no outro através do cordão umbilical. Mais uma vez o quarto bebê, e parece ser o último, mas para a surpresa de todos, um quinto bebê nasce do ventre e a dor desaparece.
(Choro de bebês)
Fernanda: Ainda bem que já passou, mas minha lombar e minha cabeça doem como se estivessem sido amassados por uma pedra.
Romero: Que Deus nos acuda! Eu irei ajudá-la como posso e logo estarão saudáveis para viver uma vida normal.
Romero espera a filha se acalmar e leva as bebes para uma sala de experimento, menos uma. Amara é a mais frágil de todas e não consegue resistir a uma longa vida, sobrando apenas cinco bebês. A segunda mais frágil de todas é Sophia Aiphos por sua personalidade calma e resistente,mas não tão corajosa e responsável como as outras.
Pelo olhar é possível descobrir como será a personalidade de cada uma quando atingirem a idade onde elas serão transferidas para uma academia de educação particular. Por mais que seja horrível, Romero injetou o estranho líquido em todas menos Sophia. A razão por ter feito isso com ela foram duas, por ela ser frágil e não sobrou nenhuma poção para ela.
Todos devem achar que Romero é maluco para fazer algo macabro como esse,mas um dia crê que elas irão agradecê-los pelo que fez.