Último Pecado | Jikook

By emmmy72

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Cometer um erro uma vez é normal, todo mundo erra. Cometer o mesmo erro duas vezes já é burrice ou falta de a... More

ÚLTIMO PECADO
A Resistência
Prólogo | Extinção
🔖PART.: 01 | MENINO ANJO ...
Capítulo 01 | Sobreviventes
Capítulo 02 | Ponto final
Capítulo 03 | Estou aqui
Capítulo 04 | Você não vai
Capítulo 05 | Nossas regras
Capítulo 06 | Qual é o seu pecado?
Capítulo 07 | Sistema
Capítulo 08 | Uma saída
Capítulo 09 | Sem tempo
Capítulo 10 | Última vez
Capítulo 11 | Sinceridade
Capítulo 12 | Pela resistência
Capítulo 13 | Demônio da morte
🔖PART.: 02 | VERDE-ESMERALDA ...
Capítulo 14 | Como fogo
Capítulo 15 | Isolamento part.:I
Capítulo 16 | Isolamento part.: II
Capítulo 17 | A Marca da Morte
Capitulo 18 | Impuro
Extra
Capítulo 19 | Aparente
Capítulo 20 | Todos os Riscos
Capítulo 21 | Quente como o Inferno, part.:I
Capítulo 22 | Quente como o Inferno, part.: II
Capítulo 23 | Quente como o Inferno, part.: III
Capítulo 24 | Cartas na Mesa
🔖PART.: 03 | SOBREVIVENTES ...
Capítulo 25 | Um Brilho de Esperança
Capítulo 26 | Uma Chance
Capítulo 27 | Déjà vu
Capítulo 28 | Arriscar
Capítulo 29 | Independente de nós
Capítulo 30 | Cura que destroí
Capítulo 31 | Mais que sobreviventes
Capítulo 32 | Euforia
Capítulo 33 | Insuportável!
Capítulo 34 | Imprescindível
Capítulo 35 | Brincando com fogo, part.: I
Capítulo 36 | Brincando com fogo, part.: II
🔖PART.: 04 | LAÇOS DE SANGUE ...
Capítulo 37 | Zona dos Dominantes.
Capítulo 38 | Domínio
Capítulo 39 | Não há culpados
Capítulo 40 | Ilucidez, part.: I
Capítulo 41 | Ilucidez, part.: II
Capítulo 42 | Ilucidez, part.: III
Capítulo 43 | Eu te amo
Capítulo 44 | Eu te amo mais
Capítulo 45 | Me perdoe
Capítulo 46 | Não é por acaso
Capítulo 47 | Não quero ver
🔖PART.: 05 | DOCE RUÍNA ...
Capítulo 48 | Real ou Imaginário
Capítulo 49 | Máscaras
Capítulo 50 | Sangue frio
Capítulo 51 | A morte pela vida
Capítulo 52 | Anjo diabólico
🔖PART.: 06 | REVELADO ...
Capítulo 53 | Último Pecado
Capítulo 54 | Véu da ignorância
Capítulo 55 | A verdade
Capítulo 56 | Nosso Filhote
Capítulo 57 | Firmes como aço
🔖PART.: 07 | INCOMPATÍVEIS ...
Capítulo 58 | Às cegas
Capítulo 59 | Menino mau
Capítulo 61 | Olhos Cristalinos
Capítulo 62 | Por Completo
Capítulo 63 | Molothrus
Capítulo 64 | Best day of my life
Capítulo 65 | Não me arrependo
🔖PART.: 08 | Clã ...
Capítulo 66 | Pressentimento paterno
Capítulo 67 | Memória espiritual
Capítulo 68 | Nosso princípio
Capítulo 69 | Um plano
Capítulo 70 | She knows
Capítulo 71 | Armadilha

Capítulo 60 | Família

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By emmmy72

Desculpem qualquer erro.
Boa leitura!

[Quatro anos atrás | Jungkook pov]

- Já estou a três quarteirões do alvo. Não vou esperar mais. - alertei enquanto girava o volante da viatura e entrava rapidamente na próxima rua.

Tínhamos recebido a denúncia no começo da madrugada gelada de inverno. Um morador percebeu a movimentação suspeita e nos contatou. Ao que tudo indica, uma loja de roupas infantis na nossa área de cobertura estava sendo invadida e apesar de parecer desarmado, o cara conseguiu entrar sem acionar nenhum alarme.

"Tudo bem, é só um e está desarmado" - a voz do meu irmão adotivo soou pelo aparelho de comunicação da viatura. Ele deveria estar comigo na patrulha dessa noite, mas teve que ajudar os bombeiros em um incêndio próximo ao centro da cidade. "Você dá conta, carinha. Vai na frente que já estou indo pra aí."

Eu fiquei um pouco surpreso, afinal ele sempre perdia a cabeça quando eu agia sozinho, mas realmente, era apenas uma invasão, um rebeldezinho. Provavelmente um riquinho revoltado tentando chamar a atenção dos pais.

Quando tudo o que houve do outro lado da linha foi apenas silêncio, eu estava prestes a desligar a chamada, mas me detive ao ouvir o suspiro pesado do mais velho.

"Ei, carinha..." - ele pareceu tentar criar coragem para dizer e completou em uma lufada pesada de ar: "Feliz aniversário."

E silêncio, que era interrompido apenas pela respiração suave dele.

Eu não tinha me dado conta, mas já eram os primeiros minutos do dia. Já era o meu aniversário, no entanto, esse sempre foi um tópico delicado para nós, porque... pra mim, esse dia nunca foi sobre a data do meu nascimento e sim, apenas mais um ano desde que minha mãe biológica morreu no meu parto.

Ignorar essa data era a nossa tática para escapar da dor, mas... não somos mais crianças. Eu teria que superar isso.

- Valeu, cara. - disse brevemente logo encerrando o assunto. - Te espero na delegacia."

E desliguei antes que ele pudesse responder. Era o melhor que eu podia fazer.

Respirando profundamente, me concentrei apenas no meu trabalho.

Graças às ruas vazias, cheguei ao destino em tempo recorde e a prisão foi em flagrante. Encontrei o invasor ainda dentro da loja. Ele realmente estava desarmado, vestia um moletom escuro, com o capuz e uma máscara de proteção normal ocultando seu rosto.

Entrando sorrateiramente na loja, eu ergui minha arma contra suas costas, apesar dela ainda estar travada.

- Mãos na cabeça e fique onde está! - ordenei e ele se assustou, realmente pego desprevenido, mas teve reação imediata.

Ele era ágil e rápido. Assim que apontei a minha arma em sua direção, ele empurrou uma fileira de cabides de roupas contra mim e disparou para fora da loja.

Puto, por ter que perder o meu tempo, eu me levantei já fervendo de raiva e corri atrás do desgraçado. Correndo pelas calçadas do quarteirão, eu já estava em seus calcanhares e seria impossível ele fugir, mas ele não desistia. Era um rapaz, provavelmente da mesma idade que eu, mesma altura também e porte físico. Atravessando a rua rapidamente, ele empurrou um cara do seu caminho e foi quando o vento gelado da meia noite empurrou o capuz de sua cabeça. Cabelos escuros e levemente ondulados... exatamente como os meus.

Ele entrou em um beco e tentou pular o muro no final, mas eu o alcancei rapidamente, o agarrando pela gola do moletom e o levando ao chão. Me inclinando sobre ele, eu o imobilizei rapidamente e ergui a arma até sua cabeça, mas... com a máscara escura ocultando parte do seu rosto, olhos de um verde absurdo de tão intenso se ergueram para os meus, brilhando na noite escura como se emitissem luz.

Ele não resistiu a prisão e o choque de olhar em seus impressionantes olhos esmeralda, desestabilizou completamente a minha mente. Desde o primeiro instante, eu pude sentir em meu peito... a estranha ligação e solidariedade que nasceu naturalmente. Apesar de não ter muita noção da importância daquele momento, a partir daquele ponto, a minha vida mudaria completamente.

Eu ainda não sabia naquela época, mas a partir do instante em que os olhos verdes-esmeraldas se ergueram para os meus pela primeira vez, eu não seria mais alguém sozinho e incompleto no mundo. Eu não seria mais tão vazio, meu aniversário passaria a se tornar nosso aniversário e no dia dessa celebração, eu não pensaria mais na suposta morte da minha mãe e sim, apenas naquela noite, onde encontrei a minha figurinha repetida. Eu havia retornado às minhas origens.

Ao sangue do meu sangue.

- Por favor, me escute. - os olhos verdes imploraram ao se fixarem aos meus, sua voz apenas um tom mais grave que a minha. - Se eu não voltar para casa com esse dinheiro antes do nascer do Sol... o meu irmão será morto. Ele é só uma criança, por favor, acredite em mim... me ajude.

[Tempo atual, quatro dias depois da última missão | Jungkook pov]

Na noite passada, escondidos debaixo dos nossos cobertores, de repente, a noite fria estava se tornando docemente quente. E eu estava completamente despreparado quando ele deixou escapar contra a minha orelha em um sussurro rouco e arrastado, um tom de voz intenso e inebriante...

- Humm... céus, como consegue ser assim, Jeon? Tão gostoso...

Deitado de bruços sobre o meu colchão, meus olhos se fecharam em deleite quando o corpo quente e suave dele se derreteu sobre minhas costas, nos aconchegando tão gostoso, arrastando seu corpo preguiçosamente sobre o meu até nos encaixar perfeitamente. Tão suave, manhosinho e quente... tão bom, só ele consegue ser tão perfeito.

Estávamos envolvidos em um estado preguiçoso de pura manha, mas ainda sim, docemente quente.

Eu escondi meu rosto contra os travesseiros, mordendo meu lábio inferior quando pude sentir sua respiração quente acariciar a pele muito sensível da minha nuca e logo depois, estremecendo com a sensação cruelmente prazerosa dos lábios macios me levando a apertar os cobertores em minhas mãos. Meu coração começou a batucar mais pesado quando os beijinhos manhosos estavam por toda parte, em minha nuca, ombros e descendo por minha coluna.

O ritmo da minha respiração se atrapalhava inteiro, ficando ainda mais pesado quando pude sentir os beijinhos antes doces e carinhosos, ir se tornando mais provocantes e molhados, enviando intensos e deliciosos arrepios por todo o meu corpo, enquanto suas mãozinhas massageavam e apertavam cada músculo, acabando comigo aos pouquinhos.

Há três dias, desde que Junny passou a dormir na clareira com Jisoo, era mais ou menos assim que Jimin nos levava para dormir.

Doce e impiedoso, ele tinha tudo o que quisesse de mim, explorando nossas sensibilidades, matando um pouco da vontade, mas nunca deixava ir longe demais. Se eu me movesse ou gemesse, no instante seguinte, ele usava seu dom contra o meu demônio até que eu ficasse relaxado demais para conseguir mover sequer um dedo e depois, sempre conseguia me fazer dormir.

Era inútil resistir, ele sempre ganhava e na noite de ontem não foi diferente.

Eu lutei para ficar quieto e fazer durar mais, mas acabei vacilando quando suas mãozinhas quentes deslizaram por minha pele, rondando o meu corpo até se meter abaixo de mim e se espalmarem no meu abdômen ao mesmo tempo que seus lábios se separaram contra a pele do meu pescoço e meu corpo inteiro queimou com a sensação da pontinha da língua se arrastando até a minha orelha.

Perdendo a noção de tudo, eu ergui minha mão por cima do meu ombro, mergulhando meus dedos nos fios lisinhos dele e os apertando levemente quando seus lábios cobriram minha orelha, capturaram o meu lóbulo. Apertei ainda mais os olhos já fechados, a respiração quente contra a minha orelha enviando arrepios intensos que derreteram os meus ossos e sem pensar direito, acabei gemendo baixinho contra o travesseiro quando senti o beijo molhado e tão quente onde já era tão sensível.

Nem um segundo a mais depois da minha reação e eu já pude sentir a primeira onda de torpor atravessar o meu corpo desde o ponto onde suas mãos me tocavam. Seu dom fazendo todos os músculos tensionados do meu corpo relaxarem aos pouquinhos e nos primeiros instantes, isso era tão gostoso que me provocava novos arrepios tão intensos quanto os outros, nublando minha mente profundamente, me arrancando mais um gemido de satisfação que não consegui conter. Me sentia tão sensível como se cada centímetro do meu corpo fosse acariciado, mas eu sabia que isso só durava os primeiros instantes, logo estaria relaxado ao nível de não conseguir resistir ao sono.

- Não, Jimin... não faz isso. - choraminguei baixinho, suspirando pesado ao sentir meu corpo todo solto como se tivesse acabado de receber a melhor massagem da vida.

Pude ouvir o arfar tranquilo do sorriso dele, sentir mais alguns estalinhos dos beijinhos mansos por minha nuca... a serenidade de quem me tem nas mãos sem esforço nenhum.

- Durma, amor. - sua voz sussurrou suavemente para mim e ele jogou baixo, erguendo uma de suas mãos e a mergulhando entre meus fios, massageando suavemente com as pontinhas das suas unhas. Eu já sentia a névoa inevitável do sono se arrastando até mim.

- Não quero dormir. - tentei protestar, mas minha voz já soava fraca e completamente rouca. Já não conseguia mais nem abrir os olhos, no entanto não era assim que queria terminar a noite, por isso choraminguei baixinho já que foi tudo o que consegui: - Eu quero você, Jimin... quero tanto.

Ainda pude ouvir o seu arfar, sentir quando ele enterrou seu rosto contra a minha nuca, fechando seus olhos com força.

- Não faça assim, amor. - ele sussurrou contra a minha pele, seus dedos voltando a acariciar serenamente entre meus fios, me levando mais longe na densidade do sono, mas eu ainda pude ouvir seu último pedido antes de apagar de ver: - Agora falta tão pouquinho... só mais um dia. Me espere só por mais um dia.

E sem ter certeza se sua última promessa foi mesmo real ou só mais um dos tantos sonhos que tive onde ele se entregava para mim, eu apaguei de vez e na manhã seguinte, por mais que desejasse, não tive tempo de perguntá-lo o que quis dizer com aquilo.

Assim que o Sol nasceu, eu acordei com os beijinhos doces de Jimin e sua voz melodiosa sussurrando um desejo de feliz aniversário contra o meu ouvido. Junny veio logo depois, invadindo nossa barraca e pulando em cima de nós, eufórico para a programação do nosso dia.

O pivete, pra acordar, faz o maior drama todo dia e só levanta ao meio-dia para os treinos, mas pra viajar... ele não só levantou sozinho, mas também junto ao nascer do Sol!

À três dias, essa viagem era tudo o que Jimin e Taehyung falavam. Jimin estava levando muito a sério a promessa que fez a Taehyung de que comemorariamos o nosso aniversário com tudo o que temos direito. Os dois nomearam isso como "nosso primeiro passeio em família". E Jimin parecia até mesmo mais empolgado para isso do que nós dois. Passamos três dias planejando tudo minuciosamente e acho que ele já tem até cada um dos nossos passos programados. Ainda não acredito, mas o loirinho fez até mesmo uma listinha de todos os lugares que visitariamos e as atividades que faríamos, porque sim, ele realmente escreveu tudo a mão para não esquecermos de nada!

Sairiamos antes mesmo da primeira refeição, em direção ao sul, três horas de carro até a cidade mais romântica da Coreia do Sul.

Namwon, a cidade do amor.

Além de ser a opção mais agradável, Namwon ficava longe o suficiente de Seul para ser seguro dos demônios maiores. Tínhamos passado pela província de Jeolla do Norte na missão em que... bom, em que eu morri e, realmente, os demônios por lá são tão escassos quanto a comida é, infelizmente, inexistente. Então, é certo que não teríamos grandes problemas.

Jimin tinha passado a tarde inteira do dia de ontem equipando o jipe para a nossa viagem. No meu grande dia, eu finalmente teria a minha família inteira comigo: O amor da minha vida, nosso filho, minha irmã, meu irmãozinho caçula, meu irmão gêmeo e... só depois de conseguirmos provar para Minjung que a viagem é mesmo segura, conseguimos convencê-la a trazer Rosé, então, eu teria a minha doce cunhadinha também.

Tudo já estava decidido e ontem à noite estávamos organizando os últimos detalhes durante o jantar quando, pra minha total surpresa, Lisa se pronunciou. Eu não estava esperando, ela vinha se tornado tão distante nos últimos dias e era óbvio que havia algo errado entre ela e Taehyung, mesmo assim, ontem à noite, eu percebi quando ela respirou fundo e pareceu reunir coragem para sugerir:

- Já faz mais de um mês desde a última vez que pisamos na província de Jeolla do Norte, não deveríamos apostar assim na sorte. - ela começou, não me passando despercebido como seu olhar escorregou até Taehyung, mas ele permanecia dando atenção apenas a sua refeição. Mesmo assim, ela estava decidida a continuar: - Talvez, fosse mais seguro se eu fosse com vocês. Minhas previsões ainda são nossa melhor arma.

Houve um silêncio completo, onde os olhos castanhos procuraram os verdes-esmeralda, mas Taehyung não ergueu o olhar ou sequer reagiu, mesmo que fosse óbvio que estava ouvindo. Isso não é bom. Não tenho certeza se ele gostou da novidade.

Foi Jimin o primeiro a concordar, parecendo feliz pela presença dela e apesar de estar assim como ele e querer a presença de Lisa, eu resolvi ficar quieto também. Podia sentir, havia algum desentendimento entre Lisa e Tae e ele não pareceu exatamente confortável em saber que ela viria conosco. Há alguns dias, eu finalmente estava conseguindo me reaproximar dele e esse seria o seu dia também, eu queria apenas me certificar de que ele estaria bem.

Mas Lisa tinha razão, o dom dela é a nossa melhor arma. Então, ficando decidido a presença dela na viagem, eu já tinha minha missão em andamento: Descobrir o que há com esses dois e tentar ajudá-los a se entender!

Pretendíamos sair hoje e voltar apenas amanhã no horário do almoço, então, a mala do jipe estava lotada com três caixas térmicas de comida e água e os bancos de trás, que ficariam vagos, seriam ocupados por nossas mochilas e duas bolsas completas de armamentos pesados, só por precaução.

E por mais que Jimin já tivesse organizado tudo um dia antes, ainda teríamos que cair na estrada cedo, pois seriam três horas de viagem e uma parada para abastecer. Então, se quiséssemos mesmo fazer tudo o que tinha naquela "listinha", não podíamos perder tempo.

O clima estava agradável, eram apenas as primeiras horas da manhã e o Sol já sorria para nós. Jimin levou Junny para tomar um banho no trailer de Namjoon, então, eu me virei na cachoeira mesmo. Depois de um banho de lavar até a alma, desta vez, o fardamento militar foi substituído por uma camisa branca de botões, com os quatro primeiros abertos e as mangas puxadas até os cotovelos. Uma calça jeans escura e um pouco justa e um par de coturnos simples. Após dar um jeitinho rápido nos fios ainda molhados do meu cabelo, joguei a minha mochila nas minhas costas e segui para a clareira.

Por ainda ser muito cedo, apenas os que viriam na viagem estavam de pé. O jipe já parecia pronto e a maioria já estavam em volta dele.

Seria a primeira vez que sairíamos do acampamento para algo que não fosse uma missão. Finalmente, alguma vantagem em descobrir ser parte demônio... ter poder o suficiente para não precisar viver escondido como ratos no esgoto.

Por hoje, nada de fardamentos, coldres ou estratégias, tínhamos combinado de esquecer todos os inimigos, seríamos... bom, seríamos apenas uma família nada normal curtindo o fim do mundo.

Com suas costas apoiadas à lateral do jipe, Minjung estava praticamente emanando sua personalidade forte. Botas militar, calça jeans escuro, regata branca e jaqueta de couro negro. Com os braços cruzados sobre o peito, ela tinha um sorriso provocante em seus lábios, os fios curtos do cabelo, ainda molhado do banho, caindo sobre seus olhos... os olhos negros e profundos como abismo, fixos nos da ruivinha a sua frente. E sua presença mais brusca contrastava completamente com a delicadeza suave da menor. Como sempre, Rosé era completamente doce em cada nuance do seu ser. Tênis all star branco, calça jeans de cintura alta e mais largo nos tornozelos, uma bandana vermelha usada como cinto e uma blusinha cor creme bem larga, mas curta a ponto de mostrar um pouco a pele clarinha acima do cós da calça. Rosé tinha suas longas mechas avermelhadas presas em um rabo de cavalo alto, decorado por uma fitinha cor creme que se misturava aos fios, esses que caiam em ondas suaves por suas costas. Ela parecia uma bonequinha de porcelana.

Só pequei parte da conversa delas, mas Rosé falava sobre nunca ter ido a Namwon enquanto mal conseguia sustentar o olhar de Minjung por mais de alguns segundos sem que seu rosto ganhasse uma adorável coloração.

Saltitando ao dar a volta no jipe e entrar no meu campo de vista, Hyunei correu na frente de Taehyung. O garoto parecia prestes a explodir de tanta alegria. Usava tênis, shows jeans até seus joelhos, um moletom largo branco e um boné vermelho de algum time de beisebol, com a aba virada para trás. Assim que seus grandes olhos verdes me encontraram, ele deu um pulinho e correu rapidamente em minha direção.

- Hyung! - com um sorriso todo lindo em seu rosto, ele pulou no meu colo, me apertando com força. - Feliz aniversário, mano!

Eu ri enquanto segurava o menino, o apertando de volta. Esse podia ser meu primeiro aniversário com os outros membros do acampamento, mas não com Taehyung e Hyunei. Cheguei a comemorar três com eles e esse seria o quarto, e mesmo que antes eu não soubéssemos... nós sempre fomos uma família desde que nossos destinos se cruzaram.

- Obrigado, mano. - repeti deixando um beijinho apertado contra a bochecha macia antes de devolvê-lo ao chão e ele estava tão agitado que não parava quieto.

- Não se preocupe com nada hoje, hyung. Esse será o dia mais feliz do ano! - ele garantiu como se tivesse poder para me certificar disso. - Aqui, deixa isso comigo! - pediu puxando a minha mochila antes que eu pudesse reagir. - Vou guardar no jipe pra você. Hoje, você merece toda a mordomia do mundo!

E antes que eu pudesse responder ou agradecer, o garoto já tinha corrido para guardar a minha mochila junto às outras no jipe.

Mais a frente, se aproximando de mim, Taehyung se parecia, outra vez, com a versão dele que conheci antes do arrebatamento. Botas de solado grosso, calça jeans escura, cheia de bolsos grandes, uma camisa preta comprida e sem mangas e uma faixa escura e fina apertando os músculos do braço esquerdo.

As mechas do cabelo escuro caindo entre seus olhos verdes, que recentemente brilhavam tanto que chegava a ser ofuscante, enquanto seu olhar seguia o garoto correndo pro jipe com a minha mochila. Ele riu um pouco.

- Olha só para ele. É como se fossemos para Jeju novamente. - parando ao meu lado, Taehyung lembrou dos nossos planos do ano passado. Tínhamos juntado nossas economias para passar uma semana na ilha de Jeju e Hyunei ficou tão empolgado que, uma semana antes da viagem, ele já estava com a mala pronta.

Um sorriso enorme cresceu em meu rosto ao lembrar de quando éramos só nós três dividindo o meu apartamento simples e trabalhando duro para pagar as contas e garantir os estudos de Hyunei em uma escola boa. Moramos por três anos juntos, os três anos mais humanos e normais da minha vida que se tornaram doces memórias, mas então, esse mesmo sorriso acabou perdendo força com as lembranças dos acontecimentos depois disso.

- Nós não fomos para Jeju. - murmurei porque era verdade. O arrebatamento nos deixou preços em Seul, mesmo que naquela época, ainda não soubéssemos o que estava acontecendo com o mundo.

- Sim, nós não fomos. - Taehyung murmurou de volta, mas se recusando a seguir por aquele caminho, ele ignorou a dor da lembrança de quando fomos recrutados pelo governo e separados um do outro... bom, eu fui recrutado. Já eles, conseguiram fugir, mas tiveram que viver por conta própria entre os demônios. Forçando um sorriso, Taehyung voltou a erguer seu olhar para o jipe, onde Hyunei se ajoelhava nos bancos do meio para conseguir espaço pra minha mochila nos de trás. Se concentrando apenas no agora, Tae balançou a cabeça negativamente, rindo ao comentar: - É, não fomos e isso significa que ele acumulou a empolgação desde o ano passado. Olha pra isso! Certeza que nem dormiu ontem à noite. Não vamos dar café pra ele hoje.

Eu não consegui segurar a risada, meu peito um pouco mais quentinho ao erguer o olhar para o homem de olhos esmeraldas ao meu lado e... talvez, as profecias sobre nossa história, sobre sermos um só que teve sua alma dividida, não fosse algo tão absurdo assim, pois quando eu olho para ele, eu sempre vejo a mim mesmo, uma nuance do meu ser. Fazia todo o sentido agora, explicava porque separados somos tão fracos, mas juntos sentimos como se o mundo estivesse aos nossos pés. Era exatamente por isso.

Separados somos apenas algo quebrado, mas juntos... juntos somos completos.

Erguendo minha mão para ele, eu testei um sorriso como nos velhos tempos ao deixar escapar por baixo do fôlego:

- Feliz aniversário, cara. - desejei, feliz apenas por ver aquele brilho nos olhos verdes.

Descendo seu olhar para a minha mão estendida, um sorriso brincou nos lábios de Taehyung e ele ergueu sua mão para a minha, apertando com firmeza, mas para a minha surpresa, quando eu menos esperava, ele me puxou com força para o seu peito, rindo do meu choque ao me abraçar apertado.

- Feliz aniversário, idiota. - ele murmurou em resposta o que me fez rir com vontade.

Não pude evitar o suspiro suave, a sensação de lar ao retribuir o abraço... sim, eu senti muita falta disso.

Quando nos separamos ele revirou os olhos para o meu sorriso satisfeito, mas também não estava tendo sucesso algum em esconder o dele. No entanto, infelizmente, durou pouco.

Flagrei o exato instante em que seu olhar acabou esbarrando em algo atrás de mim e o sorriso foi se apagando até que ele desviou impacientemente o olhar. Não foi preciso conferir para saber quem era.

- Você não está muito feliz com a presença dela. - não foi uma pergunta, era explícito em sua expressão.

Tae fez uma careta de desconforto.

- Não é isso. - murmurou, claramente desejando mudar de assunto, mas eu não desisti:

- Então, vai me dizer o que é?

Ele voltou a erguer seu olhar em direção a Lisa.

Sendo recepcionada por um Hyunei eufórico, a loira tinha um pequeno sorriso em seus lábios enquanto o garoto a seguia. As tradicionais botas de combate, calça jeans escura e justa, um top esportivo preto e uma jaqueta camuflada, ela tinha uma das alças da mochila escura em seu ombro, o cabelo preso no habitual rabo de cavalo e a franja sobre suas sobrancelhas. Os olhos castanhos acabaram se erguendo até encontrar os de Taehyung, mas ele desviou o olhar rapidamente e apenas balançou a cabeça ao pôr um ponto final no assunto:

- Só... deixa quieto.

Não tive tempo de protestar, o vento trouxe o cheiro suave e já tão familiar até nós, nos levando a erguer o olhar em direção a entrada do trailer de Namjoon.

Jimin surgiu no meu campo de vista e já parecia pronto para irmos. De banho tomado, ele ainda tinha os fios de ouro molhados, vestia um moletom de um tecido pesado, cor creme, calças jeans escuras com alguns rasgões nas coxas grossas e um par de tênis brancos. Com sua mochila verde-pastel em suas costas, ele tinha um sorriso divertido em seu rosto enquanto olhava para dentro do trailer.

Junny surgiu na entrada parecendo um ursinho de pelúcia. A miniatura quase perfeita do meu namorado, estava usando um macacão jeans, com uma camisa branca por dentro e nos pés, o par de tênis amarelos que Jimin havia escolhido para ele da última vez que abastecemos nossos estoques de roupas. Estava uma graça, mas o garoto tinha um bico chateado em seus lábios enquanto reclamava do penteado muito organizado que Jimin havia feito em seus fios dourados.

Erguendo suas mãos para a cabeça, ele fez que bagunçaria seus fios, mas rindo das reclamações do menino, Jimin foi rápido em erguer suas mãos, o agarrando e erguendo o garoto do alto dos três degraus.

Eu assisti a cena como se tivesse vendo de longe a minha vida acontecer. Diante meus olhos veio a imagem do começo de tudo, quando Jimin e eu estávamos nos conhecendo e ele tinha um machucado na coxa e eu o provocava toda vez que ele precisava da minha ajuda para descer os degraus do trailer, segurando em sua cintura e o erguendo no ar só para fazê-lo sorrir porque eu amo aquele sorriso em seu rosto. E aqui está ele agora, brincando da mesma forma com o nosso filho. Erguendo o garoto no ar, só para desmanchar aquele bico chateado em seus lábios e funcionou. O menino deu um gritinho surpreso ao ter seus pés erguidos do chão e o som de sua risadinha ao ter seu corpo suspenso daquela forma foi a melodia mais doce desse mundo.

Jimin o segurou em seu colo, pressionando um beijinho apertado contra a bochecha rechonchuda do garoto enquanto se aproximava de nós. E foi só quando a mãozinha de Junny escorregou do pescoço de Jimin, sobre o cordão fininho até parar no peito dele onde o pingente se pendurava, foi que me dei conta do acessório novo.

Eu nunca tinha visto Jimin usá-lo antes. O cordão era de couro escuro e o pingente era um cristal brilhante quase do mesmo tom que seus olhos.

Simples, mas tão lindo.

Pretendia perguntá-lo sobre o acessório novo, mas o pensamento evaporou da minha mente assim como todos os outros quando os olhos azuis encontraram os meus. A forma como eles estavam reluzindo, brilhando tão intensos, como seu sorriso estava iluminando todo o seu rosto...

Ele parecia tão feliz como nunca o vi antes.

- Espero que estejam prontos porque temos que sair em três minutos! - Jimin anunciou ao parar ao nosso lado, colocando Junny no chão e bagunçando levemente os fios do garoto como ele queria.

Rindo em divertimento, Taehyung brincou, batendo continência:

- Sim, senhor! - ele provocou e eu completei:

- Seu pedido é uma ordem!

Jimin riu, revirando os olhos para nós e já nos empurrando em direção ao jipe. Queria passar uma parte da viagem com eles, então, passando por Minjung, eu joguei as chaves da minha moto para ela e depois que Taehyung se meteu atrás do volante do jipe, eu me sentei no banco do passageiro ao lado dele. Encontrando meu filho com o olhar, antes que ele entrasse nos bancos de trás, eu indiquei o meu colo, dando dois tapinhas na minha coxa. Ele riu, mas logo veio até mim, aceitando minha ajuda pra subir no jipe já que os bancos de trás ficariam um pouco apertados.

Abraçando apertado o meu moleque todo miudinho e empacotado em suas roupas novas, um sorriso brincou em meus lábios ao perceber sua pele ainda mais macia, os fios de ouro brilhando ainda mais que o habitual e o perfume suave de jasmim dos produtos que comprei para Jimin. Eu não conseguia descrever a satisfação em vê-lo assim, tão bem cuidado, cheirosinho, nutrido e saudável. A sensação de dever cumprido e realização foi uma grande surpresa e já era o suficiente para me deixar tão feliz.

Se eu soubesse que ser pai seria tão gratificante, eu teria desejado isso desde sempre, assim como Jimin.

- Então, qual será a programação? - ligando o jipe, Taehyung questionou quando Jimin, Hyunei e Lisa ocuparam os bancos de trás e as portas foram fechadas.

Pelo espelho retrovisor, vi Jimin no banco atrás do meu, abrindo um mapa em seu colo e traçando a rota que seguiríamos.

- Bom, pra começar, vamos dirigir até Sejong. Paramos lá para abastecer e chegaremos em Namwon às nove horas. - Jimin começou, sorrindo quando seu dedo parou sob o destino desejado. - Ao chegar em Namwon, iremos nos hospedar no...

- Suitsong! Suitsong! Suitsong! - Junny e Hyunei gritaram juntos cruzando os dedos em expectativa o que fez todo mundo rir.

Jimin deu as boas notícias:

- Sim, vamos nos hospedar no hotel Suitsong, que em tempos normais custaria as nossas almas em dólar, mas que agora, é cortesia dos demônios. - ele brincou de bom humor. - Nosso primeiro evento será um café da manhã na ala de lazer! Depois vamos visitar o centro da cidade já que Junny, Rosé e eu nunca fomos a Namwon.

Eu não queria estragar suas expectativas, mas estive na província de Jeolla do Norte e... o arrebatamento não poupou nenhum lugar.

- Não está mais como nos anúncios, Jimin. - lamentei, desejando que ele pudesse ter visto o quanto a cidade era bonita em seu auge. - As cerejeiras não florescem mais por causa da contaminação.

Através do espelho, vi sua expressão murchar um pouco, mas ele parecia determinado a enxergar apenas o lado positivo:

- Não tem problema, o clima meio outono também é muito bonito, certo? - ele nos encorajou parecendo realmente esperançoso. - Vai ser divertido e de lá, seguiremos para o parque Namwon Land.

E foi apenas terminar de anunciar que Junny e Hyunei vibraram em comemoração ao mesmo tempo:

- Ehhhh! Pista de patinação!

Saindo da clareira em direção a trilha no meio da floresta, minha moto passou por nós. Usando os capacetes escuros de proteção, Minjung acelerou para guiar o caminho, com Rosé em sua garupa, segurando firme em volta do seu corpo.

Seguindo a moto com o olhar, Taehyung sorriu ao relaxar atrás do volante.

- Ok... Então, próxima parada... Sejong!

[Taehyung pov]

O caminho até Sejong já valeu as horas que teria que passar sentado atrás do volante. Todo mundo falando alto, conversando sobre viagens que fizeram antes do arrebatamento, contando sobre alguns perrengues que passaram, rindo juntos dos próprios micos.

Jimin contou sobre como foi desesperador viajar sozinho para os Estados Unidos quando era adolescente, Hyunei e eu ríamos juntos ao lembrar do sufoco que passamos, três anos atrás, quando fomos em nossa primeira viagem com Jungkook para Busan e o pneu do carro furou no meio do nada. Mas definitivamente, quem tinha mais história de viagens era Lisa. Todos estavam chocados, ela parecia já ter visitado o mundo inteiro.

Eu não sei o que ao certo estava esperando. Não entendi porque, de repente, ela decidiu vir conosco mesmo depois de ter admitido que me ouviu dizer a Jimin que não queria a presença dela. Tinha algo diferente.

Na última noite, depois que sai da sua barraca, eu não podia acreditar na estupidez que tinha feito, mas algo ficou claro para mim naquele dia, por mais que ela tenha me beijado e tivéssemos realmente nos envolvido nisso, no final, a realidade sempre viria bater na minha cara.

Nós não somos compatíveis. Antes, eu já sabia que nunca seríamos mais do que amigos e agora, tinha a confirmação de que ela não é capaz de me desejar. Passei os últimos três dias determinado a colocar isso em minha cabeça e por um ponto final de vez no que sequer tinha começado, mas... ela não estava reagindo como eu esperei. Ela não voltou a me ignorar nem fugir de mim.

Os olhos castanhos me seguiam pelo acampamento e buscavam os meus a todo instante, às vezes, tinha a sensação de que ela queria me dizer algo, parecia a todo instante tentar encontrar uma forma de falar comigo, mas sempre acontecia alguma coisa para impedir.

Agora, quando ergui o olhar para o retrovisor interno do jipe, os olhos castanhos estavam lá, me encarando de volta, sustentando o meu olhar e perturbando os meus pensamentos.

Seria possível ela ter vindo por minha causa? - Eu ainda me flagrei pensando, mas então revirei os olhos para mim mesmo. Claro que não. Não era sobre mim, ela veio pela segurança de todos e eu só tinha que ter isso em mente.

Uma hora e meia de viagem depois e muitas histórias inusitadas compartilhadas, nós já estávamos quase em Sejong. Pararíamos para abastecer o tanque e Jungkook trocaria de lugar com Minjung e assumiria sua moto pelo resto do caminho até Namwon. E foi por isso que a discussão se iniciou.

Sentado no colo do seu pai ao meu lado, Junny teve um surto de ciúmes quando Hyunei pediu para ir de moto com Jungkook pelo resto do caminho. Era tanto argumento entre esses dois, que o coitado do Jungkook ficou sem conseguir reagir no meio do fogo cruzado.

- Você sempre passeia de moto. - Hyunei reclamava revoltado. - Eu tenho o direito de ir dessa vez!

O rosto clarinho de Junny estava começando a ficar vermelho de raiva.

- Você nunca se interessou por isso, porque está fazendo drama agora? - olhando por cima do ombro de Jungkook, Junny reclamava chateado com Hyunei. - Você pode ir depois, hoje é o aniversário do meu pai, ele prometeu que me deixaria ir com ele.

A forma como Hyunei fuzilou os olhos díspares do outro garoto, dedurou que Junny não era o único com ciúmes.

- Isso não é justo, antes de ser seu pai, ele já era meu irmão! - Hyunei rebateu indignado. - Eu vim primeiro, então porque você tem que ter prioridade?

O bico que se formou nos lábios de Junny fez parecer que a qualquer instante, ele choraria de raiva.

- Porque você já passou muito tempo com ele e eu não!

- Ei, ei... calminha. - Jungkook interferiu, tentando apaziguar. - Vamos resolver isso sem discussões.

Ainda chateado, Junny sugeriu de propósito:

- Isso mesmo, vamos resolver no par ou ímpar. - o loirinho propôs, mesmo sabendo sobre o azar implacável de Hyunei.

Pela forma como Hyunei encarou o loirinho, eu tive quase certeza que ele pularia nos cabelos dele, mas prevendo o mesmo, Lisa ergueu sua mão para o pulso do meu irmão, apertando suavemente em advertência e Hyunei se conteve.

- Porque está fazendo isso comigo? - Hyunei choramingou chateado. - Você sabe que eu não consigo ganhar nesses jogos.

E eu tive certeza que Junny herdou o coraçãozinho mole do pai, pois foi só reparar na tristeza no rosto de Hyunei, que a raiva no seu evaporou rapidamente.

- Desculpa, Hyunei. Não vamos brigar, tá bom? Vamos fazer de uma forma que ninguém sai perdendo! - Junny propôs com um sorriso empolgado e meu irmão ergueu o olhar para ele curioso. - Vamos jogar par ou impar, quem ganhar vai até Namwon de moto com meu pai hoje e quem perder vem amanhã na volta. Dessa forma, nós dois poderemos ter uma vez.

- Tudo bem! - Hyunei concordou, agora mais feliz.

Eu ergui o olhar para Jungkook e nós dois rimos juntos do show de fofura enquanto eles apostavam em par ou ímpar. Junny ganhou, claro, mas Hyunei não se importou, afinal, ele teria seu passeio de moto no dia seguinte.

Ao chegar em Sejong, já era perceptível a baixa no número de demônios menores, quanto mais nos distanciavamos de Seul, menos demônios encontrávamos no caminho.

- Eles estão migrando para a capital. - quando paramos em um posto para abastecer, Jungkook murmurou após nos livrarmos discretamente de alguns deles que estavam incomodando. - Não há mais sequer cheiro de humanos, então eles estão indo atrás da grande massa de demônios. Estão retornando ao ninho.

Se apoiando a porta do jipe, Jimin engoliu em seco ao pensar em voz alta:

- Seul está se tornando um campo minado. - ele murmurou para si mesmo, a preocupação perceptível em seu olhar.

Eu não queria vê-lo assim hoje, preferia o sorriso lindo que estava iluminando seu rosto antes de sairmos do acampamento.

- Não tem importância, ainda temos a área dos dominantes a nosso favor. - tentei confortá-lo, erguendo uma mão para o seu ombro e apertando suavemente. - Não vai ser nenhum problema. Podemos lidar com isso.

Para a minha surpresa, quem pôs um ponto final ao assunto pesado foi Lisa.

- Não vamos mais falar sobre isso hoje. - fechando a tampa do tanque ao terminar de abastecer o jipe, ela suspirou profundamente e continuou apesar de não estar olhando diretamente para nenhum de nós: - Namwon estará quase vazia de demônios e isso é o que importa por hoje. Não vamos estragar esse dia.

Os olhos castanhos ainda se ergueram até os meus brevemente, tempo esse que não consegui disfarçar minha surpresa, mas baixando o olhar, ela logo o desviou antes de abrir a porta do jipe para Hyunei e entrar logo depois dele.

O resto de nós nos entreolhamos, mas ela tem razão. Preocupação agora não serviria para nada e em silêncio, concordamos em deixar os problemas para depois. Após a parada breve, retornamos a nossa viagem. Jungkook assumiu sua moto, com seu filho na garupa, seguindo a nossa frente. Minjung tomou o lugar dele ao meu lado e Rosé sentou ao lado de Jimin nos bancos de trás.

Mais uma hora e meia até Namwon e a viagem foi tranquila e agradável. Estavam todos ansiosos e torcendo para que o estrago na cidade não tenha sido tão devastador como em Seul e depois de um pouco mais da metade do caminho o estômago de alguns já reclamavam por termos saído sem tomar café.

Assim que entramos na província de Jeolla do Norte, Jungkook diminuiu a velocidade, seguindo bem ao lado do jipe por precaução e, instalando um silenciador no fuzil, Lisa abriu o teto solar do jipe e posicionou sua arma no teto. Mas a teoria de Jungkook sobre os demônios estarem migrando para o norte do país estava cada vez mais provável. Pudemos contar nos dedos os demônios que encontramos no caminho e esses foram rápida e silenciosamente eliminados por Lisa.

Poucos instantes depois e finalmente chegamos ao destino tão esperado.

E tudo bem, Jungkook estava certo, a cidade do amor não está mais como nos anúncios, mas... estávamos envoltos em conversas animadas, todos falando alto e rindo dentro do jipe. Estávamos tão felizes por apenas estarmos juntos e saudáveis nesse dia, que os sinais da realidade pelo caminho não importavam.

Não era sobre o lugar. Era apenas sobre nós mesmos.

No entanto, também não encontramos a bagunça e caos que devastou Seul, os estragos por aqui eram mínimos se comparados à capital.

As ruas charmosas e adoráveis estavam levemente abaladas e silenciosas. Namwon parecia melancólica e solitária, mas nem mesmo o fim do mundo apegou sua doce beleza. O ar aparentava ser seguro, não foi necessário usar as máscaras, o que indicava que já faz um certo tempo que os demônios migraram para longe. Apesar de algumas estruturas dos prédios na área comercial estarem claramente abaladas, todas permaneciam de pé. Se fingissemos que o arrebatamento nunca aconteceu e ignorássemos as rachaduras pelas construções e asfalto, poderíamos estar visitando Namwon em pleno outono. O céu estava levemente nublado, o dia um pouco pálido, as folhas das árvores estavam secas e douradas, assim como o gramado dos parques, o vento um pouco agitado soprando as folhas secas serenamente, tudo apenas tranquilo e suave.

- É lindo. - olhando pela janela, Rosé sussurrou melancolicamente quando passamos ao lado de um parque, seus olhos azuis admirados com as fileiras de árvores douradas, que tinham suas folhas secas sopradas sobre o gramado e os bancos charmosos de praça.

Ao meu lado, Minjung tinha um sorriso afetado em seus lábios enquanto discretamente a admirava através do espelho retrovisor.

Jimin tinha razão, afinal, valeu a pena ter um pouco de fé.

A R1 acelerou a frente do jipe e Jungkook sinalizou para que eu o seguisse. Nossa primeira parada seria o hotel Suitsong e seguimos direto para lá. Estávamos um pouco preocupados se o hotel seria mesmo a opção mais segura. Era uma construção muito grande e os terremotos dos primeiros dias do arrebatamento foram severos, mas... havia suas vantagens. O hotel não tinha nem cinco anos e foi uma estrutura erguida por uma tonelada de dinheiro, pensada para hospedar milionários, não foi uma grande surpresa encontrar o lugar quase intacto.

Estacionamos de frente ao luxuoso prédio e quando saímos do jipe e olhei para cima, para todos aqueles andares e quartos, que teria que revistar, eu murchei.

- Taehyung, Jimin, Lisa e eu, vamos limpar o lugar. - deixando seu capacete preso ao guidão da moto, Jungkook anunciou igualmente desanimado. - Minjung, você fica aqui cuidando dos outros. Isso pode... com certeza vai demorar bastante.

Mas assim que Jungkook carregou seu fuzil, Jimin nos deteve:

- Espera... - pediu dando uma rápida olhada para trás e percebendo que Rosé ainda estava no jipe com os outros e provavelmente não podia nos ouvir. - Usem a cabeça. Não precisamos levar todo esse trabalho se temos alguém que pode prever o resultado dele. - Jimin sugeriu olhando para Lisa. A loira ergueu o olhar rapidamente para nós, um pouco surpresa. - Então, Lisa... vamos encontrar algum demônio no prédio?

Um pouco perdida, a loira ficou momentaneamente sem reação quando todos olhamos para ela, mas após um pequeno instante, ela pareceu se recuperar. Eu ainda não entendia como o dom de Lisa funcionava, achei que as visões vinham sempre aleatoriamente para ela e sem controle e realmente era assim no começo, mas assim como nós, ela também parecia estar evoluindo...

Respirando fundo, os olhos castanhos-claros se ergueram para o prédio, sua expressão se tornou um pouco mais séria e concentrada e... eu tive um puta susto do caralho ao ver as pupilas negras, de repente, se dilatarem rapidamente, engolindo as íris castanhas e a parte branca dos olhos até que estivesse tudo apenas assustadoramente escuro e profundo.

Durou apenas uns três segundos, então em um piscar rápido, seus olhos voltaram ao normal imediatamente e ela os voltou para nós. Simplesmente sorrindo ao anunciar:

- É seguro. O lugar está limpo de demônios a um mês. - eu estava chocado, ela realmente parecia ter controle absoluto sobre as visões.

Ao meu lado, Jungkook estava tão sem reação quanto eu, quando Jimin apenas sorriu satisfeito e jogou sua mochila nas costas ao passar por nós.

- Ótimo! Então, vamos escolher nossos quartos!

Alguns minutos depois explorando o recinto...

Por dentro, o hotel era ainda mais impressionante do que nos anúncios. Tudo transpirava dinheiro e luxo. O tipo de lugar que eu nunca conseguiria frequentar nem se trabalhasse a vida inteira. Após escolhermos nossos quartos e guardarmos nossas coisas, não foi uma grande surpresa descobrir que a pouca água que ainda tinha armazenada estava imprópria para o consumo e não havia nem vestígios de comida em lugar nenhum. Mas não tinha importância, já viemos preparados para isso.

O café da manhã foi em um dos pátios na área de lazer e foi um pouco triste olhar para aquela enorme piscina e não poder entrar na água, não apenas por a água estar contaminada, mas também porque, diferente do acampamento que ficava em uma altitude acima da camada de contaminação e recebe a luz natural do Sol, Namwon estava levemente gelada e o vento frio nos desencorajava. Exatamente como em uma manhã de outono.

Minjung encontrou um botijão que ainda tinha gás, então pudemos usar um dos fogões da cozinha. Jimin desinfectou uma das mesas do pátio e Rosé o ajudou a preparar a nossa primeira refeição com as coisas que tínhamos trago. Jungkook sentou ao meu lado na mesa enquanto decidíamos por onde começar nosso passeio. Junny abriu um mapa da cidade no centro da mesa e Hyunei veio correndo com uma revista de turismo que encontrou na recepção do hotel. E sim, no que depender desses dois, vamos passar o dia andando.

Não demorou até Jimin deixar um prato à minha frente e outro à frente de Jungkook. Torta de chocolate que Jin tinha feito para a nossa viagem e... Jungkook e eu estávamos rindo juntos das panquecas com carinhas felizes e a frase "feliz aniversário!" em decoração que Jimin preparou, quando, de repente, um flash nos cegou.

- Sorriam! - Rosé cantarolou apontando uma câmera Polaroid azul-bebê em nossa direção e batendo mais uma foto da nossa cara de retardados.

- Onde conseguiu isso? - Jungkook questionou confuso enquanto a ruivinha sacudia rapidamente o papel para revelar a imagem.

Ela apenas deu de ombros, distraída com as fotinhas em suas mãos.

- Minjung me deu de presente à três dias. - ela explicou guardando as fotos na bolsinha da câmera. - Estou estreando hoje!

E assim que fizemos as contas rapidamente, o sorriso sugestivo de Jungkook ecoou o meu. Não íamos perder a chance de provocar:

- Hmmm... primeiro presentinho de casal. - eu comecei e a garota congelou a nossa frente, os olhos azuis ficando enormes.

- O-o que?! - ela gaguejou, coitada. Pudia jurar que seu rosto estava meio pálido.

Jungkook trocou um olhar perverso comigo quando um sorrisinho se formou em seus lábios. Bom, Minjung disse que esperaria um pouco até contar a verdade pra ruivinha, mas... eu não lembro dela ter nos pedido segredo.

- Relaxa, ruivinha. - se inclinando um pouco sobre a mesa, Jungkook lançou um dos seus sorrisos charmosos para a garota. - Não tem problema, a gente shippa vocês. Você é a cunhada que sempre sonhamos ter, né Tae?

Eu concordei e a coitada da menina nem piscava, como se não conseguisse processar direito.

- Cunhada? - por não saber a verdade sobre sermos irmão, ela estava tão confusa que nos encarava como se fossemos loucos, mas então, seu rosto ficou completamente vermelho ao se dar conta: - Ela contou pra vocês?

Eu fiz minha melhor expressão de obviedade:

- Claro, a gente é carne e unha. Contamos tudo um pro outro. - mal terminei de falar e os olhos da garota já estavam ainda maiores do que antes.

- Tudo? - ela começou, mas como se sentisse a merda de longe, Minjung se aproximou rapidamente de nós, preocupada ao ver a expressão no rosto da ruivinha.

Rosé enviou um olhar incrédulo e chocado pra nossa irmã. Pude ver o desespero ganhar vida no rosto de Minjung, e Jungkook e eu nos seguramos pra não rir, mas tava difícil.

- Do que estão falando? - Minjung arriscou questionar.

Eu chutei Jungkook por baixo da mesa e ele reagiu.

- Ah, só estávamos interagindo um pouco com a nossa cunhadinha. - sem medo da morte, ele mandou na cara dura, piscando para Rosé.

Engasgando no seco, Rosé recuou rapidamente, tão nervosa e constrangida que quase derrubou sua câmera.

- Ah, e-eu... eu... vou ajudar o Jimin a servir os pratos. Licença. - ela gaguejou rapidamente e praticamente se desmaterializou de tão rápido que se afastou de nós.

Depois de três segundos de choque, Minjung nos enviou um olhar mortal, como se fosse pular sobre a mesa e avançar em nós. Jungkook até se ajeitou na cadeira, preparado para sair correndo.

- Perderam a vontade de viver? - ela rosnou para nós, parecendo lutar para se conter.

- Não fizemos nada demais. - resmunguei me fazendo de inocente. - Só estávamos expressando nosso apoio ao nosso casal favorito. Não nos julgue, nós esperamos muito por isso.

Entre o absoluto choque, incredulidade e raiva, Minjung parecia não saber como reagir.

- Quer dizer, vocês estão ficando, né? Eu vi vocês ontem de manhã na cachoeira. - Jungkook sussurrou curioso. - E aí? Vão ser mesmo um casal?

Minjung vacilou, foi inédito ver seu rosto ficando todo vermelho enquanto ela desviava o olhar rapidamente.

- Vocês... seus... - ela começou entre os dentes, com tanta raiva que nem conseguia terminar. - Fiquem longe de Rosé, seus idiotas. Se vocês estragarem tudo, juro que não vai sobrar uma célula sequer pra contar a história.

Satisfeito em irritá-la, eu dobrei meus braços atrás da cabeça e sorri para ela ao sussurrar:

- Não prometo nada.

Pronto, agora sim, ela estava puta pra velar.

- Repete isso, infeliz - ela começou a dar a volta na mesa lentamente e Jungkook foi logo começando a se levantar, rindo, nós já estávamos preparados pra correr, mas...

Uma mão pesada pousou nos nossos ombros, apertando firme e nos forçando a ficar sentados onde estávamos.

- O que está acontecendo aqui? - Lisa tentou usar seu melhor tom rude, mas era perceptível que ela estava se segurando pra não rir. - Parem de brincar. Jimin mandou vocês comerem. - ela ordenou e ergueu um olhar para Minjung. E quando podíamos jurar que ela estava séria... - Sua mulher está preparando seu prato. Vá ajudar ela.

Lisa provocou também e Minjung enviou um olhar incrédulo pra loira.

- Até você? - a morena resmungou e nós rimos com vontade, mas recebemos um tapão na cabeça quando Minjung passou por nós e fui atrás da sua ruivinha.

Lisa riu enquanto a gente alisava o local agredido, porque, poxa, Minjung tem a porra de uma mão pesada.

- Vocês não crescem nunca. - Lisa acusou.

- Como se você também não tivesse provocado. - Jungkook apontou, mas a loira já tinha ido pra ajudar Jimin no fogão.

Depois do café da manhã, bem alimentados e armados com nossas garrafinhas de água, nós começamos nossa exploração. Com o jipe vago das nossas bagagens que ficaram no hotel, eu deixei minha moto no estacionamento e fomos todos no jipe.

A lista de pontos turísticos de Namwon era grande, mas só tínhamos até o anoitecer, então tivemos que selecionar. Pela manhã, optamos pelas atividades de caminhada, passamos por alguns parques, visitamos lugares históricos como 백장암 삼층석탑 e o museu de arte 수지미술관. Um dos lugares mais romântico e lindos foi o parque temático 지리산허브밸리 e depois disso, acabou que ninguém teve coragem de atravessar a ponte suspensa Chaegyesan. Não era seguro devido os estragos dos terremotos, e a altitude era realmente significava. Então, de lá seguimos para Baemsagol Valley e eu jurava que sem as flores aquele lugar seria apenas um córrego com belas pontes, mas devido o frio seco, toda a natureza estava dourada e as paisagens de folhas secas eram tão lindas quanto as flores um dia foram. Enquanto atravessavamos as pontes de madeira no meio do vale, Rosé tirava fotos de absolutamente tudo o que Minjung apontava. Agarrado ao seu mapa da cidade, Junny puxava Jimin pela mão para mostrar a ele tudo o que achava bonito e chamava sua atenção. A nossa frente Hyunei abria sua revista de turismo nas mãos de Lisa, pedindo a ela que contasse a história do lugar, sempre querendo saber o porquê de tudo. Eles riam, se reuniam para tirar fotos e conversavam animadamente pelo caminho. O brilho no olhar por conhecer um lugar novo a tranquilidade e suavidade do momento.

Estava perfeito.

Com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco, um sorriso no rosto e um brilho no olhar, Jungkook apenas caminhava calmamente ao meu lado, parecendo mais fascinado pela alegria da nossa família do que pela natureza.

- Quem diria que chegaríamos tão longe, hein, ladrãozinho? - ele suspirou ao pensar alto, me lembrando da forma como me chamava logo que nos conhecemos.

Eu ri, enfiando minhas mãos nos bolsos assim como ele.

- Seria loucura dizer que não me arrependo de nada? - murmurei enquanto ria apenas por ver a risada gostosa de Hyunei quando Lisa fechou a revista com impaciência e começou a criticar uma das lendas tradicionais do lugar.

- Bom, considerando que fomos condenados ao fim do mundo justamente pelo o fato de não nos arrependermos de nada... sim, seria loucura dizer isso. - Jungkook apontou rindo um pouco. - Mas... nunca tivemos o juízo perfeito mesmo.

Eu ri, revirando os olhos para isso, mas tendo que concordar.

Nossa última parada antes do almoço foi o pavilhão Gwanghallu. Já eram quase duas da tarde e as crianças já reclamavam de fome. Paramos o jipe no parque, tinha uma pequena praça de alimentação a céu aberto, então nos servimos ali mesmo em uma das mesas de madeiras com bancos fixados.

Mesmo com a garantia de Lisa de que nenhum demônio apareceria hoje e que eu tivesse a confirmação dos meus próprios sentidos que não conseguiam rastrear sequer algum rastro deles pela cidade, ainda era estranho ficar ao ar livre em algum lugar que não fosse o acampamento. Eu tinha muita consciência do meu fuzil no sinto a toda hora, mas Lisa estava certa. Não tivemos problemas.

Depois do almoço, a excursão acabou e seguimos direto para o nosso último lugar do dia, ao qual todos pareciam muito ansiosos. O parque de diversões Namwon Land.

Eu mal parei o jipe na entrada do parque e Hyunei e Junny já estavam vibrando de empolgação apenas por ver a roda gigante de longe. Por causa da falta de energia elétrica, obviamente, não poderíamos usar todos os brinquedos, mas isso não diminuiu a empolgação dos meninos. Deixamos o jipe no estacionamento e Junny e Hyunei sairam correndo à nossa frente.

Rosé tirou várias fotos deles juntos aos cavalos coloridos do carrossel, na cama elástica e outros brinquedos de pupa-pula e pela empolgação deles, nós realmente passaríamos o resto da tarde ali, o que todos estavam de acordo.

- Porque eu tenho que derrubar os alvos, se eu posso apenas pegar o urso para você? - de frente a barraquinha de tiro ao alvo, eu questionei, afinal, era só pegar, mas Junny continuava me olhando com aqueles enormes olhos díspares e pidões.

Minjung me deu um empurrãozinho de repreensão.

- Você é sempre chato assim ou 'tá só com medo de competir contra mim? - ela sorriu ao insinuar.

Ela tinha proposto um desafio, tinha duas pilhas de garrafas, quem derrubasse todas primeiro, ficaria com o maior urso da barraca, um panda que parecia ser maior do que Junny, mas mesmo assim o menino queria.

Eu topei, afinal, era o primeiro presente que o meu sobrinho me pedia e... como não querer agradar a uma miniatura pidona do Jimin?

Minjung pegou uma das arminhas de chumbo e se preparou, mas... bom, eu não faço o tipo que joga limpo. Assim que ela terminou a contagem e começou a disparar, derrubando as latinhas a uma velocidade impressionante, eu simplesmente ergui o meu fuzil e dei um único disparo que derrubou tudo o que tinha dentro da barraca.

A morena olhou pra mim com uma expressão incrédula, mas logo depois começou a rir com vontade. Eu ergui a mão pegando o urso que Junny queria e me agachando a frente do garoto, eu o ajudei a romper a etiqueta presa à pelúcia, me surpreendendo quando o loirinho se inclinou e me deu um beijinho no rosto em agradecimento.

Eu me levantei todo sem jeito e foi a coisa mais fofa ver o garoto arrastando o urso consigo enquanto corria para alcançar Hyunei e Lisa.

Minjung não perdeu a chance de zoar o meu sorriso todo bobo, mas todo mundo é meio babão pela fofura do loirinho e eu não sou uma exceção disso.

Sem pressa, nós passeamos por todo o parque, juntamos lembrancinhas para levar para todos os outros do acampamento e um pouco antes do pôr do Sol, nós voltamos para o jipe para fazer um lanchinho. A torta de chocolate do Jin estava divina, não sobrou nem a raspa na bandeja para contar a história. E antes de nos despedirmos do parque, fomos à pista de patinação que os meninos tanto falavam. Era uma pista sintética, mas a experiência era quase a mesma de gelo real. Jungkook pulou o balcão da recepção e foi direto para as prateleiras de patins, pegando os correspondentes aos nossos números.

Gastamos um bom tempo na pista. Todos estavam fascinados pelo quão bons Jimin e Rosé eram. Chegamos a parar um pouco para admirar o show que eles dois estavam dando. Giros rápidos, grandes saltos e algumas manobras, eles pareciam profissionais ou talvez, fosse a influência do balé.

Depois de mais algumas brincadeiras, algumas fotos e alguns tombos, infelizmente já estava começando a escurecer e teríamos que voltar para o hotel. Tinha sido um dia tão incrível, andamos tanto e gastamos tanta energia, que Junny acabou dormindo no colo de Jungkook na volta, Hyunei estava escorado no braço de Lisa quase dormindo também e o resto de nós fizemos o caminho de volta em silêncio, igualmente cansados.

Quando paramos em frente ao hotel, já era noite, estava tudo muito escuro e a única luz para nos guiar era a dos faróis. Eu destravei as portas do jipe, Lisa despertou Hyunei cuidadosamente, e ao lado de Jungkook, Jimin estava prestes a abrir a porta para sair, mas...

De repente, Jungkook esticou a mão rapidamente e voltou a trancar a porta com força. Ele apertou a criança em seu colo de uma forma protetora e quando voltou a erguer seu olhar para além dos vidros do carro, seus olhos estavam vermelhos sangue e varriam o terreno à nossa volta. Procurando.

- Não desligue o jipe. - ele ordenou com a voz tensa e só então, pude sentir no ar o rastro diferente.

Não estávamos sozinhos.

Erguendo o olhar para o caminho a frente, eu pude finalmente notar as marcas de pneus no chão. Não eram do meu jipe e definitivamente, não estavam ali antes. No instante seguinte, eu já tinha o meu fuzil em mãos assim como Jungkook.

Os olhos vermelhos se ergueram para o prédio, as narinas dilatadas ao alertar:

- Humanos.

Mais uma att!

Desculpem a demora, estava tentando colocar o dia completo da viagem deles nesse capítulo, mas não deu, vou ter que dividir.

Gente, sobre os nomes de alguns lugares citados aqui, eu preferi deixar em hangul mesmo porque não achei a forma romanizada. Eu sei converter e até consigo ler, mas tenho medo de errar em algo, então vou deixar assim mesmo.

Ah, e o nome do hotel que eles ficaram foi eu quem inventei porque... mano, o nome original desse hotel é The Suites Hotel. Tipo, vey e a criatividade?

Bom, espero que tenham gostado!

Bjs, Emmy;)

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