Me marca, para sempre.

AmaraHeleno00

1.2K 101 143

Oi gente! Fiquei muito tocada pelas manifestações de carinho e agradecimento que recebi. Não tinha a certeza... Еще

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6

Capítulo 5

179 15 10
AmaraHeleno00

Hoje é um dia muito, muito especial. Na verdade todos são. Quando se está viva, com saúde e tem uma família maravilhosa, todos os dias são especiais.

É tão clichê, mas é como me sinto.

Nós comemoramos todos os dias 9, com bolo, docinho e comidinhas e a presença da família. Hoje Nicholas completa 1 aninho de muita travessura, balbucia muitas palavrinhas e dá seus passinhos cambaleantes por aí.

Papai acordou cedo, fez um café lindo pra gente, tiramos muitas fotinhos, cantamos parabéns e Nick enfiou o pé no bolo, idéia do papai, que jura de pé junto que não facilitou nenhum pouquinho.

-Tudo nessa casa é culpa minha?
Ele tenta se fazer de inocente. Ponho a mão na cintura e faço cara de quem não acredita nada nada na sua inocência.

-Ah amor! Olha como ele tá feliz.

Nicholas esfrega os dedinhos curiosos, cheio de chantilly. Ele é um menino acostumado a texturas, pisa na areia, na grama ou qualquer outro lugar com naturalidade. Sempre estimulamos muito nesse sentido.

Posso dizer que este foi o ano mais desafiador da minha vida. Ter um bebê em casa, trabalhar fora e dar conta de ser mulher não foi fácil.

Mas todas somos capazes.

Peter foi um paizão. Não faz mais do que sua obrigação, claro, mas é gostoso ver como ele se envolve com tudo que diz respeito ao filho.

Geralmente as famílias se reúnem aos domingos para os passeios ao ar livre e almoços. Conosco segunda feira é o dia especial. Como o papai tem o programa no domingo, nosso dia juntinho é na segunda. É quando passamos as manhãs descompromissadas na praia, visitamos algum vovô ou reservamos para acordar bem tarde e ficar curtindo um ao outro.

Nicholas é incrível. Amoroso, sorridente, engraçado, puxou o Peter em muitas coisas. De mim só os olhinhos levemente puxados e um pouco da teimosia quando cisma com alguma coisa. A energia dele nunca tem fim.

Nunca mesmo.

Tá sempre "correndo" pela casa brincando de esconder, trepando em alguma coisa ou comendo a ração do cachorro. Ele e Spider são muito companheiros. também pudera. Spider foi a primeira palavra que ele falou.

Eu sou "mamaim", mas ele só me chama quando tá com sono ou chorando. Papa ele usa para chamar o pai ou quando aparecemos com sua comidinha. É tão fofo!

Temos um caderno e registramos muitas gracinhas e conquistas. Também fizemos um e-mail com seu nome que nós e toda família enviamos fotos e depoimentos, para que ele veja quando for grande.

Vai saber que sempre foi muito amado!

Sou tirada da minha retrospectiva do último ano com Peter arrumado para correr.

-Mas você vai correr hoje? É aniversário dele, achei que fossemos fazer alguma coisa juntos.

-Amor, deixa de ser dramática. É uma corrida enquanto vocês se ajeitam. Vamos sair para almoçar e esperar a hora da festinha. Tchau filhão, cuida da mamãe.

Recebo um beijo rápido e ele sai pela porta assobiando.

Peter demora mais de duas horas para voltar. Sai do estágio de preocupada e nervosa, para irritada e assassina. Eu já não queria que ele saísse, quanto mais saísse e demorasse tanto assim.

Nicholas me distrai com beijos. Katherine e Owen o ensinaram e agora ele quer beijar o tempo todo. Só que ele não beija só pessoas. Ele beija o cachorro, o sofá, os sapatos, a parede, o controle remoto, qualquer coisa que apareça na frente dele e ele julgue que mereça um beijo.

-Uhm! Que beijo gostoso.

Ele beija meu joelho enquanto arrumo sua roupa para a festinha. Bermuda social, sapatinho social e camisa social, igual ao papai. E adivinhem?

Está ele beijando todas as peças.

Peter envia uma mensagem.

Desculpe a demora. Estou chegando com uma surpresa, me prometa que não vai tentar quebrar nada na minha cabeça pelo atraso e nem chorar com a novidade?

Respondo:

Não prometo nenhum dos dois.

-Cheguei!

Ele grita e Nicholas sai correndo do quarto atrás do som de sua voz.

-Filhoooooo? Vem ver o que o papai fez.

Ainda com os passos não muito firmes e ainda assim metido a correr ao invés de caminhar, Nick cai duas ou três vezes até chegar ao pai. Como ele é Durão, levanta pra cair de novo.

Ainda não sei o que esperar. Tomara que Peter não esteja com um corte moicano ou tenha posto um piercing no nariz.

Ao chegar na sala ele sorri pra mim e tira a camisa. Deve estar achando que vai me seduzir com esse corpo escul...

-Puta que pariu! Você fez uma tatuagem?

-Ei. Não fala palavrão na frente do meu filho.

Ele briga comigo. Mas estou muito, muito abismada. Tatuagem não é a cara de Peter, ele não tinha nenhuma e nunca falou nada sobre isso, agora tem...

Vou chorar!

Ele desenhou a gente na parte de trás do braço, na região do tríceps.

Eu, Nicholas e Spider.

-Amor! Porque você fez isso?

-Queria vocês comigo. Agora vocês estão marcados em mim, pra sempre.

Peter me beija, um estalinho longo que é interrompido, porque tem uma pessoinha no colo dele que enfia o dedo entre nossas bocas toda vez que a gente se beija.

-Doeu?
Não consigo parar de olhar. Está vermelho e tem um plástico por cima, mas é tão perfeito, tão visceral.

-Dói pra car...
Ele interrompe antes de dizer um palavrão.

-Dói bastante.

Continuo admirando sua coragem e seu amor.
-Amei, amor. Ficou linda.

-Faz uma.

-Será que tenho coragem? Deve doer muito. E você é maior do que eu, não vai ser justo tatuar você em mim.

-Ahahaha. Boba.

-Eu gostaria de fazer. Aí,estou apaixonada. Não consigo parar de olhar.

-Então fica olhando, porque eu vou brincar com o meu amigão aqui, que está ficando um rapaz.

-Vou tomar um banho para irmos almoçar.

-Vai. Você tá precisando.

Cheiro minha camisa e vejo que não estou nada fedorenta, mas Peter me pega toda vez que fala isso pra mim.

A festa de Nicholas é em uma casa de festas bem conceitual. Tivemos que brigar e desembolsar uma grana para eles oferecerem opções mais saudáveis e atraentes para o lanchiho das crianças.

O espaço é aberto, com muito verde, os brinquedos são um resgate ao passado, interações com a natureza, experiências sensoriais, muita música e interação. Os recreadores são excepcionais, com atividades próprias para todas as idades.

Estamos amando.

Noto que Owen não trouxe Martina, e eu a convidei. Acho estranho também quando Kitty chega com papai e Trina, sem o Ben.

O que está acontecendo com as pessoas?

-Filha. Agora que Nick já fez um aninho, o que acha de fazermos uma viagem? Todos juntos. Podemos ir à Disney.

-Disney pai? Ele ainda é tão pequeno, tenho a sensação que vamos correr atrás dele o dia inteiro.

-É mesmo. Que tal uma praia? Podemos ir ao Havaí ou ao México.

-Podíamos mesmo. Vou conversar com Peter, ele tirou férias quando Nicholas nasceu, daqui a pouco ele tira outra.

-Acho legal que Peter nunca deixa o trabalho o tirar de vocês.

-Não deixa mesmo. A gente sempre vem em primeiro lugar.

Meu pai engole seco, e eu vejo que falei besteira. Posso tê-lo magoado, mesmo sem intenção. Papai sempre trabalhou muito, plantões noturnos, 24 horas ou mais direto, fins de semana. Às vezes saía correndo no meio do jantar para fazer um parto de emergência. Mas não nos faltava amor e atenção.

-Pai? Desculpa, eu não quis...

Sou interrompida com uma comoção geral dos convidados. Sem entender, me dirijo a porta de entrada, onde Peter está com Nicholas, recebendo as pessoas.

Vejo meu sogro com um carrinho elétrico movido a controle remoto, a miniatura de um Audi. Lindo. Mas não sei se isso é presente adequado para uma criança de 1 aninho.

-Vem Nicholas. Sobe no possante que vovô trouxe para você.

Peter está catatonico. Não se mexe e a cara dele, qualquer um mais atento pode perceber é de total desagrado. Quando me olha, pisco em sinal de apoio. Sei exatamente o que tá sentindo.

Nicholas senta no carrinho que o vovô Kavinsky controla com autoridade, passando por todos os lugares. Ele sorri e acena como se estive em um desfile de 4 de julho, mas não tem noção de nada, só tá curtindo, e em 30 minutos não vai mais querer saber do carrinho.

-Kitty, cadê o Ben?

-Não sei. Terminamos.

Estávamos na mesa conversando quando abordei minha irmã sobre o namorado. Fico surpresa, porque ela parecia...não exatamente feliz, mas satisfeita. Owen que estava na mesa conosco, se engasgou com a cerveja. Achei no mínimo estranha a reação dele, mas não pude fazer uma análise mais aprofundada porque minha presença fora solicitada no fraldário.

Demoro a chegar até Peter porque estava uma loucura conseguir achar o lencinho, depois encontrar a pomada e por último a fraldinha. Quando o encontro, vejo uma discussão áspera entre ele e o pai.

-O que você tava pensando quando resolveu comprar um carro elétrico para um garoto de 1 ano?

-Tava pensando que é um brinquedo divertido e que ele merecia, você já viu as praias da Califórnia? Estão lotadas de carros desse tipo.

-Pai, o Nicholas é uma criança cheia de energia, ele precisa de algo que o faça se movimentar, não ficar parado feito um boneco enquanto outra pessoa brinca por ele.

Me sinto tensa. Não sei se entro, se fico do lado de fora ou se tento apaziguar a situação.

Peter me olha e põe Nicholas sobre o trocado, entendo como uma deixa Para entrar e trocar meu pequeno, mas eles continuam.

-Eu já devia prever que você não ia aceitar, afinal de contas me fez devolver o IPad que eu dei.

-Claro. Você deu um ipad para um bebê de 8 meses de idade. Queria o que?

Converso com Nicholas bem baixinho, tentando distraí-lo daquela situação. Não gostaria que ele estivesse ouvindo o pai e o avô discutindo em tom tão ríspido.

-Vocês estão querendo o que? Criar um hare krishna? Esse moleque não come coisas que criança come, não brinca de coisas que criança brinca. Vocês...

Peter faz com que se cale, falando firme, mas já não grita. Odiamos que Nick presencie discussões nossa.

-Meu filho é uma criança saudável. Ele vai comer todas as outras coisas quando for maior, por enquanto eu decido. Mesma coisa as atividades que faz, seria bom se você não interferisse.

Sr Kavinsky eleva as mãos como se estivesse se rendendo, e então ameaça sair do fraldário.

-Ok. O filho é seu, faça o que acha certo.

E então Peter o chama. Acho que depois do nascimento do nosso filho, ele tem tentado estar mais pacifico, mais aberto para ouvir ou mesmo relevar certas coisas, mesmo que não concorde.

-Pai? Não é para ficarmos puto um com o outro. É um ponto de vista diferente, mas não quero que isso abale nossa relação. Hoje é dia de festa, vamos deixar isso pra lá e comemorar a vida do Nick.

O pai sorri. É incrível como são parecidos quando sorriem.

-Tá bem meu filho. Você tá certo. Tome aqui a nota do carro, troque por uma bicicletinha pra ele.

Peter pega a nota e observa o valor.

-Porra. Vou comprar 10 bicicletas com esse valor.

-Não fala palavrão na frente do meu neto, seu irresponsável.

E assim como começou, a discussão também termina. Rápida e sem mágoas, ao que parece.


-Você acha que fiz mal de conversar com meu pai?

-Eu acho que não era hora pra isso, mas você mal conseguia disfarçar a cara de bravo

-Eu fiquei puto quando ele entrou com aquela merda aqui. Maluquice.

-Sim. Também não gostei, mas gostei do jeito que você se impôs e gostei mais ainda como você fez ficar tudo bem. Tenho muito orgulho de você, pai do Nick.

-É mesmo, mãe do Nick?

Estamos nos beijando na porta da cozinha, onde tem garçons passando para lá e para cá, mas nenhum convidado. Consigo avistar Kitty e Nicholas dando comida para os peixinhos e bem de perto, vejo.

Owen!

Peter deve estar pensando o mesmo que eu, porque olha confuso para os três. Com as mãos na minha cintura e o olhar perdido, ele lança:

-Você sabia que o Owen terminou com a Martina?

-Jura? Eu estranhei ela não ter vindo, sempre foi tão atenciosa com o Nick. A Kitty também terminou com o Ben.

-Acho que todos sabemos no que isso vai dar.

É hora do parabéns!

Eu sei que sou muito coruja, mas não tem bebê mais lindo e feliz que o meu. Nicholas batendo palminha e sorrindo em seu primeiro aninho, vai ficar na minha memória para sempre.

Teria chorado se não tivesse sorrindo tanto. Muitos amigos, toda a família

-Quero agradecer a todos vocês que estão aqui para dividir esse momento maravilhoso comigo e com a minha NAMORADA, porque ela já me deu um filho mais fica me enrolando pra casar. Independente disso, né Covey? Obrigada por tudo, vocês são todos especiais nas nossas vidas e o Nicholas vai saber disso quando estiver maior. Né filho?

SMACK!

Meu beijoqueiro mais amado dá um beijão no microfone, arrancando risadas dos convidados.

Foi um fim de tarde intenso e emocionante, mas sobretudo alegre, como nossa pequena família.

-Será que tem espaço para mais um nesta tatuagem?

Surpreendo Peter enquanto deslizo meu dedo pela linda homenagem que fez à nós e nossa família.

-O que você quer dizer com isso? Você quer outro cachorro?

-Ahahahaha!
Dou uma gargalhada sonora, porque acho engraçada a carinha de surpresa e confusão que ele tá agora.

Subo sobre ele, que permanece deitado de bruços e fico colado às suas costas.

-Não. Tô dizendo que quero ter outro filho.

Demoro a compreender o que aconteceu com exatidão, mas sinto meu corpo ser jogado no colchão como se eu não pesasse quase nada.

Peter está de pé, do outro lado da cama me olhando consternado.

-Você quer o que?

Dou um sorriso, embora ainda esteja perdida, sem saber o que tá acontecendo com ele. Só de me imaginar grávida outra vez...meu coração se enche de amor.

Respondo sorrindo, e cheia de esperanças, quase visualizando um barrigão com Nicholas ainda pequeno.

-Quero outro filho, e quero engravidar logo. Para ele e Nick crescerem juntos, nada de diferença muito grande. Gosto de ser tão próxima à Margot...

Me levanto e vou olhar a janela, um gesto que faço quando começo a sonhar.

Peter está de costas para mim, vejo suas costas trabalhadas e admiro a tatuagem que agora ostenta na parte de trás do braço.

-Eu fico me imaginando, se eu parar de tomar remédio agora, acho que engravidou a tempo de estar com uma barriga bem legal no nosso casamento, e Nick não vai ter completado 2 anos ainda. Eles vão ser mais amigos se forem de idades próximas.

Vejo quando seus ombros sobem e descem.

-Peter? Você tá me ouvindo?

A expressão que ele faz quando se vira pra mim é um balde de água fria em todas as imagens de Pinterest que formei na minha cabeça.

-Você. Só pode. Tá de brincadeira.

Ele fala pausadamente, com os olhos fixos em mim, e posso dizer que há um pouco de ira em seu olhar.

-Porque? Você não quer ter outro filho?

Fico perdida. Completamente perdida.

-Eu vejo como você cuida do Nicholas, como é amoroso e zeloso com ele, achei que ficaria feliz em multiplicar tudo isso.

-Eu não quero outro filho Lara Jean.

-Mas porque? Você tem 3 irmãos e eu tenho 2, posso te dizer, elas são pessoas que me ajudaram a ser quem sou, são essenciais em minha vida.

-Eu não quero ter mais filhos Covey. Temos o Nicholas, o Spider e isso basta.

Seu tom se suaviza um pouco, mas bem pouco.

-Eu não quero que meu filho cresça sozinho.

-E eu não quero que meu filho cresça sem mãe.

Sinto um baque quando ouço suas palavras. O compreendo em partes, ele sente medo de que aconteça tudo outra vez. As convulsões, a pressão alta, minha ausência, o coma, todo o tempo de recuperação.

-É por isso? Você tem medo?

Seus olhos são as coisas mais tristes que vi nos últimos tempos. É como se de alguma forma ele estivesse revivendo os sentimentos daqueles dias.

-Você quase morreu Covey.
Ele me diz suave, se sentando na cama para se aproximar de mim e tocar minha mão com carinho.

Mas eu escolho as palavras erradas para continuar.

-Mas não morri!

Ele se levantou com raiva e voltamos ao ponto de tensão.

-Ah, então era pra morrer?

-Não. Claro que não. Mas não significa que vá acontecer de novo.

-Não interessa. Eu não quero que você engravide de novo.

-Não fala assim, amor.

Me aproximo e o abraço, mas ele se esquiva.

-Lara Jean, o que você tem na cabeça?

-Nossa! Isso só porque eu quero ter outro filho?

Peter fala como se engravidar outra vez fosse me condenar à morte. Mas não é bem assim.

Ou é?

Agora voltado para mim, segurando meus ombros e me olhando profundamente nos olhos, ele fala com ternura.

-O Nicholas foi a melhor coisa que aconteceu entre nós, eu te amo tanto que teria 10 filhos com você. Mas eu não quero viver aquilo de novo. Eu não quero correr o risco de te perder. Nem que isso nos custe ter apenas um filho.

-Amor, meu pai disse que não podemos afirmar...

Ele me interrompe e me aperta um pouco mais firme.

-O seu pai diria qualquer coisa pra você pra te acalmar. Mas você não estava lá. Você não viu o medo nos olhos dele quando veio me pedir para ser forte.

Fico quieta por alguns instantes e Peter pensa que desisti. Ele me envolve com seus braços e quase posso ficar em paz. Mas é um desejo tão forte que tenho dentro de mim.

-A gente pode fazer o pré-natal com um especialista, nos cuidar para que não aconteça outra vez.

Seus braços se afrouxam à minha volta. Corro meus olhos por seu rosto e vejo dor. Nem de longe consigo imaginar o que Peter sentiu, nem de longe posso imaginar como deve ser quase perder a pessoa com quem divide a vida e os planos de futuro.

E se Peter morresse?

Me pergunto em silêncio, tentando me colocar no lugar dele.

Com Os olhos rasos d'água ele começa a falar comigo de forma desafiadora.

-Você não sente nada quando pensa que seu filho nasceu e você não estava lá? Você não sente nada quando lembra que nós fizemos uma pá de cursos para gestante e no fim das contas não aconteceu nada do jeito que a gente planejou? O que você sente quando lembra da sua mãe e vê que ela não está?

-Peter isso não é justo.

-E o risco de perder você a mim e ao Nicholas é justo, Covey?

Vejo quando uma lágrima escorre de seus olhos e seus lábios tremem. Posso contar nos dedos as vezes que vi Peter se emocionar, e dessa vez não é de um jeito bom. Também não resisto e as lágrimas rolam sem freio em mim também.

Peter se dirige a porta, para sair do quarto. Ir respirar talvez. Eu sinto um vazio enorme dentro do peito, só de vê-lo perto da porta. Imagina a sensação de estar perto de perdê-lo? De vê-lo...morrer?

-Eu prometi que viveria todos os meus dias tentando fazer você feliz. Mas por favor...

Ele fecha os olhos antes de terminar.

-...não me peça isso.

E sai do quarto.

Ligo imediatamente para o meu pai, talvez ele possa me ajudar a tranquilizar Peter.

-Mas me fala como obstetra, por favor.

-Eu não sou seu obstetra, eu sou seu pai.

-Tá. Então responde como um pai que tem experiência no assunto.

-Quem já teve eclampsia, tem um risco aumentado em uma segunda gravidez, mas não podemos afirmar que vá acontecer. Tem como monitorar e cuidar para que uma pré-eclâmpsia não evolua para eclâmpsia.

-O senhor também acha que eu não devo engravidar novamente?

O silêncio me responde.

Meu pai não afirma categoricamente, mas não me encoraja a ter outro filho. Realmente para mim não foi tão traumático, não sei a dor das pessoas que me amam passaram. Mas por agora fico comovida com o pânico de Peter, e não posso nem pensar em fazê-lo sofrer por mim.

Essa decisão é uma responsabilidade que não quero carregar sozinha.

Eu não preciso de mais do que 10 minutos para entender Peter e aceitar que talvez não seja esse o plano para mim, ter muitos filhos. Ou talvez não seja a hora.

Passo no quarto de Nicholas e meu amor é preenchido de uma forma tão excepcional que não sinto falta de nada. Estamos bem assim.

-Oi.

-Oi.
Peter estava deitado no sofá, completamente relaxado, mas fitando o teto com o olhar perdido.

-Nós podemos assistir um filme?

-Você tá brincando?

É mesmo estranho um pedido desses depois de uma discussão da qual depende nossas vidas.

-Vamos assistir esse filme, por favor. No final você vai entender, apenas assista.

O filme:

Diário de uma paixão.

Peter passa o filme inteiro sem entender o porquê dele naquela hora. Mas depois da cena final, não preciso dizer muita coisa.

-É assim que quero viver com você. Um amor tão forte que nem mesmo o tempo e a senilidade podem fazer esquecer.

Falo com doçura e esperança.

-Podemos também morrer juntos?
Ele me pergunta sorrindo.

-Podemos também não morrer?











Diário de uma Paixão é um dos meus filmes favoritos. O final é surreal, surpreendente e lindo. Quem não assistiu, recomendo. Não vou falar mais para não dar spoilers.

Sem contar que o nome do personagem principal é Noah! ❤

Продолжить чтение

Вам также понравится

Epidemia Mortal: Zona de Conflito - Parte 1 Mateus Balbino

Подростковая литература

579 105 22
Uma cidade no interior de São Paulo é transformada em um palco de horror, quando uma organização criminosa resolve lacrar a cidade e realizar experim...
46.1K 3.5K 48
Effy e Aidan se conhecem em um grupo de terapia para viciados em sexo, e apesar da relação complicada e temperamental, descobrem mais do que o prazer...
A Madrinha || DEGUSTAÇÃO Emmie Edwards

Любовные романы

634K 22.9K 19
- EM BREVE NA AMAZON - saiba mais em @emmiewrites no Instagram Rachel Hensey estava preparada para passar o verão trabalhando na empresa do pai para...
Love Change Us #1 || Reescrito e em Revisão any ♕

Подростковая литература

14.5K 2K 32
LIVRO UM DA TRILOGIA LOVERS Clair Campbell é uma aspirante a cantora que mora na pequena e pacata cidade Clarysville, uma cidade que parou no tempo...