Contos de Zagylmizd - VOLUME...

Mathex_Arfais द्वारा

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Este livro reúne os mais diversos contos clássicos de Zagylmizd. Escritos pelos magos da capital, os contos d... अधिक

#10 - O Andarilho Necromante
#19 - Caranguejo
#29 - Cantando o Vórtex
#06 - Seja o Vulcão

#08 - O Propósito do Propósito

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Mathex_Arfais द्वारा

No Reino de Grenirva havia um pequeno bosque, em que havia uma vila de Naturians (pequenos seres a base de plantas). Lá eles viviam em paz e harmonia até que alguns dos habitantes estavam sendo assassinados por caçadores da selva. Isso preocupou bastante a todos, o que obrigou a se esconderem em suas pequenas fortalezas. O rei havia decretado que ninguém saísse, por um tempo indeterminado. Sinna, uma jovem Naturian, filha de um pai explorador e uma mãe pesquisadora, se negava a aceitar essa situação, o que ela via era todos se escondendo em suas tocas, morrendo de medo, torcendo para que tudo voltasse ao normal. O que ela queria era coragem e determinação de todos para vencerem a nova ameaça, no entanto se frustrava cada vez mais. Certo dia Sinna fugiu do esconderijo e tentou sozinha entender o que eles estavam lidando. Ao andar entre as plantas e árvores, ela encontra dois caçadores.

- Nem acredito que encontramos o habitat dos Naturians, pensava que todos haviam sido extintos. - disse um caçador.

- Se as coisas continuarem assim, vão ser considerados extintos de novo. - disse o outro.

- Se esse é o caso, temos que cultivá-los. Mas por que o perfume dessas criaturas tem que ser tão bom?

- Dá até pra sentir só de falar. - disse um dos caçadores respirando mais forte.

- Tem razão, deve ser um deles!

Do nada os dois desapareceram num piscar de olhos. Sinna se assustou e ficou altamente nervosa. Ela correu para perto de um tronco de árvore. Um grito é escutado. Era de um Naturian.

- Não era desse. Era diferente. - disse um caçador segurando um Naturian com uma mão.

- Eu... prometo ajudar a fazer o perfume, se deixar o meu povo em paz. - disse o desesperado Naturian.

- Hum... até pode rolar... - disse um dos caçadores.

- Obrigado... - dizia o Naturian até ser esmagado.

Sinna ouvia tudo e se impactou com o que havia acabado de presenciar.

- Hum... podia rolar mesmo sabe... mas não curti o perfume dele. - disse o caçador vendo sua mão aberta com pó naturian se dessipando.

O pó era como pólen. Os Naturians eram um dos seres mais frágeis de Zagylmizd, e também um dos mais isolados.

- O que deseja aqui?! - disse uma criatura com uma voz grave.

Sinna se assusta e percebe que estava em uma caverna.

- Onde... onde é que eu tô?! - pergunta Sinna sem saber onde estava a tal criatura.

O lugar estava muito escuro. Havia uma saída da caverna a poucos metros.

- Qual o seu propósito? - disse de forma calma a criatura.

Sinna olhou em direção a saída.

- Você é um caçador?

- Caçador? Por que acha isso?

- É... por que vim parar aqui? Eu tenho que avisar logo a todos sobre os caçadores! - disse Sinna muito nervosa.

- Então esse é seu propósito?

- Sim!

- Que lamentável! O que procura não está aqui. Vá embora!

Sinna pensou um pouco e depois foi em direção a saída. Entretanto havia passado alguns minutos e aquela saída parecia ser inalcançavel.

- Hey! Criatura da Caverna! - grita Sinna.

- Que ousadia!

- Eu quero sair daqui!!!

- Saia então, não há nada impedindo.

Sinna dessa vez corria mas era em vão.

- Não consigo sair!

- Lhe falta propósito até mesmo pra sair.

- O QUÊ?! - Sinna.

- Propósito!

- Me tira daqui!

- Já disse que não há nada impedindo.

- Eu quero sair daqui!!!

- Por quê?!

- Por quê?! Porque eu tenho que salvar meu povo!

- Ahh que clichê! É claro que seu propósito não se resume a isso.

- Estou falando a verdade!

- Sei bem o que é verdade e não há contradições no que ouve. - disse ainda bastante calmo.

- O que é você então? E qual seu propósito?

Houve um silêncio.

- Hum... ouvir o propósito dos outros.

- Sério? Que propósito fraco.

- O QUE DISSE?! - disse com ira ecoando na caverna.

- O que tem a ganhar com isso?!

- Propósitos... - disse retomando a calma.

- Propósitos? Então você não tem um.

- Está errada...

- Não tem não. Disse que tem um propósito de ouvir propósitos para ganhar propósitos. Isso é controverso! No fim das contas, o que propósitos de outros podem te dar de propósito? - pergunta Sinna perdendo a paciência.

- O propósito.

- ... Só me deixa sair... - disse ela triste.

- Mas não há nada impedindo.

- Está mentindo!!!

- Propósitos de mentiras? O que isso significaria? Apenas com fatos verdadeiros se chagaria a propósitos verdadeiros.

- Ahhhhhhhhhhhhhh!!! - Sinna grita o mais alto que pode.

- Hummm... Seu perfume é adorável!

Sinna se senta no chão e fica calada.

- Uma Naturian... mas todos já foram extintos. Qual era o propósito dos Naturians? - disse ele.

- Qual É o propósito dos Naturians.

- Qual é o propósito DA Naturian?

- O que está dizendo?! Não sou a única viva... ou... não... tenho que sair daqui!

- Você é intrigante! Qual o seu propósito?

- Ajudar os outros.

- Não é.

- Ser feliz...

- Hum... não.

- O que é um propósito pra você?!

- A razão de existir. É simples.

- Existir pra saber outros propósitos é um propósito bem fraco ao meu ver.

- O que seria um propósito forte?

- ... Muitas coisas... e proteger meu povo com certeza é um propósito melhor do que ouvir propósitos alheios.

- Mas sem o seu povo, você não teria propósito. Propósitos não podem ser tirados de você.

- Eu não aguento mais você!!!

- Innatur...

- ...Pai? - Sinna.

- Seu propósito é como Sinna ou como Innatur?

- O que... eu tô confusa!!! - coloca as mãos na cabeça.

- Sem propósito a confusão a controla.

- Meu nome é Innatur... sou filha de... de...

- ...do Criador...

- Não!!! Eu...

- Você não tem pai nesta existência habitando tal corpo, muito menos se chama Innatur.

- Mas meu nome é Sinna! Quem é Innatur?

- Innatur foi uma grande guerreira que morreu para inibir os odores dos demais Naturians. Seu perfume foi o mais forte já registrado por exploradores.

- É mesmo? - pergunta irônica.

- Diga... Que propósito almeja dialogando aqui?

- ...Hahahahahahahahahahaha... - ela solta uma grande e macabra gargalhada que ecoava por todo aquele lugar.

- Qual é o propósito da risada?! - indaga bastante intrigado.

- ...Ah... parece que o propósito... propositou propositadamente o Sr. Propósito! - disse continuando a rir de forma insana e descontrolada. - Sinna? Innatur? O que isso importa?! Vidas insignificantes... Ter um propósito ou não, tanto faz, todos têm sempre as mesmas consequências. Hahahahahahaha!!!

- Para tudo há um propósito, pobre criatura vítima de escolhas rebeldes. E tudo isso para qual propósito?

- Não... não fale mais essa maldita palavra!

- O grande dilema de negar a própria causa e continuar existindo...

- Ha... um dia vou eliminar sua medíocre e chata existência. Quem precisa de um propósito se consigo ir mais além vivendo sem questionamentos.

- Questionamentos... Os seres pensantes questionam pois faz parte do que são. Precisam constantemente encontrar o PROPÓSITO...

- JÁ CHEGAAAA!!!

De uma hora pra outra ela surge no topo de uma montanha.

- Papai? Eu tenho algum propósito?

- É claro que não... viva apenas por viver minha filha. Deixe essas questões para os malucos filosóficos.

- Hahahaha!!! Papai mentiroooso!!! - disse em tom sarcástico. - O propósito está logo abaixo! Boa sorte! - disse empurrando seu pai do alto da montanha.

- Almejar a própria morte não é um propósito! - disse a criatura da caverna.

- E daí?! Cale-se!!! Afunde na sua caverna. Suma na escuridão!!! Se engasgue com seus princípios!

- Você se contradiz...

- Como é que é?!

- Está tão afundada na caverna quanto nós.

- Haha é verdade! Me esqueci! - disse ela mudando rapidamente seu humor, sorrindo levemente.

- Nós somos o propósito! - disseram ao mesmo tempo.

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