[Degustação] Alguns Anos

Av JuliannacCosta

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Dominque Thoen é uma mulher endurecida pela vida. Foi trabalhoso para Gregory Holt conseguir destruir o escud... Mer

Capítulo 01
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Agradecimentos e extras

Capítulo 02

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Av JuliannacCosta

- Está grávida, Thoen?

A voz de Holt no meu ouvido fez os pelos do meu corpo inteiro se arrepiarem.

- Han? - eu não conseguia respirar.

- Ouvi dizer que vamos ter três filhos e até já escolhemos os nomes.

O ar saiu dos meus pulmões em uma vagarosa forma de alívio.

- Sua avó estava sendo horrível. Olá, Merryl.

- Olá, Dom. Como vai? - sorriu, educada.

- Bem, obrigada. E você? Como foi a viagem?

- Excelente. Conhece a Itália? - eu queria que ela soasse arrogante para que eu pudesse odiá-la. Mas de todas as pessoas da parte Baxter da vida de Gregory, ela era, infelizmente, a mais simpática.

Merda.

- Só Veneza.

- Passamos por Veneza, também. É uma cidade linda!

- Verdade. - confessei - As pessoas dizem que é desagradável por causa do odor dos canais, mas eu tenho que confessar que não senti nada.

- Com certeza! Acho que as pessoas só gostam de reclamar. - virou-se de lado e puxou a bolsa como se algo dentro dela a incomodasse. Pescou um celular que vibrava discretamente - Ahn... Me dão licença?

Ela se afastou atendendo a ligação e Gregory passou os braços pela minha cintura.

- Eu quero duas meninas? - perguntou com um sorriso imenso no rosto.

- Sua avó estava sendo HORRÍVEL! - repeti. - Eu precisava me vingar.

- Sabe? Se nossas filhas forem herdar sua personalidade, acho que prefiro meninos. Não sei se aguento três Dominiques Thoen. - abriu os olhos em uma exagerada expressão de horror - Não vai haver paz. Nunca. - suspirou.

- Pare, Holt. Eu só queria que ela calasse a boca.

- Mas acho que quatro seria um número bom. - ele me ignorou e eu mordi o lábio com raiva - Dois casais... É! Aí cada mini-Greg se preocupava com uma mini-Dominique. Acho que assim a gente mantinha a situação sob controle. Ai! - reclamou quando meu punho encontrou seu tórax com força. - Por que eu estou apanhando? Foi ideia sua!

- A insuportável da Elizabeth Saint-Michel disse que eu era a distração enquanto você não encontrava uma mulher de verdade. E sua avó só sorriu e concordou.

- Nossa! Ela cutucou o vespeiro mesmo, não foi? - brincou.

- Será que você pode ficar do meu lado? - reclamei - Uma única vez!

- Eu estou sempre do seu lado, amor, você sabe. Mas ela é minha avó. Eu a conheço. Não vai mudar. Vocês duas vão ter que encontrar um meio termo porque eu não quero perder nenhuma. Por favor! Tudo bem?

Mantive os braços cruzados a minha frente, os lábios contraídos e o olhar duro nele.

- Amor? - acariciou meus braços com cuidado - Por favor... Só tente entender que...

- A mulher me odeia, Gregory! Não há nada que eu possa fazer! Você... Você devia vir pra essas coisas sozinho.

- Gosto da sua companhia. - lembrou com tom de obviedade.

- E quando é que você desfruta da minha companhia nesses eventos? - perguntei um pouco alto demais. Ele olhou ao redor sorrindo e, ao sentir que eu precisava gritar mais um pouco, me guiou pelo braço para um dos aposentos internos.

- Dom, você é minha namorada. É claro que quero você aqui.

- E eu venho, Greg. Estou sempre fisicamente presente. Do seu lado, sempre. Até você sumir com Merryl, Lizzie, Derek ou a Bruxa. É sempre a mesma coisa.

- Eu tenho poucas oportunidades de ver essas pessoas, Dom.

- Eu sei! Então, por que insiste que eu venha?

Comecei a me odiar no exato segundo que disse as palavras. Se ele me dissesse que tudo bem, que eu não precisava mais vir, eu ia querer morrer. O que eu deveria fazer da próxima vez que ele tivesse um desses eventos? Mandá-lo arrumado, perfumado e sem acompanhante direto para os braços de Merryl? Não, obrigada.

- Eu não insisto. Você só faz o que quer e sabe disso. Mas se eu tivesse que insistir, insistiria.

Eu expirei profundamente e me virei de costas para andar pela sala.

- Eu sei que é horrível agora, amor, mas com o tempo vai melhorar. Ela vai se acostumar com você e você com ela. Mas se você não vier... se não tiverem contato... Não vão se acostumar nunca.

- É fácil pra você!

- Não é!

- É claro que é! É sempre do seu jeito!

- Sempre do meu jeito? - abriu os olhos. - Você ficou louca? - riu - Dom, você é a criatura mais teimosa que existe debaixo do céu.

- É, e ainda assim você me convenceu a tanta coisa. Me convenceu a baixar a guarda e me envolver romanticamente. A ser educada com vizinhos, a fazer amizades, a não ser tão... tão... vadia. - decidi, gesticulando - Me convenceu a mudar para essa cidade. A morar com você. A me envolver com eventos e negócios do seu lado Baxter.

Ele me observou resignado. Sabia que eu estava certa.

- Eu não tenho mais espaço, Greg! Isso tem me deixado louca! E essa conversa de se mudar...

- Dom, isso foi só um comentário há meses.

- Um que você ainda tem na cabeça! Não me engana, Gregory, eu te conheço.

- Só imaginei que a gente podia ir morar em algum lugar mais confortável.

- Nossa casa é imensa! Imensa! O que a gente faria com mais espaço ou conforto? A gente não precisa!

- Eu sei... - passou a mão nos cabelos - Foi só uma sugestão.

- Uma que veio da cabeça dela!

- Você me ofende ao pensar que eu não tenho mais opinião, sabia? Ao pensar que tudo que eu digo ou falo vem de Eleanor.

- Mas vem! E é tão sutil que você sequer nota! Mas está lá, Gregory! E eu não quero Eleanor tomando decisões sobre a minha vida.

- Ela não toma. Ela só se mete demais. - sorriu, constrangido.

- Você se chama Gregory. - constatei e ele me encarou com cuidado. Sabia exatamente o que eu ia dizer. - Sua mãe me disse que passou a gravidez inteira te chamando de Tyler. Era o nome que seu pai queria. Ela achava o nome lindo. Mas por que você se chama Gregory?

- Porque Eleanor achou que um Baxter deveria ter um nome de família. - desistiu.

- Viu? É o que ela faz! Ela se mete! E ela convence as pessoas ao seu redor e eu...

Estava difícil respirar.

Não queria que ela resolvesse o nome do meu filho.

Não queria que ela resolvesse onde eu ia morar com a minha família.

Não queria que ela dissesse o que eu podia ou não fazer.

- Não quero me mudar, Gregory.

- Dom, se for só por causa das amizades, você não vai perder o contato com o pessoal...

- Não importa! Eu não quero. Demorei muito para fazer as amizades que fiz e sinceramente? Fazer amigos dá muito trabalho, não quero ter que passar por todo esse esforço de novo em alguma outra vizinhança. Chega. Estou satisfeita onde estou.

- Tudo bem.

Eu ainda estava pronta para gritar mais um pouco e sua concordância me pegou desprevenida.

- Han?

- Você está certa. Eu tenho decidido muitas coisas ultimamente. Você não quer se mudar, a gente não se muda.

- E Eleanor para de se meter em nossas vidas? - acrescentei, aproveitando o momento.

- Dom... ela é família. Eu sei que você não tem contato com a sua, mas se tivesse, e eu não me desse bem com alguém... Com seu pai! Você iria parar de se relacionar com seu pai se eu não me desse bem com ele?

- Meu pai nunca seria agressivo com você como ela é comigo. E sabe o que mais?

Ele me abraçou, beijou meu rosto e eu esqueci o que eu ia dizer.

- Eu te amo. - falou pausadamente no meu ouvido. Segurou meu queixo e me beijou. - Só um pouquinho de paciência? Por favor?

Inspirei, sentindo a raiva ir embora. Apertei seus ombros e fingi que estava decidindo, quando era óbvio que eu ia fazer o que ele quisesse. Era a nova versão de Dominique. A que conseguia se impor sempre... menos quando Gregory a beijava, dizia que a amava e pedia alguma coisa. Aí a resposta era sempre "sim". Me irritava, mas era incontrolável.

- Tudo bem.

Apertei seus ombros e deixei ele beijar meu pescoço.

- É melhor eu sair daqui. - riu - Antes que esse teu perfume me deixe doido.

Mordi seu lábio inferior e ao invés de me soltar, ele me puxou para mais perto.

- O que está fazendo, Thoen? - recriminou, sussurrando, mas deixou que eu o mordesse e lambesse.

- Você gosta de me ver nua de salto alto... Eu gosto de situações de risco. - sorri, sacana contra sua boca.

- Transar na casa da minha avó está nessa sua lista de sexo arriscado, é? - provocou.

- Bem no topo. - estava passando os braços pelos seus ombros quando ele me segurou.

- Dom, não... Quando a gente chegar em casa, linda.

- Vai ser do seu jeito, de novo, é Holt?

- Amor...

Forcei meus braços ao redor do seu pescoço.

- Tudo bem... se você não quer, não quer. Não posso te forçar.

Ele segurou minha cintura com cuidado e olhou pra mim com um sorriso. Tinha certeza que eu não tinha desistido e, realmente, ele me conhece bem.

- Só é uma pena. - beijei sua boca devagar - Porque eu já tinha vindo sem calcinha.

- Dom... - choramingou nos meus braços e eu senti seus dedos cravando a carne da minha cintura - Não faz isso. Por favor.

- Não estou fazendo nada, Holt. Apenas constatando um fato.

- É um fato perigoso pra se constatar, Thoen. Aqui não. - Mas ele não me soltava. Sua mente deveria estar desesperada, mas suas mãos se recusavam a colaborar e eu empurrei seus braços para baixo e senti seus dedos escorregando pela minha bunda. - Você é impossível.

Sua respiração estava curta. Eu sabia o que aquilo significava: estava bem perto.

- Tire as mãos de mim, Holt - sussurrei contra seus lábios - Se você está bem, ótimo. Mas eu estou excitada. Se não quer me ajudar, vou resolver meu problema sozinha.

- Vai, é? - espremeu os lábios - E vai fazer o quê?

Beijei o canto da sua boca e sussurrei no seu ouvido.

- Vou me trancar no primeiro banheiro que encontrar, me apoiar contra uma parede e descer a mão pelas minhas coxas. - ele se derreteu nos meus braços - Não vou demorar muito, já estou molhada e nua por baixo do vestido. E... ah! - sorri - Acho que não te disse, mas me depilei hoje a tarde. - Greg estremeceu no meu abraço - Estou bem lisinha, amor, do jeito que você gosta.

- Dom... - murmurou, com uma voz falha.

- Quer sentir? - puxei sua mão até a barra do meu vestido e ela fez o resto sozinha. Subiu entre as minhas coxas e passou a ponta dos dedos pela minha área recém-depilada.

- Puta merda... - algo dentro dele parecia doer, profundamente - Vou me despedir de todo mundo. - seu polegar subia e descia pela minha pele como se não conseguisse se controlar - Você faz isso e eu explodo. Agora, preciso te comer.

- Ai, amor, você não entendeu. - espalhei meus dedos pelos seus cabelos, pirracenta - Ou me come aqui, ou não me come.

- É o quê? - se afastou como se não acreditasse no que eu estava dizendo.

- Eu to muito excitada, agora. Não aguento chegar em casa. Vou fazer sozinha e não acho que vou estar disposta de novo quando chegar em casa. - dobrei o lábio, dengosa.

- Mulher maldita. - sussurrou. - Então, é assim?

Enfiei a mão entre minhas pernas e belisquei meu clitóris. Senti seus dedos sobre os meus, se deliciando nos meus movimentos. Enfiei um dedo em mim, fechei os olhos e gemi.

- Ai, merda, Dom.

- Lindo, eu to pingando. - gemi, cheia de fogo - Me ajuda. Por favor.

Gregory estava olhando ao redor desesperado.

O que estava se passando pela cabeça dele eu podia apenas imaginar. De início, eu só queria provocá-lo. Mas quando ele me puxou pela cintura, nos enfiou no banheiro e trancou a porta, eu comecei a ver nublado.

Seu corpo se lançou contra o meu com fúria e fome.

- Vai se fazer de puta, hoje, Thoen? - levantou meu vestido até a cintura e se ajoelhou - Então, te fodo como uma puta.

Sua língua quente tomou minha pele lisa. Seu hálito atingia meu corpo causando calafrios na minha espinha.

- Adoro quando você depila essa porra desse jeito.

Desceu a língua e atingiu minha umidade. Eu arfei.

- E é por isso que eu faço, lindo. - gemi - Pra deixar ela do jeitinho que você gosta.

Um de seus dedos entrou na minha carne e ele chupou meu grelinho com força. Um grito abafado escapou pelos meus lábios. Greg já se levantou desatacando o cinto.

- Por que você faz isso comigo? Por quê?

Segurou minha saia para cima e observou minha nudez com uma expressão contemplativa de tesão. Puxei a ereção dele para fora e o vi duro pronto pra mim. Holt ergueu um de meus joelhos e chupou meu pescoço. Passei os dedos pelas minhas alças e deixei o busto do vestido cair. Ele gemeu baixinho e tomou um de meus seios na boca.

Arranhei suas costas por cima do paletó. Greg deu um passo a frente e, com um impulso, eu senti seu pau me preenchendo. Passei a língua pelos lábios. Não existe nada no mundo melhor do que o pau de Greg bem ali. Me tomando devagar. Fazendo minha pele se arrepiar. Espalhando vibrações pelo meu corpo inteiro, tirando minha razão e causando arrepios.

Eu estava gemendo cada vez mais alto e ao invés de me mandar calar, ele aumentou o ritmo e me acompanhou. Estava gemendo na minha língua. Manteve meu joelho erguido enquanto as estocadas ficavam cada vez mais intensas.

- Você me deixa louco. - gemeu nos meus lábios - Por essa porra dessa boca. Por essa bocetinha. Por esse teu gemido. - me beijou com força.

Uma de suas mãos na minha bunda, a outra apertando meu seio. Rebolei e ele afastou o tórax para me observar dançar. Podia ouvir as pessoas lá fora. A música, as conversas, as risadas, o tilintar de garfos, facas e taças.

Ele enfiou com mais força e espremeu minha bunda na mão. Meu gemido estava começando a se parecer com um grito.

- Não grita, linda. Não grita. - pediu. Mas ele tinha atingido aquele ponto em que o gozo é inevitável e estava me rasgando tão rápido e tão gostoso que acho que a maior parte do seu corpo não ligaria nem um pouco se eu começasse a gritar.

- Não dá. Eu quero gritar! Greg... ai... Greg...

Desde que tínhamos assistido o vídeo no seu celular, eu descobri que gemer seu nome era um ponto fraco. Ele ficava duro como rocha e não conseguia mais pensar com clareza.

- Gre-eg... - joguei minha cabeça contra a parede do banheiro e senti sua respiração pesada no meu pescoço.

- Então grita. - ele meteu com tanta força que eu não consegui me calar - Grita nessa porra. - sua voz oscilava com a falta de oxigênio - Pra essa porra dessa festa inteira saber como é que minha Dom gosta de ser fodida.

Eu estava derretendo. Sentindo a tensão se desfazer em alívio.

Gemi e ele me beijou. Gozamos mordendo os lábios um do outro.

***********

- Onde estava se escondendo, Baxter?

- Derek! Como vai?

Apertei a mão do meu amigo e não consegui evitar um olhar na direção de Dominique. Ela revirou os olhos discretamente ainda passando os dedos pelos cabelos. Mas não adiantava... qualquer par de olhos mais atentos perceberia que ela tinha acabado de realizar um leve atentado ao pudor.

- Olá, Dom. - cumprimentou.

- Como vai, Derek? - ela apertou a mão que ele oferecia. E eu passeei os olhos pelo seu corpo.

Era difícil não sorrir.

Minha mulher era muito linda. E gostosa.

Além de todas as outras óbvias qualidades que ela tinha. Mas naquela porra daquele vestido... linda e gostosa eram as duas primeiras coisas que me vinham a mente.

- Já estão preparando o casamento? - Derek brincou.

- Não sofro desse tipo de insanidade. - sorriu.

- Nem eu. - imitei e ela me observou, curiosa - Não estamos nem perto disso. - constatei. - De jeito nenhum.

Dominique engoliu a seco e eu tive que me controlar para não rir.

- Bem! - ela espremeu as mãos - Vocês vão falar de negócios e eu vou ficar entediada.

- Acho que temos falado muito disso ultimamente, han Greg?

- É, mas essa fusão das empresas é provavelmente uma das maiores aquisições da Baxter nos últimos dez anos.

- Vamos todos trabalhar juntos. - riu, apertando meu ombro - E vocês, Baxters, vão fazer de mim um homem rico.

- Acho que você quer dizer mais rico, Derek.

- Conversem a vontade. Eu acho que preciso comer alguma coisa, de qualquer modo.

Beijou meu rosto antes de se retirar.

Ela não gostava de Derek. Essa parte ela já tinha deixado cristalinamente claro. Mas isso era normal: Dominique não gostava de ninguém. Só de mim... ainda bem.

Mas ele era meu melhor e mais antigo amigo. Era mais uma pessoa que ela, infelizmente, teria que tolerar.

- Não sabia que você estava tão assustado assim com casamento, Gregory. - ele bateu no meu ombro, enquanto nos aproximávamos do bar. - Whisky. - pediu - Com gelo. Peço dois?

- Sem gelo pra mim. - pedi - E não estou. - ri - Já peguei o anel de diamante dos Holt.

- O que era da sua irmã?

- Esse. Já está no joalheiro. Queria que ele fosse devidamente limpo, antes.

- Está me confundindo, Greg. - deu um gole na bebida - Se quer casar, por que a charada?

- Porque Dominique é uma criatura muito complicada. - tive que rir.

- Como assim?

- Já escolhi o lugar, resolvi o anel... Já estou até praticando o que vou dizer. - confessei - Mas ela não pode suspeitar.

- Ah! Você quer que seja surpresa.

- Não, eu quero amaciar a fera.

Ele riu.

- Estou falando sério, Der... Com Dom é assim: ela não quer casar. Tem certeza absoluta disso. Mas é só por causa dessa casca impenetrável que ela usa pra proteger os próprios sentimentos. Ela diz que não quer para não se magoar caso não tenha, entende?

- Muitas mulheres são assim, Greggy... Ainda não justifica a charada.

- Vou precisar de exatamente três semanas com Dominique achando que eu não quero casar de modo algum.

- Por que três?

- Na primeira ela vai ficar curiosa... Pensando se é algo que eu realmente não quero ou se estou falando isso para agradá-la ou enganá-la. Na segunda, ela vai começar a se perguntar por que diabos está tão incomodada com isso, já que não queria se casar de modo algum, logo, se eu não quero também, não deveria mudar nada para ela. E aí chega a terceira semana. E ela está se questionando se realmente é algo que ela não quer ou se está incomodada porque, na verdade, é algo que ela gostaria de fazer. Então, eu pego ela na dúvida.

- E aí ela vai dizer "sim"?

- Dominique? Dizer "sim"? Nunca!

- Então, você ficou louco! - riu.

- Ela vai dizer "não", porque é teimosa. Ela precisa discordar primeiro. Sempre! A fase dois do meu plano é levá-la pra cama, fazer amor, explicar pra ela como eu a amo e como ela já é minha família independente de uma aliança, mas que a aliança significaria muito pra mim.

- ela diz "sim"?

- Não... ela diz "não", de novo.

- Me explica mais uma vez porque você está namorando com essa mulher?

- A última fase é o golpe de misericórdia.

- Que é?

- Dizer pra ela que Eleanor provavelmente infarta se ela disser sim.

- Aí ela diz "sim"?

- Aí ela diz "sim"! - concordei.

- Me parece trabalho demais.

- Acredite, Der. Ela vale a pena!

- Espero que sim, Greggy... Porque não sei se Eleanor infarta, mas ela definitivamente vai querer te matar.

- Ah, eu tenho um plano para lidar com ela também. - ri.

***********

E eu estava me escondendo pela casa, mais uma vez.

Qualquer coisa para evitar um encontro desagradável com a Bruxa. Estava na cozinha procurando por Boe quando algo além da janela dos fundos chamou minha atenção.

Merryl estava conversando com uma pessoa que eu nunca tinha visto antes. Uma mulher negra e alta com um lindo cabelo trançado. E pelas calças jeans surradas e camiseta de U2, eu deduzi que ela não tinha sido convidada.

Inferno, eu estava usando um vestido que me custou quase metade do meu obsceno salário e mal era considerada uma convidada...

Não era da minha conta. Isso eu sabia. Mas era Merryl... a escolhida desde o berço para ser o par ideal do meu Greg e pela expressão corporal, não havia dúvidas que elas estavam brigando. Parte de mim queria simplesmente mandar a cena se foder. Não tinha nada a ver comigo e não era do meu feitio invadir a vida de ninguém. A outra parte estava rindo e dizendo que nos últimos anos só o que eu tinha feito era invadir a vida das pessoas, a começar pela vizinhança... Quando o elemento egoísta entrou na balança e eu percebi que, se ela estivesse fazendo algo errado, eu poderia usar isso para defender meu relacionamento no futuro, acabei decidindo me aproximar do portal da área de serviço e ouvir a conversa.

Apoiei as costas contra uma das colunas e prendi a respiração. Estava me sentindo infantil e ridícula. Mas uma vez escondida para ouvir a conversa alheia, achei melhor fazer silêncio e prestar atenção.

- Não, Merryl. Chega.

- Não é assim tão simples.

- É simples demais... Quantas vezes você ainda vai fazer isso?

- Gillian, eu só preciso de tempo.

Arrisquei uma olhada além da coluna. Elas estavam no pátio dos fundos, Merryl andava em direção a colega que dava alguns passos para trás sempre que a outra se aproximava.

- Você já me contou sua história, Mer, lembra? Diz pra mim... com quantas namoradas você já teve que acabar por causa disso?

Namoradas?

Puta que pariu.

- Gill...

- Eu já tive que superar a intolerância da minha família. E olha... eu te amo e nossa viagem pra Itália foi perfeita. Mas eu não passei por tudo que eu passei para ter que me esconder com a mulher que eu amo.

- Gill, olha...

- Não, Mer! Chega. Não quero mais isso. Não assim. Ou você fica comigo, ou não fica.

- É um ultimato?

- Assim como tantos outros que você já deve ter recebido, então não se ofenda.

- Eu te amo... - suspirou.

- Eu sei. Mas é difícil demais desse jeito.

- Eu não estou pronta. Minha família, Gill... Minha família nunca vai entender.

- Eu sou lésbica! - falou tão alto que, mesmo que eu não estivesse prestando atenção, seria impossível não ouvi-la - Cansei de me esconder e que se foda o preconceito das pessoas!

- Merryl?

A voz da Bruxa me fez congelar onde eu estava.

Eleanor apareceu acompanhada de mais duas amigas e estavam todas replicando o susto e o constrangimento da matriarca Baxter diante da cena que presenciavam.

Ai, merda.

- Estávamos procurando por você. Queria trocar uma palavra com você e Gregory. Com quem estava falando, querida? - A cena era clara por si só. E se eu tinha ouvido as últimas duas frases sem qualquer problema, ela tinha ouvido também.

- Ahm... - Merryl entalou e Gillian a observava com uma atitude de "agora ou nunca".

Queria que Merryl tivesse forças para dizer a verdade. Em parte porque seria bom para ela e em parte porque seria bom para mim... Mas eu podia sentir o cheiro no ar: ela não ia conseguir. Aquele mundo tinha sido impactante o suficiente para fazer Dominique Thoen se esconder pelos cantos procurando refúgio. Eu podia apenas imaginar o quão forte Merryl teria que ser para superar essa barreira tendo sido criada nesse ambiente.

O silêncio foi igualmente breve e eterno.

Por algum motivo, eu não conseguia parar de pensar na irmã de Holt. Não conseguia parar de pensar em Amanda. A mulher que foi criada ali e teve coragem para lutar e mandar todo mundo pro inferno. Eu queria muito tê-la conhecido. Muito mesmo.

Se Amanda estivesse ali, ela ajudaria... Se Amanda estivesse ali, Merryl não precisaria fazer aquilo sozinha...

Respirei fundo.

Ah... que se foda.

- Gillian! - exclamei, saindo do meu precário esconderijo. - Quantas vezes vou ter que te dizer... Merryl, obrigada por distrair minha amiga enquanto eu estava ocupada.

As duas me olharam como se eu tivesse acabado de anunciar uma invasão de alienígenas montados em cogumelos voadores.

- Dominique. - Eleanor pronunciou meu nome com nojo - Você conhece essa... pessoa?

Gillian torceu o nariz para o comentário grosseiro.

Pois é, amiga... estou contigo. Bem vinda a esse lado do mundo.

- É sim. - me aproximei da cena, tentando ficar de costas para as três recém-chegadas, ofereci um olhar sugestivo a Merryl e ela seguiu minha liderança.

- E que conversa é essa sobre... - Eleanor engoliu em seco. Vamos lá, meu bem, diga a palavra - Lésbicas e preconceito? - riu, como se fosse uma piada.

- Ah! Eu já tive experiências homossexuais. - Ela já me odiava mesmo, não é? - Gillian é uma ex namorada que se recusa a entender que eu estou com outra pessoa. Gill. - me virei e segurei as mãos de uma completa desconhecida - Precisamos superar. O que nós tivemos foi lindo! - ela me observava com um misto de incômodo e incredulidade que seria cômico se não fosse toda aquela situação horrível. - Mas estou com outra pessoa agora e precisamos seguir nossas vidas. Não me ligue mais, está bem? Merryl, poderia me fazer o favor de acompanhar minha amiga até a saída?

- Ela não fará isso! - Eleanor levou a mão ao peito na sua típica interpretação de mulher elegante ultrajada. Era um número que ela dominava bem, confesso... - Não vai ser obrigada a interagir com esse tipo de gente por sua causa.

- Não, Eleanor! Eu não me incomodo! Sem problemas.

Puxou Gillian consigo e foram, creio eu, terminar a conversa em algum lugar mais reservado. Sibilou um obrigada para mim antes de sair e me deixar diante do pelotão de fuzilamento.

Suspirei exausta.

É... Isso ia ser divertido.

Fortsett å les

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