O diário de Bree

By drunksassenach

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Esse é mais um pedacinho da jornada do nosso casal querido, Jamie e Claire. Trago em pequenos contos e trecho... More

Notas
Prólogo
Quando conheci sua mãe, achei que estivesse em um sonho/Nos tornamos dois e meio
O primeiro ultrassom
Picles de madrugada
Menina ou menino?
Oi, filha...
Como um peixinho
A barriga/Nomes e arranjos
E você se cansou de esperar...
Ten fingers, ten toes / O primeiro mês
Our first Christmas
Coisas que sei sobre você
Valentine's Day/Mother's day/Goodnight moon, and I rolled over...
Segredo de pai e filha
Happy birthday, Daddy!
A comilona
First family vacation
Dentes e coelhos

Conversas veladas/E então eu senti você se mexer

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By drunksassenach

Olá, querida leitora, como vai? Demorei mas cheguei com capítulo fofinho...

Ótima leitura!!

***








No sexto mês, Claire estava tão linda que se tornara impossível não adorá-la o tempo todo. Eu estava encantado, apaixonado, e me tornei repetitivo, a elogiando pelos cantos da casa, sussurrando palavras de amor e vazando a minha felicidade aos quatro ventos.

Sua barriga já tinha forma e peso considerável, o que a deixava mais preguiçosa a cada dia. Também estampava no rosto, o contentamento de uma gravidez tranquila e mais do que isso, os riscos do início haviam ficado para trás, e nossa filha era saudável. Nós todos estávamos bem, a família na Escócia prevalecia apesar de sustos com a covid. Não houve perdas, somente ganhos. Os Frasers cresciam em número e eu me regozijava com isso.

Parte do mundo tentava levar uma vida normal dentro da nova configuração, países abriam e fechavam suas fronteiras, numa medida falha de conter a contaminação invisível. Algumas pessoas se expunham ao risco do vírus por falta de opção, tendo de voltar aos seus trabalhos e atividades, sob ameaça de perder seus empregos; outros, por puro capricho e níveis de negacionismo, ao manter os hábitos e assim colaborar com o colapso mundial. Médicos e enfermeiros, uma classe inteira na corda bamba para salvar vidas, dentre elas, vidas dos profissionais de saúde, anjos da linha de frente, que morriam aos montes. Não havia limites para a desinformação, a ciência foi posta à prova de todos os lados, e repetidas vezes desacreditada por uma parcela acéfala da sociedade. A vacina ainda nem havia sido lançada e dividia opiniões, talvez dividisse países inteiros. Movimentos antivacina pipocavam, enquanto famílias perdiam seus entes queridos.

Quando o lockdown foi decretado, eu perdi meu emprego no bar, fiquei trancado, definhando e vendo o mundo ruir. Claire se entregou ao trabalho, se exaurindo em horas frenéticas de plantão. Muitos dias, quando chegava e cumpria seu último protocolo de desinfecção, e finalmente podíamos nos abraçar, ela chorava exausta e de luto por tantas vidas perdidas.

Então Claire caiu enferma, passou uma semana no hospital, na ala dos isolados, manifestando a princípio sintomas brandos, que evoluíram rapidamente para complicações respiratórias. Fiquei em pânico sem poder estar ao lado dela, sem segurar a sua mão enquanto seu corpo lutava para respirar. Eu não podia acessar a bolha do centro de internação improvisado. Todo o hospital foi remodelado, ampliando a capacidade da UTI, e as cirurgias foram suspensas quase em sua totalidade. Graças a dedicação de uma equipe que diminuía a cada nova infecção, ela se livrou de ser entubada, teve uma melhora extraordinária e pode continuar sua recuperação em casa. Uma semana depois, Claire retornou ao trabalho, e mais uma vez fiquei sozinho e apavorado com a ideia da exposição e uma reinfecção.

A gravidez a colocou na segurança da nossa casa, não vou negar que vibrei com isso, com o fato de não me preocupar se me ligariam do hospital porque Claire testou positivo novamente e teria de se isolar. Eu ia dormir com ela segura ao meu lado, e acordava com ela guardando minha filha que crescia noite e dia em sua casinha redonda. Egoísmo da minha parte ou não, eu só consegui pensar que quando o bebê nascesse, eu faria com que Claire permanecesse em licença maternidade até que a praga se dissipasse completamente. E sabia que quando esse momento chegasse, nós dois entraríamos em conflito.





Conversas veladas

Sua mãe só dorme, é incrível como seu organismo mudou nesse sentido. Antes de você aparecer, ela acordava muito cedo para ir trabalhar, depois dormia tarde, o que lhe dava somente algumas horas de sono. Mesmo nos dias de folga, ela pouco dormia, se enchia de funções que a mantinham dentro de uma rotina rigorosa de estudos. Com você crescendo dentro dela, Claire descansa o dia inteiro, desacelerou de uma maneira que não eu achava ser possível, conhecendo-a como conheço.

Ela está manhosa, sempre querendo o papai grudado nela. Sua mãe se adaptara à gravidez, não há mais enjoos ou dores de cabeça, seu corpo está totalmente moldado evidenciando a barriguinha que eu amo. Passo horas sonhando acordado, em completo encantamento, encolhido embaixo das cobertas, agarrado a protuberância que te mantém guardada. Eu converso com você, sussurro histórias de ninar e te conto sobre seus primos, sobre a Escócia, sobre a sua mãe e a nossa linda família.

Sua mãe resmunga às vezes, diz que faço você se mexer, e eu só consigo sorrir, imaginando seu corpinho se revirando na tentativa de vir ao meu encontro, buscando a minha voz.

Na última madrugada, acordei de um sonho onde eu cuidava desesperadamente de um bebê que não parava de chorar. Quando me movi na cama, percebi estar enterrado sob uma camada de cobertores, adormecido mais uma vez abraçado a você e sua mãe. Foi um pouquinho assustador, não sei se o choro do bebê era de dor e eu não consegui ajudar, o fato é, se eu puder te fazer um pedido antes mesmo de você nascer, filha, quero que me prometa ser uma boa garota e não chorar muito se o papai fizer algo errado.

Acho que estou apavorado, mas sei que tudo vai ficar bem porque nós temos a sua mãe.

E eu voltei a adormecer com a cabeça encostada na pele macia e morna do seu ninho, onde me sinto seguro imediatamente.






E então eu senti você se mexer

Eu estava ficando cada dia mais ansioso para sentir você se mexer. Sua mãe sorri todas às vezes que você acorda e se move em seu refúgio particular, e eu ficava só olhando e namorando o momento lindo de vocês duas, esperando quando seu chute seria forte o bastante para sentir.

Então mamãe me deu um chocolate, mas quem acabou comendo foi ela, e uma hora depois você começou a dar chutes atrás de chutes, esticando suas pernas e braços. Nunca experimentei tal emoção antes, transbordei de amor e uma empolgação me fez vibrar com a novidade, a perspectiva de participar desse momento especial.

E você não parou mais de se mexer e chutar. Desse dia em diante, sempre que ouve a minha voz, você se agita e responde as minhas brincadeiras. Você sabe quem eu sou, conhece a minha voz, que te acorda e te bota para dormir. Nós estamos quase enlouquecendo a mamãe com tanta bagunça.

Um dia vou ficar velho e esquecer de um monte de coisas, mas sempre vou me lembrar da sensação do toque da barriga da sua mãe enquanto você se movia lá dentro, a energia gigantesca que explodia no elo que nós três criamos para nós.

07/09/2020 - Sua mãe conseguiu registrar uma das primeiras vezes que senti você se mexer, a cara de bobão provavelmente nunca mais vai sair do meu rosto.











***

Antes de partir não se esqueça da minha estrelinha, e até breve!

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