A última noite

By julhakjkk

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Para Scarllet, sua vida deveria ser seguida à risca, com muitas expectativas a cumprir. Ao crescer cercada po... More

capítulo 1
capítulo 2
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 5
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
personagens <3
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
capítulo 22
capítulo 23
capitulo 24
capítulo 25
capítulo 26
capítulo 27
capítulo 28
capítulo 29
capítulo 30
capítulo 31
capítulo 32
capítulo 33
capítulo 34
capítulo 35
capítulo 36
capítulo 37
capitulo 39
capítulo 40
capítulo 41
capítulo 42
capítulo 43
capítulo 44
capítulo 45
capítulo 46
capítulo 47
capítulo 48
capítulo 49
capítulo 50
capítulo 51
capítulo 52
capítulo 53
capítulo 54
capítulo 55
capitulo 56
capítulo 57
capítulo 58
capítulo 59
capítulo 60
capítulo 61 "what is a monster?"
capítulo 62 "truths"
capítulo 63 "incendiar"
capítulo 64 "após o incêndio."
capítulo 65 "personificação"

capítulo 38

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By julhakjkk

se eu tivesse criatividade para colocar um nome em cada capítulo, esse aqui, teria o nome de: noite das promessas.

oii, né. 16k???? amo muito vcs. obrigada por acompanharem!! eu sou tão grata, de verdade!! aos pouquinhos, estamos crescendo❤️❤️❤️

caso queiram dar uma crítica construtiva e dizer algo que eu possa melhorar, por favor, diga.

essa música traz uma vibe inexplicável! só escutem!! combina bastante com esse capítulo




————————————-

Uma fria noite e com muitas rajadas de vento. No entanto, uma noite clara. Posso ver através da minha janela, a luz branca da lua. O lago, reflete bem isso. É noite de lua cheia e quase não há nuvens no céu. Se não estivesse presa neste quarto, estaria lá fora. Observando as estrelas.

Verônica já fez seu trabalho. Veio até o quarto, analisou e viu que estou aqui. Me pergunto por quanto tempo isso irá durar.

Eu coloquei meu pijama azul e dormi. Quando fiz isso, eram dez da noite. Acordei assustada, com ruídos vindo da direção da janela. Apenas alguns passos e a pessoa já estava batendo na vidraça. Fiquei paralisada por um tempo, antes de reagir e caminhar com cautela até lá. Sob o luar prateado, a pele dele reluz como uma joia. Thomas tocou o vidro com a palma da mão, e sorriu para mim.

Toquei o vidro, fazendo nossas mãos colarem. Separadas apenas pela camada do vidro. Thomas ergueu as sobrancelhas, aproximando o rosto do vidro. Aquilo provavelmente, não passava de um sonho. O sonho mais belo que já tive. Tenho sonhos lúcidos todas às noites. Antes de dormir, fiz um pedido as estrelas. Pedi para sonhar com ele.

Fiquei parada, encarando aquela bela visão. Conforme os segundos passam, eu sentia calafrios no estômago. Ele continuou sorrindo daquele jeito bonito. Apenas observando as características dele, eu notei algo bem real em seu rosto. No momento em que franziu a testa. 

— Vai me deixar mesmo aqui pendurado na sua janela? — as expressões dele estavam visíveis graças a luz da lua.

Afastei para trás assustada. Com toda certeza, o meu sonho estava real demais. Mas qual seria a probabilidade disso acontecer?

— Você é real? — parei onde estava o observando.

— Ah... Provavelmente? Não sou real o bastante pra você? — perguntou ele juntando as sobrancelhas.

Ai meu Deus. Só então me toquei. Thomas realmente estava do lado de fora da minha janela, em uma altura duvidosa. Me parece que as estrelas não só atenderam meu pedido, como também fizeram ser real demais.

— Ai meu Deus! — corri para abrir a janela. — Você está maluco? Perdeu a cabeça?

— Você não pareceu tão preocupada quando me viu. — Thomas atravessou a janela e entrou no quarto.

— Você poderia ter caído.

— Mas não caí. — tossiu, com a voz rouca.

Respirei fundo, enquanto perguntei a mim mesma se aquilo era real. Eram mais ou menos uma da manhã e ele estava aqui, no meu quarto.

— O que está fazendo aqui?

— As estrelas. Você não queria ver elas?

Produzindo gestos como a mais bela poesia, ele atravessou os dedos pelos cabelos castanhos.

— Espera, como sabe?

— Eu não sei. Tudo que eu sei, é que sei que você está desejando ver as estrelas. Por isso, vim te tirar daqui.  — Thomas vibrou os olhos em mim. A luz da lua que emanava da janela, bateu especificamente neles. Exalando o belo verde presente nas íris de seus olhos.

Talvez seja a forma como ele olha para mim. Eu não posso deixar de sorrir. Thomas me encarou, a espera de uma resposta, mas a única coisa que fiz, foi sorrir, como uma verdadeira idiota.

— Pêssego? Você não quer observar a lua e as estrelas?

Me perguntei se Thomas podia ler meus pensamentos. Era estranho a forma como se conecta com o que penso. 

— Sim, eu quero. Mais do que tudo.

— Então vamos. — Thomas tocou a minha mão. No momento em que fez isso, me senti elétrica.

— Mas... e se formos pegos?

— Às uma da manhã? — deu risada de mim. Uma risada silenciosa enquanto umedeceu os lábios.

— E como vamos sair?

— Pela janela. — explicou ele.

Agora quem deu risada, foi eu.

— Péssima ideia, senhor Collin. — lutei para impedir que não ficasse hipnotizada enquanto o encarava. Mas ele estava tão lindo. Os cabelos bagunçados e aquela postura lírica.

— Você não confia em mim, pêssego? — fingiu estar ofendido.

— Eu confio.

— Ótimo. Então, vem comigo. Prometo que não irei deixar você cair. — a voz calma e baixa. — Vou te descer dessa janela em segurança, Scarllet Milles.

Olho de relance para a janela. Tenho medo de altura e só em pensar que poderei cair, a minha cabeça elabora dores desastrosas. Mas depois o encaro e encaro nossas mãos, juntas.

Assenti para ele e Thomas me puxou para a janela. Ele saiu primeiro e afastou- se, dando espaço para que eu pudesse fazer o mesmo. Meu corpo estremeceu, mas me lembrei da sua promessa. Ele não iria me deixar cair.

Saí para fora, sem dar tempo para arrependimentos. Fechei os olhos amedrontada pela altura. Os dedos segurando a barra da janela. Thomas segurou minha cintura e isso me trouxe segurança. Eu não fazia a menor ideia de como iríamos descer até o chão, mas deixei essa parte com ele.

Sentindo apenas as pontas dos pés, na estreita barra que nos dava suporte. Fizemos isso por um tempo. Não ousei olhar para baixo. Mas só em sentir meus cabelos sendo chacoalhados pelo vento denso, era o suficiente para me trazer a adrenalina.

Quando chegamos ao fim da linha, Thomas desceu até outra janela, e com a altura reduzida, ele pulou para o chão. Quando desceu, olhou para mim sorrindo.

— Pule, amor.

— E- eu vou cair. — a mais grotesca observação que não deveria ter feito. De repente, a minha cabeça me diz que irei escorregar.

— Você não confia em mim? — perguntou de novo. 

— Thomas... — murmurei quase chorando.

— Venha, pêssego.

Eu obriguei a mim mesma a pular. Eu confiava nele, mas por alguma razão me limitei a fazer isso. Fiquei parada lá, de pé, sem palavras. 

— Eu vou buscar você. — fez menção a subir de novo. 

— Não. Eu vou descer. — enguli seco.

Abandonando o medo, ignorando a tensão, eu pulei e caí em seus braços. Ele cumpriu sua promessa. Thomas segurou o meu corpo e sorriu para mim daquele jeito bonito. Corei as bochechas com as mãos por entre seu pescoço.

— Viu? Eu disse que não te deixaria cair.  — me colocou de volta para o chão, mas eu protestei internamente. Ainda queria estar em seus braços.
— Vamos, pêssego.

O bosque fica do lado do edifício e torço para que não sejamos pegos vagando por fora do dormitório. Caminhamos em silêncio e Thomas entrelaça nossas mãos, conforme caminhamos. Seguimos pela trilha de árvores a arbustos. Agora que não estamos tão visíveis assim, posso notar minhas costas relaxarem. Depois de ter corrido o risco de ser expulsa, a última coisa que preciso, é sequer passar por mais um problema. 

Quando chegamos a pequena colina, subimos para o topo. Thomas sentou- se no chão e eu sentei ao seu lado. Um perto do outro. Por mais que não existisse nenhuma brecha de espaço entre nós, eu ainda sentia que estava longe demais dele. Ele me puxou para que deitasse em seu peito. Aceitei sem contestar. Fechei os olhos, ouvido o som da respiração calma.

As estrelas reluziam seu brilho, decorando o céu em cores brilhantes. Cada uma preenchendo uma vaga. Cada uma dando beleza a ele. A lua, deixou tudo mais bonito. A luz pálida que não precisava ser forte e imponente o bastante, para dar a visão.

Aqui, ao lado de Thomas, olhando para o céu estrelado, eu me sinto viva. Pela primeira vez. É como se nada mais pudesse me assustar. Como se tivesse o paraíso ao meu lado.

Me deitei próximo a ele, me saindo de seu peito. Nós nos encaramos, com os rostos inclinados um para o outro. Deitada ao seu lado, era bom o suficiente para me fazer esquecer as ruínas da minha vida. 

— O que foi Milles? — Thomas falou tão concentrado.

— Nada.  — respondi intimidada pela concentração dele em mim.  — É só que... As estrelas estão lindas hoje.  — deixei a empolgação recorrer. — Sempre estiveram!  — corrigi.

— A beleza das estrelas não se compara a beleza da minha constelação favorita. — olhou para o céu.

Observei o céu mais uma vez. Receosa. Não sabia que ele tinha uma constelação favorita.

— Qual a sua constelação favorita? — perguntei com o domínio da curiosidade.

Não respondeu em imediato. Observou o céu por um tempo e eu realmente me frustrei por achar que não haveria resposta para minha pergunta. E quando estava prestes a desistir de querer saber, ele finalmente disse: 

— Você.

Eu olhei para ele, totalmente dominada e fascinada com o que ouvi. Thomas não se moveu. Continuou a olhar para cima. Para a grandeza das estrelas. Três segundos. Foi o tempo que observei ele. Três segundos. Foi quando tudo pareceu interligado. Quando tudo pareceu girar a nossa volta. Parecia ser só nós dois. Novamente, o vento sacudiu meus cabelos. Eu permaneci com os olhos nele. Era só isso que conseguia fazer.

Agora, ele me deu aqueles olhos verdes. Não me importo em fazer o mesmo. Tudo parece mais intenso. O despertar de um novo sentimento. A eternidade em querer estar perto dele.

— Nenhuma dessas constelações, exerce a total abundância da sua beleza, Scarllet Milles. O céu se torna vazio, quando você não está por perto. É tudo que realmente sei. — revelou.

O que ele diz, faz meu corpo flutuar. Eu o beijo na testa, faço isso muitas vezes. Beijo sua bochecha, sentindo o ar daquele perfume. Thomas não resiste. As mãos deles, rodopiam levemente nos meus cabelos e então, eu o beijei. Não tinha nada de sexual naquilo. Fizemos isso, apenas para demonstrar carinho um para o outro. Sem outras intenções.

Os lábios deles, calmos macios. Eu realmente gostava de o beijar. Aquela era a melhor sensação que poderia sentir. A sensação mais verdadeira e pura. Thomas beijou meu pescoço, meu corpo padeceu. Não deveria estar tão apegada a ele, mas agora, isso não importa.

— Me beije pêssego. Me beije forte. Como se fosse a última vez. Como se eu fosse o seu último amor. Como se fosse a última noite. — sussurrou ele, emotivo. Calmo e quieto.

Concordei com a cabeça. Era realmente o que queria fazer. Beijá- lo, como se fosse a última vez. A partir de um silêncio vazio, me encontrei emotiva.  A noite está delicada, para um coração apaixonado e em algum lugar, no fundo daqueles belos olhos, eu vi que ele demonstrava o que sentia. 

Grudei de novo, nossos lábios. Sentindo o gosto do seu beijo. Aquele, de todos os nossos beijos, se tornara o mais especial para mim. O melhor dentre todos. Calmo e sereno. Meu primeiro beijo, foi essencial, e eu reconheço que é por isso que estamos aqui.

Mas me lembrarei dessa noite, para sempre. Protegerei essa lembrança para sempre. Manterei comigo até o dia da minha morte. A lembrança, do meu primeiro beijo de amor. Sem malícia alguma. A beleza de poder desfrutar as melhores das sensações. 

Thomas, obrigada.

— Isso é coisa da minha cabeça?

— Eu não sei. — respondeu ele. — Quando penso em você, fazer sexo não é a primeira coisa que vem à mente. — olhou para cima, e o brilho dos seus olhos espelharam o brilho das estrelas. — Case comigo, pêssego.

Gravei o que ele disse. Me lembrarei disso para sempre. Seria a história que contaria para meus netos.  Ali, sobre a luz da lua, com a brisa leve, em um lugar especial, recebi meu primeiro beijo de amor e fui pedida em casamento. Na mesma noite. 

— Faço o que puder. Converso com seus pais.

Arregalei os olhos para ela. A princípio, pensei ser mais uma brincadeira, mas logo notei que ele não estava brincando. 

— Não somos jovens demais pra isso?

— Não ligo. — rebateu. — Seus pais não poderão me impedir de te ter. Você será minha. Eu nunca te deixaria sozinha. Isso é uma promessa. — Thomas encarou sério. 

— Só tenho dezessete anos. Não posso me casar com você.

— Eu espero. — sussurrou enrolando uma das mechas do meu cabelo por entre os dedos.

— Isso é impossível... — disse baixinho.

— Dizem que a lua se apaixonou pela grandeza do mar e o mar se apaixonou pelo brilho da lua, mas este amor era impossível, pois não podia se tocar. — recitou ele.

— Então é na chuva que eles podem por alguns instantes se amar.  — completei sem nem ao menos ter certeza sobre o desandar da frase. Disse o que veio à mente. — Onde viu isso?

— Acabei de inventar. — confessou e eu fiquei surpresa.

Uma das frases mais belas que já ouvi. Mesmo sendo um pouco dolorosa. 

— Sabia que você iria gostar de ouvir isso. — disse ele satisfeito.

A cada palavra, uma poesia. Ele estava certo. Eu gostei de ter ouvido isso.

— Deserto atacama. Um dia, levarei você até lá.

— O que é o deserto do atacama? — logo depois de fazer a pergunta, me senti idiota.

— O espelho do universo. Você adoraria estar lá. O céu, é salpicado de estrelas brilhantes e possui uma boa visão. Também existem muitas montanhas. Por toda parte. Fica no norte do Chile. — explicou.

Meus olhos iluminaram- se enquanto eu o ouvia falar.

— Você já foi lá?

— Já. Uma vez e você também irá. 

Por favor, diga que é uma promessa...

É uma promessa. — começou ele. Como se pudesse me ouvir. Como se soubesse o que penso.

Encostei a cabeça em seu peito. Observando as estrelas. Ficamos em silêncio por tempo, e de vez em quando, eu fechava os olhos. Piscava preguiçosamente. Cada vez mais lento. Cada vez mais sonolenta. Thomas notou isso, então acariciou meus cabelos. Parecia ter certeza de que aquilo, me ajudaria a dormir. E ajudou. 

— Não importa o que eu tenha que fazer. Você será minha. 

— E você será meu? — quase não tive coragem para perguntar.

— É claro que sim, pêssego. — alegou firme. — Prometo que sempre irei manter você comigo.

Aconcheguei confortavelmente em seu peito. Me reconstruí ali, ouvindo seu coração bater. Thomas possui um coração. E a maior das verdades, é que ele também possui o meu nas mãos.

— Ainda ficaria ao meu lado, mesmo sabendo da pessoa que sou?

— Sim. 

— Como pode responder algo assim, sem pensar?

— E por que não responderia? — fechei os olhos.

— Porque estou condenado ao inferno. — abri os olhos. 

Depois de muito raciocinar, eu ainda não entendi o que ele quis dizer com isso. Se não estivesse tão exausta, estaria mergulhando naqueles olhos, em busca da reposta.

— Quanto mais você fica perto de mim, mas me sinto sedento em ter você por perto.

— Fique... — falei com voz de sono, demorando para perceber que a resposta não condiz.

— A solidão adora companhia. — comentou.

— Sendo assim, vamos ficar juntos.

— Não podemos ficar juntos pra sempre. Algo irá nos separar. — Thomas alegou e agora não estou mais sentindo seus dedos em meus cabelos. Ele fica em silêncio.

— Eu não quero... — disse quase adormecendo. Me castiguei mentalmente por estar tolerando o fracasso de pegar no sono.

Quando estou dominada pelo sono, não penso, quase não falo. Exatamente como estou agora. Se estivesse sóbria, provavelmente estranharia essa situação toda.

— Quando eu morrer, irei para o inferno. Não poderemos estar juntos para sempre, pêssego. — pronunciou as palavras que não faziam sentindo.

Não sabia se estava formulando direito as respostas. Meu cérebro parece ter dificuldade para funcionar. Estou com o raciocínio lento graças ao sono. 

— Eu vou com você.

— Você irá para o céu, pêssego. E eu irei pagar pelos meus pecados.

— Não... não vai. — a essa altura, eu já nem sabia mais sobre o que estávamos conversando. Nem sequer entendia. — Por que irá para lá?

— Porque sou uma pessoa ruim.

— Não é não.

— Há tantas coisas que você não sabe, meu pequeno pêssego. — ouvi a voz dele sussurrar.

— E-então me con... me conte. — eu estava prestes a adormecer.

— Não há nada mais puro, que a sua doce inocência. Você não merece descobrir sobre o inferno tão cedo e não vou deixar que saiba. — a última coisa que vi antes de dormir completamente, foi o olhar contemplativo dele.

Durante essa noite, tive muitos sonhos. Thomas estava presente em todos eles. De todos, o mais memorável. Nós dois em um campo florido. O tempo opaco, sem cor, acizentado. Estamos ali de pé, sentindo o ar do inverno. Nos matariam se soubessem. Era isso que eu pensava, no sonho.

"Não tenha medo. Nós iremos sair dessa bagunça." colheu uma das rosas brancas e me entregou. 

Foi quando eu acordei e vi que ele ainda estava ao meu lado. Estava amanhecendo e haviam poucas estrelas espalhadas pelo céu. A névoa pareando no ar e o emitir dos pássaros. Thomas estava com os olhos abertos, acordado. A face perfeita dele, foi a primeira coisa que vi.

— Bom dia, amor. — virou- se para mim.

— Bom dia. — sorri sentindo os ossos rangerem com o frio que fazia nesse lugar. Certamente, por conta das árvores. — Que horas são?

— Cinco da manhã. — checou o relógio em seu pulso.

— Temos que voltar...

— Com o que estava sonhando? — o ar da boca dele evaporou como fumaça. Piscou os olhos, concentrado em olhar para mim.

— Por que?

— Estava sonhando comigo? Porque eu sonhei com você.

— Outra vez? — sorri dele e me fitei os olhos na boca rosada dele.

— Responda a minha pergunta Milles. Estava sonhando comigo?

— Não. — menti.

— Por que algo me diz que você está mentindo?

Comecei a me desesperar. Eu havia dito o nome dele enquanto dormia? Ou Thomas apenas está sentindo isso, assim como sinto que ele também sonhou comigo?

— Não estou mentindo, senhor Collin. — assegurei a ele, mas não foi o bastante para ele parecer convencido.

— Você é uma péssima mentirosa.

— Ou você só não acredita em nada do que digo. — brinquei e agora os lados parecem inversos.

— Talvez porque você mente muito mal. — chegou mais perto e beijou meu pescoço.

— Você por acaso lê os meus pensamentos?

— Não é muito difícil saber o que pensa. — repetiu aquela mesma frase.

— Não é muito difícil saber o que pensa. — falei para ele. — Disse que sonhou comigo. Posso saber o que aconteceu no sonho?

— Não.

— Por que?

— Porque quero que se realize. — ele disse. — Não acredito nessa superstição idiota, mas não estou a fim de arriscar.

Thomas apoiou- se por cima do meu corpo. Os cabelos dele, bateram na minha testa.

— Sendo assim, não irei te contar o meu sonho. — respirei pela boca, fazendo meu peito bater no dele, a cada respiração ofegante.

— Pensei que não tivesse sonhado comigo.

— Eu menti.

— Eu sei.

Ficamos em silêncio de novo. Olhos presos um no outro. A minha visão alternava entre os lábios e os olhos, assim como a dele. Suas pupilas estavam dilatadas e sei que as minha também. Deixei a mão percorrer pelo peito dele e parei no local exato do seu coração. Estava batendo. Estava batendo tão forte quanto o meu.

— Você é lindo. — confessei para ele como se fosse algo que talvez já não soubesse.

— É por isso que está olhando para mim, com esse olhar?

Continuo a olhar para ele e Thomas desvia o olhar para o outro lado. Ele estava envergonhado? Nunca o vi assim. Só sorriu mordendo os lábios. Aquele traço dele, que me deixa excêntrica.

— Tão convencido...

— Tão linda.

A última vez que ele estava agindo como o cara dos livros que leio, ele estava bêbado.

— Você tem um coração. — mudei de assunto. Pressionei a palma da mão contra o peito dele.

— Talvez porque eu precise disso pra sobreviver.

Sorriso bonito. Olhos reluzentes. Não consigo parar de admirar ele.

— Ou você achava mesmo que eu não tinha um coração? — continuou.

— Todo mundo têm um coração. Mas nem todos sabem usá- lo.

— Te garanto que nesse momento, o meu coração está funcionando perfeitamente bem. — as pupilas expandiram novamente.

Nós nos observamos de novo. Por que fazemos tanto isso? Era tão bom olhar para ele. Poderia fazer isso o dia todo. Se tivéssemos tempo para isso. Se eu fosse livre para estar perto dele.

— Tenho que ir, senhor Collin. — senti a pontada no coração.

— Minta de novo. Diga que não quer ficar aqui comigo. Eu vou saber que é uma mentira.

— Eu não quero ficar aqui com você. — aquilo era um mentira.

— Isso é uma maldita mentira.

— Eu tenho que ir. — tentei me reerguer.

— Eu não ligo. Quero você aqui comigo. Fique mais dez minutos. — Thomas tocou minha cintura e eu parei.

Não deveria ficar. Afinal, da última vez, eu quase fui pega. Mas a necessidade de ter ele perto, martelou. Eu queria sentir ele mais uma vez.

— Dez minutos.

— Vou fazer você querer ficar mais que dez minutos Milles. — a língua percorreu abaixo do lábio inferior. Aquele sorriso sedutor e atraente.

— Nem tente.

Disse isso, mas no fundo estava falando sério. Eu sei que ele consegue.

— Então, eu aconselho você a vir até aqui.

Nós já estamos perto o bastante. Não entendi o que quis dizer com isso. Franzi a testa e aproximei quebrando o pouco espaço entre nós. Só depois entendi. Quando ele segurou minha cintura e me puxou para seu colo.

— O que está fazendo?

— Nada. — ele disse ele tão levemente e eu já senti as suas mãos ao redor da minha cintura.

— É só que... e se alguém vir aqui e p-
Thomas revirou os olhos e interrompeu minha fala com um beijo. Eu o afastei empurrando levemente o seu corpo, fazendo nossos lábios se afastarem.
— Você nem esperou eu terminar de falar.

— Terminar de falar sobre as chances da sua babá adivinhar que está aqui e vir atrás de você?

— Ela não é a minha babá.

— Está perto disso.

— Ela é legal e eu vou conseguir a confiança dela. — me aconcheguei no colo dele.

— E eu vou demitir ela. — rebateu.

— Não vai fazer isso.

— Você duvida?

— Não. — eu sei que ele é cruel o bastante para fazer isso. — Por favor, Verônica é como uma mãe pra m-
Thomas interrompeu minha fala de novo.

Ele guiou através da minha cintura, assim fazendo movimentos em seu colo. Eu fiz isso até sentir aos poucos, mesmo com o tecido da calça, o volume endurecer. Os dedos deles apertaram minha costela. Não deveríamos estar fazendo isso. Não mesmo. Mas assim como sinto o volume de Thomas tornar- se cada vez mais duro. Pousei a visão para o cinto da calça dele e ele acompanhou meu olhar.

— Está ficando apertado aqui. Abra pra mim.

Sorri envergonhada para ele. O sol, estava nascendo e um pouco da sua luz preencheu o ambiente. Foi então que notei um pequeno corte no olho esquerdo dele. Quase impossível de reparar. Eu me lembrei daquela noite. Quando ele apareceu em meu quarto, assustado e estranho. Me lembrei das manchas vermelhas, dos olhos tristes. Agora, é como se sentisse um pouco daquela sensação.

— Posso te fazer uma pergunta? — toquei aquele local em específico.

— Não gosto de perguntas.

— O que fez naquela noite, antes de aparecer no meu quarto? — ignorei sua resposta.

— Eu bebi, só isso.

Antes de querer saber a verdade, teria que saber que Thomas irá esconder a todo custo e que ele não se importa de mentir.

— Você estava sujo, chorando e o seu nariz sangrou. — as lembranças perpassaram pela minha cabeça como um filme. Eu havia gravado tudo. Até mesmo os locais do seu rosto, que carregavam machucados e manchas roxas.

— Não me lembro. — respondeu tranquilamente.

— Eu me lembro. — inclinou a coluna para trás em um gesto preguiçoso. Thomas agiu naturalmente e não demonstrou ligar para o que digo.

— Vamos sair daqui, pêssego. — Thomas fez menção a me tirar do seu colo e assim eu fiz. Ele se levantou ficando de pé.

— Vai me contar ou não?

— Sem perguntas. — ele disse.

— Foi o Lian?

— Sem perguntas. — repetiu e caminhou para fora. Eu o segui.

Não tenho planos de deixá- lo em paz. Preciso descobrir e por isso, torço para que tenha sorte.

Eu o acompanhei e ele parou no meio do caminho. Entrelaçou nossas mãos e me guiou para fora do bosque. Thomas ficou calado e eu o observei o caminho inteiro. Sabia que se não falasse mais nada: ele nunca me contaria.

— Você entrou em uma briga com alguém?

Essa era uma das possibilidades que eu tinha. Apesar de saber que Thomas não é o tipo de cara que apanharia.

— Sim. — ele respondeu e eu fiquei esperançosa.

— Por que?

— Não me lembro. Eu estava chapado.

Algo me dizia que ele estava mentindo.

Quando eu estava prestes a perguntar com quem. Thomas havia brigado, ele parou no meio do caminho e me encarou.

— Nos vemos amanhã. Prometo que virei todas às noites ver você. — Thomas beijou a minha testa.

Então aquilo era a despedida?

— Vai mesmo?

— Sim, meu pequeno pêssego.

— Então, você já vai? — perguntei escondendo meu descontentamento.

Foi as perguntas que fiz? Ainda faltava um pouco e nós poderíamos acompanhar um ao outro.

— Nos veremos hoje. Não estou a fim de perder você, então vá logo para aquele maldito quarto.

Foi o que fiz. Me afastei dele lentamente e dei de costas. Sem despedidas ou outro abraço. Senti que o olhar dele, me acompanhou até o momento em que entrei no edifício. Fiquei pensando e acabei me vendo... feliz? Feliz em saber que eu ainda o veria.

Vivi o resto do dia bem. Pensei nele, obviamente. Dormi e esperei que ele fosse me ver e me tirar daquele quarto. Mas ele não veio. Esperei por ele, toda à noite. No dia seguinte, ele também não apareceu. Continuei esperando por ele, por cinco dias, mas ele nunca mais apareceu.

Todas às noites, dormia com a janela aberta. Todas às noites, fiquei olhando através dela. Eu não sabia o que pensar. Às vezes eu pensava que aquela noite, fosse só coisa da minha cabeça e que Thomas, nunca apareceu na janela do meu quarto. Nisso, fiquei presa por uma semana. Os dias se passaram e eu nunca mais o vi. Ao todo, duas semanas. Continuei a dormir com a janela aberta. Às vezes sentia frio, mas isso não importava.

Em uma dessas noites, quando acordei, eram três horas da manhã. Havia uma rosa branca ao meu lado. Jogada sobre a cama. No entanto, não havia vestígio de ninguém. Associei tudo aquilo, a um sonho.

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