Minha visita no hospital não teve uma repercussão maior do que meu vídeo com Meghan e David foi uma explosão, o álbum Title subiu para as paradas novamente e eu consegui uma grande atenção da mídia para mim e para meus futuros projetos com a minha nova amiga. Sempre que saia de casa era interrogada pelos paparazzis até que finalmente soltei que havia escrito com Trainor duas músicas que definitivamente estariam no álbum.
Na semana que passou nós acabamos gravando a música e ela acompanhou a gravação de Sledgehammer e disse que seria um ótimo single, porém acabei dizendo que cabia a discussão final com os produtores.
Estava em casa fazendo o meu lanche da tarde, estava morrendo de fome e muito cansada, havia treinado algumas coreografias na parte da manhã e gravei outras partes de outras músicas que talvez estariam no álbum, porém eu não tinha nem um pouco de certeza sobre isso.
Larguei o meu lanche com queijo branco e peito de peru aberto quando a campainha tocou, andei até a porta e vi o porteiro com um pequeno sorriso, atrás dele tinha quatro arranjos de flores, apenas suspirei sem reação, pedi que ele me ajudasse a entrar com os vasos, assim ele fez, deixando tudo em cima da mesa.
- Wow, mais presentes? – Concordo com a cabeça – Não vai ler o cartão? – Ally questiona.
- Não, Ally! – Suspiro cansada andando até a cozinha – Assim como eu não abri aqueles dois outros pacotes, a pequena cartinha, não vou ler o cartão desses arranjos. – Fecho o lanche e do uma mordida.
- Mas você não sabe nem o que é!
- Mas eu sei de quem são! – Fecho a expressão e ela me encara.
Allyson havia lido a carta que Camila havia escrito para mim e desde então vivia apoiando Dinah que sempre tentava empurrar Cabello para mim, eu já estava irritada com ambas e quanto mais irritava eu ficava mais presentes e correspondências chegavam, Camila estava sendo muitopersistente.
- Vai dizer que não está nem um pouquinho curiosa? – Normani entra e eu a encaro totalmente chocada – O que? Eu não gosto dela, mas até eu estou querendo saber aonde ela vai com tudo isso! – Reviro os olhos e mordo meu sanduiche novamente.
- Laur ela está se esforçando! – Ally tinha um sorrisinho no rosto.
- Ela está tentando me comprar! – Exclamo irritada.
- Você nem sabe o que tem dentro dos pacotes e está dizendo que ela quer te comprar? E se forem coisas simbólicas para vocês?! – Aquilo desperta minha curiosidade.
- Só abra os presentes, se não gostar você joga fora! – Normani fala indiferente, cortando um pedaço do queijo branco.
Fiquei comendo meu lanche e ambas ficaram me encarando até que eu terminasse, mesmo tendo terminado de comer elas não pararam de me olhar. Irritada com aquilo retirei os cartões dos vasos e subi as escadas, abrindo meu armário e pegando os pacotes que Camila havia me enviado, nós três nos sentamos no chão do closet e então desembrulho o primeiro pacote.
Com um certo cuidado puxo a cordinha que estava em volta do pacote e o abro logo em seguida, vendo uma linda blusa branca com o rosto da Lana Del Rey estampado nela, em preto em branco, quando ergo a blusa dois papeis caem. O primeiro era um pequeno bilhetinho escrito com a sua caligrafia "Espero que goste do show privado dela no final do mês.", franzo o cenho e pego o ingresso que estava na mão de Mani.
Obviamente que eu já havia conhecido Lana, nós conversamos várias vezes e ela sabe o quanto eu a admiro, porém eu não tinha ideia de que ela iria fazer um show em New York no final do mês. Aquele presente me lembrou de quanto eu a presenteei com uma camisa do Ed Sheeran e os ingressos para que fossemos ver o show juntas.
Ally me entrega o segundo pacote era menor e bem mais fino, o desembrulho e assim que faço um outro papel cai dele "Eu nunca te dei uma cópia desse livro, achei que fosse importante você tê-lo, ele se tornou o meu favorito depois de ter feito você entrar em minha vida. – Camila."Não consigo deixar de conter um suspiro surpreso, era A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken, já havia tentando compra-lo, porém nunca consegui encontra-lo.
Percebo os olhares das minhas amigas sob mim e fico ainda mais sem graça por ter me deixado envolver com aqueles presentes, Camila estava jogando baixo para conseguir a minha atenção para si.
Obviamente eram coisas materiais, mas eram totalmente com sentidos sentimentais. Ela havia pensado nos pequenos detalhes, se lembrou de coisas que eu fiz com ela a anos atrás e resolveu fazer o mesmo... porém centrado em coisas que Camila tem certeza que eu vou gostar e de uma certa forma vai me derreter.
Na pequena cartinha que eu recebi pelo porteiro um dia desses quando estava indo pegar o elevador estava escrito a letra de Wake Me Up do Ed Sheeran, a música que ela havia dito que me amava pela primeira vez. Essa música também estava no pendrive que ela havia pedido para eu levar para sua casa naquela quarta-feira, assim como todas as nossas músicas favoritas.
- Laur? – Encaro Ally, que segurava quatro cartões – Tem os que vieram hoje com as flores!
Os pego da mão dela e então respiro fundo lendo o primeiro: "Mandei quatro arranjos porque achei que um não fosse o suficiente."; passo para o segundo cartão "Desculpa por te lotar de presentes, mas foi a forma que encontrei de mostrar que sempre me lembro de você."; passo para o terceiro cartão "Nós deveríamos jantar mais uma vez, ainda mais que agora você já sabe de tudo... poderíamos conversar melhor."; passo para o quarto e último "Você deveria aceitar, não vou desistir. Com amor, Camila".
Encaro todas aquelas coisas e sinto um frio na barriga que eu não deveria sentir. Antes tudo parecia tão certo, eu havia tomado minha decisão mas a cada pequeno detalhe que Camila insistia, fazia eu balançar e repensar em deixar ela se reaproximar. Nada é fácil quando se trata de Camila e eu, nós sempre complicamos tudo, não facilitamos nada e sempre fazemos questões de ir pelo caminho mais difícil. Acontece que agora tudo estava tão diferente, ela havia mudado muito e estava provando isso, tendo atitude e mostrando que está disposta a tentar novamente, dar uma chance que não a anos atrás... eu só não sabia se eu conseguiria isso.
Me levanto do closet um pouco atordoada e vou até a minha sala de música, olhando aquele cômodo grande e todos os instrumentos que tinham ali, acabo andando em direção ao piano, suspiro um pouco confusa e me sento no banquinho confortável, coço a testa e deixo meu celular em cima do piano, sem saber o que fazer.
O lado de bom de ser cantora e compositora é que quando qualquer coisa te afeta ou te perturba você pode escrever para se refugiar e libertar de alguma forma. Naquele momento, transbordando sentimentos foi o que eu achei que seria a melhor coisa a se fazer. Coloquei meu celular no aplicativo para gravar e o deixei em cima do piano, correndo meus dedos pelas teclas.
Eva, eva, eva (uh)
Oh, eva, eva, eva
Oh, everlasting love
Rio achando engraçado, eu nunca havia cantado algo parecido com isso, suspiro achando que seria um bom começo para a música, tocando notas que combinavam com o ritmo que eu cantava.
Always looking over my shoulder
Cause I don't ever wanna miss you
I been thinking about you daily
I can't wait to see your face
I don't even know you
But I know that I can't wait to kiss you
Somehow I know when we finally lock eyes
That you'll fell the same way
Canto baixinho como se eu confessasse algo que eu tinha medo de confessar em voz alta, anotando logo em seguida.
- Não entendi! – Olho para a porta e vejo as duas paradas lá – Porque você está dizendo que não conhece ela?
- Porque eu não conheço! – Olho para as teclas do piano – Eu não conheço essa nova Camila.
- E não espera a hora de poder beija-la? – Ally questiona, pelo seu tom sabia que ela estava sorrindo.
Neguei com a cabeça e pude ver que elas não iriam me deixar sozinhas, mentalmente agradeci isso, por mais que as duas implicando uma com a outra e não concordando nem um pouco eu precisava de um certo apoio vindo delas, era difícil lidar com os meus sentimentos em relação a Camila e já que iria expor tudo, pela primeira vez, que fosse em frente das pessoas que eu sei que iriam me apoiar independente de qualquer decisão.
Minhas amigas andavam muito presentes, Ally ainda juntava para comprar o seu próprio apartamento e eu não queria muito que ela me deixasse morando sozinha lá, por conta de sempre vir embora comigo Normani acabava dormindo aqui e nós três estávamos sempre juntas. Nossa convivência acabou recriando o que Ally disse que iria acontecer, nossa confiança e toda a nossa intimidade, assim como a exposição do que cada uma sentia.
You're gonna be all I've needed
You make me feel like a dream
Whoever you are
Baby you are
The one I'm waiting for
Com esses pequenos detalhes Camila estava quebrando a maldita barreira que eu tentei construir por anos, porém eu não queria ser fácil e muito menos mostrar que eu não tinha mágoa dela, porque eu tinha. Ainda não conseguia me conformar com o fato dela ter tomado uma decisão por mim, uma decisão que me causou muita dor.
Nessa música eu iria me referir a ela como uma pessoa desconhecida, pelo simples fato de que eu não sei quem ela é agora, porém na música também contaria dos meus sentimentos por conta de saber como ela fez/faz eu me sentir até hoje.
Minhas mãos escorregam para o teclado e eu fecho os olhos, suspirando longamente antes de dar um pequeno sorriso e negar com a cabeça.
You're my ever everlasting love
My ever everlasting love
And I'm never ever giving up
'Til your laying next to me
I'm lookin for that ever everlasting love
Forever ever kind of touch
And I'll never ever get enough
Baby we were meant to be
Eu sabia que por mais que eu tentasse fugir, evitar e qualquer coisa do tipo Camila seria sempre o meu eterno amor, ela sempre foi o amor da minha vida. Eu poderia me envolver com muitas pessoas, mas ela sempre seria quem eu pensaria no final da noite, porque nós fomos feitas uma para a outra.
Me odiava por esse fato, me odiava por ser tão fácil por ela, por nunca ter conseguido a superar e por fugir como ela. Se Camila não quis dizer ir atrás e me dizer porque terminou, porque eu não a confrontei e encerrei esse assunto antes? Provavelmente por conta de ser uma medrosa e ter pavor de olha-la mais uma vez no fundo dos olhos e me culpar por não ter feito o bastante para que nós continuássemos juntas.
Mas agora eu sabia que nada que eu fizesse a faria voltar para mim, então diria que esse seria o nosso momento de tentar entender uma a outra e quem sabe tentar fazer dar certo de alguma forma, talvez eu não conseguisse a ver como namorada novamente, mas quem sabe tentar a amizade que Camila disse querer manter.
Ain't no use in wastin' my time
On just anybody, baby
I want exceptional original
Someone I can't deny
I'm in love with you already
I know it sounds crazy
But I hope you save all you got for me
Cuz, baby, you're all mine
Não pretendia me encontrar com Camila ainda, porém quando eu a encontrasse queria que ela mostrasse esse alguém novo que ela diz e demonstra ser, queria que ela me impressionasse e realmente tivesse mudado para que eu pudesse pensar em dar uma nova chance para ela.
I don't even know your name
But I can't get you off my brain
Darling, I can hardly wait
'Til I can get to know you
You'll be beautifully insane
Infinitely all for me
Promise you'll be glad you came
I can't wait to show you
Mesmo tentando me conter eu não podia esperar para ela me mostrar tudo o que ela se tornou nesse grande espaço de tempo, se mesmo mudando tanto e sendo alguém completamente diferente do que um dia eu conheci, se ela continua tendo um pedaço da pessoa incrível que eu convivi a anos atrás eu sabia que isso iria mexer ainda mais comigo.
Ela disse que queria esquecer desses seis anos porque ela não havia me tido, porém eu queria que ela se lembrasse para que caso eu me entregasse e confiasse, Camila não cometesse o mesmo erro de abrir a mão de mim novamente, porque esse seria um caminho totalmente sem volta.
Everlasting love
Everlasting love
Everlasting love
My everlasting love
Anoto a última linha e então começo a tocar algumas notas que eu achei que iria combinar com a letra da música, suspiro ainda deixando que meus dedos tocassem quaisquer notas e só então observando novamente minhas amigas.
- Isso foi... muito bom! – Normani exclama surpresa – Mas isso quer dizer que vai perdoa-la?
- Não sei, para ser bem sincera. – Abro as mãos e o piano solta um som estranho – Eu quero que ela corra atrás e mostre que ela merece receber uma segunda chance, porque se ela me ter de volta não vai mudar o fato que vamos passar muito tempo separadas e que ela vai ter que saber me dividir com o mundo. – Suspiro cansada.
- Não entendi... – Ally disse.
- Quando ela terminou comigo uma as desculpas foram o fato de nós não termos tempo, nem agirmos mais, ser desgastante e de ciúmes de fãs... e eu sei que isso eram coisas que realmente a incomodavam, mas nada vai mudar... agora essas coisas acontecem três vezes mais...
Percebo que elas trocam um olhar cúmplice e eu me sinto sem graça por pensar em dar uma segunda chance para Camila.
- Você vai pensar nisso outro dia, agora nós temos que arrumar as coisas, seu pai nos espera para o aniversário dele em Miami! – Concordo com a cabeça.
(...)
Antes mesmo de eu levar as meninas para a minha casa fui para a casa dos meus pais, apenas para matar um pouco da saudade esmagadora que eu sentia deles, minha mãe rapidamente notou que aparentava estar cada vez melhor e que o brilho em meus olhos parecia mais comum a cada dia. Fiquei agarrada em meu pai a noite toda, mesmo não sendo aniversário dele ainda, sempre que vinha para Miami ele estava ocupado administrando as pizzarias.
Minha mãe havia preparado um jantar incrível, minha irmã e meu irmão não demoraram para chegar e podia sentir o meu coração cada vez mais alegre por estar com eles naquele momento, eu precisava de um certo reconforto por estar um pouco sensível, Camila mexia comigo de uma forma intensa.
Durante todo o jantar não me permiti pensar na minha ex-namorada, me concentrei na minha família e em minhas amigas, que estavam muito à vontade por estarem com pessoas que as conheciam muito bem e a tanto tempo.
- Eu lembro como nós ficávamos bravos por vocês estarem falando tão alto durante a madrugada! – Meu pai ri e as meninas o acompanham.
- Mas agora é um pouco triste, nenhum dos três estão aqui e a casa é sempre muito silenciosa... – Minha mãe suspira um pouco triste e nós sorrimos tristes.
- Mãe eu não conto não? Eu ainda moro em Miami! – Taylor reclama e todo mundo ri.
- Você não mora aqui em casa, meu amor... – Acaricia o rosto da minha irmã e ela manda um beijo.
- Se esse for o problema nós ficamos aqui hoje e ficamos berrando a noite toda! – Mani brinca e nós rimos – Lauren pode fazer cosquinha em Ally e vocês podem escutar ela toda escandalosa!
- Porque eu? – Ally e eu questionamos juntas.
- Porque Ally berra alto demais quando fazem cosquinha nela, e porque a pessoa que faz cosquinha nela é sempre estapeada depois, então ela vai rir e você vai apanhar, todo mundo sai feliz! – Todo mundo ri com a conclusão de Mani.
Fiz questão de lavar a louça para a minha mãe, todos estavam por perto conversando e colocando o papo em dia. Conversava com o meu pai informando que a minha casa já estava toda arrumada para o seu aniversário amanhã, ele sorriu grato e animado, eu havia chamado seus amigos e muitos familiares. Queria todo mundo reunido amanhã.
Quando começou a ficar tarde acabei optando por levar as meninas para casa, Mani perguntou se eu poderia deixa-la em sua casa, não pensei duas vezes em fazer a sua vontade. Eu sabia que minhas amigas, assim como eu, sentiam muitas saudades de seus familiares e de suas casas. Deixei Normani e Ally perguntou se eu iria me importar se ela ficasse junto, neguei com a cabeça e então elas se despediram.
Não queria ir para a minha casa, encarar aquela escuridão e imensidão, mesmo que não parecesse tão vazia e enorme como antes, acabei decidindo dar uma volta por Miami. Passei por perto da praia com o carro, vendo tudo movimentado por ser sexta-feira e sorrindo ao ver um grupo de jovens, eles me lembravam a mim e ao pessoal.
Dei a maior volta da vida e passei na frente da antiga casa aonde Camila morava, vendo um casal de adolescentes sentados na grama do jardim abraçados e olhando para o céu, continuei dirigindo e sorri ao olhar para a vizinhança calma. Passei na frente da casa de Marie e Patrick, vendo uma luz de baixo e uma do andar de cima acessas, olhei para o relógio e achei um pouco tarde para fazer uma visita.
Acabei indo para o centro, passando na frente das lojas que eu sempre gostei de comprar, elas estavam fechadas, porém os restaurantes e lanchonetes estavam abertas e cheia de clientes, isso inclui a pizzaria que eu trabalhava do meu pai. Estacionei do lado da praça, aonde a grande biblioteca municipal estava, subi os degraus garantindo que ninguém me observava e então sorri largo ao ver a enorme porta de madeira com o brasão da cidade, dei uma volta e percebi que ela estava em um ótimo estado.
Cortei a praça e parei em frente ao enorme portão aberto do parque, que estava todo iluminado, porém que não tinha muitas pessoas e apenas alguns seguranças do parque rondando o local, sem me conter entro nele e o observo. Não havia mudado nada, apenas os bancos e os brinquedos que tinham nele, faço um caminho conhecido e então paro na frente do banco aonde eu conheci a senhora que "era Camila".
Tanta coisa havia acontecido naquele encontro e quem diria que a pessoa que eu decidi mandar cartas a sete anos atrás iria virar minha vida de cabeça para baixo e me instigaria a seguir meus sonhos, assim como me ensinaria a ser mais forte para que eu pudesse protege-la.
- Lauren? – Sussurra e eu sinto meu corpo ficar arrepiado apenas com o timbre daquela voz.
Me viro rapidamente e vejo Camila parada. Ela vestia uma calça jeans com detalhes rasgados e tinha uma jaqueta de couro marrom a esquentando, em seus pés estavam um All Star surrado e desamarrados. Seus cabelos estavam soltos e pareciam estar mais escuros por conta da iluminação fraca. Um pequeno sorriso estava em seu rosto e suas bochechas estavam levemente rosadas.
- O que faz aqui? – Questiono na defensiva.
- Minha avó passou mal essa semana e eu vim correndo para Miami ontem! – Fico tensa – Vou embora agora de madrugada... – Conta e eu cruzo os braços – Antes de ir embora de Miami eu sempre venho aqui. – Começa a se aproximar e então se senta no banco.
- Eu não vinha aqui a muito tempo... – Me sento no banco, bem longe dela.
- Gosto de vir aqui porque tenho boas recordações desse parque. – Olho para meus coturnos pretos que estavam sujos e não digo nada.
Ficamos em silencio, estava tão sem graça por Camila ter me visto ali, me sentia uma idiota e ela provavelmente achava que eu estava pensando nela, o que é verdade, mas eu não queria que soubesse disso ainda. Camila me encontrando nesse parque só mostrou para ambos os lados que ambas se prendem em antigas memórias.
- Você recebeu as flores? – Questiona timidamente e eu concordo com a cabeça, ela sorri timidamente e eu sinto o meu coração se comprimir.
O sorriso de Camila conseguia ser ainda mais lindo agora, isso não se dava ao fato de que seus dentes não eram mais tortos, mas pelo fato de que agora ela se permite sorrir o tempo todo. É um sorriso cativante, terno e gentil, um sorriso que eu admito vergonhosamente que não me importaria de passar horas e mais horas admirando.
- Também recebi os outros pacotes... – Sussurro constrangida.
- Ótimo... – Sorri sincera, balançando os pés.
- Eu quero pedir que você pare de me mandar essas coisas, Camila. – Tento soar firme.
- Eu não vou parar, Lauren, eu já disse... – Me encara – Entenda que eu vou fazer tudo que esteja ao meu alcance para que você ao menos me desculpe! – Passa a mão pelos cabelos – Você insistiu muito em mim a anos atrás, porque eu não posso fazer o mesmo agora?
- Porque não é justo comigo depois de tudo o que aconteceu! – Sou ríspida e ela comprime os lábios.
Ela ficou em silencio e eu realmente achei que nós não iriamos falar mais nada, até mesmo pensei em me levantar e sair de lá, ficar perto dela e ter essa presença me sufoca de uma forma nunca antes conhecida por mim.
- Acho que já vou, preciso ir para casa. – Eu não precisava informa-la disso.
Calmamente me levanto e com o canto do olho vejo Camila se desesperar um pouco com essa ação, ela se levanta e então segura a minha mão, fazendo eu desfazer o contato rapidamente.
- Hum... nós poderíamos sair para conversar qualquer dia desses? – Questiona temerosa e em um fio de voz.
A observei por um tempo, não parecia a Camila decidida, sexy e intimidadora que eu havia visto das últimas vezes, mas a Camila de antigamente que era extremamente tímida e retraída.
- Quando sai de seu apartamento a duas semanas atrás eu disse que não queria que você viesse atrás de mim, nem que me procurasse, você fez totalmente o contrário, insistiu... – Se levanta e olha no fundo dos meus olhos.
- Você também disse que eu deveria ter lutado por nós, eu não fiz isso no passado... – Sussurra.
Camila deu alguns passos e nós ficamos cara a cara, seus olhos logo procuraram os meus e eu senti um arrepio cortar a minha espinha, estremeço e sinto meu coração começar a acelerar de uma forma descontrolada.
- E esse é um erro que eu não posso cometer uma segunda vez... – Aproxima seu rosto do meu.
Diferente do que eu pensei que faria Camila colou seus lábios na minha bochecha e esse simples contato fez todo o meu corpo estremecer e formigar, sua boca continuava macia e quente como sempre. Seu perfume misturado com o cheiro de morango que vinha de seus cabelos invadiu minhas narinas e eu me senti mole e totalmente atordoada com aquele cheiro maravilhoso que eu não sentia a muito tempo tão de perto assim, mas que continuava o mesmo. Após beijar minha bochecha roçou seu nariz em minha bochecha e então aproximou sua boca da minha orelha.
- Boa noite, Lo... – Com o canto do olho acompanho seus movimentos.
Camila escondeu as mãos no bolso da jaqueta e se encolheu, indo em direção a saída do parque, a cada passo que ela dava podia sentir o meu coração acelerando de uma forma absurda e todo o ar faltar de meus pulmões, como ela podia fazer eu me sentir assim apenas por estar tão perto?
Suspiro alto, me sentindo a maior idiota do mundo por ser tão babaca por ela, coloco minhas mãos nos bolsos de trás da calça, começando a andar.
- Boa noite, Camz. – Sussurro vendo Camila começar a andar pela calçada do lado de fora do parque.