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By lia_cullen

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By lia_cullen

pfvr me ajudem a dar um nome pra esse shipp glr


🔥🌘



A manhã seguinte também estava nublada em Velaris, com ventos fortes vindo da costa. Ao que parecia, haveria uma grande tempestade por toda Prythian nos próximos dias, e as pessoas, estavam por toda a parte, fazendo coisas e aproveitando os últimos minutos antes do céu cair.

Eu escalava a colina ingrime onde nosso avô e tia possuíam lápides simbólicas. Uma leve dor de cabeça me acompanhava, meu corpo também parecia mais cansado que o comum. Era o álcool da noite passada, eu sabia. A grama verdejante batia em minha panturrilha, e vez ou outra eu tinha que me apoiar no solo para conseguir acompanhar o percurso. Nyx, que estava de volta à cidade em sua visita mensal, berrou em excitação ao finalmente conseguir chegar ao topo.

Não muito depois, eu alcancei sua mão, me impulsionando pra cima. Olhei para o outro lado da colina, onde possuía um caminho de terra, mais seguro e tranquilo. Revirei os olhos. Era uma tradição nossa sempre subir pelo lado contrário, nosso pai sempre dizia que a vista valeria mais a pena pelo esforço.

- Está fora de forma ou é a idade? - Nyx perguntou para meu pai assim que ele chegou, alguns segundos depois.

- Sua mãe está me mantendo ocupado de noite. - Ele disse com um sorriso felino, enquanto limpava a terra das mãos e dos joelhos.

Eu troquei um olhar cheio de repulsa com meu irmão, que segurou minha mão em puro apoio psicológico. Nos sentamos lado á lado, eu no meio dos dois, e ficamos em silêncio por muitos minutos. Eu não saberia dizer que tipo de evento era aquele, e muito menos teria a resposta se me perguntassem quando começamos a faze-lo. Tinha a impressão de que meu pai já trazia Nyx aqui antes de meu nascimento, e as coisas não mudaram depois disso. Eu quase podia ver meu pai, com uma bebê presa em sua mochila, e o pequeno Nyx de sete anos ou mais, bem ao seu lado.

Era prazeroso olhar a cidade daquele ponto alto, tal como a colina na Corte Outonal. Os prédios e conjuntos de casas pareciam minúsculos e mais coloridos de cima. O arco-íris parecia um caracol, coroado pelo grande teatro principal, onde eu trabalhava e conhecia como a palma de minha mão. E o Sidra. Ele sempre brilhava, verde acizentado, contornando a cidade e acabando no mar da costa. A praça do mercado também era notável, cheia de cidadãos atentos às boas ofertas, seja de roupas ou alimentos. E bem ao fundo, do lado esquerdo, a grande montanha, onde a Casa ficava.

- Vocês dois estão distantes. - Meu pai disse pensativo. Seus olhos focavam em nossa grande mansão ribeirinha, na extrema direita de nossa visão. Por algum motivo, eu pude perceber que ele enxergava além da casa, onde minha mãe estava. Me perguntando o que se passava em sua mente, desejei entender, mais uma vez, o sentimento de possuir um parceiro.

- Esse lugar sempre me deixa assim. Não tenho noção de quão grande essa cidade é, até subir aqui. - Nyx comentou, e eu concordei em um murmúrio. Nosso pai balançou a cabeça em contemplação.

- Sim. - Ele disse, sua expressão calma. - Mas não estou falando sobre isto... - Ele fez um gesto com o indicador, mostrando a cidade. - Digo em um contexto geral. Vocês dois estão distantes. - Ele deu uma boa olhada para meu irmão, e depois pra mim. - E não tem nada de errado em nos deixar de fora de suas vidas. Feyre e eu temos conversamos sobre isso ultimamente. - Eu não gostava de saber disso. Não gostava de saber que eles conversavam sobre mim. Porque eu queria saber o que diziam, o que achavam. Parecia clichê, mas mesmo agora, aos meus dezoito anos, eu ainda procurava por aprovação vinda dos dois. - É terrível perceber que vocês dois cresceram. E é mais assustador ainda saber que não precisam mais de mim. - Ele negou, rindo soprado. Mas não pareceu feliz ao fazer isso. Logo percebi uma emoção crescente em sua face.

- Sempre vou precisar de você, pai. - Nyx disse, batendo no joelho do mais velho, se debruçando sobre minhas pernas. Ele apertou a mão de meu irmão por um momento, fungando.

- Sabe, tudo pode parecer muito tentador quando somos jovens. Mas, também pode ser assustador e terrível. - Eu não conseguia olhar pra ele, não quando seu discurso cravava em meu peito como uma faca. - O mundo gira tão rápido, as coisas acontecem sem que você possa ter um tempo pra respirar. E, você olha em volta e vê todo mundo progredindo e fazendo coisas boas com o tempo quem tem nas mãos... O que eu quero dizer é que, é difícil não se comparar. - Ele balançou a cabeça, preso nos próprios pensamentos. - Por querer ser mais forte, querer mais poder, ou simplesmente, ter mais confiança. - Ele deu de ombros. Um profundo suspiro esvaziou seus pulmões, fazendo seus ombros caírem. Pude perceber que ele estava lembrando de algo, talvez sua versão mais jovem, com meus tios.

Eu via fragilidade e vulnerabilidade em meu pai com frequência. Durante todo meu crescimento, foi ele quem me ensinou que força física não significava absolutamente nada se sua mente fosse fraca e gradeada. Falar sobre seus problemas, medos e inseguranças diminuíam os estragos caso alguém usasse essas coisas pra te ferir no futuro. - E eu me importo. Muito. Não consigo parar de pensar em vocês e no que estão fazendo quando não estão por perto. - Nyx se encolheu ao meu lado, por culpa. O gesto não passou despercebido por mim. Será que ele se sentia mal por ficar muito tempo na Cidade Escavada? Era seu trabalho, afinal. - É que, me dói pensar em um dos meus filhos sofrendo calado. Me corrói a alma, o pensamento de não saber o que está acontecendo. Então, me prometam... Me prometam que não ficarão calados se precisarem de ajuda. - Meu pai estendeu a mãos em cima de meus joelhos, ao qual foi rapidamente apertada por Nyx.

Eu vacilei, ponderando sobre aquela promessa. Porque, soara como um acordo, por mais bobo e simples que fosse. Meu pai olhou pra mim, por tempo demais. Olhou para minha alma, até que eu finalmente apertasse sua mão, e um vínculo surgisse entre nós três. A dor da tatuagem em meu braço esquerdo surgiu. A mão e o antebraço cobertos por arabescos e estrelas, no centro da palma, um olho fechado. Olhei para aquela coisa, sabendo que existiria um caminho mais aberto entre eu e ele. Mas, eu não sabia amplamente o que poderia significar.

Nyx se balançou ao meu lado, rindo animado com a nova tatuagem. Provavelmente não sabendo o que ela significava. Mas eu tinha ouvido sobre o acordo de minha mãe com meu pai antes de tudo. E aquele olho, que estava em minha palma e já não existia mais na tatuagem de minha mãe, servia de ponte para comunicação, mas de uma forma totalmente evasiva. Eu olhei dela para minha outra mão, onde estava minha tatuagem compartilhada com Helena, me lembrando de sua Corte. Me lembrando de seu filho, e de nosso segredo selado na noite anterior.

Eu nunca tinha sentido vontade de gritar com meu pai, nunca sequer tinha lhe dado um resposta atravessada ou malcriada, mas me vi extremamente tentada em começar.

- Você não foi claro sobre esse acordo. - Eu disse secamente, cortando o bom humor da conversa como uma faca quente cortando manteiga. Não entendi a surpresa, talvez fosse o fato de nunca me verem com raiva, desde a época em que me mandaram para o acampamento. Mas, era necessário pôr limites, e eu não gostava de pensar que aquele olho em minha palma abriria. - Não gostei disso. Não gosto da idéia de ser vigiada.

A boca de meu pai abriu e fechou, ele se apressou em negar com a cabeça, totalmente incomodado com meu raciocínio. - Eu não vou vigiar vocês. - Eu continuei o encarando, sabendo que ele colocaria qualquer coisa ou relação abaixo de sua Corte, se isso significasse um risco para a mesma. Ele mesmo me disse certa vez, "ossos do ofício". - Lhe dou minha palavra, filha. Acredite em mim, tenho muitos motivos para não bisbilhotar. Não quero me traumatizar. - Ele disse, balançando a cabeça em minha direção, até encostar nossas testas. Eu sorri levemente. - Prometo. - Ele sussurrou, beijando minha testa. E eu não pude fazer nada além de acreditar. De ter fé nele e em sua promessa. Afinal, meu pai nunca tinha dado motivos para duvidar. Mas ao olhar para sua mão limpa de desenhos, meu coração errou uma batida. Eu não soube o porquê.

(...)

Após a conversa tensa e emocional que tivemos, e a quase morte de meu irmão por ter engolido um mosquito, nós voltamos pelo caminho tranquilo, após dar tchau para os túmulos de nossos parentes. Meu pai caminhava um pouco a frente, assim como Nyx, apesar de sua mão não soltar a minha.

Minha cabeça ainda estava pesada, e por um momento parei de andar. Nós já estávamos no pé da colina, e o chão estava amplo e reto. Me senti desorientada, enquanto uma sensação fervente começava a tomar a parte de baixo de minhas costas. Meus joelhos tremeram e eu teria ido ao chão se não fosse por meu irmão. Senti minha intimidade expelir uma pequena quantidade de líquido e então, a dor veio com tudo. Eu travei minha mandíbula enquanto suava e tremia. Minha vista escureceu e eu parei de sentir meus pés e dedos.

(...)

Era tudo um maldito caos de dor. E era tão intenso, que não conseguia pensar em mais nada, focar em mais nada. Eu tinha flashes de consciência. Nunca parecia ser o mesmo dia, eu nunca estava com a mesma roupa. E chovia, chovia sem parar. As vezes alguém me dava banho, as vezes mãos lisas e gentis, as vezes, mãos ásperas e cuidadosas. Pessoas falavam comigo, mas eu não conseguia formular uma frase sequer. Olhos preocupados me visitavam: azul, avelã, cinza, violeta e azul, avelã, azul, violeta, violeta, violeta, violeta. Vermelho. Vermelho. Vermelho.

E, no ápice de minha alucinação auditiva, eu podia jurar ouvir sua voz.

Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie Velarie

"O que aconteceu com você, Velarie?"

Ele parecia desesperado preocupado. Eu quis responder ao sonho, mas não conseguia.

(...)

Abri os olhos em meio a escuridão clara do amanhecer. Era incrível como a dor ia embora tão rapidamente quanto vinha. Eu já tinha sentido isso antes, o ciclo infernal das fêmeas. Eu só não sabia quanto tempo tinha levado dessa vez, pareceu uma eternidade em sofrimento. Me levantei com cuidado da cama, meus ossos fracos estalando a cada movimento. Eles doíam. Me arrastando para a banheira, arranquei cada peça de meu corpo, usando magia para limpar os panos íntimos. Ninguém precisava lidar com aquilo.

Segurei nas bordas enquanto entrava na água morna, relaxando a tensão em meus músculos. Tensão essa que durou por horas, dias. Fiz espuma em meu cabelo, duas vezes, tirando o odor de suor. Passei a esponja por todo meu corpo, e me permiti mergulhar na água mais uma vez antes de sair.

Após secar meus cabelos com magia, sequei meu corpo com a toalha e fui atrás de uma roupa confortável e fresca. A noite não estava quente, eu percebi ao abrir as janelas e as cortinas de meu quarto. Voltei para meu banheiro, e comecei a aplicar cremes e óleos essenciais em meu corpo. Eu gostava de fazer aquilo, era importante pra mim, ter um momento de auto cuidado após um longo período de estresse. E o silêncio da madrugada ajudava. Antes de sair passei um bálsamo em meus lábios machucados e ressecados, por provavelmente, ter mordido nos últimos dias. Detestei minha aparência doente e as bolsas azuladas abaixo dos meus olhos, mas não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso.

Voltei para o quarto, sentindo somente agora o aroma floral que vinha do apoio de cabeceira contrária ao que eu dormia. Eram rosas, em um delicado vaso de porcelana com desenhos azuis e dourados, provavelmente sendo em ouro. O perfume era tão agradável e forte que, de imediato, eu percebi que eram mantidas por magia, caso contrário, estariam mortas. Me aproximei, notando uma carta jogada - aberta - atrás do vaso. Eu peguei em meus dedos, tentando não notar o quanto eles pareciam finos e frágeis.

De imediato, vi a prensa de cera colada a aba aberta da carta, o brasão da Corte Outonal claramente enfeitando o mesmo.

Espero que esse aroma ajude em sua recuperação.

- Helena.

Eu sorri, sentindo meu peito se aquecer pelo carinho. Beijei a carta, e coloquei com cuidado de volta na madeira.

Desci até a cozinha na ponta dos pés, sentindo minha barriga vazia. Amarrei meu cabelo em um rabo na nuca e comecei a fuçar os armários. Acabei com um prato com pedaços de pão e queijo, junto de um copo de leite morno. Andei pelos corredores escuros até a grande porta de vidro que dava para o quintal de trás, me sentindo uma ratinha por fazer tudo em silêncio absoluto. Eu acabei rindo enquanto me sentava nos degraus de pedra. Comi calmamente, sentindo o alimento assentar estranhamente em meu estômago vazio. O céu ainda clareava, fazendo as estrelas sumirem muito lentamente. Deixei o prato vazio de lado e peguei o copo de leite, esticando as pernas e cruzando os tornozelos.

Suspirei depois de grandes goles incessantes para finalizar o líquido. Talvez eu fosse buscar mais um pouco, parecia uma boa ideia. Balancei meus pés olhando em volta e apreciando o ar gelado da manhã.

- Filha. - Ouvi meu pai me chamar em um sussurro. Olhei pra trás, o encontrando com sua calça de pijamas e chinelos. - O que faz aqui fora?

Ele se aproximou, sentando ao meu lado. - Queria ver as estrelas. - Eu sussurrei, sentindo minha voz rouca. Ele balançou a cabeça, parecendo achar graça em algo. Usando as costas dos dedos, ele limpou minha boca. Eu sorri também, percebendo que deveria estar um bagunça de leite e migalhas. Ele deu um pequeno beijo em minha bochecha e abraçou meus ombros, me mantendo perto.

- Você é muito forte. - Ele beijou meus cabelos. E depois de novo, e de novo. Eu ri.

- Quantos dias se passaram? - Eu perguntei, ainda jogada em seus braços.

- Contando com hoje, oito. - Eu suspirei cansada. Era mais do que o meu normal.

(...)

Eu ainda não conseguia acompanhar o treino devidamente, mas Helena estava indo muito bem. Seu corpo estava forte e curvilíneo, preenchendo todo o couro Valquír. Na última semana, enquanto eu estive de cama, tia Nes assumiu meu lugar no treinamento e deu para Helena o couro. Uma forma de desculpar minha ausência. Helena, por sua vez, me disse que quase não aceitou, pois, ainda não tinha terminado o treinamento. E ela nem mesmo sabia sobre cortar a fita, eu pensei enquanto a ouvia falar sem parar sobre chás que ajudavam na recuperação pós menstrual.

- ...Mas você tem que coar tudo antes da água ferver. - Ela orientou. Eu apenas recolhia alguns dos objetos, arrumando a sala.

- Como sabe tanto sobre essas coisas? -Peguei dois pesos redondos que pertenciam a sala de treinamento, e esperei ela terminar de ajeitar o resto.

- Ah, eu conheço muito sobre botânica. - Ela riu divertida, recolhendo as últimas coisas. Eu deixei minha cabeça cair levemente de lado, percebendo que ainda estava falhando em conhecer a fêmea. - Certo. Acabei... Quer que eu guarde isso? - Ela já vinha em minha direção para pegar.

- Não será necessário! - Eu disse sorrindo mínimo. - Vou guardar e depois falar com Eris sobre o estudo de linguagem. - Ela sorriu pra mim e abriu a porta, secando o rosto com um lencinho.

Me despedi da fêmea e segui pelo corredor rapidamente, já que eu odiava passar por todo aquele subsolo escuro e estranho. Desci as escadas e abri a porta da sala ouvindo sons de soco. Manti minha postura tranquila, eu não gostaria que Anteros enxergasse desconforto em mim. Então, sem olhar ou prestar muita atenção, agachei para amontoar os pesos ao lado de um banco longo de madeira. Me levantei, tentando prender os fios que caíam pra frente, minha trança estava mal feita.

- Archeron. - Eu ouvi e parei. Tentei conter um sorriso antes de me virar para o macho que marchava decidido em minha direção. Eu tinha esperado muito para vê-lo novamente, cada segundo parecia mais desconfortável que o anterior. Mas nada - e isso eu posso te garantir - nada nesse mundo me prepararia para a visão de Eris brilhando de suor. Seu peitoral e abdômen estava completamente nu, e sua calça de cadarço caía abaixo do quadril. Acredito que, talvez, eu tenha olhado para suas covinhas, o caminho sinuoso até seu membro, por tempo demais. - ...Eu perguntei se você está bem. - Ele ergueu meu queixo com o indicador. Seu sorriso era provocante.

- Ah e-eu... É. - Eu balancei a cabeça, já não tendo ideia do que ele tinha dito. A risada de Eris preencheu a sala, e eu olhei admirada, já que, era um acontecimento difícil de se ver.

- Perguntei se está bem, Velarie. - Ele repetiu, fazendo um carinho em minha bochecha. A sombra de seu sorriso ainda estava alí. - Está melhorando?

- Estou melhor, sim. - Eu disse, segurando seu pulso e inclinando meu rosto para sua mão. Ele deu um passo a frente.

- Recebeu minhas flores? - Ele perguntou mais baixo, me atraindo para seu véu de carinho. Eu balancei minha cabeça, inclinando minha boca para a dele, mas Eris não se mexeu.

- Não eram de Helena...? - Eu consegui formular. Ele negou, roçando nossos lábios.

- Foi um presente meu. - Ele sussurrou em meus lábios. Eu sorri, completamente boba, ao lembrar que o perfume das rosas ainda impregnava meu quarto.

Eris capturou meus lábios com ternura, uma pequena pressão, e eu tive que levantar meus calcanhares para igualar nossas alturas. Me segurei em seus ombros e adentrei seus fios, soltando seu coque mal feito. Suas grandes mãos seguravam minha cintura, me apertando contra si. Minha boca se abriu levemente, e de repente, as coisas mudaram.

Nossos rostos se moviam de um lado para o outro, travando uma batalha lenta para conseguir capturar e sentir um ao outro cada vez mais. Eu deslizei meus dentes por seus lábios inferiores. E após isso, Eris desceu sua boca por meu pescoço, parecendo saber exatamente onde meus pontos sensíveis estavam. Com a pressão de uma mordida, não pude evitar em soltar um gemido baixinho, o que pareceu acender ainda mais o mesmo.

- Eris. - Eu o chamei, em uma súbita onda de consciência. - Eris, alguém pode entrar. - Eu disse de olhos fechados, sentindo suas mordidas inofensivas em meu queixo. Um último beijo foi pressionado em meus lábios.

Eris encarou meu rosto, dos meus olhos até a boca, depois pescoço, busto e abaixo. Parecia me examinar. Seus olhos encararam o teto e depois se fecharam, os ombros subindo em uma inalação profunda. - Preciso de um banho. - Ele disse voltando a me encarar. Havia uma falta de brilho em seus olhos vermelhos. - Me espere na biblioteca. - Ele pediu gentilmente, apertando minha bochecha.

(...)

Esperei na biblioteca, fuçando aqui e alí, até parar em um corredor de história Outonal. Todos os livros eram grossos e em sua maioria, antigos e amarelados. Eu me peguei curiosa sobre muitos títulos e sessões. Mitologias e lendas prendeu minha atenção por mais tempo que o esperado, e quando eu vi estava lendo assiduamente sobre uma tal serpente gigante-

- Sacer Anguis. - Ouvi a voz de Eris atrás de mim, parecendo ler o título no alto da folha. Eu reprimi um pulo de susto e me virei para encará-lo, impecável como sempre. Seu cheiro começou a preencher o espaço e eu me perguntei como não o tinha percebido antes. Seu corpo se aproximou do meu, colando em minhas costas para melhor visão da página. - Dizem que essa é uma enorme serpente que vive sob as montanhas, ela é a protetora e guardiã dos minérios e tesouros. - Suas mãos pousaram em minha cintura enquanto falava, quase colado ao meu ouvido. Ele não sussurrava, mas falava baixo por estarmos a sós.

- Gosto de lendas. - Eu disse ao fechar o livro e analisar a capa marrom de couro. Senti seus dedos varrerem meu baixo ventre em um carinho gostoso, e seu nariz, afundar em meus fios, atrás da ponta fina de minha orelha. Era difícil não me tornar sensível a cada mínimo toque de Eris, e mais difícil ainda compreender essa nova proximidade dele. O macho parecia gostar de tocar e sentir.

- Os mineradores não chamariam de lenda. - Ele disse, claramente tentando me causar algum pavor. Sua mão agarrou o livro, o colocando de volta em seu lugar em uma prateleira acima. Eu sorri, me virando para o mesmo e encostando na estante. Seus olhos pousaram em mim, brincalhões.

- Ilyria tem lendas mil vezes mais assustadoras que essa cobrinha. - Uma de suas mãos se apoiou em uma prateleira, e eu pressionei meu indicador em seu peito.

- Estamos competindo? - Ele questionou, espremendo os olhos seriamente. O canto de seu lábio insistindo em subir. Era terrível porque, eu sabia a resposta. Eu tinha a impressão de que sempre estavamos competindo. E tinha a sensação de que ele também chegara a mesma conclusão, dado seu crescente sorriso, um espelho do meu. - Diga uma lenda e vamos ver se você ganha. - Ele me indicou com a cabeça, em desafio.

- Bem... - Eu pensei, ajeitando seu coldre de peito em couro chocolate. Deslizei meus dedos pelo cabo da pequena faca alí. - Dizem que você morre ao nadar após uma refeição. - Eu sussurrei. Eris franziu o cenho e, eu percebi ser minha expressão favorita.

- Por que? - Ele perguntou curioso. Eu dei de ombros, rindo fracamente. Eris estalou a língua indignado, me fazendo rir mais. - Coisa insuportável. - Ele resmungou, deslizando a ponta do dedo pelas bolsas azuladas em meus olhos. Não me surpreendi quando ele me abraçou, já que, seu olhar transbordava algum tipo de afeto. Nunca pensei que Eris seria tão carinhoso com alguma amante. Não que ele não fosse antes, quando éramos amigos, mas existia muito mais respeito e cavalheirismo envolvidos. Tudo era sobre as normas e etiquetas ultrapassadas de sua Corte.

Com uma inalação profunda, me obriguei a lembrar que aquelas atitudes não eram espontâneas e nunca seriam. Eu sabia que Eris fazia aquilo para suprir minhas necessidades de ser amada, já que, eu supostamente tinha aceitado ser somente dele. Era apenas para tornar as coisas confortáveis entre nós. E tudo bem, eu preferia assim.

Seus labios beijaram o topo de minha cabeça e depois procurou por minha boca, para pressionar com precisão. Seu poder sobre mim era assustador. Tive que lembrar a mim mesma a manter os pés firmes no chão. Talvez fosse seu cheiro pós banho, ou a forma como ele sempre era quente, ou talvez fossem seus dedos firmes em minhas costelas, ou a forma como ele deixava claro que me queria até mesmo no mais simples beijo; mas eu estava começando a achar que aquilo era demais pra mim. Eris era muito, era demais. Ele era intenso... Intenso como o fogo em suas veias.

Ele quebrou beijo, olhando em meus olhos, com luxúria. - Eu adoraria te foder contra essa estante. - Ele disse rouco, entorpecido. Eu pressionei minhas coxas e, o ato não passou despercebido pelo mesmo. - Mas temos um compromisso agora. - Ele disse, arrancando toda e qualquer esperança de alívio em mim. E, com um sorriso mínimo, talvez em reação a minha carranca, Eris depositou um selinho em meus lábios. - Temos tempo.

(...)

Eris me ajudou a descer de meu cavalo. Alguns outros guardas nos acompanhavam no vilarejo de pedra e madeira. Como eu já imaginava, o macho mudara completamente a postura em meio aos cidadãos. Ele parecia sério ao meu lado, mas distribuía sorrisos gentis para as pessoas que passavam.

Eu estava alí para encontrar duas pessoas; uma estava disposta a aprender a nova língua de sinais, e a outra, tinha sido brutalmente afetada pelo último líder Outonal. Eu estava nervosa pois, Eris tinha me pedido para usar meus poderes Daemati. Seria mais fácil e eficiente apenas deixar meu conhecimento em suas mentes. E eu concordei, sabendo que seria insuportáveis estar na mente de outra pessoa.

Eu não faria nada que não fosse consentido. Já tinha estado na mente de outras pessoas antes, em sua maioria, sem querer. E em todas as vezes, era extremamente difícil de distinguir onde o outro começava e onde eu terminava. Mais inevitável ainda era carregar comigo cargas emocionais que não me pertenciam. Por isso, ao adentrar uma das casas da vila, enrijeci o corpo, me preparando para o que viria.

Fui apresentada à uma fêmea pálida de fios castanhos, ao qual aparentava ser muito gentil. Eris disse que ela se voluntariou como professora no vilarejo, para ensinar a linguagem à todos. Em seguida fui apresentada para um macho de cabelos dourados e lisos, batendo no ombro. Ele tinha um aspecto sujo e não olhava nos olhos. O macho, franzino e perturbado, se sentava em uma cadeira de madeira, curvando os ombros em desagrado.

- Ele concordou com isso? - Eu perguntei para Eris. O macho balançou a cabeça, analisando a aparência do outro. Um brilho de tristeza e pena passaram por seus olhos.

- Por livre e espontânea vontade. - Ele respondeu, olhando pra mim. Sua voz ficando mais baixa quando ele voltou a falar. - Ele perdeu a audição e a língua.

- Tudo bem. - Eu suspirei, me virando para a fêmea. - Vamos começar com você, então. Vou te passar tudo que sei, prometo não olhar ou mudar nada em sua mente. - Ela sorriu trêmula, mas concordou. - Preciso que desça os escudos agora.

E ela desceu. Eu rapidamente adentrei em sua mente indo até o ponto onde eu sabia que deveria ir. Alí, em um emaranhado de fios e coisas que pareciam casulos, era onde ficavam suas memórias. Eu projetei um véu de lembrança, criando um novo e resistente fio em sua mente. Ela não se esqueceria de nada. E assim, tão rápido quanto eu entrei, saí, me afastando dos sussurros baixos de seus pensamentos inconscientes.

- Pronto.- Eu disse, voltando a prestar atenção no mundo em minha volta. A fêmea já tinha erguido o escudo, e agradeceu pela oportunidade. - Eu agradeço pela confiança. - Sorri de volta, escondendo as mãos trêmulas em minhas costas. Senti a mão de Eris em meu ombro, me trazendo pra perto, mas eu não olhei pra ele.

Me concentrei em tocar o escudo do macho encolhido. Pude ver um leve tremor em seus ombros, antes que eu ganhasse acesso para sua mente. Uma onde de sussurros me atingiu como vento quente ao abrir um forno. Sua linha de pensamento era antiga e melancólica, deprimida, dolorosa. Suas memórias estavam expostas nos casulos dos fios, sons iam e viam, se repetindo de forma enlouquecedora. Gritos soaram, e eu olhei na direção, totalmente tomada por aquela onda de passividade diante de tamanha perturbação. De um dos casulos se projetou uma feérica de curvas grandes e formosas. Ela apertava um embrulho contra seu peito, enquanto corria em minha direção, angústia desfigurava seu belo rosto. Era um bebê, eu percebi. Chamas inundaram o fundo da memória e dois grandes estalos soaram. Primeiro, eu pensei ser o som de pilastras de madeiras se rompendo em meio ao fogo, mas, quando a fêmea parou, os olhos arregalados e estáticos, eu percebi o que tinha acontecido.

Mãos sem corpo soltaram o pescoço da fêmea, que caiu de lado, em um ângulo estranho e torto. O choro do bebê soou, e eu dei um passo a frente, tentando salvá-lo do que quer que estivesse acontecendo naquele lugar. Mas fogo saiu de uma mão masculina, tomando o pequeno embrulho e a mulher em chamas. O choro da pequena criança foi a coisa mais terrível que já envadira meus ouvidos. E os olhos de fogo que me encararam, que veio em minha direção, foram os mais horripilantes que eu já vi.

Me afastei da lembrança, isolando e cortando o fio que ligava até o emaranhado. A lembrança ainda estaria alí, mas não seria fácil acessar. Sua mente se tornou calma de repente, pequenos sussurros iam e vinham. Eu tentei controlar minha tremedeira, lembrando que deveria estender o véu até lá. Me certifiquei em passar tudo que sabia, já que estava fazendo as coisas rápidas demais. Eu só queria me afastar.

Quando terminei, bati contra seu muro, não esperando encontrá-los erguidos. Um vendo frio passou por mim, trazendo consigo um pensamento: Obrigado por sua misericórdia. - Ele disse, sua voz rouca e quebrada era inundada por alívio. - É bom me focar em algo que não seja o som de seu pescoço quebrando, pela primeira vez em muito tempo.

Então eu saí.

Mãos seguravam as minhas com força. Minha vista estava embaçada e minhas bochechas quentes e molhadas. Eu respirei fundo, sugando o ar dolorosamente, seguido de soluços fortes. Eu escondi meu rosto com as mãos, meus pulsos sendo puxados por alguém. Mas eu não conseguia pensar em nada além daquela imagem, ainda gráfica e dolorosa demais em minha mente. Eu nunca conseguiria saber o que deixou esse macho vivo por tantos séculos, como ele sobrevivera a tudo aquilo - a sua esposa e filho sendo brutalmente assassinados em sua frente. Ele foi torturado, e depois morto todos os dias após sua tortura, porque foi aprisionado dentro de si, sem um meio de falar ou ouvir qualquer coisa. Ele vivia no silêncio, mas nunca estava silencioso pra ele.

Meu peito se apertou, sem ar. Mãos quentes seguraram minhas bochechas, seus polegares afastando as lágrimas que desciam desenfreadas. - Velarie. - Eu ouvi meu nome, mas não quis abrir os olhos. A imagem daqueles olhos vermelhos brilhantes ainda estavam alí, bem atrás de minhas pálpebras. - Velarie, você está segura. - Ele continuava a sussurrar. Seu timbre tomado por preocupação latente.

Eu finalmente abri os olhos, ainda soluçando baixo. Eris cobria todo meu campo de visão, suas sobrancelhas estavam juntas, formando um V. Com um tremor crescendo por minha coluna, cheguei a conclusão terrível de que o ruivo se parecia com o macho horripilante que vi. Porque era seu pai, era Beron. Desgraçado imundo, erratico miserável. Sádico. A diversão em seus lábios ainda estava fresca em minha mente.

- Você se parece com ele. - Eu constatei em um sussurro triste, deixando o pensamento sair audivelmente. Os olhos de Eris se estreitaram, confusos. Mas depois, compreensão crua desmoronou sua face. Ele sabia. E odiava isso. - Por favor, me tire daqui. - Eu implorei.

(...)

Eu não tinha prestado atenção em onde estávamos, muito menos tinha ouvido as ordens de Eris antes de sairmos. Por isso, acabei dando um pequeno pulo ao ouvir um prato ser colocado em minha frente. Eu olhei para a louça azul, admirando a comida alí. Eram dois rolinhos em massa de biscoito, recheados por um creme consistente de cor branca e salpicado com o que parecia canela. Açúcar.

Eu olhei em volta. Estava sentada em um sofá de couro vinho, que tinha seu formato em U. A mesa era redonda e em madeira. O lugar era pequeno e parecia uma toca isolada, feita pra ter uma refeição em tranquilidade e reclusão. Admirei as cortinas leves e brancas que fechavam a entrada. Se algo assim existisse em Velaris, seria usado para encontros e beijos.

- Por que não experimenta? - Percebi a presença de Eris ao meu lado pela primeira vez, ele parecia tão quieto. Eu estava sentindo seus olhos o tempo todo, mas acredito que minha mente apenas desligou-se após todo o estresse.

Estresse.

Ergui minha palma e examinei minha tatuagem. O olho ainda estava fechado, como prometido. Os dedos de Eris sobrepuseram os meus, varrendo minha pele e desenhando os arabescos. - Coma um pouco. - Ele sussurrou, insistindo.

Eu peguei o rolinho e mordi, sentindo minha boca ser preenchida pelo creme doce de baunilha. Eu mastiguei, maravilhada com a gastronomia Outonal. - É a melhor coisa que eu já comi. - Minha voz soara desanimada.

- Diz isso de tudo que prova. - Ele disse rindo calmamente. Eu levei alguns segundos pra lembrar que tinha dito o mesmo sobre a cerveja há uma semana. Eu sorri timidamente.

- Talvez eu só goste demais dessa Corte. - Eu dei de ombros, mordendo o lábio para evitar um sorriso. Eris espremeu os olhos, claramente duvidando de minha afirmação. Eu indiquei uma caneca na mesa com o queixo. - O que você está bebendo? - Eris precisou olhar, como se tivesse esquecido da bebida.

- Café puro. - Ele disse. Eu torci o nariz. - O que foi?

- Pessoas que bebem café puro tendem a ter um grande desvio de caráter. - Eu respondi, arrancando uma risada dele. E eu me sentia poderosa por isso, por conhecer o lado íntimo desse Grão Senhor.

- Algumas pessoas diriam isso de mim, sim. - Ele disse, umedecendo os lábios. Eu olhei pra sua boca rapidamente, já me sentindo fora de toda aquela bolha de pânico.

- Eu também diria. - Eu brinquei, dando outra mordida no doce. - Você não quer? - Eu perguntei de boca cheia, tapando a boca com uma das mãos.

- Não como essas coisas. - Ele torceu o nariz, o mesmo gesto que fiz para seu café. - Odeio doce. - Ele disse balançando a cabeça, como se tivesse nojo. Eu terminei de engolir e o encarei emburrada.

Apoiei minhas mãos no assento de couro e me inclinei para o mesmo. Eris me olhou, sorrindo de escárnio. Eu fechei os olhos, pressionando seus lábios levemente. Deslizei a pele lisa e úmida pela sua, capturando seu lábio inferior, sugando levemente. Virei a cabeça lentamente, abrindo um pouco a boca e esperando o macho fazer o mesmo. Projetei a ponta de minha língua até a sua, só o suficiente para deslizar pela borda do músculo quente e molhado. Depois me afastei, sorrindo diabólica ao ver o macho tão mexido pelo contato. Seus olhos finalmente abriram, brilhosos e escuros.

- Ainda odeia doce? - Eu perguntei, sorrindo convencida. Eris me olhava como um animal, como se eu fosse sua presa e ele pudesse pular em mim a qualquer momento.

- Posso me acostumar. - Ele disse, se arrastando pra mais perto. Seus olhos estavam presos em meus lábios, mas ao se aproximar, perto o bastante para jogar seu hálito quente e delicioso em mim, ele admirou todo meu rosto. - Você é a coisa mais linda que eu já vi. - Ele sussurrou, quase como um suspiro. Minha barriga se revirou em calafrios e eu tentei resistir àquela mentira - para não me machucar, para não sofrer. Aquilo era apenas para me manter perto e seduzida, eu sabia.

- Não precisa fazer isso, já temos um acordo. - Eu disse contra sua boca, estávamos quase nos beijando, mas Eris se afastou levemente.

- Nãoo compreendo. - Ele perguntou, sério, confuso.

- Estou falando que não precisa se esforçar pra me ter, Eris. Porque já têm. - Eu disse, como se fosse óbvio. Suas sobrancelhas se uniram, dando o tom de quase raiva que eu tanto amava. Então, ele se aproximou levemente, deslizando os dedos por meu pescoço e apertando minha garganta de leve. Soltei um gemido baixo, inclinando a cabeça pra trás, quase encostando nossos lábios.

- Acha que te elogio para levá-la pra cama? - Ele me olhava de cima. - Não preciso recorrer à isso, meu amor. Olha só pra você... - Sua boca se entortou levemente, o deixando mais cafajeste que nunca. Toda sua dominância me fazia querer montá-lo alí mesmo. - Archeron, eu não gosto de jogos. Já te disse. - Sussurrou em minha boca, os lábio tremendo contra os meus a cada palavra. Meu peito se curvou em sua direção e meus dedos se agarraram em seu colete, o trazendo mais pra perto. - Se digo algo, é porque quero dizer. - Ele disse por fim, mas eu já não escutava atentamente. Apenas mergulhei em sua boca, trazendo sua nuca até mim. Eris me devorou, soltando o meu pescoço e descendo até minha coxa, apertando com força.

(...)

Meu quarto inteiro cheira a rosas. - Eu mandei em meio a uma troca de bilhetes com Eris.

Eu estava sentada contra minha cabeceira. Um aberto livro em meu colo, coberto pelo lençol lilás acizentado. Outro bilhete apareceu segundos depois, e eu ajeitei a alça de minha camisola de cetim, enquanto lia.

Está cheirando a elas também. Deliciosa. - Eu revirei os olhos, sorrindo. - Me diga algo que queira muito. - Estava escrito perto da borda. Eu pensei e, por mais ousada que eu fosse, não consegui dizer o que me veio em mente: ele.

Não consigo pensar em algo. Me diga você. - Eu mandei. Mordisquei a ponta de meu dedo enquanto tentava ler o final da página. Em vão, é claro. Porque nada chamava mais minha atenção do que Eris e todo aquele jogo.

Bem, me deixe ver. Talvez férias. Você. Uma caçada, porque faz tempo em que eu não saio pra algo do tipo. Você em minha cama. Um casaco novo, talvez jóias, eu não tenho certeza. Você nua. - Eu sorri abertamente com sua lista de desejos e soltei um grito histérico e juvenil, agradecendo a Mãe por ele não estar por perto e eu poder agir como a adolescente que sou.

A porta de meu quarto se abriu como um arrombo. Meu pai apareceu, confuso, olhando de um lado para o outro e depois pra mim. - Você está bem? - Ele perguntou. Eu balancei a cabeça, escondendo o bilhete embaixo da coberta. Meu pai adentrou o quarto, ainda um pouco cético sobre o que de fato tinha acontecido. - Porque gritou? - Ele olhou atrás da porta, notei uma adaga em sua mão e revirei os olhos. Galinha.

- Estou lendo um livro muito bom e me empolguei. - Disse simplesmente, rindo um pouco de sua cara brava. Ele se curvou um pouco, eu percebi, para olhar debaixo da cama. Eu revirei os olhos novamente. - Não tem ninguém aqui, pai! - Eu disse de forma cansada. Mesmo assim, ele foi até o banheiro dar uma olhada e depois voltou, me encarando com desconfiança. Eu gargalhei.

- Nestha te deu esse livro? - Ele perguntou, caminhando até minha escrivaninha e apoiando o quadril. Eu balancei a cabeça em afirmação. Ele suspirou, massageando as temporas. - Santo Caldeirão. - Eu ri de novo. Meu pai sorriu, olhando para minha escrivaninha.

Mas seu sorriso sumiu de repente. Eu também parei de rir, confusa. Meu humor morrendo aos poucos. - O que foi?

- Onde conseguiu isso? - Meu pai ergueu algo brilhante entre o indicador e o dedão. Eu tive que ajustar minha visão para finalmente perceber o que era. Um anel de ouro e rubi. Mas não qualquer anel, era o anel de Eris.

Engoli em seco, tentando controlar meu nervosismo ao enxergar o padrão de escamas desenhadas no ouro. Meu pai me encarou, provavelmente por meu silêncio ter se estendido demais. - Comprei. - Eu disse, conseguindo camuflar minha surpresa. Forcei uma máscara de confusão sob o olhar investigador de meu pai. Ele abriu a boca, como se fosse perguntar algo, mas a fechou de novo, voltando a analisar a jóia.

Sua mão abandonou o objeto sobre a madeira e deu um passo pra trás, ainda olhando. Hm, ele zumbiu, sua resposta sendo muito tardia.

Seus olhos me encontraram, mais ameno, paterno. - Boa noite, Velarie, meu amor. - Ele ronronou, como sempre fazia ao dizer a frase. Eu sorri.

- Boa noite, pai. - Eu sussurrei, o vendo fechar a porta com um baque surdo.






_______________________________________

CLÍMA TENSO ENTRE OS BROTHERS

O Eris amando como se não houvesse amanhã e a Velarie: não KKKKKK ainda bem que ele tá fingindo uffah

e aí, gente? O que vocês acham que pode acontecer?

Gostaram do cap?

E a tattoo da Velarie, hein?

Cena favorita:

Gente eu fiz a Velarie no artbrender:


eu misturei o Rhysand e a Feyre que outros usuários criaram e mds. ela realmente é a coisa mais linda que eu já vi, e não julgo o Eris por sonhar com esses olhos.

a grta é a cara do pai mds

Também fiz o Eris

GOSTOSO

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