ROCK MÁFIA

By autoradassa

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(CONCLUÍDA) Quando uma maldição perdura, o ódio e a lamúria trilham de mãos dadas o caminho de séculos e sécu... More

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1. Quando a música começa.
2. Quando a música incomoda.
3. Quando a música é alta e o estranho chama.
4. Quando a música soa como cena.
5. Quando a música pede a companhia de um chapéu rosa.
6. Quando a música é tema do Príncipe encantado com um lado obscuro.
7. Quando a música é o início de uma nova era.
8. Quando a música é sobre borboletas pretas e Déjà Vu.
9. Quando a música é sobre arrepios a cem graus de temperatura.
10. Per secoli e secoli, amen.
11. Quando a música é sobre estrelas ao redor de cicatrizes.
12. Quando a música queima como a chama de um vermelho ardente.
13. Quando a música te leva em direção a uma noite de rock.
14. Quando a música reflete em problemas a lenda do escapismo.
15. È un'estate crudele con te.
16. Quando a música é tocada por séculos e séculos.
16+1: Quando a música toca a alma adormecida.
18. Quando a música é suave como uma manteiga.
19. A música diz: O que morreu não está morto.
20. Daniel Mancini Vitale.
21. A música tocada na ópera anuncia: Fantasmas sorriem.
22. Areia movediça de textura Dândi.
23. O lago e a profundidade de suas memórias.
24. Essa estrada tem via de mão dupla traiçoeira.
25. E desde então, sou porque tu és.
26. Vermelho Ardente.
28. Traga o vinho, eu levarei as recordações.
29. Consumação de Espécies PTI.
30. Consumação de Espécies PTII.
31. Zorak Bevon.
32. Paciência para contar estrelas.
33. Ruivinho danado.
34. Fuga para LA.
35. Segunda fase da rebeldia italiana.

27. Amor de existências.

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By autoradassa


#MorceguinhoCerejinha

Cinque, forse sei, giorni dopo.

— Droga, eu sentei gostoso na boneca. Zerei a merda do teste de matemática.

Ao meu lado, segurando a folha um tanto quanto amassada, Vante murmurou.

Ele tinha o semblante corrompido pelo mais genuíno ódio, mordia sem parar a tampa da caneta, por pouco não me vi a roubando de si e tomando para mim. Eu costumava ter o vício tremendo de morder tampinhas ou qualquer mínima coisa que coubesse em minha boca e me fizesse descontar a carga de ansiedade.

Fechando meu livro de física – após duas horas de estudo, viro-me para Tae, tocando-lhe no joelho para consolá-lo brevemente.

— Suas últimas notas foram boas, elas preencherão a falta dessa, não liga. — Roubo uma de suas canetas, girando-a entre meus dedos quando me coloco na posição de encarar parte dos alunos que passeiam pelos corredores do colégio. — Jin não está tão diferente de você.

A verdade é que nós estávamos na reta final do período escolar e, neste momento, todo mundo corria atrás de uma possível e única salvação. Perseguir professores e implorar por uma atividade extra ou trabalho grupal tornou-se um hábito para meus amigos nesta última semana. Eu não me encontrava diferente, mas não estava no auge de meu desespero. Eu tinha notas suficientes para passar, não tão altas como deveria ter, uma vez que nada faço em minha vida além de estudar, contudo, boas o bastante para não ser reprovado.

O que me difere de Seokjin, por exemplo, é a quantidade de faltas que ele teve nas duas últimas semanas. Ele havia matado aula para estar com Namjoon, seja metido na Rock e em um de seus carros esportivos, ou enfiado debaixo de seus lençóis persas.

Francamente, minha vontade é de lhe encher de socos e pontapés. No entanto, eu assumi para mim a missão de ser o amigo protetor, o amigo que está com você independente da merda ocorrida, isso não mudava agora. Eu o ajudei a colar na prova de álgebra.

— Minha salvação é o teatro. — Taehyung resgata a minha atenção. Vejo-o guardar seus materiais, apresso-me em fazer o mesmo. — A nota contará para algumas matérias.

— Isso é bom.

Vante e eu passamos os últimos dias enfurnados no teatro, trabalho arduamente com o clube dos atores, seus projetos e possíveis encenações. Eu me encarregava da agenda, da direção e, vez ou outra, compartilhava algumas de minhas ideias. Para ser sincero, elas foram muito bem aceitas. Kyu costuma dizer que eu viajo na maionese, mas que isso é bom e me fará colher frutos. Parte disso eu devo a Dândi, anteontem eu sugeri que montássemos uma peça de amor imortal, retratando uma relação de um vampiro com um mortal.

Eu me sentia inteligente e criativo, pensarei em algo a respeito, algo envolto a minha história com Dândi. Poderia ser algo bom ou caminharia a não dar em nada, como grande parte das ideias do clube se sucedeu.

Malditas gavetas que prendem ideias brilhantes.

— Hm, olhe lá o casal. — Ouço Taehyung demandar.

Sem demora, envolto por minha curiosidade, fito Namjoon e Jin caminharem juntos pelo campo aberto do colégio. Franzo o cenho, observando ambos. Eles fazem um bonito e fofo casal, não posso negar.

Droga, odeio como posso gostar de relacionamentos alheios.

— Esse bostinha não deveria estar implorando por notas? — Indago, agarrando minha mochila. Jogo-a por cima de meus ombros e caminho para fora da grama.

— Seja inteligente, Jimin, eu saquei tudo. — Vante agarra meu pulso, puxando-me para a calçada. — Ele levará consigo o Namjoon, assim poderá intimidar os professores.

Rolo meus lumes em sua direção, investigando veracidade em suas palavras. Eu nunca posso assumir algo ou colocar a minha mão no fogo por causa de Taehyung. Meu melhor amigo tende a ser batizado da cabeça.

— Tudo bem, eu não posso julgá-lo. Se possível fosse, eu faria o mesmo. — Sacudo meus ombros, rumando em direção à saída do colégio.

— Está sentindo falta de Dândi, não é? — Demanda. — Mas que droga, ele não voltará?

— Ele não especificou uma data, Tae, então eu não sei. — Coço minha nuca, evitando pensar em Jungkook.

Estou com saudades, sobreviver a isso está sendo mais difícil do que quando rompemos.

Desde sua ida à Itália, Dândi e eu mantivemos contato por ligação e mensagens. Nossa forma de comunicação não mudou, não de fato. Ele está ausente, mas fala comigo diariamente, seja para saber como eu estou ou para informar sobre os flertes sofridos em outro país.

Falta a mim uma dose de meu homem e falta ao meu homem uma dose de socos na cara, é isso que eu farei quando nos reencontrarmos. Tenho sentido muito a sua ausência, não deixo de pensar nos dilemas que nos cercam e em seus atos que, infelizmente, eu não posso me opor.

Passei os últimos dias pensando sobre sua partida para a Itália, sobre o que o levou até lá, e o que levou até lá tem me feito um sonâmbulo. Eu nunca me imaginei vivenciando um tópico tão inexplicável e quase impossível de ser vivenciado para mim. Desde que minha mãe fora atacada e, graças a Deus e aos vampiros da Rock Máfia, eu entrei numa bolha, nela há o mundo que descobri recentemente, e para cada lado que eu olho há um detalhe crucial no qual eu não me apeguei quando esteve, tempos atrás, tão explícito em minha cara.

É difícil ser um bocó.

Sem dúvida alguma, enfrentar o batalhão de informações que inundaram a minha vida tem sido um trabalho árduo. É como planejar uma peça comum, parece simples e objetivo, seu trabalho é um só: dirigi-la, contudo, no meio do caminho você se depara com situações inusitadas. Atores irresponsáveis, roteiros não bem planejados, figurinos de números errados. Caramba, chegar ao final torna-se uma prova de resistência, mas faz você garantir o topo.

Eu nem ao menos sei se essa colocação é válida, eu só tenho tentado entrar no mundo de Dândi através do meu ponto de vista, e o meu ponto de vista são as câmeras.

— Espere aqui, Ji, eu pegarei meu livro que deixei com Hoseok. — Taehyung toca meu ombro, avisando.

Concordo com um aceno simplório e movo meus pés em direção ao portal do colégio, consequentemente, uma sombra reluz por de trás de mim, observo-a e suspiro, semicerrando os olhos quando giro meus pés e encaro a figura alta e bem robusta de Caon.

— Vem cá, seu chefe não pensa em lhe dar férias? — Inquiro ao segurança.

Tenho-o em minha cola desde o ataque a minha mãe, ele foi o mesmo que escoltou Rosé por alguns dias, antes que outro entrasse em seu lugar e ele servisse apenas a mim. "Servisse apenas a mim". O quão estranho tudo isso é? Somente Deus sabe.

De qualquer forma, Dândi o deixou ainda mais em meu pé quando partiu para a Itália. Eu poderia ter batido o pé, insistido que não havia necessidade, entretanto, minha mãe foi atacada, qualquer segurança a ela era válida. Além do mais, o armário é legal, eu consigo bater um papo com ele, claro, quando ele não está de péssimo humor. Convenhamos que quando me pega tentando fugir do colégio é um dos momentos em que eu não devo lhe dirigir a palavra. Outro ponto positivo em tê-lo por perto é o de que ele é um vampiro, assim como Dândi, Yoongi, Namjoon, Lisa e Oliver. Bem, grande parte da Rock. Embora haja diferentes espécies, eles são da mesma, em exceção a Attwood.

E aqui vai mais um ponto, um tanto divertido nisso tudo, ele e Jisoo estão de conversinha. Corriqueiramente eu os pego conversando pelos corredores do colégio, em ligações ou trocas de SMS. A líder de torcida ainda não sabe sobre sua imortalidade, aliás, Jennie e Jisoo são as únicas a desconhecerem o segredo por trás da Rock Máfia.

Eu quero que elas saibam antes que eu complete vinte anos e morra. Isso não está muito distante, daqui há algumas semanas eu completarei dezenove anos e estarei livre do ensino médio.

— Mr. Vitale está sempre a me dar boas folgas, senhor Park. Costumo escolher minhas férias, elas estão programadas para o fim do ano. — Refuta-me.

— Você me trata como um velho ricaço e ranzinza. — É minha primeira observação.

— Parte de sua formulação está correta. — Entreabro minha boca, pasmo com sua afronta contra mim. — Veja, o senhor tem companhia.

Ao seu aceno, giro meus pés na direção indicada pelo homem. Saindo portão afora, identifico Oliver e Perrie deixando a Ferrari do vampiro, sou rapidamente vislumbrado pela loira simpática que se apressa em vir até mim.

— Ei, Jimin! Olá, como você está? — Eu simpatizo tanto com Perrie que não penso duas vezes antes de sorrir para ela e ir, animado, ao seu encontro.

— Oi! Eu estou bem e você? — Abraço-a, bisbilhotando Oliver por cima de seus ombros. Ela me replica, dizendo estar bem, em seguida me solta, eu encaro seu namorado. — Que surpresa vocês por aqui.

— Não tanta. Namjoon está aqui. — Oliver murmura, estendendo a mão para um high-five. É maluco como trocamos farpas e isso tem me feito curtir o mafioso. — Temos um convite para fazer a você, franguinho. Onde estão seus amigos?

Ao que ele questiona, eu olho para os lados, procurando por meus melhores amigos. Taehyung estava em busca de Hoseok, Jennie, Rosé e Jisoo estavam enfiadas no colégio e Seokjin batendo perna com Namjoon.

— Oh, eu não faço ideia. — Inclino minha cabeça, reparando no surgimento de Hoseok e Vante, ambos saem do colégio e caminham até nós. — Dois deles estão aqui.

— O que eu perdi? — Tae indaga, cumprimentando Perrie e Oliver.

— Almoçaremos juntos. Preparei um bom lugar, sintam-se lisonjeados. — O melhor amigo de Dândi se dirige a nós, informando.

Investigativo e um tanto quanto apreensivo, franzo o cenho, analisando o rapaz a minha frente.

— Ele nos levará a uma churrascaria. — Edwards comenta, ela ergue a palma da mão e tapa parte de sua boca, inclinando-se para perto de mim ao que me abraça pelos ombros. — Cá entre nós, Oliver nunca foi a uma churrascaria, ele está ansioso por isso. Façam parecer que é divino estar em uma.

Controlo um riso, assentindo e vendo Hoseok e Taehyung fazerem o mesmo, no entanto, o ex Avatar se prontifica a engatilhar Oliver em uma questão que mora até mesmo em mim: — Por qual razão você está nos convidando, cara?

— Eu disse, tenho um convite para fazer a vocês. — Ergue o digito, apontando para o portão do colégio. — Vá chamar o restante de seu grupo. As garotas estão inclusas. — Observo um sorriso de canto ocupar seus lábios. — Não está mais na hora de brincar de pique-esconde, amicos.

Nada mais fora dito por Oliver, em contrapartida, Hoseok e Taehyung foram ligeiros e partiram a procura de nossos outros amigos. Eu permaneci na companhia dos mafiosos e Caon, embora Oliver o tenha dispensado com a desculpa de que eu estaria em sua companhia e que não havia motivos para o segurança estar por perto. O que foi bom para ele, ganhou folga de mim.

Péssimo para mim, que estaria na companhia do melhor amigo insuportável de Dândi.

🍷

— Rapaz, assaram essa carne aonde? No inferno?

O vampiro chato indaga, pela décima vez, enquanto analisa cada pedaço que é deixado em seu prato quando o garçom se prontifica a nos atender. Semicerro meus olhos, fitando-o descaradamente. Eu não saberia dizer quantas vezes eu desejei afundar a sua cara naquele prato gorduroso de carne.

Jesus de ré para Salomé.

— Querido, há uma diversidade de escolhas quanto ao ponto de sua carne. Você não especificou o seu querer. — Elegantemente, Perrie o refuta, sorrindo pela careta de desgosto que o homem expunha.

— Eu não costumo me alimentar deste tipo de alimento, you know. — Replica, sacudindo os ombros.

Vejo-o reclamar e reclamar, mas comer a vontade do que lhe é oferecido.

Sorrio em negação, cortando um pequeno pedaço da minha e levando a boca para comer. É tudo tão bom que eu poderia ficar aqui por todo o tempo do mundo, eu adoro comer. É um combo anti estresse.

— Pegue esse pedaço, está melhor. — Hoseok passa a carne dele para Oliver. — Hm, você nos contará qual é o convite?

— Puts, diga de uma vez. Já faz em torno de uma hora que estamos aqui e você só abriu a boca para reclamar da carne, Oliver. — Seokjin murmura, agarrando a latinha de Coca-Cola a sua rente.

Apesar de todo o mistério que o mafioso mantém, o clima está agradável e o almoço tem seguido bem. Estamos todos juntos, ocupando uma só e grande mesa, Yoongi chegou há pouco tempo e, pela primeira vez, o vi mais solto. Acredito fielmente que Hoseok tem o ajudado a vencer certas barreiras que ele mesmo impõe sobre si, isso é bom. Ambos estão mantendo um ritmo calmo e confortável na possível relação que têm um com o outro.

— Presumo que vocês já saibam, para ser honesto. — É a vez de Attwood beber da bebida, no entanto, seu liquido é a cerveja. — Não o convite em si, mas parte do que o envolve.

Movo o meu olhar para Taehyung, ele devolve, no entanto, dá de ombros, não parece saber do que se trata. Encaro a Namjoon, então, ele está mexendo no celular, não dando muita atenção a conversa, Yoongi encara o prato e parece disposto a deixar que somente Oliver fale.

Droga, como é difícil conviver com pessoas isentas do vício em fofoca.

— Para ser sincero, não. — Retruco, franzindo minhas sobrancelhas.

Oliver abandona o guardanapo em cima do prato quase vazio de comida, prossegue com atenção a mim e aos meus amigos, prolongando o olhar em Jennie e Jisoo.

— Elas não possuem conhecimento do que nos envolve, e, convenhamos, não acreditarão até que vejam com os próprios olhos. — Seu tom de voz é alto, o que ganha a atenção das duas meninas.

— O que quer dizer com isso? — Jennie indaga.

Fixo meu olhar em Perrie, agora a loira está séria, sobretudo, encarando o companheiro, aguardando por sua resposta.

— Meu convite é singelo, não há muito que falar, no entanto, isso servirá como uma boa resposta a vocês. — Attwood limpa a garganta, checando o horário em seu relógio de pulso. — Daqui a duas horas a Rock Máfia estará embarcando para a Itália, eu lhes deixo a seguinte proposta; venham conosco.

Tensionado, abro a boca, encostando minhas costas na cadeira. Desvio meus olhos para meus amigos, é quase como automático estarem tão petrificados quanto eu. O convite me pegou de surpresa, eu não imaginava que seria tão... Tão... Por Deus, eu não consigo raciocinar corretamente.

— Vocês entrarão de recesso por três dias. — Yoongi toma a palavra, referindo-se às nossas aulas. — É o tempo que passaremos lá, vocês, no caso, já que precisam retornar para o cumprimento do ano letivo.

— Nós temos alguns assuntos pendentes na Itália, não podemos cancelá-los, contudo, gostaríamos que vocês estivessem presentes. É importante. — Namjoon acrescenta.

A semana da Consumação de Espécies...

Deus.

— Isso é... Insano. — Vante murmura. — Eu topo.

— Taehyung! — Hoseok exclama, inclinando o corpo para nos enxergar do lugar em que estava. — Não é assim. Espere um momento. Céus, o que faremos lá?

— Deixe de ser...

— Babe. — Perrie interrompe ao namorado. — Nós temos, como Namjoon disse, assuntos pendentes e cruciais para serem abatidos. No entanto, há outros, e gostaríamos que vocês estivessem inclusos. É importante.

— Três dias? — Jisoo questiona, parece decidida. — Ok, o que diremos aos nossos pais? Não estamos indo a esquina.

— Isso é com vocês. — Oliver rola os olhos, contudo, entreabre os lábios, prosseguindo: — Eles não precisam saber que vocês estão indo para outro país, de qualquer forma, todos aqui possuem dezoito anos, são maiores de idade. Digam, sei lá, que sairão para acampar.

Prendo meu lábio inferior entre meus dentes, pensando a respeito do que nos foi proposto. É nítido para mim, haverá a consumação e a revelação dos segredos aos demais indivíduos próximos a nós e que, de alguma forma, são próximos a eles.

Penso em Dândi, penso sobre o quanto eu sinto a sua falta, penso sobre como estar perto dele nesse momento seria crucial, poderia apoiá-lo somente por estar lá. Caramba, minha mente não para e eu me sinto tão confuso.

— Nos pegaram de jeito agora. — Jin comenta, esfregando as têmporas. — É uma decisão difícil.

— Em duas horas estaremos de saída, decidam-se em dez minutos. Não temos muito tempo.

O ato seguinte de Oliver me fez notar a gravidade de seu convite e de sua última fala. Ele levanta da mesa, em sua companhia estão Perrie, Namjoon e Yoongi. Eles deixam o local para nos dar liberdade quanto ao que decidiríamos.

Estou sem palavras, movendo minhas mãos para a mesa e apoiando-as conforme tombo minha cabeça para o lado e encaro meus amigos que ocupam lugares diversificados da mesa. A fome parece ter sumido, menos para Jin que permanece beliscando a carne em seu prato.

— O que faremos? — Rosé indaga, olhando para Vante.

— Jimin? — E ele me olha.

Solto um suspiro que não percebi ter prolongado nos últimos segundos. Não deixo de pensar na loucura proposta por Oliver e os membros da Rock, no entanto, não deixo de pensar no quão isso poderia ser benéfico a cada um que está presente aqui, tendo ou não grave importância.

— É a semana da Consumação, mencionei a vocês. — Digo, observando Hoseok.

Por cima eu contei sobre o motivo pelo qual Dândi estava na Itália, a informação causou um choque em meus amigos, entretanto, embora para certos tenha sido fantástico e uma boa cena de filme, para outros – Hoseok, fora como jogá-lo num mar de piranhas.

Eu passei a droga dos últimos dias citando este acontecimento, mesmo que vagamente, frisando minha preocupação em relação à Dândi, então eles entendiam que o assunto era sério.

— O que seria essa "Consumação"? — Jennie inquere, olhando-me.

— Bebê, isso é o que eles querem mostrar a você, no entanto, na Itália. — Quem responde é Jin, cruzando os braços quando me encara. — Eu acho que possa ser uma boa, são três dias, conseguimos enrolar nossos pais.

— Isso é o de menos, você sabe. — Comento.

— Exato. — Hoseok acrescenta: — Para mim, isso é um convite para a morte nos levar.

— Homem, se manque, ela nos devolveria. Nem a morte nos quer. — Jin refuta, revirando os olhos.

Em nervosismo, eu rio. Rio porque somente Taehyung sabe da maldição de meus vinte anos, só ele tem conhecimento de que morrerei. Não tive coragem de contar a Hoseok e Jin, quem dirá às meninas. Sinto-me um covarde, honestamente. Porém, não sei como explicar isto, e eu tenho meios de como o fazê-lo, apenas não tenho coragem.

— Eu farei o que vocês decidirem. — Jennie murmura, tendo o apoio de Jisoo.

Oh, isso cairá para o meu colo. Maldita decisão.

— De minha parte está decidido. — Vante martela sua palavra, atraindo a nossa atenção. — Somos jovens, donos de nossas próprias escolhas e são apenas três dias. O que de mal pode acontecer?

A pergunta parece cômica se não fosse irônica o suficiente para alguém revidar, porque nossos olhares crucificando o Kim expuseram tudo. Acuado, rindo em sarcasmo, ele encolheu os ombros, agarrando sua latinha de refrigerante para mais um gole do liquido.

— Certo. — Seokjin murmura, soltando um suspiro. — Quer saber? Eu realmente estou farto de pisarmos em ovos e não fazermos o que realmente queremos, sei lá, porra. Sabe, Taehyung tem razão, o que de mal pode acontecer? Claro, em exceção a tudo? — Inquere.

— Você diz isso pela máfia? Acha que pode haver algum conflito? Sempre há um em filmes. — Jisoo comenta.

— Quem dera fosse por isso. Acredite, há segurança intensificada em tudo que a Rock faz, você não deve temer quando se trata da máfia. Dela não.

Ele me olha e o gesto é rápido, assim como eu capto a mensagem por trás de sua fala. Óbvio, se fosse somente pela máfia, tudo estaria um pouco menos complexo. Falamos de vampiros, muitos vampiros. Vampiros conhecidos e vampiros dos quais nós nunca tivemos conhecimento.

Este é o meu temor com a ida à Itália. Enfrentá-los. Não que eu vá fazer isso, digo mais pela ideia de que estou acordando para um mundo totalmente diferente do que me foi mostrado quando nasci.

— Também não é como Jin falou. — Hoseok se apronta em refutar. — Vocês sabem perfeitamente que desde que nos entendemos por gente estamos por aí fazendo o que bem entendemos e quando queremos. Não é a toa que nos lascamos sempre, no entanto, continuamos a aprontar. — Ouço de sua replicação e suspiro em concordância. Por Deus, que péssimo histórico nós temos. — Porém... — Ergo meus lumes para o mais velho, atento. — Se nossa presença é importante como eles dizem ser, acho que uma nova confusão em nossa lista não alterará em nada, portanto...

— Isso quer dizer que...? — Rosie, assim como todos nós, encaramos a Hoseok.

— Temos uma viagem marcada para... Oh, menos de duas horas.

Ao que ele confirma nosso achismo, um sorriso é esboçado por mim. Assinto em afirmação, desviando o olhar para a entrada da churrascaria, Oliver e seus acompanhantes adentram no exato momento e estou certo de que está prestes a nos confrontar quando caminha em nossa direção. Antes que ele o faça, tomo partido e o observo com cautela.

— Você me deve uma garrafa de vinho. Pague-a quando chegarmos à Itália.

O mafioso italiano abriu um sorriso amigável em minha direção.

🍷

Acontece que arrumar uma mala pequena foi uma tarefa difícil, e, antes de eu sair de casa, enquanto a arrumava com roupas e documentos necessários, meus amigos estiveram na sala de minha casa, mentindo para a minha mãe sobre o nosso destino nesse final de semana.

Ela acreditou. Se não acreditou, fingiu muito bem.

No entanto, acredito que tenha realmente acreditado em nossa pequena mentira. Jennie estava presente, garantiu que sairíamos para acampar fora da cidade, em um local seguro, longe da cidade e seus perigos. Fora fácil para mamãe apoiar, Jennie sempre lhe passou muita segurança, assim como Jin, o que é estranho. Qualquer um sabe perfeitamente que Seokjin não deveria ser visto como sinônimo de confiança.

Ele te leva para o inferno com pretextos de que o céu está sobrecarregado. E você vai.

Como um bom cínico, ele tende a ser excelente com palavras.

Contudo, o que mais me importava, pensando agora enquanto eu estava no carro de Oliver, seguindo em direção à pista de pouso, era em como Dândi lidaria com o fato de que eu estava indo para a Itália, mais precisamente para vê-lo. Este é o assunto que perdura no veículo conforme Attwood dirige e Perrie analisa a nossa situação.

— Ele ficará muito feliz e se sentirá acolhido, Jimin. Você fez uma boa escolha. — A loira comenta, mudando a música que toca no som. Ela já fez isso umas três vezes, não deixa a música finalizar.

— Meu medo é estar invadindo o espaço dele, não quero em hipótese alguma fazer isso, mas estou confiando em vocês quando dizem que fiz a escolha correta.

— Para ser honesto, Dândi estava louco para te levar à Itália, o que o impediu de fazer isso é básico. Lá foi o lugar no qual você morreu em sua vida passada. Aquela droga ainda mexe com a cabeça de Vitale, passando-se um século ou não, ele não se habituou. — Alterno meu olhar entre a pulseira de elástico que eu puxo em meu pulso para descontar a apreensão e o cara no banco da frente. — Voltar lá é difícil para ele, ter você, então, puts, é uma tarefa fodida.

Em meu joelho, eu sinto o toque de Seokjin, ele apalpa o musculo, somente assim eu percebo o quão eu balançava minha perna, obviamente eu estava preenchido pela ansiedade. Anseio em ver meu homem, anseio sobre como ele me receberia, anseio pelo que nos aguardava futuramente.

— Isto nunca me foi respondido. — Limpo minha garganta quando percebo minha voz falhar. — Como eu morri?

— Como nós morremos, diz aí. — Jin questiona, levantando a questão.

É um ponto importante e nunca mencionado, sinto-me curioso.

Ehi, eu não faço ideia. Isto nunca me foi dito. — Replica. Suspiro, frustrado. — É uma informação mantida a sete chaves pelos líderes da Rock Máfia.

— É assunto pessoal, claro, entendemos a escolha deles. — Perrie verbaliza, trocando novamente a música.

— Você está bem? — Taehyung questiona.

— Parece nervosa. — Hoseok completa.

Dividimos o banco de trás enquanto as líderes de torcida estão em carros que seguem em conjunto ao nosso.

— Oh, estou um pouco, não nego. — A mafiosa refuta, movendo-se para nos encarar. — Estou me preparando para a transição, a cada dia está mais perto, parece que uma carreta passou por cima de mim. Isso é um alerta de que estou extremamente ansiosa, e a ida à Itália, logo a terra dos vampiros me deixa ainda mais apreensiva.

— O que isso quer dizer? — Indago. — Digo, você se tornará uma vampira como Oliver?

— Sim, exatamente. — Ela me lança um sorriso. — Estamos arquitetando a melhor data para isso.

— Cara, isso é assustadoramente fantástico. — Jin murmura, inclinando-se para frente, a fim de inteirar sobre o assunto. — Nós poderíamos passar por uma transição?

— Bem, sim. Eu sou humana como vocês e estarei passando. Existe uma singela diferença entre as espécies, por exemplo, Dândi, Namjoon, Yoongi e Lalisa são de uma espécie diferente de Oliver, eles não transformam ninguém em vampiro, não por sua própria naturalidade, agindo conforme seus instintos, contudo, possuem uma facilidade tremenda em matar. Oliver, por outro lado, alimenta-se de sangue e possui a habilidade de transição.

— Que loucura. — Hoseok está há cinco minutos imóvel.

— Você será mordida, então? — Taehyung questiona.

— Eu estou estudando os meios da transição. A Rock possui irmandade com o Vale das Bruxas, e desde que os meninos foram transformados, eles se uniram a elas. Por exemplo, a energia de Lisa que fora passada para Jennie, houve um feitiço para fortificá-la, assegurá-la de não trazer possíveis sequelas a amiga de vocês.

— Lalisa poderia ter transformado a Kim em vampira, para facilitar o entendimento. Contudo, não é de nosso feitio fazer com que um humano passe pela transição sem seu consentimento, logo, o feitiço se encarregou de curá-la. Esta era sua única função. — Oliver inclui.

— Então Lisa teve a chance? Céus... — Hoseok tapa a boca, apreensivo.

— Sim. Veja só, se não houvesse o feitiço de equilíbrio e Lisa usasse por conta própria sua energia, ela estaria, independentemente de querer ou não, transformando Jennie. Este é o único momento em que a espécie predominante da Rock pode transformar, quando o mortal está entre a vida e a morte, mais especificamente, quando não há solução para que ele se mantenha vivo, então você passa a sua energia para o corpo inconsciente. Lalisa esteve passando um longo tempo se recuperando deste processo, porque Jennie estava entre a vida e a morte, no entanto, a energia forte de Lisa a trouxe de volta a vida. — Edwards perdura a explicação. — E, no caso de um Baital, o vampiro tende a ter excessivas sequelas do processo de transição de energia, porque é isso que os mantém fortes e intactos, a energia. Manoban esteve excessivamente cansada, sendo alimentada de energia por mais vezes do que seu natural. Por vezes, Dândi ou algum dos rapazes a alimentava, porque ela estava fraca demais para fazê-lo sozinha.

— Caramba. — Coço a minha nuca, isento de palavras. — É muita informação, minha cabeça está quente. — Murmuro.

— Jennie enfartará quando souber. — Jin comenta, sorrindo curto. — Eu mesmo quase bati as botas, quase cantei para subir quando vi Namjoon transformado.

— Eu não acreditei quando eu vi, mas limpei meus olhos e ainda não acreditei. — Hoseok respondeu, apoiando a palma da mão no queixo e encarando a estrada pela qual o automóvel percorria. — Somente percebi o que estava diante de meus olhos quando Yoongi destroçou um chupa-cu.

Zenfrus. — Oliver replica, pisando fundo no acelerador. — É a espécie por de trás dos ataques.

— Vem cá, o que eles realmente queriam com esses ataques? — Jin indaga.

— São vampiros demoníacos, buscam alimentação. No entanto, além disso havia a busca por território. Quando há uma espécie predominante em um ambiente, outra espécie invade e inicia uma guerra para dominar.

— Dândi mencionou. — Remexo-me no banco. — E a Itália estará repleta deles, não é?

— Hm, sim. É inevitável, além de ser um evento anual direcionado pelo próprio Diabo, não há como ir contra. — Ao que Oliver replica, os meninos me encaram, tão pasmos quanto qualquer outra coisa. — Não é tão péssimo assim.

— Oh, eu não sei se temos o mesmo ponto de vista. — Jin declara. — Namjoon mencionou essa... Ah, amizade meio sinistra que vocês mantêm com o capiroto, ainda estou tentando lidar.

— Eu nem tento. — Refuto, movendo minha destra para tocar meu rosto, esfrego minhas pálpebras, pensativo. — Ainda consigo me surpreender com vocês.

— Estamos sempre dispostos a fazer com que vocês se surpreendam mais e mais, franguinho.

Não me fora dado tempo de refutar, logo estou observando a grande pista de pouso na qual entramos com o veículo, Oliver o estaciona de qualquer maneira e destrava as portas.

— Esse jatinho pertence a vocês? — Taehyung questiona quando abre a porta do carro e sai, repito seu ato.

Olho em volta, girando meus pés para analisar a grande pista, em seguida tomo o mesmo rumo que meus amigos, encaro o jatinho que de jatinho não tem nada. Ele é gigante, meu Deus.

— Sim, particular da Rock. Costumamos usá-lo quando precisamos sair do país. — Sua voz parte de seu carro e de longe o vejo retirar nossas malas do porta-malas, apresso-me em pegar a minha. — Dândi e Vermelho foram para a Itália nele.

Um pouco mais de tempo e então vejo mais dois carros se aproximarem de onde estávamos, Namjoon, Yoongi e companhia aparecem. Aceno para minhas amigas, chamando-as para ficarem perto de mim, elas caminham em minha direção após pegarem suas malas.

— Oh, eu estou nervoso. — Após sentir a tensão em meus músculos, comento. Apalpo o balso de minha calça e pego meu celular, encaro o écran e desbloqueio, checo o horário e a última mensagem mandada por Dândi. — Ele deve estar notando minha ausência, mandou uma notícia sobre o clima de Seoul, pediu que eu usasse casaco. Está claramente puxando assunto já que eu não respondi às últimas mensagens que me enviou.

— Você acha? Eu não. Dândi cuida tanto de você que é capaz de estar realmente preocupado com suas vestimentas durante esse clima frio. — Taehyung não deixa de opinar quando para ao meu lado e bisbilhota a mensagem mandada por Vitale.

— É, pode ser.

Sacudo meus ombros e então entrego minha bagagem a um funcionário que se disponibiliza a guardá-la, assim como faz com as de meus amigos.

— Tire uma foto minha. — Tae pede, entregando-me seu celular.

Rolo os olhos, sorrindo por seu jeito travesso. A qualquer oportunidade que ele tivesse de ostentar, ele ostentaria. Nunca vi um pobre com tanta alma de rico. Isso, inclusive, me faz pensar que a convivência com o pessoal da máfia esteja deixando-o dessa forma. Recuso-me a acreditar que é de seu natural.

— Vamos? Temos longas horas de voo até à Itália. — Namjoon surge em meu campo de visão, estendendo a mão para Jin.

Desço meu olhar para o casal que segue em direção à escadaria do avião, um pouco mais próximo a mim estão Hoseok e Yoongi, da mesma maneira que os primeiros citados. Rosie e Vante, puts, não preciso nem ao menos mencionar, e até Jisoo segue até o jatinho de papo com Caon, meu segurança.

— Que papelão. — Murmuro, me sentindo sozinho quando olho para trás e identifico Jennie e Lisa grudadas uma a outra. — Ah...

Dou de ombros, sacudindo minha cabeça. Subi as escadas e adentrei a aeronave, ocupei um lugar ao lado da janela, encostei minha cabeça no estofado do banco e encarei o teto claro.

Droga, Dân, que saudades de você, engomadinho. Não quero soar como um desesperado, mas, poxa, estou sentindo tanto a sua falta. Espero que goste de minha repentina aparição, eu não pensaria duas vezes antes de correr até você, mas se caso você não gostar, eu não penso duas vezes antes de jogar a culpa de minha burrada em cima de Oliver.

— Gostaria de comer algo, Jimin? — Perrie indaga quando senta ao meu lado, movo meus olhos em sua direção, sorrindo em simpatia. — Você está tão pensativo. — Oferece-me um pacote de salgadinho.

— Oh, eu me sinto neurótico demais, não deixo de pensar em Dândi. Não queria ser tão preocupado assim, mas a minha mente não me dá uma folga. — Respondo, soltando fracos suspiros. — Estou sem fome, obrigado.

— Não pense tanto, você pifará e não sabemos como religar alguém que pifou. — Sorrio de sua resposta risonha. — Você deve estar maluquinho com tanta informação, não é? Eu estaria. Aliás, possuímos histórias parecidas, quer dizer, todos aqui possuem.

— É? Como o quê, por exemplo? Claro, além de nos relacionarmos com vampiros mafiosos. — Rio baixinho, observando o jatinho ser devidamente ocupado por parte da equipe da Rock.

— Referia-me a vida passada. — Menciona, estreito meu olhar, interessado no assunto. — Oliver e eu nos conhecemos de outras épocas. Estivemos juntos em três vidas, o equivalente a idade que ele possui hoje, cento e vinte cinco anos. — Arregalo meus olhos, surpreso. — Ele é novo, se comparado a idade de outros vampiros, como os milenares.

— E você... Você sabe sobre suas vidas passadas? — Levanto a pergunta, totalmente envolto pelo assunto. Afinal, eu descobri sobre a minha, tudo sobre isso me enfeitiça.

— Pouca coisa, o que eu pergunto a Oliver ele diz. — Retruca, mantendo seus olhos em mim. — Enquanto humana, eu preferi não me aventurar no que fui no passado. Basicamente, quando mortal, o aconselhável é que você não vá atrás, não profundamente, de quem você foi. Trata-se de evolução, e há um cuidado muito grande em reviver o passado, mesmo que por um momento. No entanto, quando transformada eu penso em buscar a ajuda das bruxas.

— Você acha que elas podem desbloquear algumas das memórias? — Questiono, curioso. — Eu tenho tanto interesse em saber um pouco sobre minha vida...

— Com a irmandade das bruxas com a Rock, eu lhe digo que é possível, sim. — Diz. — Elas são repletas de sabedoria, energias brandas preenchidas por luz. Trás calma, carinho, e você se sente acolhido. Você pode ter o desejo de querer desbloquear algumas memórias, elas te guiam nesse caminho. É como estar dormindo e sonhar com uma realidade diferente do atual, talvez você goste, se for de sua escolha seguir adiante. — Explica.

Com olhos cintilantes e curiosidade predominante, eu a encaro fixamente: — E por que elas não rompem a maldição que cerca a todos nós, no entanto, que conta os dias de minha morte? — Um fio de esperança nasce em mim.

— Fora jogado, especialmente em você, um feitiço muito forte por uma bruxa que não usou para o bem os dons que tinha. Quebrá-lo, mesmo que estejamos rodeados de bruxas sapientes, não é possível. A maldição não fora jogada por elas, não possuem o domínio para rompê-lo.

— E a única maldita a fazer isso reside no inferno, trancafiada. Não sei se é do desejo de Vermelho liberá-la. — Tomo um susto quando Oliver surge de imediato, no banco a frente, apoiando os braços para entrar na conversa.

— Ele poderia ter apenas um pouquinho de empatia. — Murmuro.

— Não tema ao seu destino, doçura. — Perrie alcança meus cabelos, deslizando seus dedos por eles. — Embora traçado, ainda é possível romper alguns lacinhos, por mais difíceis que sejam. — Sorrio em sua direção, agradecendo por seu incentivo. — Eu vou pegar um lanche para você, não ficará sem se alimentar, isso está fora de cogitação. Dândi enlouqueceria.

Aceno em desistência a resistência de não comer nada, a loira desocupa o assento e sai, segundos depois Oliver ocupa-o.

— Eu sei que nós tivemos um começo um tanto quanto, hm, incomum.

— Claro, você ameaçou me matar. — Refuto assim que possível.

— É uma forma particular para ver o quão franguinho você pode ser. — Replica, franzo o cenho, desacreditado de suas palavras. — De qualquer forma, você é o garoto pelo qual o meu chefe e melhor amigo é apaixonado, eu teria de te aturar independente de querer ou não.

— Estou feliz que você tenha ciência disso.

— Calado. — Engulo um sorriso. — Eu me acostumei com você e, droga, seria uma merda te ver morrer. — Meu semblante torna-se neutro, estou atento ao que é dito pelo tatuado. — Não afetaria somente ao Dândi e aos seus familiares e amigos, atingiria a mim e essa merda seria insuportável de vivenciar.

— Está dizendo que ficará deprimido quando eu morrer? — Indago, observando-o cautelosamente.

— Oh, maldito, estou dizendo para você não assumir que morrerá. Isso pode atrair. — Retruca, um pouco fulo.

É divertido vê-lo se controlar para não explodir.

— Você sabe que eu sou amaldiçoado, não é? Não dá para atrair algo que está programado para acontecer. — Movo meus dedos para minha calça jeans rasgada, puxo os fiapos de seu estilo largado.

— Eu não quero que você morra, franguinho. Ninguém aqui quer. Não diga isso com normalidade, não aceite esse fim. Enquanto for possível, nós lutaremos para mantê-lo vivo.

Noto, em sua voz grossa, a veracidade em suas palavras. Oliver pode ser turrão, insuportável e o caralho a quatro, contudo, ele é transparente ao que sente, ao que diz e ao que expõe. Confio em sua fala, sei que está sendo verdadeiro. À vista disso, não consigo não sorrir com o que acabo de escutar.

É estranho como passamos tempo demais enfrentando um ao outro para depois acabarmos num assento de avião, rumo à Itália, conversando sobre como ele não quer que eu morra.

— E você acha que conseguirão? — Pergunto, limpando minha garganta. — Eu também não quero morrer, tenho muitos planos e gostaria de cumprir todos.

— Bem, tentaremos o que estiver ao nosso alcance. — Olha-me. — Você não está tão fodido quanto pensa.

— Que bom. Eu gostaria de estar fodido de uma só forma. — Brinco, receptivo.

— Ah, porra, vá à merda nesse caralho!

Uma vez que ele levanta, eu gargalho, movendo-me pelo banco até agarrar seu pulso e virá-lo para mim: — Eu gosto de você, Oli.

— É, eu também gosto de você, franguinho.

Eu permito que ele saia assim que vislumbro Perrie retornar com o meu lanche, apesar disso, sinto a conversa com Oliver fluir efeito em mim, deixando-me entusiasmado e confortável. Ele é um bom cara, não há dúvida.

🍷

A Itália cheira a terra molhada, vinho e chocolate, ah, muito chocolate.

Aparentemente, o último citado seja, talvez, porque estamos em Turim, a cidade do chocolate. Mais conhecida, também, pela terra dos demônios.

Satanás de ré para Turim.

O voo fora duradouro, no entanto, nenhum pouco torturante. Era fim de tarde quando o jatinho pousou, pegamos nossas coisas, lidamos com a imigração e tomamos um carro para um sentido que eu não fazia ideia. A única coisa da qual eu tinha consciência é que o café que me serviram na viagem surtiu efeito e agora eu estava ativo, enlouquecido de eletricidade.

Eu construiria facilmente uma cidade se me deixassem fazê-lo. Não é a toa que Jin veio me cutucando no carro, desde que deixamos a pista, para que cessasse meu remelexo no banco.

— Ah, estou farto de ficar sentado. Meu quadril está acabado. — Resmungo, semicerrando meus olhos para encarar através da janela.

No banco da frente, Caon dirigia, ao seu lado estava Oliver, falando no telefone.

— Há quanto tempo ele está fora? — Ouço o mafioso perguntar. Foco em si a minha atenção. — Porra, ele não tem mais o que fazer? Fodido do caralho. — Ergo minhas sobrancelhas, envolto no que ele dizia. — Sei onde fica, estamos perto dele, não tanto, mas perto. Verei o que eu faço. — A chamada é finalizada, mas eu continuo a acompanhar seus atos. — Pare aqui. — O carro é parado. — Jimin, saia. — Atento, mal percebo que sua fala foi dita unicamente a mim, tanto que permaneço no banco, encolhido. — Ligeiro, cacete.

Em nome do susto, eu abro a porta e saio do veículo. Olho ao redor e analiso o que nos rodeia, além das ruas com pouco movimento há, mais a frente, campos abertos.

— O que houve? — Pergunto, cruzando meus braços.

Ao que Oliver se afasta do carro, eu o sigo após ser chamado. O mafioso se encosta a árvore e me encara, em seguida desvia e encara ao redor.

— Você sabe a importância que a Itália e você possuem na existência de Dândi, não é? — Questiona, assinto.

— Algo aconteceu?

— Não. Vitale está em um campo próximo aqui. — Responde. — Por telefone eu falei com Charlotte, a líder da Rock aqui na Itália, ela mencionou que Dândi, desde que chegou está enfiado nesse campo, mais precisamente no lago que há nele. — Entreabro os lábios, sem saber como reagir. — É, você sabe o que um campo e um lago fazem com ele, junta essa porra de Itália e a merda é certa. Ele provavelmente está deprimido pelo passado e em estado de negação pelo futuro.

— Há algo que eu possa fazer? Por favor, diga que sim! — Seguro seus ombros, de soslaio reparo no surgimento do carro que é ocupado por Namjoon, assim como em outro, onde está o restante dos membros da máfia.

— Bem, eu estava para lhe sugerir a ir até ao lago. — Encolho os ombros, sendo pego de surpresa.

— Eu irei, eu irei. Sem sombra alguma de dúvida. — Refuto.

Um segundo de espaço entre minha resposta e percebo a aproximação de Perrie, Namjoon, Yoongi e Lisa. Eles no cercam, dispostos a entender o motivo pelo qual paramos aqui.

— Quero mandá-lo atrás de Dândi. Ele está no lago, fodidamente depressivo. — Oliver informa aos amigos.

— Jimin é o único possível a tirá-lo desse breu. — Yoongi declara, olhando-me rapidamente.

— Foi o que eu pensei. — Oliver ainda está relutante sobre sua decisão. — O mais correto é que ele vá a cavalo, o carro não é apropriado a enfrentar estes campos.

— Eu arrumo um agora mesmo. Isso não será um problema. — Namjoon se prontifica, afastando-se de nós.

— Você sabe andar a cavalo, Jimin? — Lisa toca o meu ombro, chamando minha atenção.

— Eu... Oh, eu sei um pouco. Meu pai costumava ir para a fazenda de minha falecida tia quando ainda era vivo, ensinou-me, um pouco, mas ensinou. — Digo, levando uma unha a minha boca, passo a roê-la em ansiedade.

— Ótimo. Os cavalos daqui são treinados, o que você pegar te levará em direção ao lago em que Dândi está.

Ao fim de sua fala, Namjoon retorna, avisando que contatou um amigo que mora há dois quarteirões daqui, ele emprestará o cavalo para que eu vá atrás de Dândi.

Deixo que eles continuem a conversar e me afasto para o carro, encostando-me a porta, não demora muito até que meus amigos apareçam, todos estão a minha volta, preocupados.

— Eu espero que ele esteja bem. — Torço, murmurando baixinho quando sou abraçado de lado por Hoseok.

— Ele estará, Ji, Dândi é forte, tanto fisicamente quanto mentalmente. Não se preocupe.

Por mais, após receber o apoio de Taehyung, eu deito minha cabeça no ombro de Hoseok e sou consolado por Jisoo, que recita palavras de conforto. Jennie permanece firme no que fora dito por Vante, me sinto bem acolhido, no entanto, meu desejo é acolher o meu Dândi.

— Jimin. — Namjoon chama. — Venha comigo, levarei você até o cavalo está. Há um local certo pelo qual você trilhará até que chegue ao lago.

— Ah, tudo bem.

Olho para meus amigos, sendo impulsionado a andar com o toque de Hoseok em minhas costas. Solto um suspiro e saio, sigo até o carro de Namjoon, abro a porta e entro, ele faz o mesmo. Estou nervoso enquanto movo minhas mãos para meu colo, deixando que meus dedos impacientes brinquem uns com os outros, tentando despistar o nervosismo que corre afoito por meu corpo. Droga, odeio essa sensação.

— Fique calmo, dará tudo certo. Vitale está bem, um pouco melancólico, mas bem. — Kim se prontifica em tentar me acalmar.

Observo-o manobrar o carro e dirigir no sentido contrário do que íamos, é o momento perfeito para que eu tente buscar apoio na cidadezinha que é exposta através da janela do carro, é tão bonita, no entanto, eu simplesmente não consigo.

— Eu sei, é só que... Eu não consigo imaginar o quão pesado seja tudo isso que ele passa e sente. — Inevitavelmente, começo a roer minha unha esquerda, atolado em pensamentos sobre como Dândi estaria.

— Peço que não se preocupe em demasiado, Dândi está acostumado com a existência que possui, são cem anos enfrentando toda essa merda. Confie em mim, ele sabe como escapar de momentos catastróficos.

Namjoon me entrega um sorriso singelo, no entanto, eu não retribuo, talvez o faça com um suspiro impaciente, ignorando sua fala. Sou preocupado demais com Jungkook, e mesmo que eu não entenda, não profundamente, seu mundo e a forma como queima intensamente, eu percebo que há momentos no qual, uma vez vulnerável, ele recai.

Este é um deles.

E eu só quero estar lá para quando ele cair.

O carro segue com seu percurso, nesse momento eu me permito apreciar a vista que nos percorre enquanto a velocidade é mediana, acredito estarmos próximos, porque Namjoon adentra a uma rua pouco movimentada, a estrada torna-se de terra e mais a frente a um grande campo, me parece a entrada de uma fazenda.

Inclino minha cabeça para o lado, notando a presença de um homem ao lado de um cavalo branco, oh, Deus.

Nosso ponto é este mesmo. O automóvel é estacionado, as portas são destravadas e eu saio, fecho-a e dou a volta no carro, juntando-me a Namjoon. Aceno em cumprimento ao homem, ele e o mafioso iniciam uma conversa em italiano, não entendo bulhufas alguma, então foco meu olhar no cavalo, ele é tão bonito, cheio de vida, parece veloz, tão selvagem.

— Jimin, venha, lhe ajudarei a montar.

Sigo seus passos, adentrando a cerca que, antes, me separava do cavalo. O Kim indica que eu suba no animal, e assim eu faço. Tomo impulso e subo, puxando de minha memória recordações do que meu pai me ensinou, é tudo tão breve, mas posso me esforçar.

— Como farei para achá-lo? — Inquiro, empinando o nariz para o tatuado.

— O lago fica abaixo deste campo, é só seguir reto. — Namjoon acaricia o rosto do cavalo, então me encara. — De qualquer modo, ele é treinado, te levará até lá.

— Certo. Obrigado.

Ao gesto de seu rosto se inclinando para uma despedida, eu puxo a corda do cavalo e aperto suas rédeas, impulsionando-o a marchar pelo campo. Conforme o animal vagueia livremente, eu ainda movo meus olhos em direção a Namjoon, observando-o ficar para trás enquanto, ligeiramente, o cavalo corre pelo campo aberto.

— Minha nossa... Vá com calma, garoto!

Ele é rápido, forte, meu quadril solavanca com sua agilidade em correr. Mantenho-me firme na corda, controlando-o, desviando minha atenção para a vista que tenho a cada acelerada que o animal dá. Ele segue reto, somente, deixando-me apreensivo, cauteloso sobre o caminho que seguimos. Eu só quero encontrar Dândi onde quer que ele esteja, mas tudo o que vejo é verde, verde que me trás a melhor e gostosa sensação de familiaridade.

A mesma que tive quando pequeno, correndo pelos pastos, em montarias ao lado de meu pai. A mesma que senti quando tive o primeiro contato com Olavo Mancini Vitale, no cemitério, em olhares silenciosos que expunham que ele tinha muito a esconder. A primeira, quando criança, que senti assim que vi meus amigos na igreja, ainda isento de qualquer pensamento sobre como eu sentia familiaridade com qualquer um deles. A mesma de quando vi Dândi no topo da escada, assustando-me, deixando-me zonzo por seu olhar. Olhar este, que eu conhecia de outra vida. É louco como de primeira eu me coloquei a acreditar que aqueles olhos me perseguiam por saber sobre a invasão, por ter conhecimento do que eu fiz. No entanto, na verdade, me olharam uma segunda vez porque a primeira foi em outra existência.

Toda essa questão me causa arrepios, me deixa prestes a gritar e explodir em todas as sensações que sinto quando me permito embarcar em tudo que fui, sou e, possivelmente, serei num futuro próximo.

Permito-me sorrir, expondo ao campo aberto à ansiedade que corre por meu corpo, ela poderia me trazer emoções ruins, no entanto, o anseio é por ver Dândi, por tocá-lo, por dizer tudo o que mantive sufocado em meu peito desde que me descobri irremediavelmente apaixonado por ele. Esse sentimento é forte, arde em meu peito, consome meu ser.

E quando o cavalo marcha ferozmente, descendo o campo, eu vislumbro o vampiro rente ao grande e bonito lago. Inevitavelmente, me sinto comovido. Tanto por revê-lo, como por saber que ele tem estado deprimido, sobretudo, sinto-me prestes a explodir em emoção porque eu sei que ele corre para o nosso primeiro começo, e eu me sinto, segurando firme a rédea do animal, revivendo uma época da qual não tenho lembranças, entretanto, sinto-as em meu âmago, autorizando-me a revivê-las dia-após-dia. E é tão bom.

Aperto meus lábios em linha reta, ignorando as batidas estrondosas de meu coração. Ele está vivo, como eu estou. Eu preciso apreciar tudo isso antes que a morte me abrace, eu necessito extrapolar tantos limites que impus a mim mesmo desde que encarnei.

Eu preciso me permitir ser eu, apenas eu, nada além de mim mesmo.

O vento ricocheteia meu rosto, e eu posso garantir que meu coração está para sair de meu peito por minha boca. Eu o sinto me esmagar internamente.

Fecho os olhos, unindo minhas pálpebras quando, por breves segundos, tenho um vislumbre de Dândi em vestimentas reais. Sua farda vermelha, suas botas escuras, a espada em torno de sua cintura... Droga! Rompo o contato recluso de minhas vistas, abrindo-os quando reparo outra vez em meu homem. Ele não me nota, não estou em seu campo de visão. Em quietude, Jeon permanece de costas para mim, sentado na grama em frente ao lago.

Contorno os passos do cavalo, levando minha destra a tocá-lo para lhe assegurar de que está tudo bem. Ele é ágil, danado e selvagem. Para quando eu finalizo a cavalgada: — Shii, shii. Fique quietinho, garoto. — Desço da sela, puxando a corda até que nossos passos caminhem livremente pelo campo aberto. — Fique aqui.

Ao que peço, viro-me para olhar Dândi. Meu coração está tão acelerado que não hesito em soltar-me do cavalo e correr pelo campo, muitos passos ainda me separam do vampiro, e eu não quero isso. Recuso-me.

Correndo, eu peço que meus pés não falhem, não agora. Porque estou correndo com toda a minha força pelo campo, ignorando a fraqueza que habita em meu corpo em ausência de energia suficiente para enfrentar uma longa correria. Ultrapasso barreiras e a pouca força que me resta quando corro em conjunto a ventania, aproximando-me cada vez mais de Dândi.

Porra, meu coração está incontrolavelmente acelerado e eu sei que não é por gastar meu oxigênio em uma quase corrida mortal. Sei que é por estar tão perto de tocar o homem que cuida tão bem dele há tanto tempo que não posso contar em meus dedos. Sei que é por estar a passos de me declarar por mais atos do que palavras ditas em semanas passadas que nos mantiveram reclusos um ao outro, segredos mantidos e olhares curvados para fugir de uma consequência irremediável.

Meus pés se fincam na grama afofada, interrompo meus passos e tomo uma distância, movendo minha mão para meus fios loiros, puxo-os quando entreabro a boca, puxo o ar e o solto junto a um brado de extrema saudade: — DANIEL!

Involuntariamente, o rosto do príncipe toma-se como seu ponto de fixação. Apenas segundos, torturantes segundos nos separam. Nestes, somente nestes eu me privo de qualquer coisa que viva ao nosso redor, meus olhos, os mesmos do dia em que o revi no topo da escada, aqueles que eu mantive como arma, usando-a para marcar cada passo do homem em dias corriqueiros no colégio, fora dele ou, quem sabe, em momentos em que me via passando pelo que eu o fazia passar.

Sempre fora sobre nossos olhos. E em como eles nunca, jamais, em seis vidas, mentiriam.

O vejo se levantar de onde estava sentado, percebo-o me tratar como uma miragem. Dândi inclina o olhar, reparando-me, promovendo uma análise para uma possível aceitação de que seja eu ali, parado, em pé, fitando-o com um sorriso bobo que rasga o meu rosto.

Droga, Dândi.

— Jimin? — Sou atingido com sua voz rouca, sua expressão incrédula, contudo, seu sorriso amoroso. — Jimin.

É a minha vez de abrir um sorriso. Eu quero gritar, explodir em amor e a tudo que eu tenho sentido nesse momento, entretanto, tudo o que eu sinto é grande demais e eu não vejo possibilidade alguma de conseguir colocar isso para fora. Nada nunca seria o suficiente.

No entanto, vejo-me enfrentando o meu eu interno, recluso e cauteloso quanto aos meus passos. Corro pelo campo, arruinando com a distância entre Dândi e eu quando me jogo em minha ruína particular. Afundo-me nos braços de Daniel quando jogo-me contra seu corpo, em vislumbres do que gira ao meu redor, vejo-nos caindo lentamente no lago. Não é preciso de muito para gritar em plenos pulmões o que está guardado em meu coração antigo, em um novo corpo.

— Eu amo você.

Sibilo, sentindo a água encharcar nossos corpos, afundando-nos no lago.

Os braços fortes de Dândi abraçam minha cintura quando fecho meus olhos para protegê-los da violência da água. Para mim, é trágico que eu tenha apenas duas memórias de um bonito lago, quando me afoguei e tive em minha mente imagens de quem Daniel e eu fomos, agora tenho essa, de Dândi puxando-me para seu corpo conforme desbravamos o lago fundo.

Empurro minhas mãos, como se tentasse afastar a turbulência da água, então abro meus olhos, vendo, embora borrado, Dândi a minha frente.

O vampiro tem seus braços em torno de minha cintura, eu me atrevo, sem pensar duas vezes, a levar minhas mãos aos seus ombros, agarrando-os. Não sei a natureza de minha força, ou se há alguma depositada ali, não sinto nada além de meus batimentos cardíacos, clamando o quão vivo eu estou, e os olhos cintilantes de Dândi em mim, pondo minha vida em risco meramente por presenciar um sorriso canteiro em seus lábios.

Ergo minha destra, tocando sua bochecha, deslizando meu indicador pela maçã, desenhando uma estrela. Em contrapartida, Dândi vira meu corpo, impulsionando-me a nadar.

Meus movimentos são calmos, cuidadosos e, sobretudo, em nome de aproveitar o momento especial que acontece entre nós. Acompanho o nado de Dândi, ele me estende a mão, eu a agarro, batendo meus pés para conciliar nossos corpos e a locomoção de nosso nado. Embaixo da água, eu luto para manter o máximo de controle de minha respiração, enquanto isso, reparo na forma como Dândi se move em torno de mim, circulando-me com giros, eu não sou bom com nado, sei somente o básico, evito tentar algo e me acidentar, então me pego observando-o me rodear. Ele expõe sorrisos enquanto eu alcanço seu ombro e o puxo para mim, juntando nossos lábios em um beijo molhado.

Merda de maldição! Como eu o amo, como amo genuinamente, sem menos ou mais, somente o amo. Amo inteiramente, amo com força, amo bravamente. Por ele eu dei a minha vida uma vez, por ele eu daria a minha vida uma segunda.

Dândi acolhe meu corpo, relaxando em nosso beijo, contudo, puxando-me para de volta a superfície. O primeiro contato que eu tenho com o ar livre não é o meu mais importante foco, Jeon continua a ser, e quanto ele toma meu rosto em direção ao seu, crava seus olhos em mim e me encara, meu peito se opõe ao meu coração, exigindo que ele seja expulso.

— Eu amo você. — Dândi afirma.

— Eu amo você, Daniel. — Refuto, agarrando suas mãos que estão agarradas ao meu rosto. — Eu amo você, Dândi.

— Eu amo você, Atthis. — Abro um sorriso, cedendo ao encanto de sua confissão. Merda, é como se puxasse os resquícios do que fui em uma vida. — Eu amo você, Jimin.

Quando ele volta a me beijar, eu me desfaço em seus braços, jogando os meus por seus ombros e me entrelaçando ao seu corpo. Seu beijo é doce, o gosto de nossas vivências preenche nossas bocas e a cada vez que sua língua toca a minha, é como se repassássemos novas vidas, uma vez antiga, e as novas que virão.

— Amar você é selvagem. — Corro com meus lábios para seu ouvido, sussurrando.

— E você tem se saído bem em me amar, danado. — Jeon desliza seu polegar por meu rosto molhado. — No entanto, eu ainda estou um nível acima de você. O meu amor por você é excepcional. Eu sou abençoado por amar você, obrigado por me conceder a chance de amá-lo, meu amor.

Bem, há um limite para tudo, mas eu não me importo em ultrapassá-lo quando se trata de Dândi. Não, nunca, eu jamais me importaria de ultrapassar.

Sorrio abertamente, sentindo-me liberto de toda a carga de negatividade que carreguei nas últimas semanas. Jogo meus braços por seus ombros, abraçando fortemente seu corpo, por ele eu deslizo as pontas de meus dedos, sentindo sua camiseta fina e encharcada, transparecendo sua pele molhada e fria. Suspiro baixinho, contendo um resmungo de manha. Deixo que meus dedos alcancem os seus, e dentro da água se entrelacem.

Faço com ambas as mãos, agarrando e prendendo meu lábio inferior entre meus dentes, erguendo meu olhar para o mafioso a minha frente. Nós nos olhávamos da mesma forma, isso não poderia ser mais mágico do que era.

— Nós realmente não poderíamos ser amigos. — Murmuro, escutando minha voz falhar, falha por estar tão carregada de confissões. — Não quando temos tanto a amar um ao outro.

— Aqui e em outras existências. — Vejo-me perdido no semblante de Dândi.

Controlo o impulso de beijá-lo e sufoco um sorriso em meus lábios, aproximo-me de seu corpo e deito minha cabeça em seu peito. Sentir seu batimento cardíaco é uma missão falha, eu sei, no entanto, quero grudar meu coração no seu, para juntos nos tornarmos um só.

— Estou feliz de estar aqui. — Digo, observando o remexer calmo da água. Meus pés procuram se firmar no chão, embora seja uma tarefa árdua.

— Tirou-me de órbita momentaneamente, devo confessar. Tê-lo aqui, tão cedo e repentinamente pifou a droga da minha mente. — Junto meus lábios no pano da camisa, beijando-a em nome de ser em seu peito. — Pensei, por alguns segundos, que você era fruto de minha imaginação. Eu não me acharia louco se realmente fosse. — Explica.

— Eu nunca deixaria você. — Replico, arqueando meu rosto em sua direção. — Estar com você é o que eu desejo, não abro mão disso, Daniel. — Ao que eu digo, Jeon abre um sorriso. Faço o mesmo. — Me doeu tanto pensar e imaginar que você pudesse estar triste, eu fiquei maluco. Por Deus, não se afaste dessa forma outra vez. Eu pensei besteira.

— Hm, na verdade, isso foi invenção do Vermelho. — Vejo-o expor uma careta. — Eu não tinha planos de deixar você, contudo, eu tive alguns obstáculos em meu caminho. Preciso derrubá-los.

— E eu estou aqui para apoiá-lo. Confesso que durante a viagem, peguei-me pensando se vir até aqui era o certo, você sabe, eu não sabia se era de seu desejo. — Procuro resquícios de um possível contra nos olhos de Dândi, entretanto, não há nada.

Indo ao contrário do que eu pensei, Jeon puxa minha mão, impulsionando-me a me mover pelo lago até que saiamos dele. Uma vez fora, reparo em minhas vestes ensopadas, meus sapatos... Caramba. Ergo meu olhar, fitando o de Dândi, um sorriso ladino para em seu lábio conforme ele me agarra, mantendo-me em seus braços, sobretudo, em seu abraço que eu tenho como um lar.

— A Itália está feliz com sua presença, veja só, até mesmo o pôr-do-sol apareceu. Nos dias anteriores ele não surgiu, somente decaiu para a noite. — Ouço, e olho para o horizonte, certificando-me de apreciar o nascimento de algo tão mágico e perfeito que evidenciava o surgimento de uma bela noite. — Estou feliz que você esteja aqui, chéri. — Meu queixo é tocado até que meu rosto esteja rente ao do homem. — Não posso negar, passei meus dias em completa descrença, para ser honesto, apenas observando-os passar por mim e seguir com o maldito do ciclo. Contudo, sua presença me encoraja, me trás força genuína, é como um antidoto. Uma droga na qual eu sou viciado sem pestanejar.

Dândi me deixa sem palavras, eu desejo socá-lo para demonstrar tudo o que me causa, para conseguir colocar para fora todas as emoções e sentimentos que ocupam meu âmago, porque tudo é, absolutamente, por causa dele.

— Eu amo você. — Beijo seus lábios, estando completamente viciado em proferir tal frase.

Eu não teria a chance de me descobrir se não fosse por seu reaparecimento. Se não fosse por nosso destino milimetricamente marcado, seja por tragédias, dificuldades, amores impossíveis e consequências destinadas por séculos a fora.

Se eu tive que descobrir que o amor, por vezes, é atear fogo em um castelo com o dono dele ao seu lado, eu estou pronto para descobrir que podemos, devemos e vamos prolongar nossa chama e nosso amor eloquente.

Por que está tudo bem, eu o tenho comigo. Sempre.

— Eu acho melhor você correr, danado, ou então... Hm, eu terei de te jogar nesse lago. — Semicerrando o olhar, ele me encara sugestivo.

Rompo o contato, descendo para o lago ao nosso lado. Tremo por imaginar me banhar de água fria novamente.

— Não, por favor, não! — Exclamo, empurrando Dândi suavemente pelos ombros. — Oh, papà, aiutami!

Grito, prestes a correr, no entanto, JK agarra minha mão, puxando-me para encará-lo.

— Falou em italiano?

— Estive treinando nos últimos dias, decorei pouca coisa. O tradutor não coopera muito... — Levo minha mão à nuca, coçando-a em timidez.

— Lindo, você é belíssimo. — Como já feito, ele me toca no queixo, deslizando o polegar para me acariciar. Os olhos de Dândi estão vermelhos, suas íris cintilam conforme varrem os meus lumes. Suponho estar diante do vampiro. — Obrigado por me salvar, por fazer isso diariamente, mesmo que inconscientemente. — Uma vez que minhas mãos tocam o seu rosto e do ato Dân aproveita para beijá-las, ele me solta, afastando-se. — Venha.

Um riso soprado escapa de meus lábios róseos e trêmulos ao que fito o lago, compreendendo que Dândi me chamava para voltar a ele. Ligeiro, retiro as peças molhadas de roupas que me cobriam, desfaço-me delas e de meus sapatos, assistindo conforme Vitale faz o mesmo. Ao fim, ele me estende a mão, puxando-me para o lago de água fria, aquilo poderia me fazer congelar até a alma, todavia, acalmou-me o coração.

Dentro dele, eu envolvo meus braços ao redor do pescoço de Dândi, aproximando nossos rostos quando meu coração, corpo e alma clamam por um beijo. Meus cílios batem um no outro, então eu pisco freneticamente, sentindo a água rodear minha cintura sob as mãos fortes de Dândi. No entanto, à minha frente, com o rosto sereno e pintado pelo extravagante pôr-do-sol, eu vejo o príncipe Daniel. O Daniel de cem anos atrás.

Não acho que preciso de muito para saber que estou de volta ao meu verdadeiro lar.

🍒

PRA FALAR A VERDADE EU ACHO QUE JÁ TE CONHECIA DE OUTRAS VIDAAAAAS. PRA FALAR A VERDADE EU ACHO QUE NA ÚLTIMA VIDA EU TAMBÉM TE QUERIAAAAAAA. NA ÚLTIMA VIDA EU TAMBÉÉÉÉÉMMMMM TE QUERIAAAAAAAAAAAA!!!!!

Muito a música deles, meu Deus!

Muita paz, muito amor, muito Dânpi amando um ao outro. Entrando na reta final de RM, nós nos deparamos com os dois mais unidos do que nunca.

Os dois últimos capítulos foram pequenos, uma introdução de ambos na Itália, mas bora lá fazer uma breve resumo do que vem por aí. É uma novelinha italiana dramática.

28: É um capítulo grande, Pipi conhece TODOS os personagens citados no capítulo anterior, 26. Ele e o Vermelho possuem uma certa rivalidadezinha... Hehe. É, também, a primeira noite de amor do casalzinho. Vocês esperaram tanto por isso, finalmente está vindo aí.

29: Consumação de Espécies. É guerra atrás de guerra.

30: Parte final da Consumação. Uma tragédia básica, como de costume. 

Palavra chave: Faca. 

Olha a facaaaaaaa.

Nos vemos em breve, Rockers! 

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Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.