Contos de Fadas

By Forgotten_dark_woods

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Uma seleção de contos clássicos, escritos nas minhas palavras como eu os ouvi. More

Torneio de comilança
Chapeuzinho Vermelho
A princesa e o sapo
A galinha dos ovos de ouro
O lenhador e o leão
A mulher do pescador
João e Maria
Tim e Tom
João e o pé de feijão
Os três ursos
Os três porquinhos
A ponte do troll
Rumpelstiltskin
Gato de Botas
O velho, o menino e o burro
Pequeno Polegar
O Flautista de Hamelin
O lobo e os sete cabritinhos
Pedro e o lobo
Branca de Neve
O urso e os dois amigos
A raposa e o corvo
O alfaiate valente
A lebre e a tartaruga
A Bela Adormecida

Os músicos de Bremen

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By Forgotten_dark_woods

Há muito tempo atrás, em uma estância nos confins da Alemanha, vivia um burro. Desde filhote, ele trabalhava para o dono do lugar, carregando fardos de feno e lenha e puxando o ancinho para arar a plantação. E, quando preciso, também servia de montaria a seu amo quando este viajava a algum vilarejo próximo. Mas agora o pobre burro já era velho e não tinha mais tanta disposição para trabalhar. Ao notar isso, o fazendeiro comentou com seu capataz, bem na frente do animal:
- Este pobre diabo já não presta mais para nada. Acho que devíamos matá-lo logo para economizar ração. Tem mais bichos aqui precisando comer.

Ao ouvir aquilo, o coitado ficou estarrecido. Ele ajudara tanto aquele homem por anos e agora estava prestes a ser descartado como lixo. Assim que os dois homens entraram na casa para pegar uma espingarda, o burro fugiu dali o mais depressa que suas pernas cansadas permitiam. Com esforço, pulou a cerca da fazenda e partiu pela estrada afora, sem rumo.

Passado algum tempo, ele passou em frente a uma cabana no meio do bosque em frente da qual estava, amarrado pelo pescoço a um toco de árvore, um velho cachorro que uivava e gania tristemente.

- Você parece triste, amigo cachorro. - comentou o burro, solidariamente. - Há algo que eu possa fazer para ajudá-lo?
- Meus dias estão contados, meu amigo... - respondeu o cão, cabisbaixo. - Por causa de minha idade avançada, já não consigo mais farejar e caçar bicho nenhum. Nem mesmo uma lebre ou um esquilo. Meu dono anda dizendo que vai fazer sabão comigo, já que não sirvo mais para caça.
- Não se preocupe, meu amigo. - respondeu de prontidão o burro. - Eu também tive problemas com meu mestre. Se você aceitar, posso te tirar daí e seguimos viagem juntos!

Com um repentino sorriso aliviado no rosto, o cão aceitou e o outro o desamarrou dali. Depois disso, seguiram viagem.

Minutos depois, passaram em frente a um chalé onde, em frente, amarrado pelo pescoço a uma cerca, um velho gato miava e ronronava cheio de pesar.
- Você parece triste, amigo gato. - comentou o burro, solidário. - Há algo que possamos fazer para ajudá-lo?
- É meu fim, amigos! - contou o gato, melancólico. - Como já estou velho, não sou mais tão bom em apanhar os camundongos que entram no chalé de meu dono. Ele anda dizendo que vai me afogar em breve, já que não tenho mais utilidade para ele.
- Não se preocupe! - exclamou o burro, de prontidão. - Se você aceitar, podemos te tirar daí e seguimos viagem juntos!

Maravilhado, o gato assentiu e os dois o desamarraram da cerca. Depois disso, seguiram juntos pela estrada.

Pouco depois, passaram em frente a uma granja onde, empoleirado em cima de um galinheiro, estava um imponente galo que entoava uma melodia triste e bonita.

- Você parece triste, amigo galo. - comentou o burro, solidário. - Há algo que possamos fazer para ajudá-lo?
- Estou me despedindo deste mundo com meu canto... - explicou a ave, tristonha. - Como já estou velho, não consigo mais cantar tão alto, e o fazendeiro e sua esposa querem um galo que os acorde ao amanhecer. Por isso, estão matutando me cozinhar para o almoço de domingo.
- Não se preocupe! - respondeu o burro, de prontidão. - Se você aceitar, podemos tirá-lo daí e seguimos viagem juntos!

O galo assentiu alegremente e bateu suas asas cansadas para junto dos três novos amigos. Foi quando o burro se virou para os companheiros e disse:
- Percebi que vocês três cantam muito bem. O cão late, o gato mia e o galo cantarola. E eu sei zurrar. Podemos formar uma banda musical! O que acham?
- Me parece uma ideia fantástica! - comentou o gato em resposta. - Poderíamos ir até Bremen nos apresentar ao público e nos tornaríamos famosos!

Os outros concordaram, entusiasmados, e tomaram o rumo de Bremen. Mas a noite caiu e os quatro começaram a se sentir cansados e famintos.

Foi quando viram uma luzinha vacilante que vinha das profundezas de um bosque.
- Será que aquilo é uma estalagem? - indagou o galo. - Podíamos ir até lá para ver se podemos nos abrigar.

Os outros concordaram e embrenharam-se na mata, guiados pela fraca luz. Ao se aproximarem mais, puderam perceber que a luz emanava de um lampião em cima de uma mesa que ficava dentro de uma choupana enfurnada entre as árvores.

- Não me parece muito uma estalagem. - comentou o cachorro. - Devíamos espiar pela janela para ver quem mora aí.

Os outros concordaram e, silenciosamente, se esgueiraram até a janela da casa por onde a luz do lampião saía. Lá dentro, puderam ver uma mesa repleta de carnes, queijos, frutos, vinhos e muitos outros tipos de comida. Sentados à mesa estavam três homens que bebiam, comiam e fumavam enquanto davam gargalhadas e conversavam. Um deles pôs sobre a mesa um saco, o abriu e despejou sobre a mesa incontáveis moedas de ouro, prata e cobre, dizendo:
- Vejam só o que roubei hoje pela manhã na cidade, camaradas. - ele disse, com orgulho na voz, enquanto arfava fumaça do charuto.
- Pois isso não é nada! - retrucou outro, pondo sobre a mesa uma porção de pérolas de variadas cores e tamanhos que tirara do bolso. - Roubei essas belezinhas aqui de um sujeito rico de Bremen.
- Bom trabalho, rapazes. - elogiou o terceiro homem, mordendo uma coxa de peru. - Mas afinal, quando é que vamos assaltar mais uma diligência?

Enquanto os sujeitos conversavam e riam, o burro sussurrou para seus amigos:
- Puxa, estes homens não passam de bandidos! Não é à toa que vivem escondidos na floresta!
- Nós, que somos humildes trabalhadores, passamos frio e fome aqui fora enquanto estes delinquentes desfrutam do bom e do melhor! - rosnou o cão, indignado.
- Seria tão bom se pudéssemos tomar isso tudo para nós... - devaneou o galo.
- Ei, acho que tive uma ideia! - murmurou repentinamente o burro. - Sigam minhas instruções!

Em seguida, conforme o plano do burro, os animais subiram um no lombo do outro. O cão em cima do burro, o gato em cima do cão e o galo em cima do gato.

A seguir, o burro se aproximou da janela e os quatro começaram a emitir o máximo de ruído que conseguiam. O burro zurrando, o cão uivando e rosnando, o gato miando e o galo cantando. Ao ouvir aquela barulheira, os ladrões ficaram apavorados:
- Mas que diabo de barulho é esse?! - berrou um deles, com as mãos nos ouvidos. - Nunca ouvi nada parecido!
- Está vindo da janela! - constatou outro. - Vamos ver do que se trata!

Ao olharem pela janela, os homens viram apenas a silhueta dos bichos empoleirados um em cima do outro e, devido a escuridão da noite, não conseguiram enxergá-los corretamente.
- Céus, o que é aquilo?! - exclamou um deles, tremendo de medo.
- Meu Deus, é um monstro! Ele está tentando entrar aqui!

Em pânico, o trio de malfeitores debandou às pressas pela porta dos fundos e os três sumiram noite adentro.

Em seguida, os animais entraram, felizes, na casa e se refestelaram com o banquete na mesa.
- Podíamos usar essa fortuna toda para comprar instrumentos musicais, já que seremos uma banda. O que acham? - sugeriu o burro, ao olhar para os tesouros roubados pelos bandidos.

Os outros acharam uma ótima ideia. Agora tinham comida, dinheiro e até uma nova e confortável moradia.

Conforme a noite foi avançando, os quatro começaram a ficar sonolentos e resolveram recolherem-se para dormir. O que não sabiam é que os três ex-donos do casebre estavam agora escondidos nas moitas próximas ao lugar, planejando retomar a casa.
- Isso não pode ficar assim! - murmurou um deles, nervoso. - Tivemos muito trabalho para roubar todo aquele tesouro! Se aquele monstro está achando que vai ficar com tudo tão facilmente, ele está enganado!
- Estão com suas armas, certo? - indagou outro deles, apalpando sua cintura para ver se sua faca estava lá.

Os comparsas confirmaram e então ele continuou:
- Tudo bem, vou entrar primeiro sozinho e então aviso a vocês se é seguro. Daí, então, vocês entram e damos uma surra naquele safado.

Pé ante pé, o homem foi se aproximando da casa já com a faca na mão. Silenciosamente, abriu a porta e seguiu em frente, de olhos bem abertos, tentando enxergar algo naquela escuridão.

Foi aí que, acidentalmente, pisou no rabo do gato que, furioso, acordou de um sobressalto e desferiu um arranhão na canela do inimigo, que berrou de dor. Com o barulho, o burro também acordou e logo entendeu o que se passava. Bravamente, deu um forte coice no peito do homem, que foi jogado para o outro lado da sala com violência. Nisso, acabou tropeçando no cão, que o mordeu com força no braço.

Aterrorizado e cheio de dores, o bandido já estava prestes a bater em retirada quando o galo, simulando uma voz grossa e autoritária, exclamou:
- Prendam este patife, em nome da lei! Prendam ele e seus dois comparsas!

Pensando que se tratasse de um juiz, o vilão saiu correndo em disparada e aos berros de volta ao encontro de seu bando.
- Estamos fritos, amigos! - gritou ele, ofegante. - Dentro da casa tem uma criatura de garras enormes que me arranhou bem na canela! E também um ogro que me empurrou tão forte que quase voei para longe! E sem contar um lobo feroz que me mordeu no braço! E para piorar, há um juiz lá dentro ordenando que nos prendam!

Pasmos, os outros dois rapidamente esqueceram o dinheiro e o trio fugiu floresta adentro, aos gritos. Nunca mais ouviu-se falar daqueles ladrões naquela região.

No dia seguinte, os quatro heróis foram até um vilarejo próximo e usaram as economias roubadas pelos bandidos para comprar instrumentos musicais. Já no mesmo dia, começaram a ensaiar no casebre.

Tempos depois, finalmente foram até Bremen para se apresentarem ao público, que os ovacionou e implorou por mais orquestras deles.

Desde então, os quatro viveram na fama e no prestígio até o fim de seus dias e a cidade de Bremen, para homenageá-los, construiu uma estátua dos quatro empoleirados um em cima do outro. Até hoje, essa estátua permanece na cidade.

FIM

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