A última noite

By julhakjkk

5.5M 438K 1.1M

Para Scarllet, sua vida deveria ser seguida à risca, com muitas expectativas a cumprir. Ao crescer cercada po... More

capítulo 1
capítulo 2
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 5
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
personagens <3
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
capítulo 22
capítulo 23
capitulo 24
capítulo 25
capítulo 26
capítulo 27
capítulo 28
capítulo 30
capítulo 31
capítulo 32
capítulo 33
capítulo 34
capítulo 35
capítulo 36
capítulo 37
capítulo 38
capitulo 39
capítulo 40
capítulo 41
capítulo 42
capítulo 43
capítulo 44
capítulo 45
capítulo 46
capítulo 47
capítulo 48
capítulo 49
capítulo 50
capítulo 51
capítulo 52
capítulo 53
capítulo 54
capítulo 55
capitulo 56
capítulo 57
capítulo 58
capítulo 59
capítulo 60
capítulo 61 "what is a monster?"
capítulo 62 "truths"
capítulo 63 "incendiar"
capítulo 64 "após o incêndio."
capítulo 65 "personificação"

capítulo 29

77.8K 6.5K 21.2K
By julhakjkk

Não sei no que estou pensando, dizendo isso a ele. Talvez eu só queira romper qualquer barreira que esteja entre nós. Pra ser honesta, tudo o que mais desejo, é senti-lo. E que a estrutura corporal dele, áspera e diferente da minha, esteja grudada em mim.

— Então repita o que disse. — o tom de voz dele soava como uma súplica.

— Por favor, não me peça pra repetir. — eu respondi completamente envergonhada.

— Repita.

— Então faça. — eu repeti.

— Sabe quanto tempo esperei por isso? Pêssego?

— Na verdade, não. Há quanto tempo?

— Muito.

— Acho que eu iria gostar disso.

— Pensei que me odiasse.

— Eu odeio. Odeio tudo em você.

Thomas riu de mim. Daquele jeito espetacular. Daquele jeito que me faz querer beijá-lo, até perder o fôlego.

— Eu também te odeio, Milles. Te odeio mais ainda, porque não consigo ficar longe de você.

— Não fique. — sibilei levemente.

Embora eu estivesse completamente nervosa e assustada, era bom conversar desse jeito, com ele. Era uma curiosa mistura de sensações.

— Não pretendo. — Thomas respondeu em um tom, igualmente ao meu. 

— Ótimo. — eu sorri, sentindo as maçãs corarem.

— Você está bem, pêssego? Não parece a mesma garota que me deu uma série de foras e depois pediu que eu sequer chegasse perto de você. — Thomas brincou, com um sorriso travesso.

— Eu mudei de ideia, apesar de ter tido os meus motivos.

— Ah, é? E o que fez você mudar de ideia?

Admito que é emocionante, mas agora não tenho uma resposta para a sua pergunta.

— Sinceramente, eu não sei.  — respondi. — Mas, você acha que agora possamos fazer as pazes e que talvez possamos também ser... amigos?

— Amigos? — Thomas expressou sua inquietação, através de apenas uma palavra. — Acho que você entendeu errado!

— O que?

Thomas balançou a cabeça.

— Eu quero sentir o seu sabor. Quero tirar esse gloss dos seus lábios. Quero que se vingue, por todas as merdas que eu fiz a você. — ele me encarou sério. Seus dedos tocaram suavemente o meu lábio inferior.
— Eu não quero que sejamos amigos...

— E-então, podemos fazer as pazes?

— O que quer dizer com isso?

— Que talvez, possamos nos reconciliar, e esquecer os problemas.

Thomas inclinou seu rosto para mais perto. Com um olhar malicioso, ele sussurra em meu ouvido:

— Vamos deixar os pedidos de desculpas pra depois.

Ele recuou e suas mãos foram diretamente para minhas coxas. Ele as puxou, me fazendo deslizar e ficar no meio da cama. Thomas abriu minhas pernas e ficou de joelhos, entre elas.

— Imagino isso o tempo todo, porque sou viciado em fantasiar você na minha mente. — inclinou o corpo para perto, apoiando- o, com as mãos.

Um suspiro de susto, escapa dos meus lábios. E então, finalmente chegou o momento decisivo. A boca de Thomas se chocou contra a pele do meu pescoço. As mãos dele, desceram para minhas coxas e eu deslizei os dedos em suas costas.
Meu coração tremeu, assim como meu estômago. Inconscientemente, entrelacei as pernas em seu quadril. Parecia que no momento presente, eu não me importava em fazer isso. Porque, era bom estar sentindo o que sinto.

— V- vai doer muito?

— O que? — Thomas estremeceu, enquanto dava mordidinhas em minha orelha.

— É que, eu nunca fiz isso... — disse baixinho em seu ouvido.

A reação dele a isso, foi inesperada. Ao invés de continuar o que fazia, ele recuou bruscamente. Eu não consegui entender. Talvez só fosse mais uma de suas surpresas. Pensei comigo mesma.

Eu esperei que ele tomasse uma atitude, esperei que após isso, ele me beijasse com pressa. Mas Thomas nem ao menos se moveu. Eu queria sentir os lábios dele contra os meus, de fato queria, e sequer podia pensar em outra coisa além disso.

Mas acho que a minha vontade havia sido desfeita, quando eu realmente percebi que ele não iria fazer nada. Eu fiz aquela mesma contagem. Quinze segundos. Os quinze segundos mais longos da minha vida.

Thomas ficou rígido. Completamente imóvel, imobilizado. A única coisa que denunciava que talvez estivesse sentindo o mesmo que eu, eram suas pupilas. Excepcionalmente dilatadas. Até então, eu também não me mexi. Observei ele, assim como ele fazia comigo.

— Está tudo bem? — eu perguntei, após um tempo. com certa cautela.

— Não. — ele respondeu. Parece ter finalmente acordado do seu transe.

Eu fiquei ainda mais confusa, quando ele levantou- se, saindo de perto de mim e em uma rapidez, já estava em pé, ao lado da cama. Fiquei sem saber o que pensar ou dizer. Fiz algo de errado?

— O que? — eu perguntei baixinho.

— Não posso.

— Thomas, eu não estou entendendo...

— Não posso fazer isso com você, não agora. — ele caminhou até a porta sem dizer mais nada.

Estava indo embora... Comecei a me dar conta disso.
A essa altura, considerei a possibilidade de ter feito algo de errado, mas eu não conseguia encontrar um motivo. Iria mesmo me deixar aqui? Mas por que?

— Espere! — ele parou. — Eu pensei que você, eu pensei — não consegui terminar. Na verdade, eu queria chorar.

— Não comente sobre o que estávamos fazendo, com ninguém, por favor. — ele falou sem olhar para mim.

Depois, simplesmente saiu. Nem ao menos pegou sua camisa. Só saiu. Me deixando sozinha. A princípio, tudo se tornou uma combinação de conflitos, mas então pude sentir finalmente o peso das suas últimas palavras antes de sair. Não comente com ninguém. Por que? Eu quis chorar, quando considerei a possível reposta.

Além disso, eu estava começando a me sentir o pior tipo de garota. Talvez, o maior dos meus pavores. A garota que é usada em silêncio, e que não possui outro título a não ser esse. Mesmo que não tenhamos feito nada.

Eu não estava disposta a aceitar isso. Mas não posso fazer nada a respeito.

Fiquei paralisada, por um bom tempo, até finalmente acordar, e perceber que Thomas realmente havia saído, sem explicação alguma.

Me cobri com os lençóis, pressionando os travesseiros contra meu rosto e comecei a chorar. Lençóis que a propósito, estavam com o cheiro do perfume dele.


Eu pensei que nada poderia ficar pior, até Hilary me informar, que iríamos participar de atividades esportivas esse ano. Eu não iria aceitar isso tão fácil, mas acabei descobrindo que me ajudaria com os pontos. E sendo sincera, eu não estava podendo recusar.

Eu me livrei de todos os lençóis que estavam com o perfume de Thomas. Mandei para a lavanderia, logo cedo. O maior dos meus pesares, era saber que não poderia me livrar do colchão. Qualquer coisa, para eliminar quaisquer dos resquícios, e traços que ele possa ter deixado em meu quarto.

Talvez eu esteja sendo imatura, mas não quero pensar nele. Talvez eu estivesse com raiva de mim, por ter deixado que ele ousasse tanto, ao tocar em meu corpo. Só em pensar nisso, tenho arrepios.

Não tive cautela, quando abusei do corretivo e base. Tudo para camuflar minha aparência acabada. Não deixar nenhum sinal, nada que possa denunciar meus olhos inchados. Porque a única coisa que fiz, foi passar metade da noite revivendo os momentos, e chorando. E com certeza, chorar por Thomas, acabara de entrar para o pedestal das minhas maiores vergonhas.

Eu sabia que o encontraria em algum momento. Entrei na sala, ciente disso. Eu sabia que os horários haviam sido mudados novamente. Por muito azar, Thomas e eu, nos veremos ao todo, três vezes por dia.

Entrei de cabeça erguida. Estou cansada de chorar. Ele estava sentado, próximo ao meu assento. Eu me sentei mesmo assim, mas inclinei o olhar para o outro lado. A presença dele, me deixa inquieta.

Ele que por sua vez, me encarou sem receio. Ele fez isso durante toda a aula. Eu quase não pude me concentrar. Que cara de pau... Isso estava começando a ficar detestável. Mas permaneci de cabeça erguida. Cabeça erguida, cabeça erguida. Apenas o ignore. Não ouse olhar para ele.

Tentei lembrar a mim mesma, que estava com raiva dele. A primeira regra, era impedir o sentimento importuno e idiota, não me tirar do controle. Vencer a tentação, de não encará- lo.

— Pêssego? Você está brava comigo? — cochichou para mim.

Eu fingi não ter ouvido. É inacreditável demais, que ele esteja me perguntando isso.

— Pessegozinho, pessegozinho! Se você não o responder, vai partir o coraçãozinho do Thomyzinho! — eu reconheci a voz baixa de Dawin. Ele disse, e todos os seus amigos começaram a rir de um jeito que me irritou profundamente.

Comecei a folhear as páginas do meu livro, com um suspiro. Mantive o olhar para a professora. Parecia que agora também teria que suportar as piadinhas de seus amigos detestáveis.

— Scarllet? Eu sei que fui idiota, mas vamos conversar. Por favor. — ele não se importava se as pessoas que estivessem próximas, ouvissem, muito menos com o comentário de Dawin.

— Ele bateu punheta durante toda à noite por você. Facilite as coisas, pêssego! — Lucas disse em um tom audível o bastante para que as pessoas ao redor pudessem ouvir. Os amigos dele, também riram de mim.

Se pudesse me esconder, ou aparatar dali, eu faria isso. O meu rosto queimou de vergonha. Está claro que ele não gosta de mim e não tenta esconder. O descontrole quase veio à tona, quando tive que me manter firme, para não me virar e mandar que Thomas controlasse a boca suja de seus amigos.

— Aí cara, eu acho que ela não gostou... — Brian comentou também.

— Calem a porra da boca. — Thomas resmungou. — Ele está mentindo.

— A gente só tá brincando com ela. — Lucas disse.

A professora olhou para nossa direção, e eu fiz questão de mostrar que não estava envolvida. Ela lançou um olhar severo, de reprovação. Mas, voltou a proferir sua aula. Eles ficaram quietos por um tempo. Até eu sentir a pessoa que estava atrás de mim, tocar em meus ombros.

Virei para Samantha, e ela me entregou um bilhete. Não entendi bem, até ela cochichar:
— O Collin mandou.

Cogitei a possibilidade de rasgar, ou jogar fora. Mas fiquei curiosa para saber o que ele havia escrito. Então abri.

"Você está linda." era o que estava escrito.

Eu sorri ao ver, mas logo me lembrei que estava com raiva. Amassei o papel e joguei fora. Thomas merece ver isso. Não será um simples papel, que irá apagar o que ele fez, nem ao menos, justificar a minha conturbada noite choro.

— Coitadinho dele... — Brian debochou, fazendo uma vozinha irritante.

— Aí Thomy, você não cansa de levar tantos foras? — Dawin provocou.

Eu deixei uma risadinha escarpar. Era divertido imaginar a expressão de Thomas ouvindo isso. Provavelmente, ele está com sangue nos olhos, agora.

— Já disse pra calarem a boca, caralho! — berrou. — Pêssego? Por favor, vamos conversar. — o tom dele era excepcionalmente oposto ao seu tom anterior.

— Aí Scarllet, para com essa merda e fala logo com ele, mesmo que seja só pra dar mais um fora! — Dawin cochichou. — A gente não aguenta mais! Ontem o Lucas teve que bater uma pra ele.

— Eu estava bêbado! — Lucas tratou de responder em uma rapidez nada habitual.

Fiquei boquiaberta e tentei disfarçar minha reação. Meu rosto ficou mortalmente pálido. Mas eu tentei dar atenção para a aula.

— Ah, é? Não minta! — Dawin respondeu.

— Estou atrapalhando a conversa? — A professora os abordou cruzando os braços.

Fiquei feliz em ver que ela finalmente se posicionou. Por deus, qualquer coisa para findar essa conversa.

— Não, senhora. — responderam ao mesmo tempo.

Ficaram quietos. Finalmente. Mas eu sentia que estava sendo observada por Thomas. Ele fazia isso sem parar. E então, a aula havia terminado. Os três irritantes passaram por mim, dando risadinhas. Não tive dificuldade nenhuma em expor meu mau humor para eles.

Recolhi meus materiais. Eu sabia que Thomas tentaria me convencer a conversar com ele. E assim como pensei, ele fez. Dessa vez, ele foi rápido. Segurou meu pulso e esperou que todos saíssem. Naquele exato momento, eu o encarei nos olhos e logo tentei me sair de suas mãos. Thomas, me empurrou para a mesa. Eu me debati contra suas mãos.

— Não seja tão difícil. — ele me imobilizou, de uma forma que eu não pudesse me mexer.

Eu o encarei de novo, nos olhos. Aqueles lindos olhos. Extraordinariamente verdes e penetrantes. Reparei em quanto estava atraente. Ele usava apenas a camisa branca com a gravata. O encantamento dele, era como uma armadilha para mim. Ele não precisava fazer muito, para me hipnotizar.

— Milles? Ficou mesmo chateada?

Eu quis gritar a resposta óbvia. Me pergunto, o que o faz achar que não estou chateada. Eu não o respondi. Até mesmo desisti de me livrar das suas mãos. Era inútil lutar contra ele. Minha força comparada a dele, é um fracasso.

— Fale comigo, droga! — berrou e eu aproveitei o momento para tentar me libertar, mas ele foi rápido o bastante para impedir. — Pêssego, eu tive meus motivos.

— Me deixe ir. Qual o seu problema? Por que não pode me deixar em paz? — foi a única coisa que consegui dizer, enquanto me debatia.

— Você não irá sair daqui, até que o momento de conversarmos.

— Você não manda em mim!

— Scarllet! — exclamou.

Eu parei de me debater. Ele quase nunca me chama assim.

— O que você quer? Mostrou que não estava interessado e ainda por cima, foi idiota o suficiente para pedir que eu não contasse a ninguém. — soltei o que estava preso. — Se quer saber, eu não iria contar. Porque se tem uma coisa que eu teria vergonha de dizer a alguém, é que beijei o cara que fica com todo mundo da escola.

— Porra... Você entendeu errado, pêssego. Não tem nada a ver com o que você está pensando.

— Não minta.

— Não estou mentindo. Eu pedi pra guardar segredo,  para te proteger.

— Me proteger do que?!

— Você não entende...

— Então me explique! Me explique porque não quis me beijar, quando você mesmo disse todas aquelas coisas. — eu disse em tom que implicava que exigia uma resposta.

— Não ter te beijado, não significa que eu não queria fazer isso.

— Você me faz parecer uma idiota, quando fala assim. — confessei. — Acho melhor acabar com isso de uma vez.

— Desista dessa babaquice.

— Não. Você tem ideia de como me senti? É claro que não. — eu me esforçava muito, para manter as emoções sobre controle. — Você nunca irá sentir ou entender o que senti. Você nunca irá entender o sentimento de se sentir... usada. Porque você é homem. Nunca é pior para os homens.

Não quero parecer exagerada. Afinal, não fizemos nada. Mas, então porque carrego esse sentimento? Talvez porque tenho pensado muito no que Antony e Lucas disseram.

— Usada? — disparou.

— Sim! Isso mesmo que você ouviu.

— Não acha que está precipitando demais, as coisas?

Eu fiquei ofendida pelo o que ouvi. E de alguma forma, o que ele disse, piorou tudo. Sinceramente, eu o odeio. Ele me fala muitas coisas, e agora, eu estou me precipitando? Meus músculos ficaram tão tensos que eu comecei a tremer.

— Talvez! Mas a culpa disso, é toda sua.

Eu disse e de alguma maneira, consegui libertar meus pulsos, e corri para longe, sem olhar para trás. Antes que ele pudesse ser rápido o bastante para me alcançar.

— Espere! — eu ouvi sua voz ecoando pela sala, mas não parei.

Ignorei e sai para longe. Assim como ele sempre faz comigo.

Depois daquele dia, eu o evitei ao máximo. Não fui ao refeitório, não ousei caminhar pelos corredores. Minha rotina, havia se tornado apenas das salas de aulas, para meu quarto. Sobrevivi por quatro dias, apenas comendo macarrão. Que eu mesma fazia.

Eu ainda o via, mas sempre que isso acontecia, corria para bem longe. E com o passar dos dias, eu consegui fazer isso com mais naturalidade. Implorei para que pudesse mudar os horários. E com esforço, eu havia conseguido. Eu sentia falta de vê- lo com mais frequência, mas mesmo assim, lutei contra minhas emoções.

— Podemos fazer uma pausa? — Hilary perguntou ofegante, com as mãos nos joelhos.

Eu e Olívia, também  paramos para recuperar o fôlego. Meu corpo oscilava a temperatura quente. Meus pés, pareciam querer pegar fogo. Eu tentei respirar fundo, mas só conseguia fazer isso, pela boca. Nunca em toda a minha vida, eu havia corrido tanto.

— Droga. Não sei se vou aguentar. — Olívia disse sem ar.

O treinador, pediu que, para início, deveríamos dar cinco voltas na pista. Eu não pensei que cinco voltas, seria o suficiente para me fazer querer desabar no chão. Eu estava aqui, somente pelos pontos. Mas estava começando a cogitar a ideia, de desistir.

Eu bebi a água quente da minha garrafa. Aquilo não era o suficiente para dar fim a minha sede, mas eu estava cansada demais para buscar água fresca.

— Acho que deveríamos ter ido, para a natação. — Hilary sentou- se no chão.

— Eu não sei nadar. — disse sem fôlego.

— Ou para as líderes de torcida! — Olívia respondeu.

— Ei, vocês! Não sejam tão fracas. Quero as três percorrendo por essa arena. — o treinador gritou.

Sinceramente, ouvir isso me deu nos nervos. Tudo pelos meus pontos. Eu vou aguentar.

Nos reerguemos e senti minhas pernas falharem. Quando estávamos prestes a sair, eu ouvi meu nome sendo chamado. Hilary fez questão de demonstrar seu olhar de desprezo ao olhar para Andrew Meyer. Eu poderia fazer isso também, se não estivesse surpresa em ver que ele estava vindo falar comigo.

— Eu posso conversar com você?

— Não? — Hilary respondeu por mim. — Acho melhor você ir embora.

— Eu não vim falar com você Hilary. — ele disse.

Eu não sabia bem o que fazer, só por isso disse:

— O que quer falar comigo?

— É que é um assunto em particular. — respondeu com as mãos nos bolsos. — Será que podíamos ficar sozinhos?

Na minha cabeça, eu deveria dizer: NÃO. Mas minha curiosidade estava a mil. O que Andrew Meyer quer comigo? Isso com certeza é impressionante.

— Está bem. — eu disse e olhei para Hilary e Olívia.

— Tanto faz. Depois ela vai me contar mesmo. — Hilary disse antes de sair.

— O que quer? — eu perguntei.

— Então, primeiramente, gostaria de pedir desculpas.

Arregalei os olhos. Ele veio aqui pra isso?

— Não é um pouco tarde para pedir desculpas?

— Eu era só um moleque idiota de treze anos, Scarllet. Eu não sabia o que estava fazendo.

— E eu era só uma garota de doze anos. Eu era nova demais para passar pelo o que passei. — disse sem receio.

— Me perdoe. — ele aproximou- se, e eu recuei.

— Tudo bem. Já passou.

Eu disse isso, mas no fundo, desde o dia que ele havia espalhado aquele boato, de que havia mandando fotos íntimas como pedido de namoro, por toda a escola, eu havia guardado para mim, muitas coisas. Muitas coisas mesmo. Coisas, que eu sonhava em dizer, se um dia tivesse a chance. Acho que agora, estou tendo. Mas apesar das coisas horríveis que sofri, eu não consigo carregar mais mágoas ou rancor.

— Então... você toparia, sair comigo?

Sua pergunta me pegou de surpresa. De fato, eu não sabia o que responder.

— Sair?

— Sim, um encontro. — ele disse.

— Olha Andr-

— Não me dê um fora tão doloroso assim.

— Eu não ia te dar um fora. — disse sem pensar, mas quando falei isso, não quis me referir que aceitaria o seu pedido.

— Então isso é um sim?

— Não. Quer dizer, olha, eu não acho que seria uma boa ideia.

— Por que?

— Porque não. — eu tentei não ser grossa. Na verdade, estava sendo mais que gentil com ele.

Foi então que percebi o olhar dos amigos de Thomas, quando passaram por mim. Lucas, Eric e Brian. Eles encararam por um tempo, depois foram para a direção do campo de futebol.

— Não seja tão má. Olha, hoje vai ter um jogo. Você pode pensar bem, e então você me diz. O que acha?

— Tudo bem. — eu menti. Só disse aquilo, para me livrar dele.

— Ótimo. Nos vemos no jogo. — ele saiu.

Hilary só esperou ele sair, para vir correndo na minha direção.

— Você não irá sair com ele!

— Tem razão, não vou.

— Quem ele pensa que é?

— Deixe isso pra lá. Temos que terminar a corrida.

Ajustei a meia do tênis e bebi de novo, a água quente. Agora, posso dizer que talvez esteja recuperada. Prendi os cabelos em um rabo de cavalo, e após uns instantes, nós avançamos.

Hilary e Olívia, não faziam outra coisa, a não ser comentar sobre a festa de hoje. Motivo: a possível vitória do time da nossa escola. Que original. Talvez eu esteja torcendo para que percam. Seria legal, ver a quebra de expectativas.

THOMAS:

Música alta, luzes coloridas que estrilavam. O time, havia levado mais um troféu. Por muito pouco, por um mero empate, nós conseguimos ganhar. Misturei vodka com tequila, em meu copo. O álcool, parecera começar a perder o efeito em mim. Mas isso não era o suficiente para que eu pudesse parar de ingerir.

Misturei muitas outras bebidas, embora minha esperança tivesse sido destruída, eu ainda ingeria. Talvez se estivesse chapado, pudesse esquecer ela.

— Já está bêbado? — perguntou uma voz imperiosa que vinha da parte posterior a mim.

— Infelizmente, não. — respondi a Brandon.

— Então essa é a sua intenção?

— Você vindo falar comigo? A que devo tanta honra? — fui logo ao ponto. Não sei o que um cara orgulhoso como ele, quer falando comigo.

— Não posso puxar assunto com você? — ele fez uma mistura de bebidas e ingeriu sem medo. Impressionante...

— Não é bem o que você faria. — encostei- me no balcão.

— Eu nunca entendi essa "rixa" que temos Collin. Eu te odeio, mas se quer saber, nós dois temos coisas em comum. — disparou ele.

— E o que temos em comum? — engoli todo o líquido do copo.

— Nós dois gostamos da Scarllet. — ao perceber minha expressão, ele se apressou em terminar. — Quer dizer, eu gosto dela como amigo. E me importo com ela.

De alguma maneira, o encorajamento dele em mencionar o nome dela, é de fato, inquestionável. Logo quando não quero pensar nela. Logo quando tenho que beber, para isso não acontecer.

— No que você quer chegar? — fui direto ao ponto.

— A Scarllet não merece sofrer por você.

Sorri, embora não tivesse gostado do que me foi dito. Apesar de tudo, Brandon é um cara corajoso. Eu aprecio isso nele.

— Eu sei. — admiti.

— Então? Você vai continuar brincando com ela ou vai tomar uma atitude?

Balancei a cabeça para ele, enquanto escolhia uma garrafa para saciar minha sede.

— Se quer saber, Brandon — abri uma delas. — A sua amiguinha, está me ignorando há quatro dias.

— Uau. — murmurou ele, com uma risadinha. — Eu sabia que ele era objetiva, mas não imaginei que chegaria a esse ponto.

— É... ela está me enlouquecendo. Não sei mais o que fazer.

— Você gosta dela? — perguntou sem receio.

— Sou louco por ela. — admiti.

— O que está esperando então? Você gosta dela e ela gosta de você.

— As coisas não funcionam assim.

— É claro que funcionam.

— Não, é complicado... — misturei todas as bebidas do balcão.

— É complicado, porque vocês dois complicam. — ele tomou o copo da minha mão. — Já ao menos se beijaram?

— Não. — Brandon me repreendeu com um olhar. — Quase.

— E o que está esperando? Quer mesmo que ela tome iniciativa de te dizer? Você já ouviu o que queria, quando ela disse que estava apaixonada por você. Agora, faça a sua parte e a beije. — ele deu uma pausa. — Pra um cara que tem experiência com mulheres, você me parece muito fraco.

— Eu não queria beijar ela à força. — me afundei na cadeira ao lado do balcão.

— Eu entendo. Mas ela gosta de você. Acho que não se importaria se você a beijasse.

— Mais alguma coisa? — resmunguei impaciente.

Brandon suspirou e bebeu. Ele bebeu todo o líquido da bebida que havia em meu copo e então colocou no balcão.

— Tem uma coisa que você precisa saber. Vou ser bem direto com você Collin.

— E o que é?

— Eu não sei se tenho certeza.

— Caso você não se lembre, você está me devendo uma coisa. — disse ao me lembrar daquilo.

— Se lembra que pediu para que eu te mostrasse ele pessoalmente?

— Obviamente. — eu peguei de novo o copo e coloquei dessa vez, apenas uma bebida.

— Aquele cara da corrida, que te ofereceu um maço de maconha. Ele é seu amigo?

— Nick? Somos próximos, só isso. — comecei a ingerir. Mal via a hora de ficar chapado.

— Eu procurei o cara, mas ele simplesmente sumiu. Acho que esteve fora da escola por uns dias.

— O que está insinuando?! — parei de beber e o encarei.

— Eu não o reconheci de primeira. Mas acho que você já entendeu o que estou dizendo. É ele.

Me posicionei no balcão. Eu não ia ingerir mais nenhuma merda de bebida. Não agora. Precisava vê- la, mas antes, tinha que resolver. Estava tudo escuro, mas eu iria reconhecer seu rosto.

— Está curtindo a festa Thomy? — ele aproximou- se, tragando um cigarro.

— É claro.

———————

eu sei que é chato terminar o capítulo assim, na melhor parte. mas eu tô MUITO atrasada, deveria ter postado as 23:30 que é o horário que eu sempre posto.

era pra ter todos os acontecimentos completos nesse capítulo, mas aí, tá meio difícil de escrever com a minha mãe aqui do lado e como eu quero detalhar mais, deixei pra terminar de escrever amanhã.

eu não acho que vai demorar muito de sair, pq eu meio que tô com pressa pra terminar logo essa parte. então, não se preocupem. amanhã eu vou arrochar escrevendo.

saiu meio resumido, mas é pq eu tava com pressa por conta do atraso.

boa noite. desculpa a demora🥺🥺

Continue Reading

You'll Also Like

68.2K 4.6K 18
O passado não se dissolveu nas lágrimas de Anastásia Walker, e após dois anos, ela está de volta a Snowdalle. Em seu tempo fora da cidade, a ruiva at...
25.4K 1.1K 12
"Não sabia que poderia sentir prazer com minha dor, ela me fez descobrir um lado meu que eu nem sabia que existia." LAUREN G!P CLASSIFICAÇÃO INDICA...
50.6K 4.6K 8
Após ser expulso do paraíso, James teve que levar a vida como um mortal, tentando a todo custo voltar para o lugar de onde o mandaram embora. Rachel...
2.9K 393 28
Gerard Way sempre fora um bom menino, até perceber que estava deixando sua vida passar sem vivê-la devidamente. Sua mãe, Donna Way, decepcionada com...