With Love, Carl Grimes

By grimeswtf

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Irmã caçula de Daryl e Merle Dixon, Maya teve uma infância e pré- adolescência não muito fácil, por mais que... More

With Love, Carl Grimes
Capítulo 1- Reencontro
Capítulo 3- Fogueira se apagando
Capítulo 4- Detentos
Capítulo 5- Minha realidade (Parte 1)
Capítulo 6- Minha realidade (Parte 2)
Capítulo 7- Não pensei que odiaria te encontrar
Capítulo 8- Encontrando seu caminho de volta
Capítulo 9- Se não deixar seu passado para trás, ele irá te atormentar
Capítulo 10- Agora as coisas são assim
Capítulo 11- Um recomeço
Capítulo 12- Pássaro que não voa
Capítulo 13- Perdendo tudo e mais um pouco
Capítulo 14- Trilhos

Capítulo 2- Se ainda estivermos vivos

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By grimeswtf

Eu acordei com um galo cantando, abri os olhos com dificuldade por conta da luz.

 "Bom dia, bela adormecida" Daryl disse já em pé acertando em seus pulsos a blusa que Hershel havia disponibilizado a ele "Achei que não ia acordar mais" 

 "Quantas horas?" olhei para o relógio na mesa de canto da cama "São seis da madrugada, Daryl" bufei e me deitei novamente cobrindo meu rosto

 "Levanta" ele puxou o lençol de mim "Lava o rosto e vai fazer alguma coisa" começou a dobrar o lençol 

 "Eu vou na cidade com o filho do Rick" ele me olhou novamente "Quer dizer, se a mãe dele deixar"

 "Pouco provável, aquela alí é mãe coruja" ele riu 

 "Enfim, só sei que vou andar com ele hoje. Se não for na cidade, na floresta" me sentei na cama espreguiçando 

 "Cuidado" ele deixou o lençol na cama "Tente não usar a arma perto da fazenda, não queremos problemas" afirmei 

 "E como está sua cintura?" comecei a calçar minhas botas

 "Boa, nem sinto mais" ele apalpou os travesseiros, os arrumando 

 Arrumei o forro da cama deixando tudo organizado, peguei minha bolsa e saí do quarto com Daryl.

 "Bom dia" Maggie estava na cozinha e nos viu pela porta, veio até nós "Como está?" 

 "Bem" Daryl respondeu "Agradeça ao seu pai pela hospitalidade aqui" ela afirmou com a cabeça "Vou ver se precisam de alguma coisa no acampamento, bora Maya"

 "Bom dia, Maggie" sorri e saí com meu irmão

 No acampamento todos já estavam de pé, já estava totalmente claro, o céu limpo. Carl acenou para mim, acenei também enquanto chegava mais perto junto de Daryl.

 "Bom dia, xerife" sorri, meu irmão permanecia ao meu lado

 "Bom dia, Maya" ele sorriu e olhou para Daryl

 "Estou de olho em você, moleque" ele apontou para seus olhos e saiu de perto

 "Não liga" suspirei "Bom, sua mãe deixou?"

 "Sim, mas…" 

 "Carl" ela chamou enquanto se aproximava de nós "Bom dia, Maya" ela tocou em meu ombro "Cuidado, tudo bem? Voltem antes de anoitecer, fiquem atentos, Carl pegou a arma?" ele afirmou "Ótimo, cuida dele, ok?" ela olhou para mim 

 "Cuido sim" ri e olhei para Carl que estava vermelho "Vamos?" 

 "Vamos" ele ajeitou o chapéu "Tchau, mãe"

 "Tchau, Lori" acenei e começamos a andar 

 "Cuidado!" ela gritou, ele se virou e acenou novamente 

 Chegamos na barraca de Daryl onde eu deixei minha mochila de roupa e peguei a com suprimentos.

 "Quero que saiba que não preciso que cuide de mim" ele disse 

 "Tudo bem" segurei o riso

 "É sério" 

 "Ok, xerife! Agora podemos ir" comecei a andar e ele veio atrás 

 Entramos pela floresta e começamos a caminhar para a cidade, admito que estava um silêncio bem desconfortável.

 "Então…" ele cortou o silêncio "Me fale mais de você"

 "Pergunta difícil" sorri "Nunca sei o que falar ao certo quando alguém me pergunta isso"

 "Onde você morava antes disso tudo acontecer?" ele me olha

 "Norte da Geórgia, nas montanhas" respondi 

 "É uma sensação engraçada saber que por tabela estou descobrindo sobre a vida do Daryl pré apocalipse" Carl riu "Ele é muito calado, eu não faço ideia de nada" ri junto 

 "E você? Onde morava?" 

 "King County" 

 "Já tive um amigo de lá" me lembrei "Na verdade ele era da minha escola, morava praticamente do lado, mas aí se mudou para lá" 

 "Qual nome dele? Talvez o conheço" ele sorriu, pareceu gostar de minha animação 

 "Duane, Duane Jones" ele pensou por um instante mas negou "Ele tinha sua idade" 

 "Não, não me lembro de o conhecer" começou a chutar uma pedra no caminho "King County só tinha uma escola, ele devia ser de outra sala" afirmei

 "Não é estranho?" ele me olhou "Digo, lembrar de pessoas que fizeram parte da nossa vida antes de acontecer toda essa merda. Agora não sabemos se estão vivas, e caso estejam, não sabemos onde elas estão" 

 "É… E se pensarmos muito vamos acabar chorando" rimos "Sinto falta da vida de antes"

 "Em partes também sinto" sorri amarelo 

 "Meu Deus! Você é muito trapaceiro, Daryl!" eu gritei rindo.

 "Eu não jogo mais nada com vocês dois!" Merle apagou o cigarro "Puta merda, uma não sabe jogar e o outro rouba na cara dura" 

 "Eu não estou roubando! Vocês só estão falando isso porque não aceitam perder pela terceira vez" 

 Estávamos escutando "Blue Suede Shoes" enquanto Merle e Daryl bebiam e nós jogávamos truco. Uma sexta à noite como qualquer outra. Minhas bochechas chegavam a doer de tanto rir.

 "Cara, você é um cuzão" Merle tomou mais um gole da bebida.

 "Ah! Você que é!" ele jogou as cartas em Merle que riu.

 Escutamos a porta bater e em seguida a voz bêbada de nosso pai chamando por Merle. 

 "Ele voltou?" Daryl sussurrou enquanto levantava.

 "O que você acha? Maya, vai para o seu quarto" Merle também se levantou.

 "Vem, Maya" Daryl me puxou pelo braço até meu quarto "Você não é mais criança, já sabe o que fazer" afirmei "Só saía pela manhã" ele saiu.

 Tranquei minha porta, peguei meu travesseiro e deitei embaixo da cama.

 "Maya?" Carl me chamou "Tá tudo bem? Do nada ficou quieta" 

 "Tá sim" sorri levemente

 Avistamos um bando 'pequeno' de zumbis a noroeste, havia cinco. Carl mirou a arma

 "Não!" sussurrei o puxando para o lado oposto do bando "Ainda estamos perto da área da fazenda, só vamos passar por outro caminho"

 Ele concordou e corremos para longe do bando, felizmente conseguimos afastar sem que eles sentissem nosso cheiro.

 Conseguimos chegar na cidade depois de um tempo. Notei que Carl estava muito preocupado olhando para os lados.

 "Vem" o puxei para uma lojinha de conveniências 

 "O que vamos pegar aqui?" ele começou a olhar as prateleiras 

 "O que for legal" coloquei um óculos escuro e o olhei "Como estou?" fiz uma pose brincando

 "Estilosa" ele riu e pegou outro também colocando "E eu?" ele fez biquinho

 "Ridículo" rimos 

 "Ah é?" ele trocou de óculos para um comum de policial, abaixou um pouco o chapéu e me olhou por cima das lentes "E agora, civi?" 

 "Lindo, xerife" tirei meu óculos e o coloquei no mesmo lugar "Acho que deveria ficar com esse" falei enquanto olhava outra prateleira

 "Não…" ele riu levemente e foi olhar mais para dentro

 Continuei olhando os cadernos que havia lá, sentia falta de desenhar, então peguei um com folhas lisas e um lápis. 

 "Carl, vamos?" o chamei mas ele não respondeu "Carl?" Entrei em uma porta dos fundos da loja "Carl!" 

 Ele pulou atrás de mim e gritou me dando um susto, senti meu coração disparar fortemente. Ele começou a rir.

 "Carl! Puta merda! Que ódio" bati em seu braço, o que fez ele rir mais "Não faz mais isso, é sério" 

 "Foi mal" ele começou a tentar recuperar o ar 

 "Tá" suspirei "Tem uma loja de discos aqui perto, vamos lá?" ele afirma

 Havia dois zumbis na rua, eu matei um e ele o outro. Andamos até a loja de discos, ela estava bem comparada a outras que estavam reviradas. 

 "Van Halen, Nirvana, The Beatles, Elvis Presley…" ele foi passando algumas capas dos discos, o que você quer ouvir? 

 "Qualquer um" eu respondi enquanto olhava os outros discos, mas então tive uma ideia "Espera! Vamos levar ela para alguma casa, aí ficamos por lá"

 "Ótima ideia" ele fechou a vitrola "Vou levar esses vinis aqui, ok?" ele me mostrou os que ele já tinha pegado, afirmei e os peguei de sua mão 

 Carl pegou a vitrola com um pouco de dificuldade, era meio pesada. Andamos até uma casa e entramos, ele a deixou no chão e fomos vasculhar a casa, felizmente não havia nenhum zumbi. Fechamos a porta da frente e subimos com tudo para um quarto no segundo andar.

 Sentei na cama de casal e abri o caderno de desenho enquanto Carl colocava um disco do Elvis Presley na vitrola. Começou a tocar "Good Rockin' Tonight", ele pegou um livro na estante e se deitou na cama 

 "Você desenha?" Carl perguntou 

 "Costumava desenhar" respondi "Bloqueio criativo" 

 "Ah, entendo"

 "Entende? Você é um artista nas horas vagas, xerife?" o olhei sorrindo

 "Que? Ah, não, não!" ele se sentou rapidamente "Não tenho talento, me expressei errado. Quis dizer que sei o que é bloqueio criativo"

 "Entendi" me deitei de barriga para baixo ao lado dele "Mas não fala assim, todos temos um talento. Se você ainda não descobriu, algum dia vai" 

 "Não sei" suspirou

 "Enfim, o que posso desenhar? Me dê uma ideia" preparei o lápis em mão 

 "Eu" ele sorriu se erguendo convencido 

 "Tudo bem" eu ri 

 "Sério? Eu estava brincando, mas…"

 "Agora já foi, Grimes" falei fazendo a estrutura do rosto na primeira folha do caderno

 "Ah… tudo bem! Depois me mostra" afirmei e continuei se desenhar

 Ficamos mais ou menos duas horas em silêncio apenas escutando as músicas do Elvis que passavam na vitrola, às vezes sentia Carl olhando como estava ficando o desenho e com o canto do olho o via sorrindo. 

 "Terminei" soltei o lápis e me sentei o mostrando o desenho 

 "Está lindo" ele se sentou também "Sou eu, claro que ia ficar" ele riu 

 "Convencido" fechei o caderno e o coloquei na bolsa com um pouco de dificuldade "Vamos continuar andando?" 

 "Vamos" ele se levantou, colocou o livro na estante e pegou sua bolsa 

 Saímos da casa voltando a andar por aí. Vi uma oficina aberta e corri até ela, fazendo Carl ir atrás de mim.

 "Carl, olha isso!" o chamei empolgada, era uma moto esportiva preta "Meu Deus…" eu a levantei, a chave estava na ignição 

 "Você sabe pilotar?" ele foi atrás do balcão e pegou um pano, passando pela moto

 "Daryl me ensinou" contei "Vamos levá-la?" o olhei animada 

 "Não chama muita atenção?" ele se sentou 

 "Chama, mas eu sempre quis ter uma" a liguei, o combustível estava no estoque 

 "Vamos levar então" ele se levantou e olhou o combustível "Vamos precisar de gasolina" 

 "Deve ter galões por aqui" deixei a moto em pé e fui aos fundos da oficina, havia cinco por sorte "Carl! Temos que avisar ao grupo!" gritei e ele veio até mim "Não vamos conseguir levar tudo, vamos encher o tanque da moto e voltar para a fazenda agora, assim eles podem vir aqui e buscar ainda hoje" peguei um dos galões e fui até a moto "Preciso de um funil" 

 "Aqui" ele pega um que achou no chão e segura para mim enquanto eu colocava gasolina 

 Subi na moto e a tirei da oficina, Carl saiu e subiu na garupa. 

 "Pronto?" perguntei amarrando meu cabelo "Está segurando?"

 "Sim… na moto" ele respondeu 

 "Tudo bem" ri "Vamos"

 Dei partida na moto e comecei indo devagar, mas assim que chegamos na estrada limpa, acelerei. O vento em meu rosto era maravilhoso 

 "ACELERA MAIS" Carl gritou feliz, acelerei

 Eu e Carl gritamos animados, e começamos a rir. Era bom voltar a ter momentos felizes depois de tanto tempo andando e fugindo sozinha.

 Chegamos na fazenda minutos depois, estacionei perto dos carros e Daryl veio até nós correndo.

 "Cacete, onde achou essa belezinha?" ele analisa a moto

 "Estava em uma oficina na cidade" respondi começando a andar com eles de volta ao grupo

 "Achei que iriam demorar mais" Daryl olhou para Carl "Sei lá, passar o dia na cidade" 

 "Íamos, mas tivemos que voltar para os chamar" Carl falou

 "O que aconteceu?" Lori e Rick chegaram mais perto

 "Achamos cinco galões de gasolina em uma oficina na cidade" Rick sorriu "Agora quatro. Não trouxemos mas voltamos mais cedo para os avisar"

 "Depois do almoço vou com Glenn e Daryl na cidade e buscamos eles" Rick encostou no ombro de Carl "Obrigado, meninos" 

 "Agora venham almoçar" Lori nos chamou

 Nos sentamos e começamos a comer em pratinhos de plástico. Glenn se levantou, mas continuei a prestar atenção nas formigas carregando folhas em uma fila organizada no chão.

 "Tem zumbis no celeiro" ele disse, todos o olharam em silêncio 

 "O que?" Rick se levantou

 Shane largou o prato e foi em direção ao celeiro, todos o seguiram.

 "Mas por que teria zumbis no celeiro?" sussurrei a Carl

 "Coisa boa não é" ele sussurra de volta

  Paramos em frente ao celeiro, Shane olhou na brecha da porta, fazendo com que escutassemos vários zumbis agitados batendo na porta.

"Mas que merda é essa?!" Shane gritou puto "Por que ele coleciona esses bichos?!"

"Shane, calma" Rick tentou controlar a situação "Eu vou falar com o Hershel"

"Eu conversei com o Hershel ontem, ele vê os zumbis como pessoas doentes" Dale explicou calmo

"Calma, ele realmente acha que tem cura para isso" perguntei

"Pelo visto sim" Glenn coçou a cabeça

"Sonhador" arqueei as sobrancelhas

"Dale, você sabia desde ontem, o Glenn sabia desde sabe lá quando, e vocês nos deixaram dormir no meio de uma porra de armadilha feita?!" Shane continuava a gritar

"Shane, eu vou resolver com o Hershel, a fazenda é dele, o celeiro é dele, o terreno todo é dele. Estamos aqui de favor" Rick falou olhando nos olhos de seu parceiro "Vamos respeitar as decisões dele, não queremos voltar para a estrada"

"Isso é suicídio cara, já conseguimos ficar na estrada uma vez, por que não outra?" Shane abaixou a voz um pouco

"Não podemos ir embora, temos que achar a Sophia, Shane" Daryl foi para perto de Rick e Shane

"Você nem sabe se essa garota ainda está viva!" começou a gritar de novo "E estamos arriscando nossas vidas por isso"

"Eu achei a boneca dela ontem" Daryl lembrou Shane

"Isso não é nada!" Shane gritou bem na cara de Daryl, me aproximei já sabendo o que estava prestes de acontecer "Uma pista de qualidade é encontrada dentro de quarenta e oito horas após o desaparecimento!"

"Você não sabe de nada!" Daryl foi para cima dele, eu o segurei enquanto Rick segurava Shane

"Ela está morta! Morta!" Shane gritava tentando se soltar de Rick

"Cala a porra da boca, ou eu te quebro, seu filho da puta!" eu tenteva o segurar com todas minhas forças

"Daryl! Calma!" gritei a ele, que me olhou e soltou seu braço das minhas mãos

"Shane, você não sabe" Rick falou "Temos que ficar"

"Não temos, Rick" Shane insistiu "Você sabe-"

"A Lori está grávida, Shane!" Rick gritou

Todos do grupo olharam para Lori, que por sua vez ficou sem jeito. Shane mudou da água pro vinho, ficou quieto.

"Parabéns, cara" disse e se afastou do grupo

Vi Carl ir falar com a mãe dele, achei melhor deixá-los terem uma conversa a sós. Fui até Carol que estava andando para o acampamento cabisbaixa.

"Carol" a chamei enquanto chegava perto, ela parou e olhou para mim, eu a abracei

Ela ficou sem sem reação por um segundo, mas logo também me abraçou forte, a escutei fungando.

"Sinto muito por essa situação" falei ainda abraçada

"Tudo bem" ela se afastou um pouco e sorriu enquanto limpava as lágrimas

"O que você acha de andarmos pela floresta?" ofereci "Te distrair um pouco"

"Não acho que uma caminhada vai conseguir me distrair disso tudo, Maya" ela disse educadamente "Mas eu aceito, sim"

Sorrimos e demos o braço uma para a outra indo em direção a floresta. Sentamos perto de um lago, a grama estava macia e verde, flores se desabrochando em redor.

"As vezes sinto que... que ela não está mais entre nós" eu a olhei "Deus, é uma coisa horrível de se dizer" ela começou a chorar, eu me deitei em seu ombro a abraçando de lado "As mães sempre sentem, e eu acho que seria melhor... ela não estar mais nesse mundo horrível, está feliz agora"

"Não podemos perder o otimismo, Carol" falei ainda deitada em seu ombro "Não sabemos se ela está... morta. Não temos certeza. Você está pensando assim por pessimismo"

"Estou sendo realista" ela encostou sua cabeça na minha "Tenho que ser" suspirou "Eu não consegui a proteger sua vida toda, por mais que tentasse. Antes da epidemia e depois. Ela era uma menina boa, não merecia nada que passava"

"Tenho certeza que você é uma mãe boa, e ela tem sorte de te ter" falei, permanecermos caladas por um curto tempo

"E sua mãe?" ela mudou de assunto "Chegou a conhecê-la?"

"Cheguei, mas não me lembro dela" levantei minha cabeça, Carol me olhou "Ela morreu quando eu tinha dez meses"

"Sinto muito" Carol disse

"Não sinto falta, nem cheguei a saber como é ter uma" sentia sim

"Quer falar sobre isso?"

"Não tenho o que falar" eu tinha, mas nada que não me fizesse parecer fraca, como Merle dizia

"Saiba que sempre que precisar conversar com alguém, pode falar comigo de agora em diante" ela sorriu para mim

"Obrigada" sorri "Vou lembrar disso" olhei novamente para o lago pensando em um novo assunto para sair daquele "O que você fazia antes do apocalipse? Com que trabalhava?"

"Eu cuidava da casa" eu a olhei "Pois é" ela riu "Meu marido era um imbécil" suspirou

"Que babaca" rimos mas logo voltamos a ficar em silêncio

"E você e o Carl?" ela me olhou com um olhar de malícia

"O que?" eu me deitei na grama

"Quando vocês saíram todos começaram a comentar" ela contou "Vocês dariam um casal bonito"

"Que? Não! Eu acabei de conhecer ele!"

"Tudo bem, não digo agora, mas algum dia"

"Espera sentada" ri

"Espero, mas depois vou falar que te avisei" ela se deitou ao meu lado

Eu e Carol ficamos conversando por horas, me senti confortável junto dela, como se eu pudesse contar com ela pelo resto da nossa vida medíocre.

Quando voltamos para fazenda já estava escurecendo, vi Carl sentado encostado em uma árvore longe do grupo. Fui até onde ele estava, estava mexendo na grama

"Oi, xerife" parei em sua frente "Posso me sentar com você?" pedi permissão antes de acabar infringindo sua privacidade

"Senta aí" ele afirmou sem me olhar

"Como se sente agora que vai ter um irmãozinho, ou irmãzinha?"

"Não sei como me sinto sobre isso" arrancou a grama do solo

"Tenho certeza que vai dar tudo certo" suspirei "A ideia de ter um bebê no meio desse caos, é algo realmente preocupante e faz pensar muito no futuro. Mas não vai ajudar nada se pensarmos negativo, inclusive só vai fazer mal para sua mãe"

"Tem razão" ele continuava sem me olhar

"Como ela está?"

"Preocupada" olhou para frente "Se o bebê chorar em uma hora errada, colocar todos do grupo em risco..."

"Nós damos um jeito" toquei em sua mão, ele me olhou "Tenho certeza que daqui cinco anos iremos olhar para ele, lembrar dessa conversa e rir" ele sorriu

"Estaremos vivos até lá?" ele perguntou sarcástico

"Para de pensar tão negativo, xerife" o dei um empurrãozinho de lado com meu braço

"Estou sendo realista" ele ri "Então, se ano que vem estivermos vivos..."

"E estaremos"

"Você sai comigo?"

"Saimos hoje" ri tentando disfarçar o nervosismo

"Sim, mas falo de um encontro, encontro"

"Tudo bem, só acho que o mundo de hoje não está tão favorável para isso"

"Se estivermos vivos, estará favorável" ele olhou nos fundos dos meus olhos, desviei o olhar

"Maya" Daryl me chamou chegando perto "Acabei de chegar da cidade, vou me deitar" ele avisou

"Tudo bem, logo vou também"

"Não vá muito tarde, e cuidado... a área é afastada, você já sabe" eu peguei a arma em minha cintura "Boa noite, Carl"

"Boa noite" eles se despediram e Daryl saiu

"Onde acha que estaremos daqui um ano?" o olhei "Não vale dizer que estaremos mortos"

"Não, agora isso é daqui uns dois anos... tenho que viver até ter o nosso encontro" nós rimos "Estaremos aqui, na fazenda. Acho aqui um lugar bom, e você?" olhei para o chão

"Não sei" suspirei "Não acho que um lugar pode ser tão seguro por tanto tempo, nos dias de hoje"

"Agora você me deixou nervoso" ele riu meio sem graça

"Não!" ri "Eu posso estar errada, aqui realmente parece um bom lugar" ficamos um tempo calados

"Qual seu maior sonho de carreira?" ele me olha "Digo, qual era?"

"Me tornar veterinária" sorri o olhando "Eu era... quer dizer, eu sou apaixonada em animais" ele sorriu "E o seu?"

"Me tornar policial, igual meu pai" ele olha para Rick encima do trailer junto de Dale "Merda de apocalipse"

"Merda de apocalipse" repeti e rimos "Vou me deitar, Carl" me levantei

"Ah, claro" se levantou "Eu também vou, boa noite"

"Boa noi-" ele beijou minha testa, sorri sentindo borboletas no estômago "Boa noite, xerife"

Comecei a andar até a minha barraca e de Daryl. Carl era um menino legal... e bonito. Lindo na verdade. Eu entrei na barraca, deitei e suspirei

"Boa noite, abelha" Daryl disse de olho fechado me dando um susto

"Boa noite, cabeçudo" tirei minhas botas e deitei novamente "Daryl?"

"Hum?"

"Eu ainda não sei o que aconteceu pro Merle ter saído do grupo" ele abre os olhos "Só estava pensando sobre... sei lá"

"Ele foi um completo imbécil, igual era as vezes, sabe? Quando ele saia do controle e passava dos limites?" afirmei

Daryl me contou a história toda, aceitei a possível morte do nosso irmão mais velho, porém ainda sentindo um peso no coração, tristeza e raiva de tudo o que ele fez. Meu irmão dormiu abraçado comigo, ele sabia que eu estava mal, ele me conhece melhor do que ninguém.

××

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