Daechwita: O Soar da Revoluçã...

winterse0ul

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A jovem nação de Daechwita vivia sob a constante proteção da dinastia Min, um clã formado apenas por alfas lú... Еще

Prólogo.
🏮 01| Palácio Soliui.
🏮 03| Concubino.
🏮 04| Clandestinos.
🏮 05| Rebeldes Mistérios.
🏮 06| Festas.
🏮 07| Desencontros.

🏮 02| Aposentos.

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winterse0ul

Olá pessoal! Tudo bem? Espero que sim! Sei que demorei para trazer mais um capítulo, porém aqui estou, finalmente!
Boa leitura a todes!

#AlfadeSoliui.

👑

Yoongi não estava fazendo nada de novo, embora concordasse que aquela noite deveria ser considerada atípica. Os funcionários do palácio se empenhavam muito para manter as coisas totalmente normais, ou ao menos fazer parecer. O soberano não poderia negar que gostava em partes da organização e resiliência de seus subordinados, contudo seu lado secretamente rebelde e seu espírito livre o faziam adorar ver um pouquinho de caos, ainda mais se esse fosse causado por algo inédito. No caso, o misterioso ômega que havia trazido para dentro de seus muros.

A lua alta no céu indicava que já havia jantado fazia algum tempo. Naquele instante, estava determinado a começar a leitura de mais um livro, apenas com uma fraca lanterna em seu auxílio. Não se sentia confortável com a ideia de alguém do lado de fora saber que ainda estava acordado, até porque, como imperador, uma de suas funções era de se manter saudável pele nação, e isto incluía horários de dormir e acordar extremamente regrados. Entretanto, desde a época em que era só um príncipe, Yoongi gostava de ouvir algumas das fofocas noturnas de seus funcionários mais fiéis.

Estava certo de pensar que a presença do forasteiro agitou as coisas.

Logo no primeiro turno da noite, duas de suas melhores guardas mergulharam em uma conversa secreta sobre o belíssimo ajudante de cozinha que tinha recém chegado, um homem de pele brilhante e voz rouca, um ômega muito diferente do que estavam habituadas a ver pela cidade.

O Min ficou feliz de saber que seu disfarce tinha funcionado, pois não queria levantar suspeitas sobre a chegada do novato. Se quisesse investigar a situação, sigilo era essencial.

Minutos depois, olhava a hora em seu aparelho digital a cada página que lia de seu romance, esperando ansiosamente que uma de suas damas da corte viesse logo a seu encontro. Ele sabia dos possíveis boatos que ocorreriam caso a vissem entrando seus aposentos tarde da noite, e desejava muito que a garota não fosse prejudicada por um motivo tão tolo como aquele.

Yoongi estava impaciente, com o livro fechado sobre uma mesa de apoio e passos incessantes pelo piso de madeira. Porém, não havia nada para fazer com aqueles sentimentos, não estava em condições de pedir que alguém fosse buscá-la.

- Pyeha* - ouviu a voz melodiosa que tanto conhecia do outro lado da porta, falando de maneira formal, o que quase causou uma risada por parte do jovem imperador. - Posso entrar ou vossa alteza já está adormecido?

- Entre, dama Jae! - respondeu com ânimo da mesma forma, cessando seus passos nervosos e parando próximo a entrada do quarto. Arrumou a peruca loira presa a sua cabeça e suas roupas pretas, pensando se deveria ascender mais algumas lâmpadas, a fim de não levantar suspeitas. Yoongi não era um rei que deveria ser considerado como alguém romântico, e todos sabiam disso, mas ainda assim tinha receio por sua amiga de infância.

- Te chamar desse jeito é uma facada no meu orgulho. - A garota falou ao passar pela porta, parando brevemente brevemente para retirar e seus sapatos, indo até a mesa onde o alfa anteriormente lia, sentando-se no lado oposto dele. Desceu seus olhos pela madeira escura e viu o livro, dando uma risada baixa. - Eu sabia que você estaria fazendo algo assim.

- Sou um leitor compulsivo - deu de ombros, retirando os papéis de sua escrivaninha, colocando tudo dentro de uma das gavetas. - Além disso, por algum tipo de milagre eu não tenho que virar a noite assinando e lendo papeladas dos conselheiros.

- Realmente é algo que não acontece todo dia - sorriu para ele. - Já eu tive um dia bastante corrido fazendo aquela tarefinha pra você.

- Desculpe te dar um trabalho desses, mas não confio em mais ninguém pra isso - suspirou. - Então me conte, como foi com ele?

- Ele estava vestindo as roupas de baixo quando cheguei no quarto - disse risonha. - Aparentemente nunca vestiu um hanbok, então não deve ser de uma área muito rica do país. Mencionou o pai algumas vezes e atraiu muitos olhares.

- Ele falou mais alguma coisa? De onde vem?

- Daegu - respondeu um tanto boba, certa de o local se tratava uma província longínqua que somente os monarcas conheciam, imaginando um sol escaldante que dava a Taehyung o tom brilhante de sua pele.

Yoongi por sua vez teve que conter seus olhos que quase se arregalaram ao ouvir seu nome. Desde muito pequeno seus pais lhe tinham induzido a estudar todas as matérias possíveis, para que assim tivesse amplo conhecimento e sabedoria para um dia liderar o povo, por isso tinha se apaixonado pela história de seu país quando fez dez anos, nunca mais largando um livro.

Recordava-se de ter estudado quando mais jovem sobre as antigas províncias, que somente existiam antes do misterioso acidente que dizimou todo o território, sabendo que Daegu era uma delas.

Como alguém poderia vir de um local que já não existia há mais de mil anos? E como ele sabia da existência daquele lugar se somente os membros da família real tinham acesso a esse conhecimento?

Pelo que sabia não existia mais ninguém com aquelas escritura. Portanto, conteve-se e resolveu voltar à brincadeira como se não soubesse de nada.

Estaria atuando mais uma vez.

- Pra você estar sorrindo desse jeito falando, o cara deve ser além de lindo muito galante - gargalhou ao ver sua melhor amiga com as bochechas avermelhadas, enquanto assentiu algumas vezes sem lhe olhar diretamente, mas arregalou os olhos em seguida, olhando o imperador com uma face estranha. O que sempre fazia era focar em outras coisas. - Que foi?

- Você reparou nele! - Jaehyun exclamou animada e abriu um sorriso surpreso, praticamente pulando por cima da mesinha de madeira para o abraçar, fazendo assim os dois caírem no chão do cômodo.

De fato, o alfa lúpus nem precisou atuar mais, apenas aquela constatação foi suficiente para o afastar dos questionamentos em sua cabecinha, porque havia sido pego no pulo em algo em algo que nem ele próprio havia notado até então. Se pegar pensando no ômega bronzeado em momentos vagos foi natural demais.

- N-Não reparei não! Deixe de dizer besteiras! - tentou desviar do assunto após engolir seco, mostrando seu nervosismo por ter sido pego em flagrante descumprindo o protocolo real, e pior ainda, por só ter se dado conta de seus próprios atos só naquele instante.

Teria que pedir a dama Jae que deixasse de ser tão observadora, mesmo que aquela fosse uma de suas características preferidas na jovem mulher.

- Min Yoongi, conheço-te desde que comecei a aprender a escrever e nunca lhe vi dizer elogios a alguém sem que a rainha mãe te obrigasse a fazê-lo! Não tente mentir para mim! - ralhou, dando um tapa em seu ombro e saindo de cima do melhor amigo. Gostavam daquela intimidade que possuíam, mas estavam cientes que ela deveria permanecer implícita a maior parte do tempo. - Além disso, o garoto é praticamente um desconhecido e você só o viu desacordado!

- Ele é atraente para qualquer um que olhá-lo, saeng - explicou em lamento, suspirando em seguida. - Posso até achá-lo bonito, mas não possuo nenhum interesse por ele, e nem poderia. Eu sou o imperador, já basta todos aqueles velhos conselheiros e a rainha mãe me cobrando de arrumar alguém para casar logo! Mais sentimentos só atrapalhariam o andamento das coisas.

- Sabe que como sua amiga eu discordo completamente dessa balela de casamento arranjado, mas como sua gungnyeo* mais fiel, devo alertá-lo de que há muitos pretendentes a altura dentro da corte - desviou do assunto ao ver a reação do melhor amigo, aproximando-se para massagear seus ombros, que como sempre, estavam tensos. - Kim Seokjin, por exemplo, é filho de um nobre e possuí diversos dos atributos necessários, aposto que ele gostaria de estar ao seu lado.

- O Jin não quer se casar comigo. - A olhou, sorrindo amarelo, conhecia a verdade por de trás daquela frase, contudo contar a Jaehyun sobre não fazia parte de seus planos. - Ele dizia aquilo na frente de nossos pais porque era obrigado também. Em nossos momentos privados ele me confessou que havia conhecido uma pessoa, alguém que atraiu todo seu afeto.

Mentiu, descaradamente. Bom, fora treinado para fazer isto com toda facilidade, não é?

- Sinto muito - respondeu desanimada.

- Não sinta! Arrumei mais um amigo e fico satisfeito em saber que ele será feliz! - tentando amenizar a culpa dentro de si e o peso do momento, ele acariciou os cabelos macios da ômega e beijou sua testa com carinho. Um sorriso sapeca brotou em seus lábios finos. - E se tudo der errado, eu mudo as leis e nós dois nos casamos!

- Eca! Jamais me casaria com um sujeito como você! - O empurrou, risonha. - Além do mais eu nem sequer gosto de homens, não rola mesmo!

- Por um momento me esqueci que você gosta de mulheres - disse baixinho, afastando-se e curvando suas costas a noventa graus, como um pedido de desculpas formal.

- Eu não me importo com essas brincadeiras vindas de você - deu de ombros e ergueu o alfa pelos ombros. Ela também não gostava de formalidades. - Mas voltando ao assunto do desconhecido, o nome dele é Kim Taehyung. Bonito, né?

- Sim. Eu já havia me esquecido de perguntar isso - sorriu presunçoso e desviou seu olhar para algum ponto aleatório do cômodo. A dama da corte rapidamente se ergueu, sabendo que algum plano maluco estava sendo elaborado na mente do imperador. - Preciso que prepare uma pequena comitiva.

- Estaria passando dos limites se eu perguntasse o porquê, vossa majestade? - expressou sua curiosidade, falando formalmente após alertar outras gungnyeo através de seu aparelho digital. As guardas e o eunuco poderiam ficar sabendo quando deixassem os aposentos reais.

- Talvez sim - disse. Caminhou até a porta e parou um passo antes de abrir, com as mãos sobre a maçaneta, virou seu rosto para o lado e a olhou por cima do ombro. - Preciso saber mais desse desconhecido. E por favor, guarde o comentário de que estou indo "conferir a mercadoria" para si mesma, sim?

- Pode deixar! - jurando, colocou uma mão sobre a boca e conteve sua vontade de gargalhar.

Quando saíram, notificaram as soldados e o eunuco da saída do imperador. Outras três damas da corte não demoraram a aparecer, segurando lanternas em suas mãos. Organizaram-se rapidamente e assim saíram, rumando a ala leste do palácio interno.

[...]

Taehyung não conseguia deixar uma única palavra escapar por seus lábios. Já havia passado por diversas situações em que se sentiu impedido de reagir pela vergonha, contudo nunca chegou a ser literal. Seu pai era já era um cientista renomado antes mesmo do pequeno Kim nascer, e por isso, o ômega nunca ligou de o acompanhar em compromissos formais e diplomáticos desde sua infância.

Mas, o senhor Kim não estava ali para ajudá-lo a saber como se portar perante um imperador.

Enquanto o desespero tomava conta de seu corpo, tentou pensar em qualquer coisa que o orientasse sobre como agir de forma minimamente decente. Uma lâmpada se acendeu em sua cabeça quando os dramas de época que assistia com seu pai vieram até sua cabeça. Na maior parte do tempo, Taehyung achava todo aquele romance de tirar o fôlego patético, todavia algo neles teria que servir para si em seu momento de maior aflição.

- D-Desculpe, vossa majestade - disse quando seu cérebro processou de vez as informações como um computador velho e lento, ajoelhando-se contra o chão e se curvando profundamente, pedindo por misericórdia por sua demora em entender o que se passava e pelas suas vestes. Tal ato arrancou risadas de praticamente todos os que estavam na comitiva, o que causou estranheza no homem.

- N-Não há necessidade di-disso! - Taehyung jamais ouviu um líder gaguejar em público, porém escondeu todos os sentimentos que o dominavam naquele momento. Depois poderia conversar com Jaehyun, já que ela estava presente. - Não vim aqui para lhe repreender, senhor Kim. Não há com o que se preocupar.

Ao ouvir as palavras, o ômega suspirou em alívio e se ergueu do chão. Limpou os joelhos um pouco sujos, com um questionamento implícito na expressão de sua face. Por que achou que seria preso? Sequer tinha cometido algum delito! Não percebeu de imediato, mas seu nervosismo estava fazendo sua mente criar hipóteses loucas a mil por hora.

- Eu estou aqui apenas para conversarmos um pouco - O imperador explicou, pensando que a dúvida do ômega se tratava daquilo. Ele sorriu fracamente e sussurrou para as damas da corte, ordenando que permanecessem no lugar. Por fim, aproximou-se sozinho. - Afinal de contas, você ainda é um desconhecido praticamente completo, mesmo já estando no palácio a dois dias! Eu não posso arriscar a segurança do meu povo.

- Oh, eu entendo... majestade - respondeu, um pouco desconfortável por saber que representava um risco. Para não demonstrar tal sentimento, buscou entender as desconfianças do homem à sua frente e abriu um sorriso cordial. - Também tenho algumas perguntas para fazer, então acho que seria bom termos uma conversa.

Olhou para o lado discretamente e avistou Jaehyun, que retribuiu seu olhar e sorriu contente em sua direção. Ela ergueu uma das mãos e fez um sinal positivo para o amigo, que não conseguiu evitar suas bochechas ruborizadas.

- Certo. - O imperador disse de forma simples. - Se incomodaria com minha entrada em seus aposentos?

As pessoas que estavam na comitiva não conseguiram conter seus olhares de surpresa pela situação, encarando o ômega desconhecido com uma desconfiança explícita. Porém, Taehyung os ignorou completamente, pois tinha notado que a vontade do imperador era mais importante do que as opiniões alheias.

- Claro que não - abriu um pequeno sorriso, já mais calmo. Aproximou-se da porta e abriu, permitindo que o alfa avançasse para dentro.

Yoongi hesitou um pouco antes de subir. Virou sua cabeça levemente para trás, pensando se deveria pedir para que uma guarda lhe acompanhasse, contudo, o olhar de Jaehyun deixou claro que aquilo não seria bom. Assim, ele suspirou brevemente e caminhou, ouvindo o som de seus sapatos batendo contra a madeira.

- Perdão pela bagunça, eu tinha acabado de sair do banho. Iria arrumar as coisas depois de jantar. - riu em puro nervosismo, catando as coisas jogadas pelo cômodo e as deixando fora de vista. Arrumou as almofadas e sentou-se no sofá, oferecendo um espaço ao seu lado para o lúpus.

"Eu estou sendo muito informal?" Taehyung pensou, sentindo suas mãos suadas.

- Não conhece nada de uma côrte real, suponho eu - Yoongi falou, arqueando uma das sobrancelhas ao se acomodar sobre o estofado, sem conter uma gargalhada por ver o pânico estampado na cara do menor.

Taehyung desviou seus olhos para a televisão ultra tecnológica a sua frente, desconcertado por ter sido motivo de risadas para o imperador. Tentou conter seus próprios sentimentos a todo custo, por puro amor a sua vida sem sentido.

- Você pode chegar mais perto de mim, senhor Kim - disse após se recuperar.

- Certo - obedeceu sem hesitar, tentando se portar de forma respeitosa. Esperava muito que funcionasse. E por favor, pode me chamar apenas pelo meu nome. Sou muito novo para ser tratado por "senhor".

- Tudo bem - respirou profundamente, sorrindo. - Você pode começar com as perguntas, depois eu faço as minhas. Não quero tornar isso um interrogatório.

Taehyung assentiu e pensou por alguns segundos. Havia muitas coisas que gostaria de perguntar, todavia, decidiu que iria usar aquela visita formal para sanar suas maiores dúvidas. Tinha a impressão de que não teria tantas oportunidades de estar na companhia do imperador novamente.

- O que é um ômega? - quis saber de imediato, arrepiando seus pelos. Uma corrente elétrica estranha tomou seu corpo, ao mesmo tempo que uma onda de serotonina* o atingiu em cheio. Yoongi arregalou seus olhos e segurou uma almofadas fofas com força, sem conseguir evitar que seus olhos mudassem de cor, indo para um vermelho vívido e brilhante. - Wow! O que foi isso?!

"Também me pergunto a mesma coisa" O imperador pensou, em pura confusão.

- Não sabe mesmo o que esse termo significa? - perguntou, fugindo das respostas que provavelmente teria que dar sobre o acontecimento anterior. Suspirou quando o menor negou, sem compreender como aquilo era possível. - E um beta, sabe?

- Alfa, beta e ômega. Eu não sei o que significa nenhum deles. - esclareceu baixando o olhar, apertando seus dedos contra a barra de sua blusa. O olhar do imperador diante de suas palavras o constrangeu mais uma vez, certa de que ele agora também o achava estranho.

"Todos me olham como se eu fosse um alien. Talvez eu não devesse ter perguntado."

- Esses três nomes formam a base de nossa organização social. Por isso é muito estranho que você não conheça, mas não há nada de errado com isso, está bem? - falou, tocando brevemente o ombro de Taehyung. Notou que ele aparentava estar incomodado e quis mudar aquela situação de imediato. - Eu posso te explicar tudo sobre isso, então não precisará perguntar a mais ninguém, está bem?

Assentiu em silêncio, voltando a olhá-lo no aguardo.

- Ômegas são as pessoas que têm cheiros mais doces e são responsáveis pelas artes e ciências, entende? Como a Jaehyun, que é uma dama da corte e também conselheira das mulheres da família real. Eles também são conhecidos por possuírem um período chamado de cio que consiste num momento em que o corpo está mais propício a uma gravidez. Isso só acontece em ômegas de corpos biologicamente femininos, ok? - contou, esperando um aceno positivo do menor para continuar. - Além disso, eles podem receber a marca de um alfa, que é uma ligação emocional e neurológica entre dois parceiros amorosos. Acontece através de uma mordida.

- Eu realmente não sei como reagir a isso - pensou alto e riu desacreditado, um pouco aéreo ainda por toda informação que havia adquirido. Tinha visto muitas coisas impensáveis nas assembleias em que ia com seu pai, mas nada chegava aos pés daquilo. - N-Nunca passou pela minha cabeça que algo assim fosse possível!

- Para mim é algo normal, afinal de contas eu cresci no meio disso tudo. Talvez você só não soubesse disso porque cresceu num local muito isolado - acalentou, escondendo sua própria estranheza pelas palavras do ômega. - Posso continuar?

- Uhum.

- Certo. Depois dos ômegas vem os betas. Eles são diferentes dos outros, não tem cio e nem podem ser mercados ou marcar alguém. São mais conhecidos por conseguirem se encaixar em diversas profissões da sociedade e possuírem cheiro bem fraco, alguns deles até nascem sem aroma - disse, admirado pela forma que o Kim lhe olhava, totalmente interessado no assunto. Se ele de fato não soubesse de nada, aprenderia facilmente. - E por último tem os alfas. A maioria compõem a família real, mas eles também podem ser pessoas comuns. Somos conhecidos pelo nosso cheiro forte e uma força física maior que a das outras classes, e também por fazermos a ligação com os ômegas.

Taehyung parou um tempo para analisar a situação em meio ao silêncio, refletindo atentamente sobre cada coisa que fora dita por Yoongi, o que lhe fez chegar a várias conclusões. O cheiro agradável vindo da cozinha não era somente das comidas deliciosas preparadas lá, mas também dos funcionários de todas as classes que habitavam o espaço dia e noite! Moonbyul parecia estar sempre com um perfume forte, carregava coisas pesadas o tempo todo e era mais alta, portanto, se tratava de uma alfa. Jaehyun tinha um aroma leve e delicado assim como suas ações e personalidade, além de sua aptidão nata para moda, a caricatura perfeita de um ômega.

Mas... e eles? Tinham quase a mesma altura, exceto que o físico de Yoongi era mais bem trabalhado do que o seu próprio. O imperador também possuía um cheiro insistente e era o centro do império, o que o forçou a concluir que era um alfa, porém onde ele mesmo se encaixava? Seria um beta? Ou então um alfa? Ficou afundado em seus próprios pensamentos, tentando descobrir.

- No que tanto pensa? - O mais velho perguntou, lhe tirando de seus devaneios.

- Você é parte da família real, o que automaticamente lhe faz um alfa, mas e eu? - questionou, com o rosto franzido. - Eu sou alto e meus traços são marcantes, mas não consigo sentir esse tal cheiro... Onde eu me encaixo, então?!

- És um belíssimo ômega - respondeu de automático, engolindo em seco e olhando para outro canto do quarto quando percebeu o elogio que acompanhou sua frase. Maldita Jaehyun que colocou tais pensamentos em sua cabeça. - Seus traços e sua altura devem se tratar de uma herança genética, mas o aroma não deixa dúvidas.

- Tens certeza disso? Eu ainda não consigo sentir meu próprio cheiro! - falou desconfiado, cruzando os braços sobre o próprio peito.

- Todos os príncipes da família real são lúpus, o que torna nossas características de alfa ainda mais acentuadas, então não tenha dúvidas sobre o que digo - respondeu. - Se precisa de um fato concreto para acreditar, saiba que eu descobri a classe de meus primos enquanto eles ainda estavam em gestação!

- Nossa! Isso é incrível! - ri abobado, imaginando a cena fofa e ao mesmo tempo peculiar como o mais velho tinha descrito. - E a questão do aroma?

- Isso deve acontecer por falta de costume, talvez você só nunca tenha percebido! - respondeu simples. - Tem mais alguma pergunta? - perguntou, demonstrando um interesse real de responder.

- Como eu vim parar no palácio?

Yoongi lambeu seus lábios, pensativo sobre o que deveria contar. A verdade parecia tão fantasiosa que até ele próprio tinha dificuldades em acreditar, quem diria Taehyung, que tinha acabado de entender sobre algo muito complexo, saber sobre aquilo o faria ter um colapso. Mentir, apesar de errado, parecia ser a melhor opção naquele momento. Infelizmente, quase sempre era.

- Guardas te acharam desmaiado em uma estrada mais ao norte, próximo a algumas ruínas que estavam sendo escavadas por arqueólogos do governo - explicou, sentindo suas mãos suadas. Não costumava ficar assim nessas situações, mas se sentia tomado pelo nervosismo.

- Eu... Realmente não me lembro de nada! Não tenho ideia de como fui parar naquela estrada - reclamou consigo mesmo, puxando a barra da blusa em seus dedos para conter sua frustração.

- Qual é a última coisa de que se lembra antes de chegar aqui? - Yoongi perguntou, com uma curiosidade visível.

"Meu deus, o que eu digo?!" Pensou, puxando o ar para seus pulmões com mais força. Não conseguiu esconder seu pânico.

Recordava-se de seu pai dizendo que jamais deveria contar sobre a localização do lugar onde viviam, muito menos sobre o que faziam. Contudo, essas memórias não eram as únicas memórias que possuía, pelo contrário, sabia de muito mais. Pensou rápido, e decidiu que ser vago era boa opção, afinal de contas, ele próprio teria que descobrir a verdade dos acontecimentos depois.

- Lembro-me de ter acordado, tomado café e ter ido dar bom dia para meu pai e os colegas dele, mas eu fazia isso todos os dias... não é algo muito útil - baixou o olhar. - Desculpe.

- Tudo bem, eu compreendo - suspirou, um pouco insatisfeito. - E seu pai? Soube que você o citou algumas vezes, qual é a profissão dele? Talvez isso possa nos ajudar.

- Cientista! - declarou, erguendo sua cabeça e sorrindo orgulhoso. Ele carregava um brilho nos olhos. - Appa trabalhava para uma instituição do governo, mas eu nunca soube ao certo com o que, sabe? Eu só o via trabalhando de longe junto a várias equipes pelo país.

Yoongi o escutou e assentiu. Entendia Taehyung em partes, pois também nutria uma grande admiração por seu pai e sua função durante sua adolescência, entretanto tal sentimento sumiu ao atingir a vida adulta, quando o peso do império passou para seus ombros, ainda em tempo de luto pela morte de seu antecessor.

- Pelo jeito que fala, parece que você deseja seguir pelo mesmo caminho que ele - comentou, tentando afastar a tristeza que quis tomar sua mente ao se recordar de seu próprio passado.

- Sim, eu estava estudando para entrar na faculdade de ciências, pretendia me aprofundar em biotecnologia na medicina - sorriu amarelo, porque ele também parecia abalado? - Como a minha mãe.

Yoongi analisou as expressões do ômega e notou a nostalgia em seu olhar e palavras. Resolveu que seria melhor mudar de assunto, pois não queria que a conversa também se tornasse melancólica. Já lhe bastava seus próprios pensamentos.

- E como foi seu primeiro dia no Palácio Soliui? - perguntou, por essa ser uma de suas maiores preocupações. Sabia bem como alguns funcionários podiam ser um tanto agressivos por se sentirem ameaçados, e não queria que Taehyung fosse maltratado apesar das desconfianças. - Perdoe-me por te colocado para trabalhar na cozinha, mas esse foi o lugar mais seguro que eu achei para te esconder sem levantar boatos.

- Tudo bem, a Moonbyul noona é muito gentil e me deixou cozinhar com ela - sorriu com as lembranças breves e felizes vindas a sua mente, já distraído do assunto que conversavam anteriormente. - Ainda assim, tenho que te dizer que trabalhar na cozinha do palácio não era o maior sonho de minha vida. Nunca fui bom em cozinhar!

- Eu imagino que sim - O imperador deixou uma risada sem graça espaçar, mas se sentia aliviado por o ver já recuperado. - Você quer mudar de cargo? Tenho certeza de que há muito espaço em todas as artes do palácio se assim desejar, porém não posso te garantir nada, afinal de contas está aqui disfarçado.

- Sei disso, então tive uma idéia! - respirou fundo, pensando em como falaria sobre seus reais interesses. - É muito arriscado que me deixe andar por aí nos primeiros dias, mas eu notei que essa área do palácio fica vazia a maior parte do dia, então eu pensei que poderia cuidar das árvores e plantas!

- É realmente uma ótima alternativa! - concordou com um sorriso, tendo em mente o que teria de fazer para que o plano do ômega se concretizasse, contudo resolveu não falar para ele como o faria, já que assim possivelmente receberia uma recusa. - Está bem, amanhã vou pedir para alguns funcionários lhe trazerem o necessário para cuidar do jardim junto a Jaehyun, na hora do café da manhã.

- Certo, muito obrigado, imperador.

- Me chame apenas de Yoongi. Eu também sou muito jovem para ser chamado desse jeito - declarou, lançando uma piscadela divertida na direção do menor.

Trocaram um breve sorriso e deram aquele assunto por encerrado, contudo não demoraram a iniciar outro. Logo conversavam como se fossem amigos de longa data, tomados por amizade jovem que ainda se formava, domando seus corações e deixando seus batimentos calmos como aquele breve momento.

[...]

No dia seguinte, acordaram em tempos diferentes. Yoongi despertou cedo e foi cuidado pelos serviçais, a fim de ter seu café da manhã, levado pelo cansaço de ter voltado do quarto de Taehyung somente de madrugada. Na verdade, o imperador passou horas em claro junto ao ômega, falando sobre assuntos que sequer imaginava que mais alguém além de si conhecesse.

Era uma noite da qual não iria se arrepender.

O imperador não poderia estar mais feliz com seu novo amigo. Sentia-se satisfeito por ser tratado como igual perante a ele, pois lhe fazia acreditar que um dia a igualdade entre as classes poderia existir. Somente imaginar isso o enchia de esperança.

Aquela foi uma das primeiras noites em que não fugiu do palácio com seu disfarce, contudo estava certo de que seu esforço havia valido a pena. Além disso, já estava cansado de ser duplamente perseguido pelos conselheiros e pela guarda real.

De dia, Yoongi era um rei temido por seu povo, de noite, um mercenário sem escrúpulos, como o chamavam. No início cometia crimes pequenos, como roubar algumas moedas de um nobre para dar a um mendigo nas ruas, contudo, depois de iniciar seu reinado tornou-se ainda mais consciente dos problemas existentes em sua nação. Assim, acabou se tornando o criminoso mais procurado da capital, com sua fama de Robin Hood e sua rebeldia explícita contra os nobres.

Soava até engraçado quando parava para pensar.

Agora, estava tomando seu café sentado sobre o trono com um sorriso maroto, aguardando que os anciões ricos da capital chegassem cheios de reclamação graças a mais uma série de delitos cometidos por seus amigos fiéis.

Enquanto isso, Taehyung nem sequer se deu ao trabalho de dormir, pois ficou tentando mexer no aparelho que Yoongi havia lhe entregado na noite passada. Olhou as horas e viu que já estava quase no horário dos utensílios de jardinagem chegarem. Correu para o banheiro e lavou o rosto, vestindo-se apropriadamente para então ficar à espera de Jaehyun na porta de seus aposentos.

Minutos depois, a viu entrando no recinto junto de quatro homens que carregavam uma carroça com todas as coisas que tinha pedido. A dama da corte tinha uma pequena bandeja com comida nas mãos, contudo não havia um sorriso em seus lábios como no dia anterior. O ômega maior estranhou aquilo, mas permaneceu à espera, levantando-se e curvando-se em saudação quando chegaram em frente a sua porta.

- Bom dia! - saudou a todos com animação, porém praticamente foi ignorado pelos homens e pela mais velha.

Jaehyun virou sua cabeça levemente para o lado e lançou um olhar sério para o mais alto dos presentes, fazendo assim com que todos saíssem, os deixando a sós. Caminhou então até o mais novo e somente então abriu um sorrisinho fraco em sua direção.

- Bom dia! - respondeu finalmente, com sua voz calma e gentil de sempre. Seu ato tranquilizou o coração do mais alto. - Perdão pela minha carranca, mas eu preciso agir assim diante deles para ser tratada com respeito, por serem criados, não lhes foram ensinados bom modos, apenas a obedecer seus mestres.

- Tudo bem, eu entendo - suspirou descontente pela informação e a chamou para se sentar ao seu lado, decidindo dividir sua refeição com a gungnyeo. - Desculpe ter feito vocês ficarem a noite toda praticamente ao relento, nós dois perdemos a noção do horário conversando.

- Na verdade, nós todos fomos dispensados pelo eunuco após meia hora! - Ela riu, pegando uma das frutinhas de um pote e levando aos lábios. - Eu e ele conhecemos muito bem o imperador. Depois que ouvimos a risada de vocês, soubemos que a conversa iria longe, por isso, o senhor Choi deixou que fossemos descansar.

- Ah, tudo bem então - sorriu fraquinho, envergonhado, mas feliz por saber que não causou nenhum transtorno aos demais funcionários. - Eu não entendo nada de como funciona a côrte real, sabe? As únicas referências que eu tinha são totalmente infiéis a realidade!

- É normal que seja assim quando não se vive na capital, o que é seu caso - tranquilizou, pegando mais uma frutinha e comendo. Um pequeno aparelho apitou em seu punho, a fazendo se levantar imediatamente, bufando em seguida, com uma expressão de irritação. - A rainha mãe está me chamando para os aposentos dela, eu preciso ir agora, desculpe Taehyung.

- Ah, tudo bem! Vou guardar um pouco para você! - exclamou para ela sorrindo, a vendo correr apressada para longe. Não conseguiu segurar uma gargalhada quando a pobre dama da corte tropeçou em uma pedra no chão.

Terminou de comer e deixou a bandeja de lado. Estava sozinho novamente, observando algumas pessoas passarem ao longe, encarando-o. Tentava acreditar que as coisas estavam dentro da normalidade, entretanto uma vozinha em sua mente dizia que algo soava estranho. Bom, tentaria descobrir, mesmo que o frio em sua barriga o deixasse ansioso.

Não era fácil sobreviver no Soliui Gungjeon.

👑

[N/A]

Sejam bem vindos ao fim do terceiro capítulo de Daechwita, espero que tenham gostado da leitura <3.

Termos usados no capítulo:

Pyeha, imperador.
Gungnyeo, dama da corte.

Tenho boas notícias! Eu criei uma TAG para a fanfic, (em caso de vocês fazerem comentários no twitter, para que eu possa achá-los mais facilmente) #AlfadeSoliui, não se esqueçam de usar, oks?

-

Agora, gostaria de saber suas opiniões!

Qual foi sua parte preferida do capítulo?

Algum personagem específico chamou sua atenção?

Não é obrigatório responder!

-

Bom, já vou indo <3
Vejo vocês no próximo mês!

Com amor, Win!

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𝑹𝒐𝒄𝒊𝒏𝒉𝒂 - 𝑹𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝑱𝒂𝒏𝒆𝒊𝒓𝒐 📍 Leticia, 21 anos, vulgo Sirius, é uma criminosa em ascensão no mundo do crime no Rio de Janeiro. Não s...
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Grego é dono do morro do Vidigal que vê sua vida mudar quando conhece Manuela. Uma única noite faz tudo mudar. ⚠️Todos os créditos pela capa são da t...