All I need is you | BEN HARDY

By hardy_jones

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Ela é uma jovem brasileira que tem uma paixão pela medicina, e ele é um jovem inglês que tem uma paixão por a... More

• P r ó l o g o •
1 - London, here we go!
2 - A new friendship
3 - See you soon
4 - Are you ok?
5 - I missed you
6 - You what?
7 - Here we go again
8 - I have news for you
9 - A busy day
10 - A sleepover
11 - I'm your super hero
12 - Do you wanna meet them?
13 - Now I'm here, Ben
14 - Busy days, but a day off
15 - Surprise, girl!
16 - Bad news and a sleepover
17 - You're beautiful
18 - A night in a pub
19 - I don't wanna hurt you
20 - Surprise for lunch (or not)
21 - Thank God, it's christmas
22 - Happy new year!
23 - Surprise, boy!
24 - Finally our trip
25 - Rockfield Farm
26 - It's a metaphor, Brian!
27 - Can I ask you something?
28 - Now it's true
29 - Didn't you ask for a kiss?
30 - I promise you'll like it
31 - What are these scratches, babe?
32 - You're my girl
33 - It was my fault, Ben
34 - What a fucking woman!
35 - You told me he was your friend!
36 - Brazil, here we go!
37 - I've already won my prize, Millers
38 - A barbecue in family
39 - I'm all yours, Jones
40 - Have you told her?
41 - Love me like you do
42 - How romantic, Jones
43 - Thx for realizing our wish
44 - God knows!
45 - True or not, guys?
46 - How are we gonna call her?
47 - Work day and some stress
48 - F*ck, Singer
49 - I gotta take care of my boy
50 - Babe, I did it!
51 - Don't you trust me?
52 - You're more than just a pretty face
53 - It's satisfactory
54 - It's a kind of magic
55 - Last day of shooting
56 - Bournemouth, here we go!
57 - You're one of us now
58 - Charming prince
59 - You need a help, babe
60 - Tonight is the night
61 - Premiere day
62 - I wanna hang out
63 - Italy, here he goes!
64 - We had an idea, Anna
65 - I'm waiting for you
66 - I'll take you to work
67 - You're anxious, aren't you?
68 - Glad to see you all!
69 - How cute, Benjamin
70 - Promise is debt
71 - Rio, here we go!
72 - You're so... Unpredictable
73 - Do you want me to cry?
74 - I want to break up
75 - I love you so much
76 - I got a surprise to you
77 - Home sweet home
78 - I'm gonna be a star!
79 - Oscars
80 - I feel better with you
81 - Anna, just go
82 - Sunday in Florence
83 - Her birthday
84 - Thank You
85 - You're jealous
86 - F*ck me
87 - You're so good to me

88 - Surprises

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By hardy_jones

~ Anna Miller ~

- E você está sobrevivendo bem por aí? Eu gostaria de voltar para casa depois e encontrá-la inteira, se possível - brinco e ele bufa, fingindo estar bravo.

- A mesma mulher que me elogia quando tomo a iniciativa de fazer receitas muito bem elaboradas, é a que está rindo de mim agora só por eu dizer que estou fazendo almoço - ambos rimos fraco, e eu fitava, sem prestar atenção, o prato à minha frente - Como estão as coisas por aí?

- Agora estão tranquilas. O cara que precisava de mim hoje cedo agora está bem. Os remédios que não faziam efeito tinham componentes que o organismo dele não absorvia, mas agora a gente conseguiu dar a volta por cima e ele estabilizou - ele murmura positivamente, parecendo compreender cada palavra do que eu disse.

Sorri ali sozinha, lembrando de um dia em que eu explicava alguns dos casos que eu e meus colegas estávamos tratando no hospital, com direito a algumas nomenclaturas bem complicadas, até que Ben simplesmente olhasse para mim e soltasse: "Babe, posso não estar entendendo nem metade desse palavreado todo, mas concordo com você".

Lá no início, na época de faculdade, era novidade para mim também.

- Mas ele sabia ou não que sofria de... Hipertensão? O nome é assim, não é? - ri fraco, e ele me acompanhou, sem graça.

Isso só reforçou o que eu recordava daquele outro dia.

- É assim mesmo, babe. Mas pressão alta pode facilitar a sua vida - ele murmura um "Oh... Ok", e eu me recostava na cadeira atrás de mim - Na verdade ele estava tendo os sintomas há algum tempinho, mas nunca imaginou que seria pressão alta e nem mesmo foi atrás de um médico. Conversei com a família e eu disse que houve um pouco de descuido; afinal, se ele ficasse por muito mais tempo sem procurar atendimento, poderia sofrer um AVC... Ou danos nos rins, sei lá... Mas, de agora em diante, ele vai ficar bem, espero - explico, e ele me indicava que estava entendendo.

Pelo menos agora eu havia facilitado para que ele entendesse melhor.

- Que bom, então. Eu disse que seus colegas tem uma chefe incrível, não disse? - sorrio, e ele fez silêncio novamente - Bom... E Julie? Você tem notícias dela?

- Tenho. Ela continua estável, pelo visto. Na próxima semana ela vai fazer outra sessão de quimio... - Ben permaneceu quieto, e por algum motivo que não sei dizer qual é, propus que ele não havia se ligado no que falei - ...Terapia.

- Sim, sim, entendo. Por Deus, por quantas sessões ela já teve que passar na vida? Quanto tempo ela espera entre cada uma? - agora ele estava preocupado, e no mesmo instante eu pude imaginar o semblante do rosto dele enquanto o mesmo esperava pela resposta.

- A cada vinte e um dias, aproximadamente. Não é tão frequentemente quanto parece. Mas durante os últimos anos da vida dela, ela já fez uma boa dose de quimioterapia, sim... - deixo um suspiro escapar, que eu nem sabia que estava guardando, logo depois de terminar minha fala, e suponho que ouvi Ben fazer o mesmo também.

- Bom, continuo mandando energias positivas daqui para ela. Oh, e Frankie também - senti meu coração quentinho, debruçando-me na mesa em minha frente - Não é, Frankie?! Fale com a mamãe! - ele brincava com a cadelinha, e os dois rimos fraco depois que a ouvi latir do outro lado.

Depois disso, um silêncio, de certa forma constrangedor, tomou conta da chamada. Parecia que de um minuto a outro, ficamos sem saber o que falar.

A verdade é que eu ainda estava um pouco sem graça por causa da discussão idiota de hoje de manhã, e pelo jeito que Ben continuou quieto, da mesma forma que eu, pude imaginar que ele também estivesse.

- Bom... - ele começa, mas demora a formular o que diria em seguida - Acho que vou deixar você se concentrar por aí. Por mais que seja sua hora de almoço e você esteja tão livre quanto eu, mas... - deixei uma risada nasalada escapar.

- Tudo bem. Não façam bagunça, vocês dois. Ao fim do dia, ou talvez um pouco antes, dependendo de como estiver por aqui, eu chego em casa. E aí eu e você podemos conversar melhor, ok? - ouço-o suspirar fundo, algo que logo era eu quem fazia.

- Ok. Eu te amo, babe - sorrio feito uma boba ao ouvi-lo me chamar de "babe".

- Te amo, loiro - digo em contrapartida, lembrando do sorrisinho apaixonado que ele tentou esconder quando o chamei do mesmo jeito pela manhã, e eu tinha certeza que aquele mesmo sorrisinho voltava a aparecer agora.

Ligação off

Assim que desliguei o telefone, guardei o aparelho no bolso da minha calça jeans e me foquei no almoço sobre a mesa em minha frente. E enquanto eu bebia um longo gole do meu copo de água, Diana chega e me olha por um breve momento até que eu baixasse o copo de volta, como se perguntasse a ela qual era o problema.

- A senhorita está esperando alguém hoje? - ela semicerra os olhos, sorrindo maliciosamente, e eu rio, negando com a cabeça. Pelo ênfase que ela deu ao pronome, pude ter uma ideia de quem ela se referia.

- Não. Hoje estou esperando dar saudades dele até minha hora de voltar para casa - ela gargalha enquanto se acomodava na cadeira defronte à minha.

- Muito bem. E como estão os preparativos, se é que me entende, futura senhora Jones? É Jones, não é? - concordo com a cabeça, sentindo um friozinho na barriga ao voltar a pensar naquilo a que ela se referia, o que automaticamente me fez olhar de relance para a joia no meu dedo anelar.

Isso já está virando mania.

- Estão sendo feitos aos poucos. E obrigada por me lembrar disso mais uma vez e me deixar nervosa; preciso de uma meditação agora para me acalmar e me concentrar no trabalho depois de novo - ironizo e ela pisca um dos olhos, sapeca, na minha direção.

- Perdão. Mas não posso deixar você esquecer de que tem a sua madrinha favorita para convidar ainda - levo uma das mãos ao rosto, disfarçando para não explodir em risos com a audácia dessa mulher.

- Baixe a bola ou eu reconsidero - ela semicerra os olhos para mim, sendo ela quem precisava se conter para não rir dessa vez.

[...]

- Oh, e doutora... Me perdoe por não ter procurado um médico antes... Não sei porque fui tão bobo em pensar que aqueles sintomas não eram nada - o mesmo homem de antes falava, envergonhado, para mim ao fim do dia, e eu sorrio gentilmente.

- Não se preocupe com isso, senhor Thompson. Houve, sim, um pouco de descuido. Mas não é para mim que você deve pedir desculpas; você ainda teve sorte de vir ao médico antes de acontecer algo pior. Agora você já estabilizou, os remédios estão fazendo efeito... É só continuar com a dosagem diária como eu recomendei, que a pressão vai se manter estável - ele concorda com a cabeça, olhando de relance para a filha, que estava ao lado da cama onde ele se encontrava - E que sirva de alerta, não é verdade? Qualquer sintoma estranho pode significar alguma coisa. Quanto antes puder tratar, mais fácil de resolver. Estamos entendidos?

- Estamos, sim. Obrigado, mais uma vez! A você e aos outros médicos também; foram todos muito profissionais. Admiro essa profissão - sorrio pelo comentário do meu paciente, enquanto ele apertava minha mão, e agradeço com um aceno de cabeça.

- Obrigada, doutora! Vou continuar cobrando meu pai para tomar a medicação sempre bem regrada agora - pisco um dos olhos para a jovem mulher diante de mim, enquanto apertava a mão da mesma também.

- Muito bem. Vou pedir a uma das enfermeiras para que venha auxiliar vocês; como o senhor já está melhor, não vejo porque não te dar alta. Deixamos você em observação pelo tempo suficiente; já está na hora de voltar para casa - eles sorriram como alívio, e internamente eu fazia o mesmo - Eu sei que é um tanto cansativo ficar por muito tempo internado aqui; é um pouco monótono, não é mesmo? - sussurro como se fosse um segredo, e ele ri nervoso.

- Eu nunca diria isso na frente de médico algum, mas pior que é verdade - rio fraco, e em seguida saio do quarto, falando com a enfermeira que já se encontrava ao lado da porta de onde eu saía, e ela adentrou no mesmo para auxiliar o paciente, enquanto eu me dirigia ao balcão daquele andar para preparar a alta.

Uma olhada rápida no relógio de parede do outro lado de onde eu estava, e era um pouco mais de seis da tarde.

Depois de dar alta e me despedir, com educação, do paciente de hoje de manhã, despedi-me também dos colegas que encontrei pelo caminho enquanto saía do vestiário em direção ao elevador para buscar meu carro no estacionamento do subsolo.

Principalmente de Diana, que ainda me olhava sapeca depois do que conversamos na hora do almoço.

- Onde a senhorita vai sem o jaleco? Já está voltando para o Jones? - ela passa por mim no corredor depois de eu acenar para ela, e senti minhas bochechas esquentando quando notei que não fui só eu quem a ouviu.

- Como é? Não quero parecer fofoqueiro, mas eu ouvi o que eu acho que ela disse? - nosso colega, de mesmo sobrenome do meu noivo, simplesmente parou no meio do corredor perto de mim e Diana, e quando olhei para a mesma, ela tinha os olhos arregalados.

Eu não sabia se ria dela ou se me explicava para o homem ali presente.

- Bem, acho que já está na minha hora... - dou uma desculpa qualquer, olhando para a hora marcada na tela de bloqueio do meu celular - Diana, você poderia explicar esse pequeno desentendimento ao nosso colega? Parece que ele entendeu algo errado... - digo com discrição, e pelo canto do olho, pude ver Will se contendo ao máximo para não rir.

Mal dei tempo a Diana para me responder, logo me desviando dela e olhando uma última vez ao nosso colega, que riu com gosto por eu ter deixado minha amiga sem saber o que dizer.

Provavelmente ela iria lembrar disso amanhã novamente. Ela é um pouquinho rancorosa.

Agora eu tinha a intenção de chegar o mais rápido que pudesse ao estacionamento no subsolo, sair pela rua e chegar em casa. E pensando nisso, do mesmo jeito parecia que ainda iria demorar uma eternidade.

Depois de chegar ao meu carro e embocar para dentro, suspirei fundo antes de deixar minhas coisas no banco do carona ao meu lado e dar a partida.

Alguns minutos depois, parada em um semáforo que era relativamente demorado, ajeito o espelho retrovisor em puro sinal de distração, e me deparo com a correntinha que eu usava no pescoço.

O que automaticamente fez-me lembrar de uma pessoa, e, com um sorriso pequeno no rosto, decidi que faria uma última coisa antes de voltar para casa.

É até irônico se eu comparar com a minha pressa de antes em querer chegar em casa.

Mas eu precisava fazer a mesma coisa que Ben já fez depois de uma discussão nossa.

[...]

~ Ben Hardy ~

- Novidades? - repito, com o cenho franzido enquanto me sentava à bancada - Continue.

- Bom, seu último projeto, 6 Undergound, da Netflix, pretende fazer sucesso quando lançar, no fim desse ano. Inclusive, quando possível, vou conseguir informações sobre data de estreia, eventos de lançamento e coisas do gênero - concordo com a cabeça ao mesmo tempo que murmurava positivamente - Mas, para mais adiante, apareceram algumas oportunidades para você que eu imagino que não seria bom desperdiçar...

Arregalo os olhos, com as sobrancelhas erguidas e um sorriso prestes a aparecer.

- Que ótima notícia! - reajo e ele afirma - Bom, e o que eu preciso saber sobre esses novos projetos? Você já sabe de alguma coisa?

- Claro. Tenho, sim, algumas informações. Mas nada muito relevante ainda. São dois projetos com estreias datadas para o ano no que vem, ou no máximo 2021. Depende do quanto antes os planos começarem a sair do papel. O interessante é que um dos projetos é para a Prime Video, uma plataforma com basicamente o mesmo intuito da Netflix - murmuro positivamente, compreendendo cada palavra - Seria muito bom ganhar mais reconhecimento em plataformas digitais diferentes, e é aí que eu quero chegar com "não seria bom desperdiçar".

- Sim, entendo - rio fraco, um pouco nervoso com a possibilidade, e ele gargalha.

Era muita informação para absorver ao mesmo tempo: dois projetos novos?!

Até olhei para o relógio no canto da tela do meu celular para saber se Anna voltaria logo para casa; eu precisava contar a novidade. Pelo menos a ela.

- E então? O que me diz? - ele pergunta e eu sorria ali sozinho.

- Seria ótimo! Você já teria alguma ideia sobre roteiros, elenco e tudo o mais? - ele suspira fundo.

- Bem, esse é o outro ponto em que eu gostaria de chegar... Estivemos conversando aqui com a sua equipe e, se for melhor para você, poderíamos marcar uma reunião daqui a alguns dias quando eu tiver toda informação inicial para te passar, e também sobre audições, para você começar a se preparar para o trabalho novamente, se tudo der certo - comemoro silenciosamente com um Yes!, e Frankie me olhava, alegre mas sem saber o porquê, enquanto eu comemorava ali sozinho - O que acha? - acordo do transe e me sento novamente, como se ele tivesse me pego no flagra.

- Oh, sim. Claro! Muito obrigado, mais uma vez! - ele dizia não haver problema, e é quando uma pergunta surge na minha mente - Bem... Eu só queria saber uma coisa...

- Sem problemas, Ben. O que seria?

- Se eu pretender contar à Anna que surgiram outros projetos...? Claro que ela é minha noiva, então não teria motivos para eu esconder algo dela... Mas... - ele gargalha, e eu coço a nuca, sem graça.

- Mas é claro! Não há incômodo em você contar tudo pra ela sobre filmes novos; como você mesmo disse, ela é sua noiva, não precisa ser privada da novidade - sorrio, voltando a imaginar qual seria a reação dela ao ouvir o que eu tinha para contar - Desde que ela mantenha em segredo o que deve ser mantido em sigilo até a hora certa... Pode dar até o roteiro para ela ler! - ele brinca e eu rio, me sentindo aos poucos cada vez mais empolgado pela notícia, se é que isso podia ser possível.

- Muito bem! Novamente, obrigado. E continue me informando quando possível, Tyler. Principalmente quando pudermos marcar essa reunião - ele murmura em concordância.

- Com certeza. Eu é que agradeço, Ben. Continuamos em contato. Abraços para vocês dois!

- Igualmente para a galera!

Ligação off

Deixo o telefone em cima da mesa, em completo estado de choque.

A boca entreaberta era um sinal de que eu ainda não tinha me ligado do que acabei de ouvir.

Olho para Frankie, que estava sentada no chão ao meu lado, parecendo aguardar pelo que eu diria e para saber porque eu estava tão contente. 

Ela se animou ainda mais quando levei a mão à boca, pensando novamente.

- Frankie... Papai vai voltar e com dois projetos novos! - anuncio à pequena e a pego no colo, enchendo o topo de sua cabeça de beijos, e ela se remexia ansiosa nos meus braços - Logo a sua mãe vai poder dizer que o marido dela tem dois empregos - rio sozinho com meu comentário, apenas imaginando qual seria a reação da minha noiva.

[...]

Durante o dia todo, a notícia que recebi hoje pelo telefone continuou pipocando na minha cabeça, e eu me sentia cada vez pior por saber que precisaria esperar a tarde toda antes de ver minha noiva para contar isso a alguém.

Quero dizer, a alguém além de Frankie, é claro.

Ao fim da tarde, por volta das quatro, quase cinco horas, eu resolvi embarcar no meu carro e ficar um pouco de bobeira pela cidade, algo que me fez sentir como um tradicional turista daqueles que se vê a quilômetros e já é possível de saber que sim, é um turista.

Exageros e brincadeiras a parte, Frankie, inclusive, gostou de perceber que após eu estacionar ao lado de um meio-fio, não era para levá-la ao petshop, mas sim para me acompanhar enquanto caminhávamos na calçada, simplesmente observando as vitrines e janelas das lojas e cafés pelos quais passávamos à frente.

Me senti um pouco sem graça quando comecei a notar que alguns olhares ocasionalmente se voltavam para mim enquanto eu estava distraído com a cadelinha que trotava tranquilamente a minha frente, e não precisei pensar duas vezes quando me deparei com a vitrine da livraria e café que Anna e eu viemos há algum tempo.

Gosto muito de levá-la ao tal lugar: além do brilho nos olhos dela enquanto admira as estantes repletas de livros dos mais variados possíveis, foi onde a levei em uma espécie de "primeiro encontro", na época em que mal havíamos começado a namorar.

E acho que esse é um motivo que também faz com que ela goste tanto assim do estabelecimento...

Eu sustentava uma beagle curiosa no colo enquanto corria os olhos pelas lombadas coloridas nas prateleiras de estantes que aparentavam ser quilométricas naqueles corredores repletos de um silêncio que era até bom e confortável; a única voz que eu ouvia, era a da minha cabeça, registrando muito rapidamente alguns dos títulos que me chamavam atenção.

- O que foi, Frankie? - converso com a cadelinha ao notar que ela parecia se alongar no meu colo, a fim de cheirar melhor tudo aquilo que nós dois observávamos, o que me fez rir baixinho.

Particularmente, não havia nenhum livro em específico que eu quisesse naquele presente momento, ideia que talvez mudasse de perspectiva caso eu me deparasse com algum que outro comic-book da Marvel, por exemplo.

Ou com algum livro de suspense ou ficção, que me chamasse a atenção.

Sarcasmo a parte...

Como sou acostumado a fazer quando venho aqui com a minha noiva, me dirigi quase inconscientemente ao corredor intitulado "Romance", e contive um sorriso ao ter um vislumbre na minha mente de Anna percorrendo os dedos por aqueles títulos e sorrindo feito boba para eles assim como para mim, como se estivesse prestes a levar todos para casa.

Entendo esse desejo dela, e muitas vezes me pergunto porque ainda não fiz o mesmo.

Tirei da prateleira um exemplar do clássico Orgulho e Preconceito, e senti uma pitada de remorso por saber que era um clássico e eu ainda não ter me dado ao trabalho de ler; lembrei até de um filme que vi junto da minha noiva, em que os personagens estavam conversando sobre a tal obra, e que naquele momento eu havia mentalizado que um dia eu me colocaria para ler o tal livro.

Pelo visto, parece que isso não aconteceu. Nem mesmo com Anna; quando perguntei se o livro era bom, imaginando que ela conhecia (afinal livros são um ponto muito fraco dela), ela me olhou, sorrindo envergonhada ao que dava de ombros, e os dois gargalhamos com isso.

Assim que voltei a observar os incontáveis livros em minha frente, me perguntei, duvidando um pouco de mim mesmo, se minha mente havia registrado o título A Geografia de Nós Dois.

Frankie agora estava ocupada com a tarefa de cheirar, curiosa, o clássico que eu ainda segurava, ao mesmo tempo que eu varria novamente com o olhar a grande estante, de cima a baixo, até que o encontrei.

Puxei aquele livro com cuidado, da autoria de Jennifer E. Smith, que levava o nome de A Geografia de Nós Dois, e admirei a capa por um momento, prevendo que aquele era exatamente o tipo de livro de romance que deixaria minha noiva boba por algumas semanas e falando sobre ele até mesmo com as paredes.

Não é exagero; isso já aconteceu de verdade.

E eu e a cadelinha em meu colo éramos a prova viva disso.

- O que você acha? - pergunto à beagle, mas ela estava distraída demais com Orgulho e Preconceito - Ei, mamífero - ela me olha, e eu mostro o segundo livro que havia tirado da prateleira - Será que sua mãe iria gostar de algo assim? Um romance desse é a cara dela, não é? - ela cheirava a capa do exemplar, e olha para mim, abanando o rabinho como se apoiasse minha decisão, e eu beijo o topo de sua cabeça, bobo com a fofura da minha filha.

Também sorri; ao mesmo tempo que imaginava se ela ia gostar ou não, também me achava um sem-vergonha pela coincidência de cogitar comprar um "presente" no mesmo dia em que "retrucamos" um bocado de manhã, e do mesmo jeito fui embora com aqueles dois livros.

Não parecia, mas quando olhei no relógio em meu pulso esquerdo e pela janela para o sol lá fora, que começava a se pôr, me dei conta de que passei um tempo considerável naquele lugar, e decidi que já estava na hora de voltar para casa.

Claro que não sem antes, naturalmente, eu acabar providenciando um jantar um pouco diferente para hoje (que não passava de chicken and chips o suficiente para duas pessoas).

Quando cheguei à nossa casa em Westminster e guardei meu carro na garagem, saí do mesmo adentrando pela porta na sala de jantar com uma cadelinha, agora com fome, no guia e algumas sacolas na outra mão.

Me livrei do que segurava e soltei Frankie, que não se deu o trabalho de correr pela casa: ela preferiu esperar pelo seu jantar.

- Acalme-se... Eu não vou me esquecer de você - rio enquanto a cadelinha seguia cada um dos meus passos, parecendo me obrigar a não esquecer que ela queria comida - Frankie! Senta - ela obedece, e no momento em que eu tirava meus sapatos ao lado da porta da frente, ouvi movimentação do lado de fora e, pela janela, vejo que o portão que eu havia acabado de fechar abria-se novamente, a fim de deixar minha noiva entrar no pátio para guardar o próprio carro na garagem.

A beagle deixou a ideia do jantar de lado por um segundo, o que me fez rir por saber que ela estava me "encurralando" há menos de cinco segundos, e foi até a porta pela qual passamos há alguns minutos, e abanava o rabo com empolgação enquanto aguardava Anna.

Distraído pensando na cena que eu veria quando aquela porta finalmente fosse aberta, olho distraído para a bancada e vou apressado em direção à mesma, onde eu havia deixado as duas sacolas que trouxe da minha ida ao centro da cidade e corri esconder, em meio às almofadas dos sofá mesmo, aquela que continha os livros, e depois corri novamente à bancada, pretendendo fingir que estava atrás dela esse tempo todo.

Por ter tirado os sapatos, quase escorreguei no meio do caminho, isso pelo fato de ainda estar usando pelo menos as meias, o que fez eu quase me arrepender da ideia.

Meu olhar é involuntariamente obrigado a se voltar para a mulher que abria a porta em que se postava, ansiosamente, uma pequena beagle, e observo o reencontro das duas, com o coração levemente acelerado por dentro da camiseta que eu vestia.

- Como vocês se comportaram, meu amor? Vocês brincaram muito? - sorri sem mal perceber, e posso sentir que, pelo canto do olho, Miller percebeu - Minha menininha... Senti saudades!

Anna brinca mais um pouco com Frankie e logo a deixa no chão, e enfim seu olhar sobe até se encontrar com o meu. Ela abre um sorriso singelo, e eu, um sorriso bobo.

Observo as pequenas olheiras sob seus olhos, que ela não conseguiu esconder tão bem com a maquiagem que fez pela manhã; o semblante cansado no rosto que, mesmo assim, estava aliviado por voltar para casa ao fim de um longo dia de trabalho; os cabelos que, no momento em que ela saiu, estavam soltos, agora estavam enrolados em um coque mal feito, mas que ainda a deixava incrivelmente linda, de um jeito ou de outro.

Contorno a bancada que se via na minha frente, e vou até ela, que deixou sua bolsa em cima da mesma bancada logo ali do lado.

- Oi... Senti falta de você também, bonitão... - ela solta, carinhosa, e abro meus braços para ela ao mesmo tempo que ela abre os dela para mim.

- Não me chame assim. Ou algumas borboletas vão acordar no meu estômago - retruco, segurando-a contra mim ao entrelaçar meus braços em sua cintura. Senti meu pescoço sendo apaixonadamente envolto num abraço morno e que tranquilizava cada parte de mim, e que pelo visto a tranquilizava também: senti um suspiro fundo atingir meu pescoço, que me fez sentir cócegas.

Levei minhas mãos à cintura da minha noiva, e ela recuou não mais do que o suficiente para poder me encarar, ainda com os braços ao meu redor.

- Como foi o seu dia? - pergunto e ela sorri novamente.

- Foi bem cansativo... Tive muito o que fazer hoje: muita gente para conversar, muito caso complicado para pensar... Mas, de qualquer jeito, foi bom - sorrio e ela se aproxima, me incentivando a encostar minha testa na dela - E o seu dia? Como foi? - Miller questiona num sussurro, e eu mordo o lábio, tentando evitar um sorriso e falhando com sucesso.

- Bom também. Saí um pouco; fui até o centro. Com Frankie. E também lutei para dobrar um lençol de elástico - ela ri, e meus ouvidos agradeciam por ouvirem aquele som bonito.

- Não adianta, Benjamin: pelo visto, sou a única nessa casa que tem o dom para isso - foi a minha vez de rir, acompanhando-a.

- Mas você tem mais dons, sabia? - nos silenciamos novamente, e ela me olhava com curiosidade, negando com a cabeça - Sabia, sim... Mas tem um que é o principal, babe: você sabe exatamente o que fazer para me deixar na palma da sua mão.

- E isso é uma coisa boa, meu amor? - ela aproxima a própria testa da minha de novo, e eu seguro seu queixo com as pontas dos dedos.

- Essa pergunta é muito óbvia pra eu me dar o trabalho de responder - mal tenho tempo de sorrir para minha noiva quando ela me beija, finalmente, e foi impossível não me derreter com o carinho que ganhei nos cabelos de trás da minha cabeça ao mesmo tempo em que eu a beijava.

Desci minhas mãos cada vez mais pela cintura dela, aos poucos, um frio na minha barriga quando notei Anna sorrindo por entre o beijo, não muito tempo depois de ganhar passagem pela minha boca com a própria língua.

Recuei com um selinho demorado, e ela sorria quando envolveu os braços ao meu redor de novo, brevemente.

Cristo, a melhor maneira de encerrar o meu dia...

- Por acaso você acabou de chegar? - concordo com a cabeça diante da pergunta, e logo em seguida ela sorri e pega minha mão - Então venha cá! Acho que esperei o dia todo por isso - ambos sorrindo, rapidamente ela me guia até o andar de cima, em direção ao banheiro.

Fecho a porta assim que entro, logo depois dela, que desabotoava a calça jeans e a baixava pelas pernas. Me apoiei no batente atrás de mim e continuei observando-a, até que só restasse a lingerie azul de hoje de manhã no corpo da mulher que eu amo.

- Caralho, como ela consegue ser tão perfeita? - só me dou conta do que deixei escapar quando ela olha na minha direção, assimilando se ouviu o que ouviu, com as bochechas levemente mais rosadas do que o normal.

Foi quando ela sorriu, pretensiosa, e eu engoli em seco.

- Agradeço o elogio - ela diz e suas mãos chegam à barra da minha camiseta - Só me pergunto o porquê você ainda não tirou a roupa - rio fraco, e no mesmo instante ela puxa para cima a peça que eu vestia, me obrigando a erguer os braços para poder se livrar dela.

- E me distrair de olhar pra você? Nunca - os dois sorrimos quando ela se aproximou pra me beijar outra vez, com suas mãos carinhosamente moldando meu rosto ao mesmo tempo que eu desabotoava a minha calça.

[...]

- Benjamin, estou com fome!

- Eu sei! A culpa não é minha se me distraíram da comida ao me arrastarem até o banheiro! - retruco brincalhão e ela revira os olhos, sorrindo - Mas não vai demorar. E espero que ainda goste de chicken and chips; foi o que planejei... Tudo bem?

- Oh, claro! Versões de clássicos da Inglaterra que amamos... - sorrio, finalmente retirando nosso jantar do forno depois de mais uns minutos, já que havia esfriado com a decisão repentina de tomarmos banho antes de qualquer outra coisa.

E já venho esclarecer que não ocorreu nada explícito, antes de quaisquer conclusões precipitadas.

Frankie também já havia comido seu jantar, afinal ela estava contando os minutos para isso, então estava cochilando há um bom tempo na cama dela.

Me sento à bancada, onde já estava nossa comida, e Anna se levanta, contornando o móvel e indo em direção à geladeira, e é claro que não perdi minha oportunidade de desferir um tapa como de costume na bunda dela.

Não tenho culpa se isso vicia.

- Se eu disser que não gosto quando você faz isso, eu estaria mentindo - ela comenta com ironia, e eu me viro de modo que pudesse vê-la - O que você gostaria de beber? Suco, água... Algo com álcool...? - ela arqueia as sobrancelhas, sugestiva e repetidamente, e eu dou de ombros.

- O que você quiser, meu amor - sorrimos, e vejo-a buscar pela jarra de suco que eu havia feito hoje, no horário do meio-dia, o que me deixou curioso - Pensei que quisesse álcool...

- Claro que quero. Mas podemos fazer isso depois. A adega vai continuar ali, não se preocupe - ela sinaliza para a mesma na sala de jantar, e eu dou de ombros novamente.

Jantamos em silêncio num primeiro momento, apenas nos entreolhando, até que em certo ponto eu decidi contar de uma vez por todas a novidade que eu havia recebido hoje. Expliquei que não tinha nada certo ainda e que eu teria uma reunião em breve, para saber sobre audições e tudo o mais caso eu consiga os papéis, e ela me ouvia num silêncio que agora me parecia anormal.

Algo que me deixava nervoso, principalmente quando ela levou as mãos à boca e sorriu; este último pude prever apenas pelos seus olhos.

- O que você acha? Não é legal?! - pergunto, sorrindo empolgado, e ela deixa de lado o que comia e levanta rapidamente, vindo na minha direção e gesticulando com as mãos para que eu me levantasse também, e eu obedeci, rindo.

Anna vem até mim e pula em meu colo, o que me pegou de surpresa de certa forma, e cambaleei levemente para trás, passando a envolvê-la firmemente em meus braços e escondendo meu rosto contra ela, do mesmo jeito que ela fazia em meu pescoço.

Senti um nó na garganta que me dava vontade de chorar, automaticamente marejando meus olhos, quando ela soluçou baixinho rente ao meu ouvido.

- Babe, isso é incrível... Você tem ideia do quanto eu tenho orgulho do seu sucesso? - ela sussurra, ainda escondida em meu pescoço, enquanto eu deslizava uma das mãos em suas costas por cima da (minha) camiseta que ela vestia.

- Obrigado por isso... Obrigado - minha voz embargou antes mesmo de eu terminar de agradecer, e logo os dois estávamos rindo baixinho, com a voz ainda mais embargada.

- A cada dia você me prova mais daquilo que te disse. Você lembra, Benny? - ela recua para me encarar, e eu a deixo sentada na outra extremidade da bancada, contrária a que estava nosso jantar, e eu sorrio em resposta - Você merece o mundo, meu amor. Você merece o mundo - ao ouvir isso, senti ainda mais vontade de chorar, e sem saber se qualquer coisa que eu dissesse seria suficiente para conseguir agradecer a essa mulher, fiz algo que era mais fácil: eu a beijei.

Ela retribuía como se dissesse que estava tão feliz quanto eu com uma notícia simples dessas; um beijo lento, apaixonado. Um beijo sincero, carinhoso, e eu não me sentia em outro lugar que não fosse em casa.

E não estou me referindo ao imóvel em que ambos estávamos nesse momento.

Sorrio como um bobo entre a sintonia dos lábios dela pressionados nos meus, meu coração pulando uma batida ao ouvir o gemido baixinho que ela deixou escapar quando minhas mãos trilharam suas pernas nuas e abraçaram seus quadris contra os meus.

Quanto mais perto de mim ela fica durante o beijo, mais eu gosto.

Ela finaliza com um selinho seguido de vários outros, e eu não pude conter um sorriso nesse meio tempo, até que ela recuasse e enxugasse as lágrimas de alegria pelo meu rosto, comigo ainda abraçado a ela.

- Benny, você se importa se eu subir para buscar uma coisa? - limpo suas lágrimas com o polegar, e mesmo confuso, concordo com a cabeça, ajudando-a a descer da bancada e dando espaço para ela passar.

Corri à sala quando ela saiu do meu campo de visão e peguei de volta os livros, tirando-os da sacola e deixando-os um sobre o outro, no exato lugar em que ela estava sentada há poucos segundos, e me postei diante deles, fingindo ter esperado por ela ali o tempo todo.

Ela aparece novamente com as mãos atrás das costas, sorrindo de orelha a orelha assim como eu.

- De costas - ela ordena, e eu levanto as sobrancelhas, pensando em algumas ocasiões um pouco menos inocentes em que eu dizia isso a ela.

- Quem geralmente diz isso sou eu, babe - provoco e ela revira os olhos.

- De costas, Benjamin - ergo as mãos em rendição, sorrindo brincalhão, e obedeço, com cuidado para ela não ver o que eu escondia atrás de mim.

Noto que ela se aproxima silenciosamente, e encaro o nada com curiosidade, sentindo apenas o calor de seu corpo próximo ao meu. Ela deixa uma sacola em cima da bancada também, e quando viro o rosto para espiar o que era, Anna rapidamente traz as mãos ao meu rosto, me fazendo voltar a olhar para a frente, e ambos rimos.

- Feche os olhos - obedeço outra vez, embora indignado com o suspense todo, e sorrio ao sentir beijos mornos em minhas costas, imaginando que ela teria me espiado por um segundo para garantir que eu tivesse fechado os olhos - Lembrei do quanto você viciou em usar, dia e noite, o presente que ganhou de mim no seu aniversário...

- Eu prometi que te carregaria sempre comigo, babe! - brinco e ela ri contra a minha nuca, me fazendo engolir em seco por ser pego de surpresa. Ganhei um beijo ali também, e logo sentia algo metálico e gélido sobre o peito, o que não era difícil de notar após Anna me obrigar a não vestir nada da cintura pra cima depois do banho.

Eu finjo que não, mas gosto muito quando ela faz isso.

- Pode abrir os olhos, gatinho - ela sussurra, e o hálito quente da minha noiva em contato com a minha nuca continuava me deixando mais nervoso do que eu pensava que seria possível.

Obedeço ao pedido e olho para baixo na direção de onde se encontrava o tal material gélido, e descobri que aquela era a sensação de uma correntinha de prata, que Anna colocou ali.

Assim que me virei para ela, meu coração deu uma pirueta no meu peito quando a encarei e em seu rosto havia um sorriso animado, que parecia me perguntar se eu tinha gostado do pequeno presente.

- Babe... Eu gostei muito disso - afirmo, sorrindo feito um bobo, e ela mais ainda. A encaro com curiosidade quando o olhar dela desce um pouco por mim, observando até o ponto do meu peito em que a correntinha se estendia, e me perguntei o que ela estava imaginando quando mordeu o lábio.

Assim que voltou a me olhar e me viu confuso, voltou a sorrir, indireta, e aí eu adivinhei o que ela provavelmente diria.

- Sexy demais - sua resposta tinha uma entonação de quem sabia o que eu estava pensando e que me deixou contente (e um pouco convencido também). Me aproximei dela mais uma vez, levando as mãos à sua cintura, e ela brincava com a correntinha nova que eu usava - Também comprei uma pulseira nova para o seu relógio; você vive reclamando que a original está gasta de tanto que você usa... Já fiz a troca; está lá em cima - sorri, levando uma das mãos ao seu rosto e beijando-a de novo.

- Estou te influenciando. Sou eu quem tem essa mania de comprar alguma coisa depois de uma discussão, Miller... - sussurro em meio ao beijo, e quando recuo para poder vê-la, suas bochechas estavam muito mais vermelhas do que o normal, o que me fez sorrir com malícia - Olha para a bancada atrás de mim, por favor.

Ela o faz, por cima do meu ombro, e quando vê aquilo que anteriormente eu escondia, o sorriso que ela já tinha nos lábios se alargou, de orelha a orelha, e ela volta a olhar para mim ao que eu ria fraco com a reação dela.

- Você precisa parar com essa mania, loiro.

- Mas o que é que eu vou fazer se decidi caminhar pela cidade hoje, - ela se desvencilha de mim, indo de encontro aos dois livros que a esperavam na bancada - acabei na nossa livraria de costume e encontrei um clássico que a gente nunca leu e um romance daqueles que eu sei que você vai ler e falar dele até para as paredes da casa? - ela gargalha e me olha, incrédula.

- Para as paredes? Você não está exagerando, Benny?! - rio, dando de ombros enquanto me sentava ao banco mais próximo a ela para terminar meu jantar e ela folheava os livros, brevemente afundando o rosto no meio das páginas para apreciar o cheiro de livro novo.

Previsível demais.

Eu continuei comendo, distraído, ao que ela lia a sinopse na parte de trás de cada uma das obras que ela observava com cautela naquele momento, com a mão fechada em um punho na frente da boca, talvez tentando esconder um sorriso apaixonado que eu sabia que estava lá.

- Babe, você tem razão: realmente parece ser o tipo de romance que eu gosto - pisco para ela, me gabando por saber disso, e ela ri envergonhada, aproximando-se de mim e mexendo na barra da camiseta, como um aviso silencioso de que queria se sentar em meu colo, e eu dei espaço para ela fazer isso. Seguro sua cintura por baixo da (minha) camiseta enquanto ela se ajeitava sobre mim, sem deixar de me encarar por um único segundo.

O perfume dela tornou-se mais presente ainda do que antes, e aquele cheiro era o meu preferido. Olho-a com sinceridade, e ela sorri, distraída enquanto mexia nos meus cabelos, o que também me deixa na palma da mão dela.

Eu sou tão bobo por essa mulher que às vezes esqueço que costumo ser um pouco mais "durão" no meu normal.

- Quer falar sobre hoje de manhã? - ela pergunta, agora acariciando meu rosto delicadamente com os dedos, e eu sorrio gentilmente, afirmando que sim com a cabeça enquanto acariciava sua cintura.

- Quero dizer que realmente é um erro meu acabar misturando nossas roupas a cada cinco segundos; admito que fui egoísta em não pensar que você pode ter pressa para ir ao hospital e, em cima da hora, não achar suas coisas. Hoje à tarde depois de lutar com o lençol que te falei e dobrar umas outras coisas, dei uma organizada lá em cima. Vou tentar ser um pouco mais organizado nesse quesito - ela sorri, beijando meu rosto.

- Tudo bem. Na verdade eu deveria ter te lembrado dessa hipótese um pouco mais calmamente; não quero que pense que se qualquer coisa tivesse acontecido, seria culpa sua. Acho até divertido que você misture nossas coisas... Mas você se acostumou demais com isso - rio, baixando o rosto sem graça, mas ela me faz olhar para ela novamente - Brincadeiras a parte... Somos noivos, babe, então isso não é um problema. Eu sei que se não achar uma calça numa prateleira minha, provavelmente estará em uma que seja sua. Só preciso descobrir qual - enlaço um pouquinho mais meus braços em sua cintura, deixando-a mais próxima de mim por um momento, e ela me abraça pelo meu pescoço, carinhosa, com uma distância mínima separando meu rosto do dela nesse momento.

- Deixe-me ver: tudo bem termos roupas misturadas, basta apenas não exagerar nessa bagunça para que, em casos de saída de casa de emergência, eu e você possamos nos achar nas próprias coisas - digo em tom de conclusão, e ela recua um pouco, concordando com a cabeça - Ótimo. Combinado? - estendo minha mão direita e ela a aperta com a própria mão direita também; parecíamos fechar um contrato, e de certa forma, realmente estávamos - Caso contrário eu pego minhas roupas que você roubou de volta - sussurro e ela foge do meu colo, brincalhona, e ambos ríamos.

- Benjamin! Isso já é uma medida drástica demais!

__________♡__________

Como eu digo, quem é sumido sempre volta.

Ben Hardy é um safado sem-vergonha que ama dar presente principalmente depois de uma discussão.

Ele tem suas táticas para ser impossível sentir raiva dele, né? a Anna que lute, meu povo (e nós também com a fofura deles).

Estou realmente muito, muito feliz por estar conseguindo voltar aos poucos, e espero que vocês também. Eu já mencionei que senti falta?

Tenho muito reservado para Benna ainda, então vamos seguindo conforme a maré. Vocês já devem estar sentindo saudades de um hotzinho tb né? 🌚 Não digo nada, mas só aguardem porque eu tô planejando um que vai ser meu ingresso pra descer o tobogã.

Quem vem comigo? KKKKKKKKKK

Agora que estou de férias, espero trazer mais de Benna pra vocês. Então desejo um ótimo final de ano pra vocês e que 2023 seja de muita prosperidade!

AMO VOCÊS MEUS HARDIES ♡♡

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