Trocados

By Danna-Channn

19.5K 2.2K 1.4K

Após um pequeno acidente durante a modificação de um de seus jutsus, Tobirama acaba por trocar de corpo com I... More

1
2
3
4
5
6
7
8
10
11
12
13
14
15
16
17
Fim

9

962 124 42
By Danna-Channn

Desculpem o atraso, ele capítulo foi tão complicado de escrever.

Ficou meio chatinho também, mas foi preciso.
_________________________

Seu súbito grito causou um leve sobressalto no Senju ao seu lado, que por pouco não pulou da cadeira como um gato espantado.

- Tobi-nii! Não grita assim do nada! - Exclamou o mais novo, levando uma de suas mãos até o peito. - Mas voltando ao assunto: você se confessou naquele dia. Não se lembra?

Com o coração batendo forte em seu peito, Izuna tentou pensar no que responder. Aquilo era mesmo verdade? Tobirama estava mesmo apaixonado por ele?

Mas... Por quê?

- Não... - respondeu em um tom de voz mais calmo, apesar de estar gritando dúvidas por dentro. - O que mais eu disse naquele dia?

Izuna tinha o total conhecimento de que o que estava fazendo era uma completa invasão de privacidade e totalmente antiético. Mas ele precisava saber...

- Bom... Eu não me lembro de tudo com clareza, você disse um monte de coisas... - o mais novo levou o olhar ao teto brevemente. Provavelmente, como uma tentativa de recordação. - Ah! Você disse que gostava dele já faz algum tempo.

- E-Eu disse? - Izuna perguntou. Seus braços tremiam em antecipação.

Itama se levantou da cadeira e se sentou na cama, ao eu lado.

- Sim. Você disse que gostava de sair em missões com o Izuna; porque ele era engraçado e te ajudava a esquecer das coisas ruins. Você disse que era reconfortante.

Izuna respirou fundo para tentar disfarçar o intenso tremor de suas mãos. Aquilo não fazia sentido; Tobirama sempre o ignorou nas missões, mas...

Mas ele também nunca as recusou.

- Você disse que sempre admirou ele em segredo. Disse que o Izuna tinha um dom especial para entender os outros...

O Uchiha desviou o olhar para o lado, estava extremamente confuso e surpreso. Tobirama realmente achava aquilo dele?

- Disse que ele tem um sorriso lindo...

Dito isso, Itama o encarou com um sorriso de canto. Izuna sentiu suas bochechas queimarem imediatamente.

- Eu... Devia estar muito bêbado naquele dia...

Izuna não disse aquilo apenas para disfarçar seu constrangimento. Sabia que, nos últimos dias, Tobirama e ele se tornaram mais próximos; mas ainda assim, ter o Senju apaixonado por si era algo difícil demais de acreditar.

Surrealaté.

- Bom, você estava. Até chamou ele de gostoso.

Izuna se engasgou.

- O-O quê!? - Disse em meio às tosses.

- Brincadeira, brincadeira. Mas você disse que ele era muito bonito.

Após se recuperar de seu inicial choque, Izuna sentiu seu rosto arder com mais intensidade. Mesmo com a grande possibilidade de Tobirama estar apenas falando as coisas da "boca pra fora", ele ainda assim, disse tudo aquilo.

E por que seu coração estava batendo tão rápido?

- Não sei o que dizer... - disse por fim, se deitando na cama e encarando o colchão abaixo de si.

- Eu apenas trouxe isso à tona porque você aparenta estar meio triste ultimamente - o mais novo contou enquanto alisava seus cabelos. - Você devia falar com ele.

Izuna fechou os olhos enquanto sentia o gostoso carinho em seus cabelos. Seu coração ainda batia forte e suas mãos não queriam parar de tremer.

Sua mente tentava a todo custo lhe mostrar evidências de que o que Itama revelou era verdade. Tobirama realmente ficava um tanto nervoso quando Izuna chegava perto dele repentinamente; ele nunca rejeitou sua presença, por mais que julgasse ela irritante; e naquele dia, ele segurou sua mão de volta.

Mas ainda assim, era bastante difícil para o Uchiha aceitar tal possibilidade. Até porque era de Senju Tobirama que estavam falando.

- Eu não sei... - foi tudo o que conseguiu responder.

Itama deixou o quarto após alguns minutos, levando o restante dos documentos com ele. Agradecido, Izuna se despediu dele e se ajeitou melhor na cama, abraçando o travesseiro do Senju em seguida.

Desde que toda aquela confusão das trocas aconteceu, Izuna percebeu que seus sentimentos pelo Senju foram mudando aos poucos. No passado, ele sempre admirou Tobirama por sua vasta inteligência e proficiência; e claro, gostava de implicar com ele e o irritar durante as missões, era deveras engraçado.

Mas após as trocas, pôde conhecer um novo lado dele. Conheceu um Tobirama que não era estritamente focado no trabalho; que conseguia se divertir e participar de brincadeiras bobas - como aquele dia no rio -; que possuía raras atitudes fofas e dramáticas.

Izuna não podia mais escapar de seus sentimentos, não podia mais os negar. Queria segurar a mão de Tobirama mais vezes; caminhar juntos pela aldeia; trabalhar com ele em seus jutsus; o abraçar; lhe xingar por estar passando tantas noites em claro.

Cuidar dele...

Enfiou o rosto no travesseiro e emitiu um grito abafado ao perceber o que estava pensando. Seu rosto ainda estava tão quente...

Não sabia ao certo o que fazer. Mas felizmente, não lhe faltava tempo para pensar no assunto.

[...]

Ou era isso o que pensava...

No dia seguinte, Izuna se encontrava na torre do Hokage, trabalhando junto com Hashirama. Gostava bastante de trabalhar nesse local em específico, as mesas eram grandes e lhe era fornecido espaço o suficiente para organizar os documentos do modo que gostava.

Enquanto trabalhava, Izuna se perdeu nas recordações do dia anterior. Ainda estava confuso com seus próprios sentimentos; não sabia se era melhor conversar diretamente com Tobirama ou esperar.

Um longo e dramático suspiro lhe arrancou de seus devaneios. Olhou para o lado e viu Hashirama meio jogado encima da mesa dele. Pelo que pôde notar, o dia do Senju mais velho estava deveras agitado, com pessoas entrando e saindo de sua sala repetidamente.

- Está tudo bem, Hashi-Nii? - Perguntou ao mais velho, que desgrudou o olhar do chão para o encarar.

- Sim, Tobi. Só estou um pouco cansado - ele soltou outro longo suspiro. - Na verdade, eu tenho algo para te contar. Venha cá.

Curioso, o Uchiha se levantou de sua cadeira e foi até a mesa do Hokage. Hashirama corrigiu sua postura e o encarou com um olhar um tanto sério.

Izuna estava com um mau pressentimento.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou preocupado, se sentando na cadeira que ficava à frente da mesa.

- Não não, Tobi. Não é nada sério - ele sorriu brevemente em uma tentativa de o acalmar. - Os novos clãs chegarão em Konoha em breve. Daqui alguns dias, teremos uma reunião com os líderes de alguns deles.

Izuna acenou com a cabeça, incentivando o mais velho a continuar seu relato.

- Vai ser uma reunião simples, vamos tratar dos assuntos relacionados à recolocação dos novos distritos, essas coisas... - ele continuou explicando. - E como você lida com esse assunto melhor do que eu, vou te deixar conduzir a reunião dessa vez.

O coração de Izuna gelou. Ele teria que conduzir a reunião?

- E-Eu? Tem certeza, Anija? - Perguntou em um tom sério, tentando esconder todo o nervosismo que estava sentindo.

- Sim, Tobi. Você sempre conduziu as reuniões com tanta eficiência - o Senju sorriu e lhe tocou o ombro gentilmente. - Conto com você.

Izuna engoliu o nó que se formou em sua garganta a força e sorriu minimamente.

- Certo...

O mais velho acenou com a cabeça e o Uchiha tomou aquilo como um sinal para voltar à sua mesa. Assim que o fez, teve que reprimir a grande vontade que lhe tomou de enterrar sua cabeça entre os diversos documentos e gritar frustrado.

O tremor em suas mãos estava se intensificando e ele teve que respirar fundo para conter sua ansiedade. Izuna nunca participou ativamente em uma reunião antes, ele não levava jeito para aquilo e Madara nunca se importou em tomar as rédeas. Não conseguiria fazer algo tão importante como conduzir uma discussão com os líderes dos futuros novos clãs de Konoha.

Ele não iria conseguir...

Quando Hashirama finalmente deixou a sala dele por alguns minutos, Izuna permitiu que sua cabeça viesse de encontro à gélida madeira da mesa.

E se algo horrível acontecesse durante a reunião? E se as coisas saíssem tão mal que Konoha seria prejudicada permanentemente? A culpa seria inteiramente sua; decepcionaria à todos, e pior, Tobirama levaria todo o prejuízo.

Como se ele já não tivesse coisas o suficiente para se preocupar...

____________________________

Tobirama gostava de pensar que era uma pessoa calma. Ele raramente perdia a paciência com algo.

Mas ultimamente, o Senju sentia seu autocontrole se esvaindo aos poucos. Sua vontade era de jogar aquela maldita pesquisa na parede, botar fogo, pisar encima, tacar pela janela...

Uma risada quase amarga escapou de seus lábios ao se dar conta de seus pensamentos. A convivência com Izuna estava lhe afetando, havia pegado parte de seu jeito exagerado.

Sentiu algo escorregar por suas costas e viu que alguém depositou um cobertor em seus ombros. Olhou em volta e viu que estava na sala; havia cochilado durante o seu trabalho, de novo.

Infelizmente, o breve momento de paz que sentiu ao acordar foi perdido rapidamente. Em sua frente, estava aquela maldita pesquisa; lhe zombando, rindo de seu fracasso, lhe julgando por não conseguir desfazer seu erro.

Tobirama deixou seu rosto cair no braço do sofá e suspirou pesadamente. Aquele tão familiar e ácido sentimento de culpa se arrastando por seu peito novamente. Não podia culpar Izuna por nada, nem mesmo por ter causado a troca acidentalmente.

Pois a culpa era totalmente e inteiramente sua. Se Tobirama fosse forte o suficiente para seguir em frente e deixar o passado para trás como todos têm feito, ele não teria razões para trabalhar em algo tão perigoso, que trouxe resultados tão desastrosos.

Tobirama prejudicou outra pessoa por conta de seus erros. Nunca seria capaz de se perdoar por isso.

- Me desculpa... - ele disse para ninguém em particular. Talvez para Izuna, talvez para si mesmo.

Estava a ponto de entrar em desespero. Dez dias se passaram desde a troca e ele não conseguiu o mínimo progresso. Estava exausto; seus braços doíam, sua cabeça latejava, seus dedos mal podiam segurar a caneta entre eles...

Devia ter escutado Hashirama e parado enquanto ainda lhe restava tempo. Agora que pensou melhor à respeito, devia ter escutado uma multitude de outras pessoas. Se tivesse deixado seus receios e sua arrogância de lado, talvez não estivesse nessa situação.

Levantou a cabeça e encarou a pálida pele de suas mãos; estavam tão pálidas que quase pôde se sentir em seu próprio corpo.

O pensamento de que estava aos poucos arruinando a vida e o corpo de Izuna lhe trouxeram um agoniante sentimento em seu peito. Ele não merecia aquilo...

- Tobirama? Está tudo bem? - Se assustou com a repentina aparição do Uchiha, mas não lhe restavam mais forças para reagir.

Estava cada vez mais fácil ver Izuna por trás de seu próprio rosto; estavam se acostumando, por mais que não devessem. O Uchiha se aproximou do sofá em passos lentos, não era difícil notar a expressão conflitante em seu rosto.

Ao chegar perto da mobília o suficiente, Izuna se abaixou e fitou o rosto do Senju de perto; ele não parecia bem. Quase que instintivamente, levou suas mãos até os cabelos dele e os ajeitou, com o secreto pretexto de lhe dar carinho.

Tobirama fechou os olhos brevemente com o contato. Por mais que não estivesse merecendo, estava precisando bastante do mínimo gesto de conforto. Qualquer coisa que o distraísse do quão fundo estava se afundando.

- Sim... - respondeu calmo, fazendo a única coisa que conseguia no momento. MentirFingir.

Mas Izuna o conhecia melhor do que isso, nem mesmo o estóico Senju conseguiria mentir para ele. Assim que Tobirama se levantou e encostou as costas no sofá, Izuna se sentou ao lado dele.

Não se preocupando com quaisquer implicações que seus hábitos eventualmente trariam. Deixou uma de suas mãos lhe fazer um breve carinho no rosto.

Também estava tentando distrair a si mesmo, mas não estava conseguindo.

- Temos um problema... - por mais que não quisesse, teve que trazer o assunto à tona. - Daqui alguns dias, eu vou ter que conduzir uma reunião com os líderes dos clãs que chegarão à Konoha.

Tobirama ergueu o olhar para lhe encarar, a expressão no rosto dele era tão... vazia.

- Você vai conseguir.

Izuna tomou um breve susto com a imediata resposta. Como ele podia ter tanta certeza? Ele não estava ciente da gravidade da situação?

- Tobirama, eu não vou! - O desespero tomou conta de sua voz. - Eu não consegui nem mesmo ajudar o meu irmão com o conselho. Como vou conseguir conduzir uma reunião tão importante?

Sua insegurança aumentava à cada pensamento que cedia ao assunto. Não queria estragar tudo, nem para a aldeia nem para o Senju.

Tobirama sentiu o peito pesar ao notar o conflito que tomou conta do olhar de Izuna. A culpa lhe pesou ainda mais; seus erros estavam começando a atingir muito mais do que apenas os dois.

- Você vai dar um jeito, Izuna. Se acalme.

Não que não estivesse preocupado com a situação, mas sua mente lhe dizia tantas coisas no momento que mal podia se concentrar no que estava acontecendo.

- Eu não vou! Você não está me escutando!? - Esbravejou o Uchiha, já irritado com a falta de atenção do outro. - Eu não quero prejudicar a aldeia, o Hashirama confiou em mim e eu não quero decepcionar ele! Agora você me entende?

Tobirama entendia. Ele tinha os mesmos receios.

- Sim, Izuna. Eu entendo! - Suz voz tomou um leve tom irritado. - Eu causei essa maldita troca e tudo está sendo prejudicado por minha causa...

Izuna recuou um pouco para trás ao escutar a resignação na voz dele. A troca nem mesmo lhe cruzou a mente nesses últimos dias; e aparentemente, ela era a única coisa na mente do Senju.

O Uchiha não o culpava; também tinha sua parcela de culpa.

- Não é com a troca que eu estou preocupado, ela não é importante agora... - disse em um tom mais calmo. - Eu vim aqui porque você é o único que entende, o único que posso recorrer nessa situação.

Tobirama se irritou um pouco. Como ele podia dizer que a troca não era importante? Ainda mais quando ela era a única coisa em que esteve pensando nos últimos dias.

Além de Izuna...

- Você escolheu a pessoa errada, eu não sirvo para isso... - respondeu com desdém, virando o olhar para o lado. - A única coisa que eu tenho feito ultimamente é prejudicar...

Izuna estava sentindo muitas coisas ao mesmo tempo, tanto que mal podia se dar conta do que estava acontecendo. Por que Tobirama estava se julgando tanto? E por que ele mal dava atenção ao que estava falando?

- Será que dá para você esquecer essa maldita troca só por um momento? - Perguntou irritado. - Não importa de quem é a culpa, temos um problema maior para resolver agora.

Talvez estivesse agindo do modo errado, mas sua insegurança e ansiedade eram suas dominantes emoções no momento. Ele precisava de alguma forma de conforto no momento, precisava de segurança.

Lhe passou despercebido que Tobirama precisava do mesmo.

- Não há motivos para se desesperar, isso não é importante - Tobirama não estava mais se reconhecendo. Era nítido o quão importante aquela reunião era, mas sua culpa era tanta que estava tentando a todo custo ignorar a gravidade do problema.

Ou então aquele sentimento aumentaria, à um ponto em que não conseguiria mais lidar com ele.

Com a paciência cruzando o limite, Izuna soltou um grunhido frustrado e agarrou os ombros do Senju fortemente. Não mascarou a fúria em suas feições.

- Você está se escutando!? - Perguntou alterado. - Não vê que eu estou fazendo isso por você!? Porque eu não quero te prejudicar!?

Frustrado, o Uchiha largou os ombros do Senju e se levantou irritado.

- Izuna, espera!

Mas o Uchiha já tinha ido. Em meio à chateação, ele acabou por usar seu Hiraishin acidentalmente.

Sentindo a garganta queimar, Tobirama se deixou desabar no sofá novamente. Suas mãos se agarraram à primeira coisa que consegui achar: um dos mantos de Izuna que estava largado no sofá.

Seus olhos arderam e, pela primeira vez em muito tempo, não tentou reprimir suas emoções. Apertou forte e veste em suas mãos em uma tentativa fútil de descontar suas frustrações.

Se perguntou mentalmente quando se tornou tão fraco à ponto de deixar sua agonia crescer tanto, mas tanto, que não conseguia enxergar mais nada em sua frente.

- Izu-nii, você não vai... Izuna!? O que houve!?

Tobirama levantou o olhar à tempo de ver Kagami cruzar o corredor. Com uma expressão preocupada, ele se aproximou rapidamente.

Sem forças para lutar contra, Tobirama se deixou ser levantado do sofá e deitado de um jeito desajeitado nos braços do mais novo.

- Pode ir contando! - Ele disse em um tom autoritário.

Tobirama suspirou cansado, enxugando o rosto com a manga de sua veste.

- Não é nada...

Mas Kagami era teimoso e não aceitaria uma respeita negativa. Ele lhe abraçou mais forte e o fitou com um olhar sério.

- Izuna, nós te demos espaço o suficiente, mas é nítido que algo está acontecendo com você - ele disse em um tom paciente, se referindo à ele e Madara. - Não dá mais para ignorar, você está cada dia pior. O que aconteceu?

Tobirama sabia daquilo, mais do que qualquer outra pessoa, ele sabia que estava se afundando cada vez mais. Mas era difícil lutar contra aquilo, não quando ele sentia que merecia tudo o que estava acontecendo.

E não era só sobre a troca. Seus problemas eram muito além disso. O jeito que se afastou de sua família para focar mais em suas ambições foi um erro; Izuna resolveu tais problemas de proximidade e comunicação com o pouco tempo em que esteve lá, seus irmãos estavam mais felizes e seguros; e Tobirama não era o responsável.

A culpa só aumentava quando se lembrava da discussão que teve com Izuna há poucos minutos atrás. Por ter ignorado as preocupações dele, por estar imerso demais em sua própria angústia para notar que ele também precisava de ajuda naquele momento.

- Eu sou um idiota - foi a única coisa que pôde responder. E sabia que era a mais sincera e verdadeira resposta que podia dar naquele momento.

- Disso eu já sei - o mais novo respondeu em um meio tom de brincadeira, bagunçando suas desajeitadas madeixas em seguida. - Mas eu falei sério, Izu-nii. Me conta o que houve.

Tobirama não queria jogar seus problemas nos ombros alheios. Mas sabia que Kagami não o deixaria em paz até que contasse.

- Eu magoei alguém, estive tão preocupado comigo mesmo que não pude ver que ele também precisava de apoio - sua resposta era vaga e sabia disso. Mas era a única informação que podia dar no momento.

O Uchiha concordou brevemente com a cabeça, ainda alisando seus cabelos.

- Descontar a frustração nos outros acontece, Izu-nii. Não é uma desculpa, mas acontece - ele disse com a voz calma. - Essa situação não é difícil de se resolver, você só precisa se desculpar - Tobirama ergueu o olhar para ele, se perguntando como tal situação poderia ser fácil de se resolver. - Mas se você não resolver os seus próprios problemas, situações assim voltarão a se repetir.

O que Kagami dissera era verdade e Tobirama tinha a mais pura certeza disso. Se deixasse as coisas como estavam, apenas se afundaria mais.

- Mas eu não sei como resolver isso... - não tinha a mínima ideia.

- Já está mais do que claro que, seja lá o que esteja te incomodando, você não vai conseguir resolver sozinho - revidou o mais novo. - Você precisa conversar com alguém, buscar ajuda.

E a resposta que Tobirama tanto temia foi dita. Precisar de alguém para qualquer coisa sempre lhe pareceu um sinal de fraqueza. No entanto, aquela parecia ser a única solução.

Será que Izuna ainda falaria consigo depois daquilo?

- Certo, eu vou tentar...

- Promete? - O Uchiha perguntou em um tom esperançoso.

- Prometo...

Kagami sorriu e retirou os braços do seu redor, lhe deixando com uma estranha sensação de vazio. Ele se inclinou um pouco e pegou uma pequena sacola que havia deixado em um canto no sofá.

- Agora... - ele abriu o envelope lentamente. - Você quer um dango?

Tobirama sorriu pela primeira vez naquele dia.

- Quero.

____________________________

Izuna por pouco não bateu a cara no chão.

Não soube como ativou o tão famoso jutsu de teletransporte do Tobirama. Estava tão frustrado, chateado, irritado. E quando pensou que queria alguma forma de reconforto, o jutsu lhe levou até o selo na casa dos Senju.

Seu peito ainda estava pesado com tudo o que aconteceu. Queria culpar Tobirama por tudo o que estava sentindo - e por parte, ele culpava -; porém, sabia que não era a intenção dele ser tão rude e vago sobre a situação.

Ele não estava bem. Era bastante nítido.

Ainda assim, ele não tinha o direito de tratar suas preocupações daquela forma; não quando Izuna pensou primeiramente nele ao se dar conta de que poderia estragar tudo.

Ele foi até Tobirama em busca de conforto, mas saiu de lá ainda mais frustrado e inseguro.

E para adicionar mais ao seu tormento; agora, Izuna também estava preocupado. Pois Tobirama parecia tão perdido e aquilo lhe machucava o coração.

Seus passos o levaram automaticamente até o quarto de Hashirama; que no momento, se encontrava organizando alguns pertences.

Sem se preocupar em dizer nada, o Uchiha adentrou o cômodo e foi até o mais velho. Suas ações eram impulsivas e sabia disso, mas no momento, agir em caráter não era importante.

- Tobi? Algum problema? - O mais velho perguntou assim que o viu.

E a única coisa que Izuna pôde fazer foi se jogar nos braços dele. O abraçando com o resto de força que ainda lhe restava.

Tobirama nunca agiria de tal forma, nunca se deixaria ver tão vulnerável. Mas naquele momento, Izuna não se importava. Não estava preocupado em agir como o Senju mais novo naquele momento.

Pois ele precisava de estabilidade, qualquer coisa que o impedisse de cair no chão e não se levantar mais.

- Ah, Tobi... - como se entendesse sua falta de palavras, Hashirama o abraçou de volta e levou uma das mãos até seus cabelos.

E Izuna deixou todos os sentimentos ruins irem embora naquele momento. O sentimento de conforto e segurança que estava sentindo no momento não era eterno, então aproveitaria cada segundo dele.

- Eu não sei o que fazer - foi a única coisa que conseguiu dizer.

Não sabia o que fazer em relação à troca; à pendente reunião que se aproximava; aos problemas que Madara estava enfrentando; aos seus próprios sentimentos; à Tobirama.

Ele simplesmente não sabia.

- Está tudo bem Tobi, você sempre encontra um meio - Izuna sentiu o coração pesar. Em um modo torto, Tobirama lhe disse a mesma coisa. Ele tinha mesmo tanta confiança assim em si? - Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe?

Izuna apenas acenou com a cabeça. Sentindo-se mal pela óbvia mentira. Ele não podia contar o que estava acontecendo.

- Me desculpa por te preocupar... - murmurou após alguns minutos em silêncio.

Hashirama o abraçou ainda mais forte.

- Não diga isso Tobi, é meu dever me preocupar - ele lhe repreendeu. - Não há nada errado em desabar às vezes. E só de você não estar mais trabalhando na sua modificação de clones, eu já me sinto mais aliviado.

Izuna se separou um pouco dele e o olhou de uma forma confusa. Ele estava se referindo ao jutsu que causou a troca.

- Por quê? - Perguntou confuso.

As mãos dele então seguiram para os seus ombros. O sorriso em seu rosto era triste.

- Você tentou esconder, mas eu sei porque você queria criar um clone perfeito... - ele contou. - Os conflitos se encerraram há meses. Mas eu sei que, para você, a guerra nunca acabou. Eu sei que você tem medo de descansar, e que está em alerta à todo momento...

Izuna tentou de tudo para mascarar a surpresa em suas feições.

- Eu sei que, com o clone perfeito, você poderia deixar seu corpo finalmente descansar, enquanto sua mente ficaria em alerta. Cuidando de nós a todo momento - o Senju apertou seus ombros em um gesto de carinho. - Mas Tobi, por mais que você consiga dormir bem com seu clone em alerta, a sua mente nunca irá descansar se você fizer isso. Não é saudável ficar em alerta ininterruptamente.

À cada palavra que o Senju dizia, mais o peso em seu coração aumentava. Então era por isso que toda aquela confusão aconteceu? Por isso Tobirama queria tanto criar aquele jutsu?

Porque ele não conseguia se sentir seguro...

- Eu... - Izuna até tentou dizer algo, mas nada queria sair de sua boca.

- Está tudo bem Tobi, você não precisa se explicar. Não mesmo... - ele lhe abraçou novamente. Mas dessa vez, com calma e cuidado; como se o mínimo contato pudesse lhe quebrar. - Apenas me prometa que não vai mais trabalhar naquela técnica novamente?

Izuna concordou com a cabeça novamente. Seu peito queimava em desconforto.

Pois estava fazendo uma promessa vazia. Ele não era Tobirama naquele momento.

Continue Reading

You'll Also Like

18.4K 2.2K 35
Como é que alguém que passa por aquilo consegue sorrir daquela maneira? Ou melhor, como é que alguém que sorri assim consegue andar com alguém como e...
60.4K 4.5K 47
Para periscila Caliari, a vida é boa: ela é linda sexy, bem sucedida, tem sorte com as mulheres, sabe que sempre pode contar com Carolyna, sua encant...
41.6K 3.3K 13
um pequeno garçom, no qual era o motivo para ir aquela cafeteria. . . . Hey! Está é a minha quinta fic, e eu espero q ela ganhe repercussão, já q trê...
4.2M 199K 121
Nossas crianças cresceram assumindo o lugar de seus pais. Desafios e confusões irão aparecer e essa turma irá enfrentar com puro estilo e união 1...