Fontaine - Meu Amor de Verão...

By dattebaka

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Marinette é uma adolescente insegura, dona de um cabelo peculiar e um temperamento forte. No início de suas f... More

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Reclames do Plim Plim
Desencontros no Outono [SEGUNDA TEMPORADA]
🐞.Introdução
🐞. Mudando a rota
🐾. Responsabilidades
🐞. O maior casal de Paris
🐾. Amores de Verão...
🐞. O menino do cachecol
🐾. Chamadas Perdidas
🐞. Quites
🐾. Um dia bom
🐞. Reencontros
🐾. O Baile
🐞. O encontro dos sonhos
🐾. O vovô.
🐞. Fofocas e Verdades

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By dattebaka



"É hora de fazermos uma mudança

  É hora de um Ano Novo Chinês

  É hora de seguir meu caminho

— SALES, Chinese New Year"



🐞🐞🐞


A vista passava rápido demais através da janela de carro e eu sentia um ar novo, diferenciado e até um pouco nostálgico, assim por dizer. O que passava pelos meus olhos eram várias casinhas com um estilo medieval, mas ainda assim tinham um aspecto bem cuidado. Haviam árvores por todo canto e também um parque que era repleto de flores e brinquedos para as crianças da região. O lugar tinha um ar fresco, uma energia de Verão empolgante e apesar de a cidadezinha não me parecer tão movimentada, ainda assim dava uma sensação indescritível. Uma sensação de coisas novas por vir, não sei dizer muito bem. Me lembrei do bairro em que eu moro na China e tentei calcular em minha mente o quão distante estava daquela realidade. Ri comigo mesma pensando em como eu era um grão diante desse mundo tão grande em que vivo. 

Já teve a sensação de como você é pequeno?

Meu pai e minha mãe decidiram que esse ano seria bom visitar a Tia Nadine na França e uniram o útil ao agradável se lembrando que eu cresci aqui, também que seria bom revisitar minhas origens, por mais que eu me lembre de pouca coisa sobre a França. Mas eu não reclamei, pelo contrário, achei divertida a ideia de visitar um país totalmente diferente da China. Já era meio engraçado ver olhos que não são tão puxados à medida que eu passava pela cidade, porque não é algo que estou tão acostumada. Parece que estou dentro de um seriado ocidental e isso é o máximo! Claro, não estou reclamando da cultura com a qual eu cresci, eu amava a cultura oriental, mas o novo é sempre um pouquinho mais atraente, vai?

O lugar onde minha tia mora fica em Fontaine. Uma cidade pequena no interior da França. Apesar de ser bem pequena, ela tem uma baía com a água extremamente cristalina, ou seja, dá pra visitar quando eu quiser pegar um Solzinho ou me banhar no local. O movimento na baía era mediano e pelo que parece, os moradores de Fontaine não tinham muito costume de visitar, pois o clima estava super agradável e ensolarado mas ainda estava vazio pra uma baía tão bonita. Continuamos a passear pela cidade de dentro do carro e mamãe foi me falando sobre as coisas agradáveis que têm na cidade, como uma fortaleza, o shopzinho e até um tal de Festival. Eu concordei sem prestar muita atenção, estava ansiosa para chegarmos logo, pois precisava de terra firme. 

A velocidade do carro começou a diminuir e notei que finalmente chegamos na casa de minha tia. Fiquei feliz por finalmente poder pegar em meu celular, pois aquele enjôo estava me matando e se eu ousasse pegar no celular ou qualquer coisa que me fizesse abaixar a cabeça, o enjoo só piorava. Assim que nós chegamos, o papai agradeceu ao taxista que nos trouxe do aeroporto e pagou o combinado, mesmo meio contrariado com o preço. Era de se esperar aquele valor porque a cidade não se encontrava tão perto do aeroporto de Paris, mas pais são pão-duros, não adianta contestar. A mamãe tentou o acalmar dizendo que valia a pena porque seria divertido e  o papai ainda estava com uma cara hilária de bebê chorão. Dei risada dos dois, eles com certeza eram o meu casal favorito em todo o mundo. 

Titia nos recebeu de forma formal, mas não deixou de usar aquele papo sobre o quanto eu estava crescida e uma mocinha. Eu concordei e sorri. A mamãe começou a me elogiar bastante e de imediato eu corei, pois não sabia como agir. Logo a Tia Nadine percebeu que eu estava ficando desconfortável com a conversa de "tiazonas" e nos convidou para que entrássemos em sua casa.

Não era a maior casa do mundo, mas ela com certeza nos acolheria bem. A sala tinha um sofá vermelho, muito grande e duas poltronas, uma ao lado da outra. A decoração era rústica, de madeira e tinha uma televisão enorme. A cozinha tinha menos espaço, havia coisas normais como um fogão, um micro-ondas e um forninho pequeno. Como a tia Nadine parecia ser a única que cozinhava, não havia tanta coisa ali. Ao lado da cozinha, havia a mesa de jantar e almoço. Todos nós concordamos e ela continuou a nos mostrar a casa. Logo ela nos mostrou o banheiro que tinha uma decoração de... pasme... cocô. Sim, eram emojis de cocô pra todo lado. No tapete, nas toalhas de diferentes cores, na tampa do vaso, em tudo. Eu caí na gargalhada porque não consegui evitar e meus pais olharam pra mim com tom de repreensão, o que me fez perder a graça em segundos. Um olhar chocado voltou a tomar conta dos meus pais e minha tia explicou que a decoração era pra inspirar quem estivesse no banheiro fazendo tal ato. Por fim, ela nos apresentou o quarto de hóspedes em que ficaríamos.

O quarto era bem espaçoso, apesar de ter pouca coisa nele. Havia apenas uma cama de casal que seria ideal para os meus pais, uma cômoda para nossas roupas e em cima dela, uma foto com toda a família reunida. E por fim, um colchão inflável para que eu pudesse dormir sozinha, ela me pediu desculpas pois não conseguiu improvisar uma cama, mas não me importei muito. Minha tia nos abraçou e disse que poderíamos ficar a vontade, pois aquela era nossa casa agora. Pelo menos até o fim do Verão. Após isso, ela se afastou e foi para a cozinha preparar o almoço. Papai disse que iria visitar a cidade e mamãe resolveu ficar pra ajudar a tia Nadine na cozinha, o que daria muito certo ou muito errado. Mas quase certeza que as duas dividiriam tarefas, minha tia ficaria com o almoço e a mamãe com a sobremesa. Já ouvi histórias de que as duas eram muito unidas quando se tratava de vestir o avental.

Em um minuto de paz e silêncio, me deitei na cama dos meus pais e respirei fundo, deixando um sorriso escapar dos meus lábios. Sentia um cheiro de mudança dançar pelas minhas narinas e aquilo me deu um estalo. Peguei meu celular e entrei no meu Twitter. Eu tinha um Twitter específico onde postava traduções de chinês para francês, a intenção inicial era ajudar a quem estava se adaptando à nova língua. Comecei com aquela conta aos meus 13 anos, por alguma razão misteriosa e agora, no auge dos meus 15 já estava com mais de 13 mil seguidores. É um número razoável, mas pra mim já era incrível o suficiente. Além de poder ajudar as pessoas, aquela era uma forma peculiar de falar sobre o que eu estava sentindo ou até sobre os meus desejos de uma forma que ninguém entendesse 100%. Era a minha forma de ser uma anônima e ser prestativa ao mesmo tempo. Então aproveitei os 240 caracteres e tweetei:


@FrenChin: "(改变) Gǎibiàn" é o ato de algo se tornar diferente. A mudança pode ser no seu cabelo, nas suas atitudes ou até mesmo nas suas escolhas. A "mudança" é essencial para a evolução.


Deixei o celular de lado e o coloquei pra carregar um pouco. Fui até a cozinha de encontro à minha mãe e minha tia, todos estavam apenas esperando meu pai voltar do seu "rolê" por Fontaine, o que não demorou muito. Assim todos nós conversamos na mesa sobre coisas de família e rimos a beça de minha tia falando sobre as maluquices inventadas pela vovó. Quando todos terminaram de almoçar, reuni os pratos e lavei a louça para que todos pudessem descansar um pouco. Viagens são trabalhosas tanto pra quem está viajando quanto pra quem recebe a visita, então era o mínimo que eu poderia fazer, sendo tão nova.

Depois que terminei, me juntei com mamãe, papai, tia Nadine e o vovô. Continuamos colocando alguns assuntos em dia e assistimos um pouco de TV. Já era por volta de umas 16h e a essa altura, meu pai e meu avô já estavam roncando horrores, cada um em um canto do sofá. Minha mãe e a minha tia estavam conversando sobre coisa de mulher adulta e eu acabei me sentindo um pouco constrangida. Minha tia percebeu que eu não estava tão à vontade ali e então ela tentou ajudar.

— Querida, por que não dá uma voltinha pra conhecer a cidade? Ainda é cedo. - Ela sorriu para mim de forma gentil.

— Mas eu não conheço nada por aqui, tia. Acho que posso acabar me perdendo no caminho. - eu disse com um pouco de receio.

— Hmmm, realmente, do jeito que conheço minha sobrinha, se perder é totalmente previsível - ela riu - Mas perto daqui, tem um shopping. Você vai seguir 3 ruas à direita, ir direto e seguir a rua de comércios que tem à sua direita. Assim você vai chegar no shopping.

— Ahn...É... - eu já tinha me perdido totalmente e as duas já tinham desatado a rir de mim.

— Faz o seguinte, use o GPS! - minha tia piscou pra mim e sorriu. Logo em seguida sacou uma nota de 20 euros e me deu. Eu olhei confusa e depois olhei para minha mãe esperando ela confirmar se eu poderia pegar. Ela assentiu com a cabeça e eu peguei a nota.

— Obrigada, tia. - eu a agradeci fazendo uma reverência e saí para me arrumar decentemente.

— De nada, minha menina. Vai se divertir! - ela riu e acenou. Após isso, as duas continuaram conversando.

Andei pela casa, ainda estranhando os corredores, mas segui até o quarto. Ao me pôr de frente para um espelho relativamente grande que tinha no quarto de hóspedes, me observei por algum tempo tentando achar alguma qualidade que eu poderia ressaltar. Eu respirei fundo e disse quase como um sussurro:

Gǎibiàn.

Fechei os olhos e tornei a abrir de novo, mas nada havia mudado. Os mesmos olhos gigantes, o mesmo corpo magrelo e branco, os mesmos peitos minúsculos e as mesmas marias-chiquinhas de sempre. Mas o pior de tudo: Aquela mecha horrível de nascença. Sério, eu carregava comigo um dos meus maiores pesadelos. A Bùbiàn. Ou simplesmente Bù.

*Bùbian traduzido do chinês: inconveniente

Bù era o apelido que eu carinhosamente dei para aquela mecha inconveniente, bagunçada, horrível que eu nunca na minha vida consegui abaixar. Ela me acompanhava em todos os penteados, todos os cortes e tudo que envolvia meu cabelo. Eu já cometi até a loucura de cortar a Bù, mas isso só resultou em um buraco na minha cabeça e ela crescendo 7 vezes mais rebelde. Eu odiava ela, mesmo com meus pais ou amigos tentando amenizar a situação. Eu tentava suavizar a Bù com o uso de bonés, boinas e qualquer outra coisa que cobrisse minha cabeça. E era a única coisa que dava certo.

Foi pensando nisso que eu coloquei uma boina rosa pra combinar com minha blusinha branca e meus shorts cor-de-rosa. Apertei minhas marias chiquinhas usuais, passei um lip tint e saí destino ao Shopping de Fontaine.

O ar das ruas era incrível e era engraçado o fato de não ter cheiro de Yakisoba nas esquinas com restaurantes. Mas ainda tinha cheiro de massa, uma característica curiosa francesa, mas que ainda era o máximo! Continuei observando as ruas e o povo não parecia tão caloroso, alguns me olhavam com uma expressão meio estranha, acho que como se tratava de uma cidade pequena, todos se conheciam e eu era meio que uma estranha num ninho, sabe?

Continuei a seguir o caminho das ruas e finalmente achei o lago que minha tia se referiu. Só que acabei me perdendo no lado que ela disse e lá se foi todo o meu itinerário. Bufei meio irritada e lembrei do que minha tia disse, sacando logo meu celular para acessar o GPS. Digitei "Shopping de Fontaine" e meu GPS me direcionou na direção oposta da que eu estava, mostrando o quanto eu estava errada. Ri de mim mesma e pensei comigo o que seria de mim se não houvesse tecnologia.

Adentrei o shopping e ele não parecia tão grande, também não tinha lojas tão conhecidas assim, mas isso me importou pouco. Eu andei pelo shopping procurando conhecer as coisas, mas a cada passo que dava, me sentia mais frustrada. Quero dizer, Fontaine era muito bonita, mas eu ainda sentia um pouco de falta dos meus amigos na China e nem parecia que alguém se importava com a minha distância. Isso me deixava um pouco desanimada e não conseguir achar nada de interessante naquele shopping só piorava a situação.

Fui direto pra praça de alimentação e usei um pouco do dinheiro que minha tia me deu, para comprar um daqueles combos gigantescos. Por um minuto, eu quase vi o reflexo do brilho dos meus olhos no hambúrguer. Brincadeiras a parte, logo eu estava satisfeita. Não o suficiente, mas nada que um sundae não resolveria.

Resolvi passear um pouco mais pelo shopping e percebi que havia um amontoado de pessoas olhando para um mesmo lugar. Fiquei curiosa e ao me aproximar, vi que era um grupo de meninos dançando freestyle na área de lazer do shopping. Parecia divertido e os meninos eram extremamente charmosos, pareciam tirados diretamente de uma boyband, então decidi ficar curtindo um pouco pela área. Em alguns minutos curtindo as músicas e a vibe, eu já tinha me esquecido que estava chateada. Pena que durou muito pouco.

Enquanto estava curtindo o show, olhei para o lado e vi somente um vulto vindo em minha direção com muita rapidez. Meu corpo era leve demais pra aguentar o impacto e eu caí. Por alguns segundos, tudo escureceu. A primeira coisa que fiz, foi colocar a mão na minha cabeça e a boina não estava mais lá, deixando meu cabelo vulnerável e a Bú totalmente exposta pra quem quisesse ver.

Só pode ser brincadeira!


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