NATASHA ROMANOFF
Olhei para a mulher à minha frente, a mulher que eu amava, a mulher que achei que tinha perdido para sempre. Não sei como achei que conseguiria ficar longe dela, viver uma vida sem ela.
Seus olhos buscavam o meu a todo instante, inundados em lágrimas ainda não derramadas e eu a amei ainda mais naquele instante.
- Você ainda não me respondeu, Natasha! -ela disse impaciente e eu sorri.
Era mesmo necessário uma resposta? Meu rosto não já dizia todas as coisas que precisavam ser ditas? Mas então lembrei que mal entendidos podem ficar no ar, que as pessoas precisam ouvir algumas vezes. Foi o maior conselho que Steve já me deu.
- Sim! Claro! Com certeza! -ela soltou um suspiro aliviado, encostando nossas testas e ficamos ali por um breve momento.
- Eu te amo. -sua voz sussurrou delicadamente, com tanta sinceridade que me fez perder um pouco da sanidade.
Nos casaríamos novamente, nos amaríamos novamente. Tal qual o passado. Mas dessa vez me certificaria que tudo fosse diferente.
Caminhamos de mãos dadas para a mansão. Yelena estava esperando por nós porque eu tinha avisado quando chegamos no aeroporto. Ela nos encarou com curiosidade, observando nossas mãos juntas e nossa expressão chorosa.
- Tá tudo bem? -indagou meio insegura, não querendo entrar em nenhum assunto perigoso.
Wanda me olhou com um sorriso, sim estava tudo bem. E continuaria. Eu tinha uma vida boa e confortável, tinha minha irmã ao meu lado, mesmo depois de todos os percalços que nos separaram e a mulher que eu amava.
Tudo estava muito bem.
- Tudo maravilhosamente bem, cunhada! -Wanda frisou a última palavra e Yelena arregalou os olho.
Ela parou por um momento, avaliando a situação e então soltou um gritinho animado.
- Vocês vão casar de novo, não vão?
Apenas assenti e ela voltou a gritar e então correu para nos abraçar com alegria. Nós três sorriamos alegremente, aproveitando aquele momento.
- Certo, já chega disso! -disse em forma de implicância e Yelena me deu um leve empurrão.
- Quando vocês casarem novamente Wanda vai ser minha irmã perante a lei e vou elegê-la a irmã favorita.
Mostrei o dedo do meio para ela e Wanda me repreendeu. Continuamos rindo enquanto contávamos um pouco sobre a viagem. A verdade é que eu estava eufórica por dentro, tentando fazer minha mente assimilar tudo aquilo.
Wanda me deu um beijo rápido e pediu para que eu fosse para o banho primeiro e assim o fiz. Muitos minutos depois quando desci a escada, ela e minha irmã continuavam a conversar animadamente.
Do último degrau encarei aquela cena com nada mais que felicidade. As duas pessoas que eu mais amavam se amavam também e isso era gratificante.
- Sei que o papo está bom, mas tome um banho. Vou pedir o jantar. -sentei ao lado de Wanda, interrompendo a conversa. - Um banho vai ajudar seu corpo a descansar.
- Volto em alguns minutos. -ela disse simplesmente, deixando um beijo rápido nos meus lábios e um no rosto de Yelena e então subiu.
Encarei seu caminhar com afeição, era bom tê-la nessa casa. Sempre foi. Sempre senti como se ela pertencesse aqui e deixasse tudo melhor.
- Eu queria poder fotografar a sua cara de idiota nesse momento. -Yelena deu uma risadinha. - Uma pena que meu celular esteja lá em cima.
Pensei em retrucar, mas a quem eu queria enganar? Provavelmente estava mesmo com cara de idiota, porque essa é a cara dos apaixonados.
- Eu a amo, Lena. -confessei baixinho. - Amo o que sou com ela, amo o que ela traz para minha vida. Foi um inferno viver sem ela.
Minha irmã assentiu, como se pudesse entender o que eu estava dizendo. Seu olhar tinha carinho direcionado a mim e então ela me abraçou. Ficamos alguns momentos assim, apenas aproveitando o conforto uma da outra.
- Era sufocante ver as duas lutando contra um amor tão lindo. Mesmo lá na Rússia eu conseguia ver isso. Wanda sempre tentava deixar claro para mim o quanto você era maravilhosa, ainda que naquele momento eu estivesse muito magoada para ver isso. Foi ela quem me abriu os olhos, quem me fez enxergar que você continuava a minha Natasha. A irmã mais velha que me protegeria de tudo, que me esconderia no lugar mais difícil de achar, mesmo que isso significasse que iria sofrer os abusos do nosso pai sozinha. A que cozinhava comigo quando um momento de calmaria chegava, porque queria que eu tivesse a sensação de normalidade.
Foi difícil segurar a emoção, porque há um ano atrás eu jamais imaginaria me encontrar nessa posição, jamais imaginaria que Yelena estaria aqui e teria me perdoado. Que nós teríamos nos perdoado.
- Isso significa que você me perdoou de verdade? -questionei porque era uma dúvida que já vinha rondando minha cabeça por um tempo.
- Perdoei você no momento que entrei em seu avião. -ela sorriu e meu coração se acalmou. - Eu deveria ter vindo com você, nós deveríamos. Você ficou sozinha, lutou sozinha e nós deveríamos ter estado aqui. Então é um perdão que funciona dos dois lados. Mas eu sequer preciso perguntar se o consegui, porque seu coração é tão bom que deixa a resposta clara.
Wanda desceu as escadas depois disso, nos fazendo deixar a conversa de lado. O principal já havia sido dito, de qualquer maneira.
Pedimos o jantar e comemos em família. Como seria daqui pra frente.
Os dias que se seguiram foram se ajustando normalmente a nossa rotina de sempre. Com a ausência de Maria muita coisa ficou pendente e então comecei a preparar o terreno para a contratação de Darcy. Wanda tinha razão, ela era a minha melhor opção, eu mesma tinha me certificado disso quando a coloquei para trabalhar com ela.
Começamos a dar entrada nos papéis do casamento, queríamos novamente uma cerimônia pequena, mas dessa vez com alguns convidados, o que demandava um pouco mais de trabalho. Nos casaríamos dentro de um mês.
Steve estava radiante com a ideia. Não o contei de imediato, decidi brincar um pouco com ele. Certo dia o convidei para almoçar e pedi que ele fosse comigo até uma loja para fazer umas compras. Como o bom amigo que era, ele me acompanhou sem questionar.
A verdade é que ele não conseguia conter a felicidade de saber que Wanda e eu estávamos juntas novamente e isso só me fazia pensar como seria a sua reação quando soubesse que iríamos nos casar mais uma vez.
- Você vai comprar joias? -ele perguntou curioso quando entramos na loja.
Sorri, sem responder seu questionamento. Nos aproximamos do balcão e a vendedora perguntou o que desejávamos.
- Olá, esse é meu amigo Steve e ele veio me acompanhar em uma tarefa muito difícil. -expliquei para que minhas próximas palavras não fossem mal entendidas pela mulher. - Estou procurando um lar de alianças. Para mim e a minha futura mulher.
- Vocês vão casar? -ele parecia espantado e feliz em partes iguais. - Natasha? Você vai pedi-la em casamento?
- Não. Ela já me pediu, só fui responsável pelo sim.
Ele me abraçou apertado, rindo em nada mais que alegria. Steve tinha uma parcela enorme em nossa história, sempre a postos para ajudar, para dar um conselho. Eu amava estar dividindo aquele momento ao seu lado.
Não foi fácil escolher, as muitas opções faziam minha cabeça girar um pouco e quase considerei pedir que Wanda viesse para me ajudar, afinal as alianças eram dela também. Mas no fim conseguimos sair de lá satisfeitos com o resultado da nossa escolha.
No fim do dia, voltei para casa, irradiante por saber que Wanda estaria lá. Ela tinha me avisado que sua mudança tinha sido finalizada e agora estava de volta na mansão completamente.
- Steve surtou? -perguntou quando entrei em nosso quarto, eu tinha avisado para ela que contaria a ele hoje.
- Do jeitinho que imaginamos que ele faria.
- Isso é maravilhoso, queria ter visto a cara dele. -ela se aproximou, suas mãos indo até minha cintura e deixando nossos corpos colados. - Senti saudade.
- Senti saudade também. -nos beijamos com calma, aproveitando o primeiro momento juntas do nosso dia.
- Preparei um banho de banheira pra gente. -ela disse quando nossas bocas se separaram e começou a puxar minha blusa para fora do meu corpo.
Nos despimos juntas e entramos no banheiro. A água estava maravilhosa e senti meus músculos relaxarem imediatamente. Wanda se acomodou entre minhas pernas e envolvi meus braços ao seu redor.
Foi impossível impedir as lembranças da última vez que estivemos assim aqui dentro, foi o dia mais desesperador da minha vida e o início da nossa ruína.
- Sei onde sua mente está agora. -ela sussurrou.
- Eu faria qualquer coisa para mudar aquele dia. -confessei com a voz embargada. - Qualquer coisa.
- Eu sei disso, meu amor. -ela virou um pouco o rosto para me olhar e segurou minha mão. - Mas nós não podemos voltar ao passado. No entanto, podemos fazer um novo futuro.
Não respondi nada por um momento, tentando entender as implicações que vinham com suas palavras.
- Não é isso que estamos fazendo agora?
- Sim, e eu amo nossa nova vida. Com você, Yelena e eu juntas, como tem que ser. -sorri, porque eu amava também. - Mas não é só isso que eu quero. Quero ser mãe, de um filho seu, Natasha.
- Wanda...
Eu não sabia se estava preparada para aquilo, pânico corroendo cada pedaço do meu ser apenas com as palavras sendo ditas.
E se tudo desse errado de novo? E se nos perdêssemos no caminho novamente?
Ela se movimentou na água para ficar de frente para mim, suas mãos nunca deixando as minhas, me segurando a ela com carinho e amor.
- Me ouça. -ela pediu. - Eu vou entender se você não quiser mais ser uma mãe, mas se isso for apenas medo, estou aqui assegurando que nada de ruim vai acontecer.
- Você não tem como saber isso. Eu não quero perder você de novo, Wanda. -admiti envergonhada.
- E você não vai. Natasha estou aqui inteiramente, não só pedaços. Não vou fugir na primeira dificuldade. -seus dedos foram até meu queixo e elevaram meu rosto para encará-la. - Eu te amo e não vou a lugar algum.
Pensei em suas palavras por um momento. Não adiantava de nada estarmos reconstruindo uma vida juntas, se eu não confiasse no que sentíamos. Na força do nosso amor.
- Você quer engravidar novamente? Porque eu não sei tenho condições de engravidar agora com o momento que a Companhia Romanoff está passando. Não me sentiria confortável para isso.
- Em algum momento no futuro eu ficarei mais do que satisfeita em engravidar novamente ou ver você grávida, isso seria incrível. -o sorriso que ela deu ao falar isso amoleceu meu coração. - Mas eu estive pensando em adoção.
Aquilo era uma grande surpresa para mim, algo que eu nunca havia cogitado, mas no momento que Wanda falou, minha mente e coração se abriram para aquela possibilidade.
- Então como isso funcionaria?
- Há um abrigo para crianças na rua próxima a loja. Passei por lá quando estava indo trabalhar no início da semana e essa ideia ficou martelando em minha mente. Nós podemos nos inscrever no programa e participar de algumas entrevistas e provar que somos capazes de cuidar de uma criança ou de um bebê. E então quando a oportunidade surgir, nós podemos fazer a adoção. A princípio você não fica com a criança em tempo integral, passaremos alguns períodos de tempo para que ela possa se adaptar e, se tudo correr bem, o processo é finalizado.
- Então seremos mamães? -perguntei vendo o sorriso dela crescer gradativamente.
- Seremos mamães!
Notas: Eu fico boiola escrevendo essas duas boiolas e espero que vocês gostem do resultado. Tudo se encaminhando para perfeição no nosso mundinho de MLC. Vocês já estão preparados pra dizer adeus? Mais três capítulos e isso aqui acabou. 😐
Como sempre, prometo voltar logo. 🥰♥️