Ardente Perdição - Duologia V...

By AutoraLua_M

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Uma missão não finalizada. Uma traição dentro de uma salaz paixão. Dois marcos dentro da história de duas bom... More

Ardente Perdição
Guia de personagens
Book Trailer
Prólogo
INÍCIO DE POSTAGENS
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
× Recado ×
Capítulo XXIV
Capítulo XXV

Capítulo XXIII

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By AutoraLua_M

▙▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▜

Hey, capitulo levinho!

Boa leitura.

Pode conter erros.

▙▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▜

Ethan Blake

A insônia não era mais acompanhada pela ansiedade, e sim pela cólera e o desejo de queimar o que me atormentou durante os meses que se passaram. Memórias daquele dia giravam em minha mente e ardiam minhas entranhas, parecia não haver escapatória para aquelas sensações e lembranças.

Aquilo conseguia superar a tormenta dos meses passados, era uma maldita forma de autodestruição que nem o álcool ou a nicotina eram capazes de apagar os rastros ou amenizar a necessidade de destruição, a devastação era imune até aos vícios recém- adquiridos.

Custava manter a atenção em pequenos indícios, ou detalhes que deixei para trás, era apenas isso que tentava encontrar há horas acompanhado da única coisa que conseguia consumir, cigarro. Meu subconsciente desejava arduamente apenas uma única prova da trajetória de Rosalie entre as frestas de nossa missão durante os meses que se passaram.

Estava cercado de papéis, deveria revisar as centenas de informações em relatórios, cartas, anotações e dados roubados, tudo o que foi armazenado durante os últimos 5 meses pela equipe.

Não importava quantas vezes tentasse, ou onde procurasse, não existia nenhum rastro de sua presença registrado e isso é um fato enlouquecedor. Não poderia julgar para qual lado a balança penderá, se era uma obra sorrateira de manipulação de Oliver ou um plano conveniente aos acontecimentos de William.

Para alguém que se jogou no meio do fogo cruzado e teve sua pequena porcentagem de humanidade queimada, seria impossível deduzir quem Rosalie estaria utilizando, a qual lado estaria de fato aliada e ainda que pudesse deduzir. O tamanho de sua ganância e ego poderiam enganar a qualquer um, ela era uma traidora em potencial que gerava uma ardência excruciante em minhas veias desde aquela noite.

A madrugada que trouxe toda a verdade e os jogos de manipulação à tona, máscaras foram quebradas por uma força externa assim como minha mente que parecia ainda mais fodida e obcecada por respostas. Minha sanidade havia sido estourada ao nível de não poder o que era melhor, as palavras de Oliver ou o real acontecimento.

As mentiras e a traição.

A nova e amaldiçoada aliança.

Ela preferiu unir forças a um russo, do que...

Do que...

Do que a sua equipe.

Ela não apenas me enganou, também me manipulou como um maldito boneco de teatro escolhendo meu caminho, tornou minha confiança e sua palavra sem qualquer valor diante de suas ações.

— Maldita — grunhi empurrando os papéis sobre a mesa.

Me levantei em um único movimento acabando por derrubar a mesa de centro e tudo o que ainda restava nela. A empurrei mais uma vez para que saísse de meu caminho e segui até o armário de bebidas, apenas a nicotina não seria suficiente para controlar minha atenção e cólera.

Ela havia retornado sem deixar qualquer sinal.

Sem escolher abri a primeira garrafa que encontrei e virei um grande gole, aquilo deveria arder meu interior, no entanto o tempo de grande consumo quase não gera mais cócegas, ainda assim por pouco é uma escapatória.

Não apenas me deixou sozinho no escuro.

Apertei a garrafa em minha mão como desejava apertar o pescoço da vadia manipuladora que ocupou minha mente e perturbava até mesmo minhas noites. Apenas uma grande quantidade de álcool para apagá-la.

Segui para o sofá onde Duque estava deitado me observando com as orelhas e olhos baixos, talvez fosse deprimente para ele encarar minha decadência ácida e violenta.

Mais um grande gole.

Joguei algumas das coisas que estavam sobre o sofá no chão e me lancei no móvel sem me importar se quebraria aquela merda ou não, talvez apagasse as memórias daquela sala de uma vez por todas.

Busquei por acender mais um cigarro em uma ilusão de escapatória, fumaça direcionada para meus pulmões e bebida para meu fígado, não havia problema em fodê-lo tanto quanto eu já estava.

Ela me enlouqueceu em uma manipulação.

Toda e qualquer lembrança dela gerava socos mentais de ódio em meu estômago, apagava até mesmo o gosto forte da mistura de álcool e cigarro, mais fumaça do que líquido, ainda precisava de minha consciência por alguns momentos.

Um leve cheiro de queimado tomou minha atenção, as cinzas de meu cigarro abateram um único papel que ainda estava sobre o sofá. Poderia apenas jogá-lo na pilha que estava no chão, porém a caligrafia conhecida me obrigou a prestar atenção, era um relatório de Dean.

O relatório do interrogatório de Heinz Ruschel, o agente alemão da Mullet que teve sua língua arrancada, me obrigou a trancar a fumaça em minha boca por instantes. Havia peças que Dean também havia conseguido, contudo não foi interrompido como eu.

Aparentemente reconhecimento pessoal, Heinz aparentou demonstrar surpresa e desespero remetido a um passado de poder ou submissão a algum trauma.

Possível exacerbação ou ameaça contra a agente resultado na mutilação da língua, último meio de comunicação do interrogado retirado como ato de poder e desespero.

Pode haver algo além de um passado singelo ou vitorioso, postura ou identidade de Lowell, portanto observarei minuciosamente ações em campo.

Mais questões e cartas atiradas na mesa.

Ela estava entre nós, estava nos míseros detalhes das sombras de Roxie, ainda que tentasse apagar sua presença e sua história com máscara e sangue, ainda que isso pudesse custar sua vida.

Ainda que eu estivesse perto de matá-la sem remorso e sem saber.

— Isso não favorece você, espero que saiba disso. — Pressionei mais a arma contra seu peito.

Pude escutar sua respiração pesar minimamente e em seguida percebi seu olhar vacilar pelos segundos necessários para que meu corpo congelasse por completo ao sentir um arrepio na espinha, então toda razão se fez presente para escutar seu pronunciamento amigável.

— Atire e perca a chance de ver Rosalie novamente, eu garanto que se arrependerá pelo resto de sua vida e não desejo que isso ocorra — admitiu baixo e seguro, sem qualquer resquício de raiva, manipulação ou ganância, até mesmo esperança.

Manipulava também meus pensamentos com jogos mentais, me aproximava da resposta e repentinamente era lançado para longe, para uma completa confusão.

— Acabamos por aqui — decretou como se nada tivesse acontecido.

— Sim, até mais, Lowell. — Tomei a mesma postura e pensamento.

— Você até que está se saindo bem, me resta desejar boa sorte, Moranguinho.

Bastou o exato tom próximo ao timbre perfeito para que todas minhas decisões mudassem, minha atenção saiu da porta para Roxie, que com um simples ato fez com que meu mundo paralisasse por ínfimos segundos, todos os sons parar, assim como imagens e todo o sangue de meu corpo.

Um pequeno sorriso de canto que expressava uma cumplicidade sombria e escárnio foi como um terremoto em uma cidade carregada de arranha-céus. Era como ver o rosto de Rosalie ou pequenos pedaços sobre o de Roxie, como se a realidade desejasse brincar cada vez mais com minha sanidade. O sorriso que fazia meu coração estalar no peito sabendo que estaríamos nos envolvendo em algo perigoso, mesmo que fosse nos afundar em nós mesmos.

— Algum problema? — Arqueou a sobrancelha me dando lampejos assombrosos de sua semelhança.

Ao final, eu não estava tão louco para imaginar tamanha semelhança no rosto de duas cobras, porém estava verdadeiramente envenenado por tantas mentiras, atordoado o suficiente para não imaginar as próximas ações e decisões da vadia manipuladora, afinal ela é uma casca vazia e péssima perdedora com gula por poder e sem escrúpulos.

Mais dois grandes goles foram necessários, aquilo era um labirinto.

Um jogo amaldiçoado o qual necessitava deixar de ser uma peça para me tornar um jogador e tirar quem fosse necessário de meu caminho, ainda que esse alguém possa ser ela.

Ainda que nossa ameaça se concretize.


(...)


A tentativa de me embebedar foi deixada de lado assim que Hillary chegou em minha casa, havia esquecido que estava controlando minha vida como se fosse um potencial alvo para a morte e isso implicava em dormir em minha casa como disse há algumas horas.

Fui capaz de fugir do remédio para dor que me impedia de pensar claramente e de seu sermão por ter retornado a beber quando na verdade deveria estar medicado. Fisher não entendia como era melhor passar a noite em claro com bebidas do que sem conseguir raciocinar direito por remédios desnecessários.

Os ferimentos em minha perna e tronco não se comparavam ao estrago em minha cabeça. A única solução foi largar a bebida para demonstrar sobriedade e sair para tomar um ar, só não detalhei que acabaria dirigindo por mais de meia hora até Seal Beach, o local o qual eu imaginava ter paz e não ser encontrado facilmente.

Era diferente do meu ponto de paz, mas era um local igualmente calmo e vazio, ainda mais na madrugada, entretanto era algo que eu precisava, ficar distante daquela casa.

A todo o custo tentava manter minha atenção no movimento e no som das ondas, assim como o toque frio em meus pés por algumas vezes enquanto caminhava pela beira do mar. Pouco conseguia enxergar pela falta de postes e a fase que a lua se encontrava, independentemente conseguia escutar bem as ondas quebrando na areia.

Ainda sentia a raiva percorrer minha cabeça e o remorso das minhas veias, porém parte desses sentimentos foi deixado durante a estrada com o auxílio da alta velocidade, meu escape não destrutivo da juventude. Agora não estava prestes a partir o pescoço de alguém com minhas próprias mãos, todavia existia o desejo de caçar a todos que estavam em minha lista.

Preciso finalizar minha missão.

Preciso acabar com essa tortura irracional contra mim mesmo.

Um choro baixo acompanhado de murmúrios tomou minha atenção imediatamente, meus olhos correram na direção do som e com um pouco de esforço, e graças a uma fonte de luz no local, pude enxergar quem estava a poucos metros de mim. Aparentemente, não era uma ideia ilustre ir para a praia em plena madrugada, não era apenas eu com grandes problemas de insônia e com o desejo de ficar sozinho.

A silhueta parecia pertencer a uma mulher encolhida contra suas coxas, com a cabeça baixa sobre os joelhos e as mãos como uma forma de proteção. Claramente, alguém também estava na merda e veio afogar isso no mesmo local.

— Por que Beatrice? Por quê? — Sussurrava em uma mistura de raiva e dor, mal conseguia escutar. — Por que é tão ignorante?

Normalmente poderia até me compadecer com as dores de outra pessoa, no entanto já possuía problemas internos demais para sanar e não detinha mais vontade para isso, o cansaço. Há pouco havia conseguido filtrar parte de meu inferno para uma retalhação racional, portanto já tinha problemas internos o suficiente para não ter necessidade de compadecer com outros.

— Por que sou incapaz de fazer algo certo ao menos para alguém? — Desta vez questionava para o mar.

' Não havia nada para mim, tampouco iria interrompê-la. Girei meus calcanhares silenciosamente para retornar por onde vim, mas fui parado por um soluço alto seguido de um som agudo. Ela havia percebido minha presença, podia sentir seus olhos em minhas costas.

— Não queria atrapalhar — admiti ao me virar em sua direção.

— Me desculpe, não precisava ver isso ou ir embora por minha causa. — Rapidamente limpou seu rosto e começou a caçar algo, o que gerou uma eletricidade em minha espinha.

Como um reflexo para um alarme, uma postura defensiva discreta foi tomada e se necessário uma ofensiva seria montada em questão de milésimos de segundos. Não havia como confiar realmente em ninguém ou em qualquer movimento, não quando sua cabeça está a prêmio.

Contudo, o que procurava era sua lanterna coberta por um pouco de areia. O objeto foi utilizado apenas para iluminar o espaço entre nós, um tipo de certificação rápida para ambos, ou somente para mim já que minha preocupação era encontrar alguma arma que pudesse ser utilizada contra mim ao acaso, todavia não parecia haver espaço para isso em seu vestido de verão.

Sua preocupação não era sobre me averiguar, mas sim levantar-se desajeitadamente com atenção a onde pisaria entre nós, parecia prestes a fugir com a cabeça baixa, escondida.

— Se precisa tanto deste lugar, fique. — Dei de ombros indicando para o espaço restante. — Não estaria aqui a uma da madrugada se não fosse o caso.

— Mas você...

— Procurarei outro lugar.

— Não, por favor, não vá embora por minha causa — exclamou levantando finalmente a cabeça e as mãos em um pedido. — Aqui é um bom lugar, mais distante da rua e das pessoas, se deseja pensar é o melhor lugar.

— E você?

— Não se preocupe, não atrapalharei — Sua promessa parecia apenas uma forma vaga de fugir de outra situação fora dali. — Apenas ficarei aqui por mais alguns instantes, caso não se importe.

— Tanto faz. — Dei de ombros.

Por alguns instantes a mais, a mulher manteve o olhar estendido para mim, estava procurando algo em minha postura. Não encontraria nada apenas desprezo e despreocupação por aquele momento inoportuno.

Assim que tirou os olhos de mim, se afastou mais alguns passos e retornou a se sentar para observar o mar, no entanto não soluçava ou chiava entre lágrimas, apenas manteve o olhar duro direto para o oceano, me permitindo estudá-la mais uma vez rapidamente. Era uma boa distração procurar em minha mente quem seria um caçador em potencial que pudesse recordar.

Finalmente prestei atenção em sua aparência, deveria procurar detalhes ainda que com a iluminação das lanternas soltas na areia. Pela aproximação poderia deduzir que seus olhos eram castanhos e amendoados, nenhum olhar que estivesse gravado em memórias, seu cabelo deveria ser igualmente castanho escurecido. Parecia possuir traços e contornos que pareciam ser finos apesar de pouco inchados pelo possível choro recente.

Poderia ser apenas uma mulher comum, sem a capacidade de me atacar, poderia ser apenas uma encenação em meu mundo, entretanto naquela situação, parecia apenas alguém perdido. Não havia nenhum tipo de ameaça ou algo que tomasse minha atenção.

— Você também tem que estar aqui, não é? — Interpelou baixo, uma tentativa de forçar a comunicação.

— Não havia outra opção.

— Também não consegue dormir?

Não, não estamos tendo o mesmo problema, pensei e engoli. Meu mau humor havia sido triplicado com os últimos acontecimentos, portanto, minha grosseria acabaria aumentando o tempo de uma conversa que deve ser breve, ou nos piores dos casos poderia entregar algo para uma desconhecida que pode ser apenas mais uma mercenária procurando brechas.

Já não podia confiar em ninguém, muito menos uma desconhecida durante a madrugada.

— Realmente, a insônia é minha nova companheira.

O silêncio se fez presente, eu não possuía ânimo para alguma conversa e ela parece se perder novamente em seus pensamentos profundos e sabe-se lá mais o que, ainda assim não poderia tirar a atenção de seus movimentos, mesmo que discretamente.

Busquei por um cigarro em meu bolso e o acendi, mais uma vez me prendia à nicotina com forma de mudança de atenção e relaxamento, ao menos momentaneamente. Tornei minha atenção ao horizonte.

Não pude apreciar o horizonte ou um espaço vazio em minha mente, sequer um momento de silêncio e solitude, um chiado baixo voltou a ressoar próximo de mim. Era a mulher desconhecida que fitava a areia, desta vez não estava encolhida, deveria mentir para si mesma dizendo que não estava a chorar.

— A culpa foi minha... — A voz da desconhecida ressoou baixo em uma tentativa de conter o choro, falava novamente apenas para si. — Não deveria ter aceitado...

Aquilo não era de minha conta, sequer me interessava a lamúria de algum tipo de relacionamento, estava farto de sentimentos e o turbilhão de confusão que causavam a exaustão e o tédio.

A ignorância.

"A ignorância disfarçada de exaustão", seria como Georgia Blake definiria e o que me abateu por instantes, mães são como bruxas que invadem sua mente mesmo que não esteja pensando nela ou esteja prestes a explodir.

— Talvez deixando a grosseria de lado e observando problema de outros, de alguma forma essas coisas não te atormentarão. — Georgia aclarou doce e calmamente apesar do meu estado de nervos contra meu irmão.— Era o que fazia quando era uma criança, lembra-se, filho?

Aquilo não seria por uma mera ingenuidade da infância ou um pedido encarecido de uma mãe, seria apenas por estar cansado de tanto choro e lamento que me perseguiu durante os outros 5 meses e pela necessidade de adentrar o espaço da desconhecida garantindo que aquilo não passaria de um teatro irritante.

— Há coisas que devemos enterrar e nunca mais procurar, remoer o que já passou não vai mudar nada — atinei tomando sua atenção rapidamente.

— E quando a culpa é completamente sua?

— Não há como desfazer a merda, só pode conviver com isso todo o dia se fazendo de vítima de si mesmo e do outro, ou racionalizar e... — As palavras simplesmente sumiram de minha boca, o silêncio me tomou quando finalmente me escutei.

Aquela era a resposta que precisava dar para mim mesmo, ou ao menos parte dela, para que pudesse seguir e tomar o lugar que me pertencia naquela mesa de jogos, era a razão tomando voz depois de grandes e caóticas explosões.

— E?

— Racionalizar e deixar para trás se não for capaz de fazer as pazes com isso, afinal nem espiar os próprios pecados poderia apagar isso.

Como um bolo duro, ela engoliu minhas palavras. Demonstrou-se descontente com a verdade sobre a absolvição de suas ações, contudo um dia se acostumou assim como uma grande parte das pessoas de meu mundo, pessoas com pecados mil vezes piores que os que lamentava.

— Não foi uma grande ideia vir a um lugar que me traz lembranças — rezingou exalando insatisfação. — Nem ele faria isso...

— Realmente foi estúpido — disparei indiferente, seus olhos se arregalaram em surpresa momentaneamente. — Mas mesmo assim, mesmo que fosse para outro lugar, acabaria lembrando se não foi capaz de enterrar durante o caminho.

Pude perceber seu ato de engolir em seco, seu desconforto se tornou quase palpável, mesmo assim levou o olhar firme para o oceano e ignorou a resposta que tomou. Hillary e Georgia já haviam reclamado da forma rude como estava tratando as verdades que jogava para as pessoas ultimamente, fossem familiares ou desconhecidos.

Era apenas uma maldita reação de uma ação.

— Parece que eu encontrei um bom conselheiro por acaso, extremamente sincero. — Uma risada fraca e sem humor soou dela ao ignorar meu tom, o que me obrigou a fitá-la mais uma vez.

Talvez fosse algum tipo de jogo, ou ela apenas estava cansada demais das lamentações ingeridas e da realidade que foi escancarada, repentinamente, em seu rosto. De qualquer forma, me gerou curiosidade e desconfiança a ausência de uma ação hostil ou defensiva, havia me acostumado com o poder e o desprezo.

— Não costumo aconselhar pessoas, muito menos sobre relacionamentos por não caberem a mim. — Complementei.

— Relacionamentos não cabem a você? — Seus olhos se arregalaram com a questão.

— Nunca couberam.

Com o olhar cerrado começou a me analisar, possivelmente esperava ser alguma piada ou um exagero, entretanto era apenas a curta e ríspida verdade. Ao final, não parecia ter encontrado o que desejava, contudo o arquear em sua sobrancelha era um sinal de que concluiu algo.

— Mas está aqui por alguém, certo? — Interrogou minuciosa. — A sua insônia tem um nome.

— Você quem diz isso.

— Você diz, ainda que silenciosamente. — Sua confiança era branda, quase como se entrasse em um campo minado, de fato era o que fazia. — Por que guardar em vez de falar?

— Não tem nada mais há ser dito há um tempo, apenas esquecido completamente mesmo que custe uma jogada.

— Tratar relacionamentos como jogos é um grande problema, leva até merdas descontroladas. — Repreendeu incrédula, o que poderia chegar a ser inocente  e engraçado em minha realidade.

— No mundo em que vivo, tudo envolve jogos e poder, somente isso.

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Lua Mazzine

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