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By catratonks

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π˜πŸ’: Quidditch World Cup
π˜πŸ’: The Triwizard Tournament
π˜πŸ’: The Four Champions
π˜πŸ’: Potter Stinks
π˜πŸ’: The First Task
π˜πŸ’: Will You Dance With Me?
π˜πŸ’: Yule Ball
π˜πŸ’: The Golden Egg
π˜πŸ’: The Second Task
π˜πŸ’: Truth Or Dare
π˜πŸ’: The Third Task
π˜πŸ’: Everything Changes
π˜π„π€π‘ π…πˆπ•π„
π˜πŸ“: Grimmauld Place
π˜πŸ“: The Silver Dress
π˜πŸ“: The Prank
π˜πŸ“: Dolores Umbridge
π˜πŸ“: Firefly Conversations
π˜πŸ“: Harry, My Harry
π˜πŸ“: The Astronomy Tower
π˜πŸ“: The High Inquisitor
π˜πŸ“: The Revenge
π˜πŸ“: The Reunion
π˜πŸ“: Midnight Talking
π˜πŸ“: Dumbledore's Army
π˜πŸ“: Weasley Is Our King
π˜πŸ“: Love Potion
π˜πŸ“: Nightmares
π˜πŸ“: Holly Jolly Christmas
π˜πŸ“: Happy New Year!
π˜πŸ“: Fireworks
π˜πŸ“: Draco Malfoy
π˜πŸ“: Honeycomb Butterflies
π˜πŸ“: Expecto Patronum
π˜πŸ“: The New Seeker
π˜πŸ“: Breakdown
π˜πŸ“: A Whole New Perspective
π˜π„π€π‘ π’πˆπ—
π˜πŸ”: Horace Slughorn
π˜πŸ”: The Burrow
π˜πŸ”: Weasley's Wizard Wheezes
π˜πŸ”: August 11th
π˜πŸ”: Back to Hogwarts
π˜πŸ”: Amortentia
π˜πŸ”: The Quidditch Captain
π˜πŸ”: Draco?
π˜πŸ”: Falling Apart
π˜πŸ”: The Bookstore of Mysteries
π˜πŸ”: The Curse
π˜πŸ”: Slug Club
π˜πŸ”: Champagne Problems
π˜πŸ”: Dirty Little Secret
π˜πŸ”: Sign Of The Times
π˜πŸ”: Road Trip
π˜πŸ”: Whispers and Secrets
π˜πŸ”: Shopping Day
π˜πŸ”: Rufus Scrimgeour
π˜πŸ”: The Hunt
π˜πŸ”: Valentine's Day
π˜πŸ”: Quidditch Disaster
π˜πŸ”: Sixteenth Birthday
π˜πŸ”: Liquid Luck
π˜πŸ”: Sectumsempra
π˜πŸ”: The Cave
π˜πŸ”: What Starts, Ends
π˜π„π€π‘ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
π˜πŸ•: The Seven Potter's
π˜πŸ•: The Birthday Party
π˜πŸ•: The Wedding
π˜πŸ•: The Murderer
π˜πŸ•: September 1st
π˜πŸ•: The Sins Of Tragedy
π˜πŸ•: Body and Soul
π˜πŸ•: Slytherin's Locket
π˜πŸ•: The Depths Of Fall
π˜πŸ•: Breaking Hearts
π˜πŸ•: Godric's Hollow
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π˜πŸ•: The Deathly Hallows
π˜πŸ•: Bellatrix's Vengeance
π˜πŸ•: Highs And Lows
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π˜πŸ•: Knives? Sure!
π˜πŸ•: The Boy Who Lived
π˜πŸ•: When Nightmares Come to Life
π˜πŸ•: Blood And Bone
π˜πŸ•: Voids
π˜πŸ•: Death Comes
π˜πŸ•: Sunflowers
π˜πŸ•: Turning Page
π˜πŸ•: Intertwined Fates
𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐀𝐑
I. Surprises
II. Soft Kisses And Bad Dreams
III. Death's Lullaby
IV. WARNING: DANGER!
V. Hunting Season
VI. The Corner Of The Lost Souls
VII. The Letter
VIII. Sex On The Beach

π˜πŸ“: Maddie's Birthday Party

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By catratonks

Os preparativos para a festa de aniversário de Maddie se deram em meio a uma correria quase descomunal. Estávamos todos eufóricos, andando de um lado para o outro, arrumando vestidos e amarrando gravatas aos paletós; e até mesmo meu pai, que não era de se importar muito com essas coisas, começara a se preparar bem antes das oito, horário no qual pegaríamos uma carona com o Nôitibus Andante e iríamos para a casa de minha mãe.

Não vi sinal algum de Maddie, mamãe ou Dorcas quando acordei, elas provavelmente levantaram cedo e foram para casa, para organizar tudo para a festa. Tomei café muito rápido, porque havia dormido demais e não teria tempo de almoçar. Eram literalmente quatro e meia da tarde.

Tomei um banho demorado, passei desodorante, perfume, vesti a roupa que tínhamos comprado do dia anterior e pedi que Hermione fechasse o zíper para mim. "Você está linda" disse minha melhor amiga, saindo do quarto para que eu terminasse de me arrumar. Colocava os brincos que papai me dera quando a menina falou isso. "Harry vai enlouquecer quando te ver". Sorri para ela através do espelho e senti minhas entranhas se revirarem.

Fiz uma maquiagem simples, até porque não gostava muito de usar tanta sombra e pó; apenas peguei um iluminador para o acabamento e delineei meus olhos de um jeito diferente do qual estava acostumada a fazer. Passei um pouco de máscara para os cílios até que estes ficassem bem escuros, e Hermione me obrigou a usar um pouco de brilho labial transparente, só para umedecer minha boca.

Olhei-me no espelho e dei uma pequena volta, meu vestido fazendo um farfalhar suave conforme girava no mesmo lugar. Meus cabelos estavam soltos e formavam ondas suaves por cima de meus ombros, e os saltos dos meus sapatos produziam pequenos cliques quando andava. Eu estava linda, sentia-me bonita por dentro e por fora. Pela primeira em algum tempo, estava tão feliz que achava que as crises de ansiedade que vinha tendo foram-se para sempre; para longe, bem longe; há quilômetros daqui.

Houve uma leve batida na porta, seguida da voz de Remus.

— Você ainda vai demorar muito, S/N? Temos que pegar o Nôitibus Andante.

— Vou não, diga a papai que pode chamá-lo.

— Tudo bem. 

Como eu sabia que passaria a noite na casa de minha mãe, por causa da festa, peguei uma bolsa que arrumara mais cedo com tudo de que iria precisar e coloquei-a no ombro. Estava leve devido a falta de volume, já que eu também tinha pertences básicos na casa dela; decidira levar apenas o livro que estava lendo, escova de dentes e pasta, e alguns materiais de pintura que estava mesmo querendo transportar até lá, porque era na casa de minha mãe e Dorcas que eu costumava pintar durante mais tempo. Fechei as luzes do quarto e desci as escadas.

Achei que encontraria todo mundo do lado de fora, mas aparentemente fomos surpreendidos pela visita repentina de Snape, que acabara de chegar, visto que sua capa de viagem ainda não fora guardada no gancho que ficava na entrada da casa. O homem trocou algumas palavras com a Sra. Weasley e acompanhou-a até a cozinha. Momentos depois, a mulher retornou e começou a abotoar o casaco. Quando me viu, esboçou um sorriso de quem estava encantada.

— Ah, querida, você está maravilhosa! — elogiou ela, e segurou minhas mãos gentilmente, como quem pede desculpas. — Vamos ter que nos dividir, sinto muito, o Nôitibus Andante chegou na mesma hora que o Prof. Snape e seu pai disse que podíamos ir andando.

— Sem problemas, encontramos vocês lá — falei. — E obrigada, Sra. Weasley, a senhora também está muito bonita, de verdade. Quero dizer, ainda mais do que já é.

A mulher balançou a mão como se não fosse nada, mas deu para notar que gostou do elogio. Usava um vestido verde-esmeralda elegante de saia bufante e tinha os cabelos arrumados em um coque alto do qual pendiam pequenos cachos, diferente do de Hermione, que optara por um vestido num tom de roxo escuro cintilante, meio curto e colado ao corpo, um pouco acima dos joelhos.

— Você vai conosco, ou...? — perguntei a ela.

— Ron pediu que fosse com eles, já que, hã, serei sua acompanhante — respondeu Hermione, corando um pouco quando olhou para trás e viu que Ron a encarava intensamente. Notei o tom que usara para se referir à palavra "acompanhante" porque desde que soubera que iriam juntos fiquei fazendo piadinhas bestas sobre como Hermione e Ron eram o casal perfeito. Quem eram eles para pensar que eu acreditaria que só fariam par para a festa de Maddie por mera conveniência? — Mas Ginny e os gêmeos vão ficar, por causa do Sr. Weasley, ele fez um telefonema agora a pouco e conseguiu um carro do Ministério para vocês.

Dei uma última olhada na direção da porta, onde Fred e George abotoavam as abas de seus respectivos ternos e arrumavam a gravata sob o pescoço; um deles usando azul marinho, e o outro, uma combinação perfeita de preto e branco. O vestido de Ginny era vermelho escuro, da cor de vinho tinto; e um tanto colado ao corpo; mas ia até os pés e abria-se numa fenda discreta na região posterior da perna esquerda. Os saltos em seus pés nos deixava exatamente da mesma altura.

— Tudo bem — respondi. — Vou ver o que está havendo na cozinha.

Hermione parecia relutante, como se realmente quisesse ir logo, mas tivesse medo de me deixar sozinha.

— Ei, está tudo bem, sério — tentei tranquilizá-la. — Harry está aqui comigo, os gêmeos e Ginny também. Vá, pode se divertir.

A menina deu um suspiro que mais pareceu de alívio, se inclinou para deixar um beijinho em minha bochecha e saiu com Ron e a Sra. Weasley, fechando a porta atrás de si em seguida. Era bom saber que, pelo menos uma vez, as coisas estavam funcionando entre eles.

Segui na direção da cozinha, onde todos estavam muito quietos. Snape acomodara-se numa ponta da mesa, o rosto moldado numa carranca ainda mais rude que a habitual. Remus preparava uma xícara de chá para ele, e Sirius sussurrava alguma coisa no ouvido do marido. Pela expressão de ambos, papai estava morrendo de raiva. Acho que planejava aparecer na festa antes da maioria dos convidados, conversar com velhos amigos por mais ou menos meia hora e depois esgotar o estoque de vinhos importados de minha mãe. Era seu programa favorito, mas por algum motivo nunca realmente se concretizava.

Os saltos dos meus sapatos chamaram atenção de todos ali, e confesso que deveria ter escolhido algo menos barulhento. Papai e Remus me encararam com orgulho, e até pareceram esquecer um pouco da presença de Snape. Eles estavam muito bonitos também. Senti-me um tanto intimidada.

Suas roupas eram a definição da palavra exótica num único só lugar: o terno de meu pai era roxo escuro, feito de um material que parecia veludo, e sua gravada era também roxa, mas listrada em dois tons diferentes: um claro e um escuro. Enquanto isso, o de Remus era da cor de terra vermelha com leves rajadas roxas, azuis, brancas e amarelas, o que o fazia parecer com um astro da moda dos anos 70 e o rotulava como definitivamente o próximo a posar para uma sessão de fotografias da Variety, uma revista de moda que eu sabia que o homem amava folhear. Costumava dizer que, ultimamente, os modelos não condiziam muito com a marca, e foi o único dia em toda a minha vida que vi meu padrasto tomar um gole de whisky de fogo.

Bons tempos, bons tempos.

O silêncio foi quebrado por Snape, que pigarreou alto, e rapidamente Remus voltou a fazer o que estava fazendo, servindo o chá numa caneca de formato estranho que fumegava. Trocou um olhar rápido com o marido e saiu pela porta dos fundos.

— O que está acontecendo?

— Preciso falar com o Sr. Potter, não vai demorar — disse Snape friamente, afastando a caneca de si sem tomar um gole sequer. Tive vontade de fazê-lo engasgar com o esforço de Remus. — Peço que saiam, dessa forma será rápido e vocês poderão sair para aproveitar a festinha que tanto fazem questão de ir.

Papai o encarou, com raiva.

— Sou o responsável legal de Harry — disse ele, andando até o afilhado e colocando as mãos em seus ombros. — Vou ficar.

Snape revirou os olhos.

— Tudo bem — ele voltou-se para mim, e quase pude sentir pequenas faíscas de ódio saindo de dentro do homem e passando através de cada um dos meus escudos mentais. — Mas ela tem que se retirar. É um assunto confidencial.

Ergui a sobrancelhas. O que poderia ser tão secreto a ponto de que eu estava proibida de escutar?

Antes que meu pai dissesse qualquer coisa, Harry falou:

— Deixe-a ficar, vou contar tudo ela depois mesmo.

Se antes eu sentia o olhar de Harry sobre mim, como se quisesse explorar cada pequena e grande parte do meu ser, agora foi simplesmente impossível não olhar para ele. E quando digo olhar, digo olhar mesmo, prestar atenção em cada detalhe. Harry usava um terno cinza claro muito bonito, sendo a blusa social e a gravata completamente pretas. Além disso, suas unhas estavam pintadas, assim como as de papai e Remus; e alguns anéis prateados brilhavam em seus dedos, deixando-o ainda mais atraente do que já era. A única coisa que não saía do habitual era o cabelo, que continuava extremamente bagunçado e lindo. Ah, Harry Potter, um dia você ainda acaba comigo.

— Eu. Disse. Saia. Daqui. — disse Snape pausadamente naquela voz que tanto me irritava.

Papai bateu na mesa do nada e se descontrolou. Confesso que foi engraçado, porque, embora nunca fosse admitir, Snape tomou um susto.

— Não diga onde minha filha deve ficar ou não, Ranhoso! — sua voz parecia mais um rosnado que qualquer outra coisa, e ele pronunciou o apelido maldoso como se fosse veneno. — Ela vai ficar se quiser, e quero ver você tentar fazer alguma coisa para impedir.

— Francamente, olhe para o tipo de civilização que Dumbledore me mandou... — resmungou Snape. Eu estava curiosa, e fiquei mil vezes mais quando o nome do diretor de Hogwarts foi mencionado.

— Se ela não pode ouvir, então o assunto está encerrado — disse Harry, olhando com frieza para o homem.

Snape revirou os olhos, mas assentiu devagar. Harry e papai sentaram-se à mesa, mas eu continuei em pé, bebendo água de um copo que antes estava no armário mais próximo.

— Aqui está a coisa: o diretor veio falar comigo ainda esta manhã, e quer que você faça aulas particulares de Oclumência.

— Que é isso?

— É a arte de bloquear a mente para evitar que os outros a leiam — respondi.

— Desculpe, acho que não ficou claro que estou dando um recado ao Potter, e não a você — disse Snape. Papai abriu a boca para revidar, mas eu o calei com um olhar. Harry também não pareceu ficar muito feliz com a atitude do professor, mas decidiu deixar para lá porque sabia que eu provavelmente brigaria com ele depois. — Dumbledore acha que você precisa aprender a fechar sua mente, Potter, é isso o que ele acha, como mecanismo de defesa.

— E por quê? — perguntou Harry.

— Ele acredita que você e o Lorde das Trevas possuem uma espécie de conexão mental — disse Snape.

— Então, se Harry quisesse, poderia ver Voldemort usando o banheiro? — sugeri, e papai e eu caímos na risada na mesma hora.

— Isso é nojento, S/A — disse Harry, mas estava quase gargalhando também.

— Tá, me desculpe, é que eu não podia perder a oportunidade.

— Este assunto é sério, Srta. Black — disse Snape. — Fique na sua.

Ele foi tão grosseiro que realmente me senti ofendida.

— Nossa, não precisa falar assim, era só uma brincadeira, só isso — falei na defensiva, e acabei sendo um pouco insensível também.

— Bem, pois fique calada, não me lembro de ter pedido a sua opinião.

Papai estava prestes a explodir, principalmente depois disso.

— Bem, também não pedi a sua — revidei.

— Não se atreva...! — ameaçou Sirius, ficando de pé para enfrentar o homem. Snape e eu ficamos também. O professor pareceu não ouvir.

— Como é? — esbravejou ele para mim. — Sou seu professor, garota insolente. Em Hogwarts você não tem essa coragem toda, tem? Só porque está aqui, na casa do papai, acha que pode...

Em Hogwarts — interrompi-o, erguendo o indicador no ar — , assim como você mencionou. Você é meu professor em Hogwarts, mas aqui, fora dela, é apenas um membro da Ordem da Fênix que está na minha casa, então acredito que um pouquinho de respeito seria legal.

— Respeito. Não lhe devo nenhum respeito.

— Então você sabe onde fica a saída, pode ir embora quando quiser, de preferência agora — peguei o pulso de Harry com delicadeza e dei uma olhada no relógio. — Mhm, estamos atrasados. O senhor gostaria de dizer mais alguma coisa?

Snape parecia que tinha levado um tapa na cara, o rosto vermelho de tanto ódio. Ele vestiu a capa de viagem com agressividade e alisou-a com uma das mãos. Papai estava fazendo muito esforço para não rir.

— Quero Potter em minha sala todas as segundas-feiras às oito. Se perguntarem, diga que são aulas particulares de Poções. Ele está mesmo precisando — dizendo isso, saiu.

Papai e eu trocamos um olhar rápido, fizemos um high-five e caímos na risada. Logo depois ouviu-se a voz de Remus.

— Sirius, acho que o pessoal do Ministério chegou!

— Estou indo, amor! — ele apertou os ombros de Harry suavemente e correu para ajudar o marido.

Foi quando ficamos sozinhos, e Harry se levantou. Olhei para meus próprios pés, depois em seus olhos. Nunca, mas nunca mesmo, eles estiveram tão verdes. Tal observação fez meu coração pulsar em meu peito; mas senti em meu pescoço, como se estivesse subindo na direção da garganta, inebriando todos os meus sentidos.

— Sua gravata — falei, sem graça, quando Harry me observou por tempo demais. Parecia que ele não sabia para qual parte de mim olhar primeiro. — Deixe-me só... Isso, aqui.

Apertei-a só um pouco, porque estava frouxa demais; e Harry nunca fora do tipo que sabia como arrumar uma gravata, mesmo que usasse uma todos os dias por causa do uniforme da escola. Harry engoliu em seco e olhou para minha boca, depois com muito esforço olhou em meus olhos, e de alguma forma senti uma pequena parte dele tentando se afogar ali.

— Não ligue para o que Snape diz, você não precisa de aulas particulares de Poções — falei, passando a mão de leve em seu peito coberto pelo terno acinzentado. Tirei-a lá segundos depois.

— Não ligo.

— Hm, acho bom — disse eu com um sorriso. — Gostei de suas roupas, ficaram bem em você.

— Você está maravilhosa, S/A — disse Harry do nada, fazendo-me ficar um pouco vermelha. — Sério, não consigo parar de te olhar. Tem certeza que você não é uma feiticeira ou algo do gênero?

Sorri e revirei os olhos para tentar disfarçar que estava com vergonha. Harry levou as mãos até meu rosto e colocou meus cabelos para trás de minhas orelhas, segurando minha cabeça com cuidado logo depois. Senti o geladinho dos anéis que estava usando em minha pele, seguido de um arrepio. Por causa dos saltos, agora eu era apenas uns centímetros mais baixa que ele.

— Vi que pintou as unhas — falei, tentando mudar de assunto. Eu fazia isso quando ficava sem jeito, ou quando não sabia o que dizer. — Eu amei.

Em resposta, Harry me beijou.

— Harry! S/N! — chamou Remus de longe. — O carro está pronto!

Harry me deu mais alguns selinhos e se afastou um pouco.

— Estão nos chamando.

— Me beije mais uma vez antes de irmos.

Harry me beijou de novo, de novo, e de novo.

— Satisfeita? — ele riu.

— Não — dei-lhe um único selinho, e mordi seu lábio inferior quando terminei apenas para provocá-lo. — Vamos.

Harry me seguiu como um cachorrinho, e ainda abriu a porta do carro para eu passar.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

O taxista do Ministério parou em frente à casa, que tinha o portão frontal aberto para recepcionar os convidados e um protocolo de segurança que detectava invasores. Havia uma fila quase quilométrica na entrada, e quando a viu, Fred deixou escapar um gemido.

— Não acredito — disse ele quando saímos do carro. — Devíamos ter vindo mais cedo.

— Culpa do Ranhoso, aquele filho da...

Remus cutucou papai com o cotovelo.

— Modos, Sirius!

— O quê, nunca ouviu um palavrão na vida?

— Acho que seu pai está irritado — comentou George, abaixando-se um pouco para sussurrar em meu ouvido. — Será que vai ter briga, ou é melhor esperar no final da fila?

— Não, eles não brigam muito, papai sempre acaba fazendo tudo o que Remus pede. É como se fosse o cachorrinho particular dele. Bem, literalmente.

— Ah, está aí explicado o porquê de Harry ser assim.

Harry inclinou a cabeça para o lado, confuso.

— Não entendi, o que tenho a ver com a briga de Sirius e Remus?

— Nós não... Ah, esquece — falei. Papai e Remus fecharam o assunto olhando para frente, como se estivessem entediados, mas pela expressão no rosto de Remus soube no mesmo instante quem levara razão na história. — E não seja por isso, Fred, não temos que ficar esperando.

— Não? — o garoto perguntou, esperançoso. Harry olhou para mim com um sorrisinho, já sabia que minha mente estava trabalhando em alguma coisa. Na verdade, ele sabia exatamente do que se tratava.

—  Não — sorri. — Vem, venham comigo.

Saímos do fim da fila e ultrapassamos os convidados que aguardavam à nossa frente. Pude ouvir reclamações e protestos de alguns deles, mas a grande maioria nos conhecia e não se importou. Ao meu lado, papai tirou um cigarro sabe-se lá de onde e o acendeu.

— Você sabe que essa coisa ainda vai acabar te matando, não sabe? — disse eu.

— Que bom, minha vida já foi longa o suficiente mesmo — brincou ele.

— Que horror, não diga isso!

Mas papai deu de ombros e colocou o cigarro na boca, estendendo outro para o marido. Remus olhou para ele, depois para o que meu pai lhe estendia, e provavelmente pensou que casara com a pior influência do planeta, porque pela primeira vez desde que me entendia por gente Remus segurou um cigarro entre os dedos e deu uma tragada.

— Remus! — o repreendi.

— Só se vive uma vez — disse ele, e eu fiz cara feia e cruzei os braços. Meu padrasto começou a rir. — Fumar não faz mal para bruxos, ou pessoas e criaturas de sangue mágico, S/N. Fique tranquila.

— Espere, é sério? — papai perguntou, chocado. — Ah, cara, e eu achando que estava fazendo algo extremamente exótico.

Chegamos à entrada, que antecedia os jardins da propriedade; que antecedia a casa, e os cômodos, e por aí vai.

— Esperem no fim da fila como todo mundo — disse uma voz entediada atrás de um pequeno balcão. Continuei onde estava e inclinei a cabeça para o lado. O homem deu um suspiro cansado e me encarou de volta, sua postura mudando quase que no mesmo instante. — Ah, S/N, é você. Estava mesmo achando estranho que não tinham chegado. Seu Natal foi bom?

— Foi ótimo, Alfred, obrigada por perguntar — Alfred era o mordomo de mamãe, mas desde que começara a trabalhar para nós o tratávamos como parte da família. — Você sabe se Maddie já desceu?

— Desceu, da última vez que eu a vi estava bebendo champanhe, vinho, ou algo assim.

— Desde quando Maddie bebe? — quis saber George, curioso. Dei tapinhas que mais pareciam ser um gesto de consolo em suas costas.

— Maddie faz muita coisa que você não faz a menor ideia de que se trata, acredite — falei, e virei-me para encarar Alfred em seguida. — Podemos entrar, por favor?

— Podem, podem, mas têm que passar pelo procedimento padrão — disse ele. — Quantos anos você tinha quando se cortou por acidente com o aparador de grama do vizinho?

— Três. Deixou uma cicatriz quase invisível no meu polegar esquerdo.

— Muito bem — elogiou Alfred. — Qual é o patrono de Maddie?

— Um gato siamês.

— Quanto é cinco ao quadrado?

Franzi as sobrancelhas.

— De que isso ajuda?

— De nada, só queria saber se sua matemática está em dia — ele sorriu, fazendo papai revirar os olhos (ele detestava números), e puxou a fita que bloqueava a passagem. — Bem, podem ir. S'amuser!

Sorri para ele e passei com Harry na minha cola. Remus e Sirius jogaram seus cigarros no chão e pisaram em cima deles, depois chutaram-nos para longe.

— Que é que ele disse? — perguntou Fred.

S'amuser — repeti. — Significa "divirtam-se", em francês. Alfred é estrangeiro.

— Deu para notar.

Nos aproximamos da casa, e os Weasley deixaram escapar uma exclamação de admiração. A residência de minha mãe e Dorcas era, em poucas palavras, imponente e magnífica. Era uma casa enorme, com mais de quatro andares e escadarias de vidro e mármore e portas de carvalho e jardins floridos quase intermináveis na parte de trás da propriedade. Por fora, parecia um casarão do século XIX muito bem cuidado, mas seu interior era claro, limpo e moderno; as paredes de alguns cômodos repletas de obras de arte e papéis de parede exóticos vindos dos quatro cantos do mundo e as prateleiras cheias com vasos ornamentados  que iam comprando sempre que viajavam a trabalho. Diferente da casa em que eu morava com meu pai, Remus, e, durante a maior parte do ano, Harry, aquela parecia o castelo de Drácula; mas cada uma combinava com suas respectivas personalidades. Remus e Sirius sempre foram mais discretos, enquanto minha mãe e Dorcas tinham aquele lema de "quanto maior, melhor". Bem, mas elas nunca realmente deram valor a todos aqueles quadros e tecidos importados; enfeitaram a casa daquele jeito porque Remus e eu insistimos muito. E eu sabia que preferiam noites em claro jogando cartas e brincando com jogos de tabuleiro àquelas viagens intermináveis à América que aconteciam ao menos uma vez por ano.

— Wow, agora entendi porque sua mãe insistiu tanto para pagar pelas nossas coisas ontem à tarde — murmurou Ginny, olhando para cima, para a grande estrutura. — Ela é rica mesmo.

Papai e Remus arrumaram seus respectivos paletós, e meu pai tirou do bolso outro cigarro. Olhei em desaprovação para ele, mas não disse nada. Pelo menos agora sabia que Sirius não ia morrer daquilo.

— Ah, aí estão vocês — disse a voz de Maddie. Quando ela apareceu em meio à multidão, ao lado de Tonks, que usava um vestido vermelho longo colado ao corpo, perdemos o fôlego. — Achei que só viriam amanhã.

Maddie desceu os poucos degraus que haviam na frente da casa e nos cumprimentou. Usava um vestido preto longo, colado ao seu corpo com um decote bem indiscreto em formato de V, o que realçava seu busto e cintura. Acho que era a primeira vez que eu a via usando qualquer coisa que não fosse um shorts ou uma calça jeans, mas achei que a mudança caiu-lhe muito bem. Maddie estava mais parecendo uma mistura divina de Angelina Jolie com Jennifer Aniston, sendo que mil vezes mais bonita e poderosa. Seus olhos foram pintados de preto também, e o cabelo escorria completamente para trás, cada fio em seu devido lugar. Suas unhas da cor de petróleo davam-lhe um aspecto de vampira mística, ou de deusa da Noite e do Caos, ou do que quer que você prefira imaginar.

— Você não acha que esse decote está meio exagerado, Valeria? — reclamou papai, olhando em volta para ter certeza de que ninguém estava secando minha irmã com os olhos (pude localizar pelo menos cinco pessoas).

— Não.

— Deixe ela, Sirius — disse minha mãe, aparecendo ao lado de Maddie com Dorcas. — Oi, S/N, você está linda. Você também, Harry.

Elas usavam roupas escuras, assim como Maddie, e traziam uma graciosidade que eu tinha certeza de que poucas pessoas saberiam imitar. Dorcas vestia azul escuro, e minha mãe, assim como minha irmã, preto. Uma combinação interessante, poderosa, sagaz.

Agradecemos ao mesmo tempo. Maddie olhou para mim, depois para Harry, e depois olhou de volta para Tonks como se ambas estivessem pensando na mesma coisa, mas não quisessem dizer nada.

— Vem, vamos entrar — disse Maddie, colocando uma das mãos em meu ombro, e a outra no de Harry. — Vou raptar esses dois por alguns minutos.

Tonks assentiu com um sorriso maldoso nos lábios e Maddie nos levou para dentro, onde pessoas conversavam enquanto bebiam champanhe, ou dançavam lentamente ao som de Mozart. Larguei minha mochila numa mesa aleatória, depois observei bem o espaço: exatamente como eu me lembrava, com excessão de uns poucos quadros que eram perceptivelmente novos e o piano do qual Remus tanto falara. Quase perdi o fôlego. Ele realmente era muito lindo.

— É, estou surpresa, Maddie — disse eu. Olhando para os anéis que usava, sendo um deles no formato de uma serpente. — Nunca pensei que viveria para te ver usando um vestido, ainda mais um assim.

— Pois é, mas acho que foi bom, para variar. Por que demoraram tanto?

— Snape apareceu, disse que Harry tinha que cursar Oclumência a mando de Dumbledore.

— Wow, ok — disse ela. Um garçom passou oferecendo taças de vinho e champanhe, e Maddie pegou uma, agradecendo ao moço logo depois; deu um gole. — Tem certeza de que foi só isso?

Harry e eu trocamos olhares. Maddie pareceu entender.

— O que vocês estavam fazendo, ein?

— Lavando roupa — disse eu.

— Tomando chá — disse Harry.

Maddie começou a rir, balançou a cabeça e nos deixou a sós. Olhei para meu namorado.

— Tomando chá? — questionei. — Que tipo de desculpa é essa?

Ele deu de ombros.

— Não é tão ruim quanto lavando roupa.

Dei-lhe um empurrãozinho no ombro. Harry riu e colocou uma das mãos na base da minha coluna.

— Vem, vamos dançar.

Dez, vinte, trinta minutos se passaram. Em nenhum momento saímos da pista de dança. Harry me fazia rodopiar no mesmo lugar, uma das mãos em minha cintura, sua testa de vez em quando colada na minha. Eu me sentia tão bem em seus braços, mesmo que meus pés já estivessem doendo por causa dos saltos. Vez ou outra, Harry beijava meu pescoço, mas nada mais do que isso. Não podíamos arriscar muito, não no meio de todas aquelas pessoas. Nossa privacidade com certeza iria por água abaixo. Mas era bom saber que, mesmo durante todo aquele período de caos, tivemos nossos momentos; Harry dizendo que me amava, e eu o amando de volta.

Às vezes, eu achava que éramos estrelas, constelações. Pontinhos brilhantes num céu azul escuro pintado de roxo e pontinhos brancos e prateados, infinitos e finitos ao mesmo tempo; e era nesses momentos em que não tinha certeza de quando havia me apaixonado por ele; apenas sabia que as coisas foram acontecendo, e lá estávamos nós. Acho nos amamos desde que nos conhecemos. E acho que isso significa algo bem antes de nosso nascimento, como se estivéssemos escritos nas estrelas; mas nós éramos as próprias estrelas, certo? Astros que queimavam na atmosfera quase tanto quanto as labaredas em nossos corações?

Careless Whisper começou a tocar, uma música que dizia algo como "poderíamos ter sido tão lindos juntos, poderíamos ter dançando essa dança para sempre". Não me aguentei e dei um beijo nele. Mesmo sabendo que não era uma boa ideia. Senti alguns olhares curiosos sobre nós, mas não liguei.

— Não é arriscado fazermos isso aqui? — murmurou Harry, mas eu soube que era tarde demais quando suas pupilas dilatadas encararam as minhas.

Olhei para um lado, depois para o outro, e dei-lhe um sorriso malicioso.

— Não vejo meu pai em lugar algum — dei-lhe um pequeno selinho, e Harry suspirou contra minha boca. Eu sabia o que estava fazendo, estava provocando ele. E sabia também que o menino mal estava conseguindo se segurar.

— Com licença, champanhe? — ofereceu um garçom para nós. Harry negou com a cabeça, mas eu peguei uma taça.

— Obrigada.

O homem foi embora, e aproveitamos esse momento para sairmos da pista de dança. Encostei-me a uma porta num corredor praticamente vazio (com excessão de dois velhos que conversavam sobre dinheiro e negócios, mas eles nem notaram nossa presença) e balancei a taça de um lado para o outro vagarosamente, observando o líquido em seu interior oscilar.

— S/A, o que é isso?

— Champanhe.

— Amor, você nunca bebeu na vida — disse Harry, preocupado. — Tem certeza de que é uma boa ideia?

Em resposta, tomei um gole.

— Hmm, não é tão ruim.

Harry encarou meus lábios molhados de champanhe e engoliu em seco. Limpei a gota que escorria em meu queixo com o polegar, olhando nos olhos dele, e, sem parar de encará-lo, virei o conteúdo da taça de uma vez só. Harry firmou as mãos em minha cintura e aproximou sua boca da minha, aspirando o aroma doce e azedo ao mesmo tempo que a bebida proporcionava. Desviei propositalmente de seu toque e virei de costas para ele, analisando a porta.

— Nunca entrei aqui — falei, sentindo sua respiração em meu ombro. Era mentira. — O que será que tem aí dentro?

— Acho que só vamos descobrir se entrarmos — Harry e eu exploramos cada centímetro daquela casa, quando estávamos entediados, uns invernos atrás.

Girei a maçaneta e entrei no cômodo, que era uma espécie de depósito velho, cheio de caixas e móveis antigos. Quando fechei a porta atrás de mim, Harry me prensou contra ela e atacou meus lábios com um beijo quente, desesperado. Suas mãos viajaram de minha cintura até meus cabelos, ele parecia não saber onde tocar primeiro. Correspondi com a mesma intensidade e agarrei seus fios escuros, puxando-o mais para mim. Fomos andando aos beijos enquanto usávamos as mãos para tatear os móveis e objetos à nossa volta, e Harry me ergueu com uma facilidade surpreendente, fazendo-me sentar numa mesa velha que havia ali; ficando entre minhas pernas, Harry mordiscou meus lábios e começou a descer com os beijos pela minha orelha direita e meu pescoço, atingindo um de meus pontos sensíveis e demorando-se ali. Meu corpo inteiro começou a entrar em combustão, proporcionando-me uma sensação boa, algo que nunca sentira antes na vida, e deixei escapar um sonoro suspiro, fazendo Harry completamente louco e levando-o a beijar minha boca de novo.

Não sei se foi o efeito da única bebida que já tomara na vida, ou dos beijos de Harry, mas eu estava tão perdida nele que meus ouvidos zumbiam, e minha mente não conseguia formar pensamento coerente algum. Pouco estava me importando com o que Harry faria comigo naquele quarto escuro, desde que ele fizesse.

Ele se afastou minimamente, e nós dois nos encaramos, sem fôlego. Ele também não se importava. Voltamos a nos beijar, e aquela sensação de nervosismo sumiu. E daí que poderíamos nos arrepender depois?

Bem nessa hora, quando as mãos de Harry foram subindo de minha cintura mais mais e mais, a porta foi escancarada, e Ron entrou. Tomamos um susto e nos separamos. O garoto gritou.

— Puta merda! — exclamou Ron, olhando para Harry. — O que você está fazendo aqui?

As bochechas de Harry ficaram vermelhas.

— Beijando minha namorada — disse Harry. Gostei do jeito com o qual ele disse a palavra "minha". — E você?

— Procurando um banheiro, argh! — deu-nos as costas e saiu.

Harry olhou para mim, eu olhei para ele, e simplesmente caímos na gargalhada. Fiquei frustada por termos sido interrompidos, mas aliviada ao mesmo tempo. É claro que eu queria isso com Harry, queria absolutamente tudo com ele; só achava que ainda tínhamos tempo.

Olhei bem no interior dos olhos verdes de Harry e sorri. E ele sorriu de volta, apoiando as mãos em minhas costas e me dando um selinho demorado, suficientemente longo para que eu sentisse nossos gostos se misturando, tornando-se um. Meu coração se encheu de amor com a delicadeza que foi imposta no ato.

Desci da mesa e arrumei meu vestido, cuja saia estava meio amassada.

— Vem — chamei. Harry entrelaçou nossos dedos quando ofereci minha mão. — Vamos procurar os outros.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Quando o relógio bateu meia noite, e Harry e eu já tínhamos dançado tanto que meus joelhos estavam doendo, me joguei no sofá da sala de estar e fiz uma careta quando senti uma pontada em minha cabeça.

— Ah, maravilha, esqueci que estava doente — disse eu. — Nunca mais me deixe beber, Harry, sério mesmo.

Harry sorriu. Estava só de blusa social e gravata, agora.

— Gosto dessa sua personalidade em festas — disse ele, brincando, mas, ao notar que eu estava com dor de cabeça novamente, Harry assentiu, concordando, e mediu minha temperatura. — Tudo bem. Pelo menos você está sem febre. Quer que eu consiga um remédio para você?

— Quero, por favor.

Harry se levantou e foi procurar minha mãe. Quase na mesma hora, Maddie apareceu acompanhada por Hermione e Ginny, e as três se jogaram no sofá ao meu lado (Maddie mais parecia que havia sido carregada escada abaixo).

— Noite boa? — perguntei.

Maddie fez uma careta.

— Mais ou menos. Bebi umas taças de alguma coisa que não sabia bem o que era e acho que fiz merda.

— Como assim?

— Tonks me beijou.

Arregalei os olhos e me sentei de uma vez para ouvir a história, mas a sala girou e girou e girou e girou. Encostei-me novamente ao sofá.

— E depois?

— Eu me afastei — suspirou ela, frustrada. — Quero dizer, o que há de errado comigo? Por que não correspondi ao beijo?

— Talvez estivesse com medo de estragar a amizade de vocês — sugeriu Ginny. Maddie balançou a cabeça.

— Não, não acho que seja isso.

— Talvez você estivesse com medo — sugeriu Hermione. Maddie negou de novo.

— Com a falta de vergonha que tenho? Não. Negativo. — disse ela, e nós três rimos. Depois ajeitou-se para olhar em meus olhos, e, mesmo com o rímel um pouco borrado, achei que continuava linda. — Eu queria beijá-la, queria saber qual era a sensação, mas quando aconteceu, me pareceu tão errado. Tonks é como uma irmã para mim, sempre fizemos tudo juntas, como você e Harry, sendo que de um jeito diferente, porque vocês definitivamente não se olham como dois irmãos, entende. Honestamente, não acredito que hoje seja meu dia de sorte.

Virei a cabeça de lado para encará-la.

— Talvez você só não corresponda aos sentimentos dela, Maddie. Não é o fim do mundo.

— Eu sei, eu sei — minha irmã descruzou as pernas e depois as cruzou de novo. — Mas eu queria correspondê-los, não quero que Tonks fique magoada, ou que nossa amizade se perca depois da noite de hoje. Estou tão confusa.

Ginny inclinou a cabeça para o lado e depois sentou-se apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Você tem certeza de que não gosta dela?

Maddie olhou para a ruiva, confusa.

— E por que não teria?

— Bem, você se importa demais com o que ela pensa de você — disse Ginny. — Tem medo que isso estrague sua amizade. Mesmo que não goste de Tonks dessa maneira, isso me cheira a tesão acumulada.

Maddie revirou os olhos.

— Conta outra, Ginevra.

— Não me chame de Ginevra — ralhou Ginny. — Sério, quanto tempo desde a última vez que você transou?

Arqueei as sobrancelhas, curiosa. Deu para ver que Maddie ficou levemente sem jeito, talvez porque não tivesse tanta intimidade com Ginny. Por mais que fosse uma pessoa intensa, Maddie era bem discreta naquela questão que exigia demonstrar sentimentos.

— Uma meia hora?

Hermione engasgou com o suco que estava tomando, e eu comecei a rir.

— Sério? E quem foi o sortudo da vez?

— O pior é que eu não sei — disse Maddie. — Não lembro, S/N, não me olhe assim, estou bêbada.

— Contanto que não tenha sido no meu quarto, tudo bem.

— Aqui — disse Harry, aparecendo atrás de mim com um copo de água e uma cartela de comprimidos para dor de cabeça. Depois sentou-se ao meu lado na borda do sofá.

— Obrigada.

Hermione e Maddie ficaram nos observando, minha melhor amiga com um sorrisinho nos lábios. Engoli um dos comprimidos e afundei no estofamento.

— O que? — perguntei quando vi que me olhavam.

Maddie piscou algumas vezes antes de responder, talvez porque procurava as palavras certas.

— Sempre que olho para vocês, me sinto tão sozinha — lamentou-se Maddie. — Quero dizer, você só tem quinze anos, Harry, e S/N tem catorze, mas já encontraram o amor e reconhecem isso todos os dias. Às vezes me pergunto o que há de errado comigo.

— Ei, você é perfeita, tudo bem? — eu disse a ela. — Provavelmente só não encontrou a pessoa certa ainda.

— É, talvez — disse ela, olhando para longe. — Sabe, a verdade é que não consigo me ver com Tonks, por mais que eu tente. Uma parte de mim quer gostar dela de volta, para não magoá-la, porque eu a amo, S/N, realmente a amo, mas como minha melhor amiga, entende? Como você ama Hermione, e não como ama Harry. Outra parte de mim tem medo de contar a verdade, de perder nossa amizade por causa disso.

Pensei um pouco no que ela estava dizendo e cruzei os braços. Maddie sempre foi do tipo que mantinha seus pensamentos para si, tantando cuidar dos outros indiretamente, sem demonstrar. Era um dos traços mais fortes de sua personalidade: essa mistura de sentimentos que ninguém percebia, mas que sempre estivera lá. Às vezes, eu achava que Maddie se tratava como uma máquina, achando que podia estar no controle da própria vida o tempo todo quando na verdade não estava. E tinha medo até onde isso a faria chegar.

— Não é como se você tivesse culpa — falei. — Tente pensar em si mesma, pelo menos uma vez na vida. Não adianta ficar com uma pessoa para fazê-la feliz e não pensar no que você quer, Maddie. Você sabe disso.

— Eu sei — suspirou ela — , eu sei.

O moço das bebidas passou de novo, e Maddie pegou um copo de suco de laranja. Equilíbrio, eu diria, mas fiquei calada, pensando. Minha irmã tinha essas oscilações de ondas de sentimentos com frequência, e, sempre que começava a melhorar, tinha uma recaída; ficava meio emocionalmente distante durante dias. E eu tinha certeza de que tudo isso começara no passado, no orfanato. Detestava falar sobre o que fizeram com ela, como a usaram. Talvez fosse por isso que Maddie se cobrava tanto, que agia como se fosse um tanque de guerra. E das poucas vezes que faláramos sobre o assunto, minha irmã chorou. E ela nunca, nunca mesmo, chorava. Era como uma esponja que não absorvia água, ou um céu azul sem nuvens de chuva. Embora fosse alegre e demonstrasse felicidade, tinha um passado sombrio de cujas entrelinhas quase ninguém tinha conhecimento. Nunca perguntávamos, fingíamos que não sabíamos de nada; era melhor assim.

Máquinas, éramos máquinas.

Bip, bip, bip; uma mensagem deixada ao telefone. O coveiro ligou, querem saber quando será o enterro. Não retornamos a ligação, ficaria no aguardo para sempre. Daqui em diante, seremos mortos-vivos.

N/A: para quem não entendeu, isso basicamente significa que a família de S/N tem muito mais segredos do que todos pensam, e que as pessoas que os adoram não sabem nem de metade do que aconteceu. A parte do "mortos-vivos" significa que eles fingem que sempre está tudo bem, mesmo que o mundo esteja desabando. E isso pode ser o que vai condená-los para sempre, ou salvá-los de si próprios.

——————————————

notas da autora:

oioioi :) tudo bem gente? comigo eu não sei, às vezes acho que as coisas que acontecem são tão loucas que na realidade estou em coma numa realidade alternativa muito distante.

estou na praia com meus pais, mas honestamente tudo o que eu queria era ficar em casa terminando de ler acomaf 🙏🙏 queria um tempo sozinha de tudo, mas até no dia em que comecei a chorar por conta do que meu pai disse eles não me deixaram chorar sozinha. como se ser consolada por quem está me afetando fosse me fazer bem.

minhas aulas começam segunda, tô pensando seriamente em pular da sacada pra não ter que ir 😼

mas até que estou ansiosa, sabe. não pra estudar, mas pra passar mais tempo fora de casa, longe dos meus pais. por mais que eles peguem no meu pé com relação a uma série de coisas que são relevantes, o modo como fazem isso é desgastante. tenho certeza de que se eu fosse mãe procuraria agir de um jeito diferente, falando com meus filhos como se fôssemos amigos na medida do possível, e não como se fosse dona da vida deles. óbvio que não deixaria que fossem desorientados e mal educados, mas se meus pais não estavam prontos para serem pais nem deviam ter tentado.

ontem descobri que meus avós só casaram porque minha avó engravidou do meu pai, e que meu vô não deixava ela trabalhar, mesmo quando ela passou num concurso que dava um bom salário. vejo minha mãe seguindo o mesmo caminho, sendo que a diferença é que ela tem escolha. ela poderia ter continuado a trabalhar se quisesse, e sei que tinha boas intenções em deixar de fazer isso pra cuidar de mim, mas só acho que foi ruim pra ela sabe, porque basicamente depende do meu pai agora. prometi a mim mesma que vou seguir um caminho completamente diferente, porque não vou aturar desaforo de homem que tem temperamento difícil nem fodendo.

mudando de assunto, vou deixar o link de uma edit do harry que achei aqui, dêem uma olhada, fiquei babando por meia hora ☠️

https://www.instagram.com/p/CYos4L_IC0u/?utm_medium=copy_link

caso não consigam acessar, disponibilizei nos avisos, é só clicar no meu perfil ‼️

ah cara, não aconteceu nada demais no aniversário do meu primo, mas em compensação tô acompanhando aquela polêmica da bela almada e da mãe dela no instagram, juro, fiquei chocada, mas não deixo de dar uma olhada porque quero saber como vai ser o final da história 😁

a secretinha10 me ajudou a encontrar o vestido perfeito para a maddie, assim como os outros vestidos que a s/n vai usar ao longo de masterpiece 😁😁 só digo uma coisa: o harry do sexto ano vai infartar.

acho que é isso, nunca sei o que escrever aqui, mas espero que estejam bem, me contem alguma novidade interessante aqui nos comentários <3

qual é a matéria da escola que vocês mais odeiam? eu odeio todas 😁😁😁 mentira odeio trigonometria tenho certeza de que foi criada pelo capeta.

beijos, amo vocês ❤️

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