Corte de Amores e Segredos...

By ledaisyy

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Quando duas irmãs se veem caçando para sobreviver, enquanto o resto de sua família apenas aproveita do dinhei... More

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music
prologue
one - the begin
two - the beast
three - she isn't human
four - your majesty
five - brother from another mother
six - high lord
seven - my real me
nine - violet eyes
ten - you're shine
eleven - what are you?
bonus - for her
twelve - back to the old house, or hell
thirteen - hello, did you miss me?
bonus - I lost
fourteen - they need us
fifteen - under the mountain
sixteen - all this for a riddle
seventeen - a deal, that's all
eighteen - sweet dream
nineteen - balls and wines
twenty - we were supposed to be dead
twenty two - i can rest now
bonus - she is... was my sister
bonus - i felt her dying
bonus - she cannot go
epilogue
thanks
new book

twenty one - no, one it's enough

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By ledaisyy

Não, um é suficiente

Dois dias. Era isso que faltava para a última tarefa. Era isso que faltava para uma vida nova, não minha, mas de Rhys, Lucien e Lene, até Feyre. Porque era isso, também, que faltava para o que eu sabia ser minha morte. 

A música que vinha de algum lugar da montanha continuava tocando, o que estavam comemorando eu realmente não quis saber, quando o guarda finalmente abriu a porta pela primeira vez no mês todo. A comida – pior que o de costume – apenas surgia dentro da cela, como Rhys fazia antes, só que não era ele que fazia isso; eu simplesmente sentia que não.

Pensar nisso ainda doía. Rhys e nem ninguém fora me ver, e eu não faço a menor ideia de como esta Feyre. Se está na cela de antes ou em uma como a minha, se já não havia enlouquecido aqui dentro, se ela também podia escutar a música que me mantinha viva dia após dia. 

— Levante — ordenou o guarda, um sorriso zombeteiro no rosto. Eu poderia estar ficando pior a cada dia dentro dessa montanha, mas ainda tinha raiva no meu corpo para tirar o sorriso da cara dele a força. — Parece que Sua Majestade teve piedade e deixou você ver alguém antes da tarefa. Uma única vez.

Rolo meus olhos. Grande piedade.

— Mande ela ir se foder. Não preciso de piedade.

— Jura? — seus olhos passam por meu corpo. Eu estava magra demais. Ossos que não deveriam ficar perceptíveis pareciam ter uma sinalização grudada. — Jurei que precisasse. — Ele solta uma risadinha e está quase fechando a porta quando a curiosidade me vence. 

— Quem quer falar comigo? 

— Terá que vir para descobrir. 

E mesmo com a sensação de que me arrependeria, que valeria mais a pena continuar na cela, eu o segui. A esperança de ver quem eu considerava minha casa maior que qualquer outra coisa. Eu apenas precisava vê-los, saber que todos estavam bem. Vivos. 

Passamos por corredores escuros, sem uma única iluminação, como se não quisessem que eu decorasse o caminho – o que estava dando certo, já que eram todos iguais e com inúmeros outros corredores –. Já não sabia por onde tinha vindo, e se me jogassem sozinha ali dentro duvido que conseguiria chegar em algum lugar, quando paramos na frente de uma porta.

A porta havia sido entalhada com padrões do que lembravam chamas, seria bonito se não estivesse em um lugar como Sob a Montanha. O outro lado estava vazio e nenhum resquício de luz vazava das frestas da porta, eles deveriam acreditar que eu não enxergaria – o que em partes estaria certo se eu não tivesse minha parte feérica – e que isso me assustaria – também não estava errado. 

Antes mesmo dos guardas abrirem a porta e me jogarem dentro da sala o arrependimento me atingiu. Era óbvio que não seria ninguém que eu esperava, Amarantha não era piedosa. Ela nunca faria isso. 

A sala era escura, como o resto dos corredores deste lado da montanha, e se não fosse pelo forte cabelo ruivo que se destacava na escuridão, acharia que estava sozinha ali. Pensei que fosse Lucien e quase agradeci a Mãe por poder vê-lo, mas quando me virei para encará-lo direito lembrei a mim mesma que era impossível ser ele. Os dois olhos eram vermelhos, nenhum metálico, e o rosto estava livre de máscara. 

— Poderia, pelo menos, fingir estar feliz — a voz era áspera e meu corpo se arrepiou com o calafrio que passou por mim. — Precisamos nos apresentar formalmente ou você já sabe meu nome? 

Continuei calada enquanto ele movia as mãos com tédio e pequenas luzes feéricas se acendiam. A sala tinha uma mesa no meio, uma cadeira vazia e a cadeira que o ruivo estava sentado. Tudo em preto e meio rústico. 

— Para alguém com a língua tão afiada, esse mês sozinha na cela te deixou bem quietinha — ele se levantou e começou a caminhar na minha direção, não havia nenhum boldrié pelo seu corpo, mas uma faca poderia ser escondida em qualquer lugar da vestimenta. Dei um passo para trás quando sua mão alcançou minha bochecha em uma carícia. 

— Não me toque, Eris.

— Olá para você também. Meu irmão deve ter contado lindas histórias. — Eris riu enquanto voltava a sentar na cadeira do outro lado da mesa, ficando de frente para mim. 

— Somente as melhores — desdenhei, sentando-me na cadeira restante. Somente a mesa entre nós agora. 

Nada bom viria disso. Lucien me contara milhares de vezes nesses últimos meses na Primaveril como Eris não prestava. O mais velho dos irmãos, a sede de poder podendo ameaçar o que restava de sua dignidade. 

Esperava encontrar qualquer pessoa nesse ato de piedade, até mesmo Amarantha, mas não Eris. Eu o conhecia pelas histórias de Lucien e tirando as vezes que ficava no salão do trono durante a noite, nunca tinha o conhecido pessoalmente, nem mesmo trocado uma palavra. Ele não tinha motivo para falar comigo. 

— Deve ter sido ruim passar esse último mês presa, sozinha, sem notícias da outra garota. Vocês são bem parecidas, hein, família? — sua voz continha malícia pura, veneno parecia escorrer de sua boca se prestasse muita atenção. 

— Não veio para perguntar coisas que já sabe. 

— Não, definitivamente não. Nosso assunto é outro. — Ele se recostou na cadeira, abrindo o maior dos sorrisos possíveis dentro dessa montanha. — Tenho uma proposta para você. 

Ri enquanto também me encostava na cadeira. Ele era idiota de pensar que eu faria outro acordo, eu, ainda, não estava morrendo. Poderia muito bem passar mais dois dias sozinha naquela cela novamente, mesmo que não ter informações de Feyre me matasse um pouco. 

— Posso te tirar da cela, deixar você passar esses últimos dias lá em cima, em um dos quartos que ficam nos corredores de Grão-Senhores e suas famílias. E ainda te dar informações da garota, te mostrar como ela está. 

A ideia seria tentadora, se eu estivesse desesperada por algo. Se eu não aguentasse mais ficar trancada sem ver ninguém e sem nenhuma informação. Mas para quem passou anos dentro de uma floresta caçando, esperar não era meu problema. Além do mais, eu confiava que no momento que pisasse na cela novamente, aquela música voltaria e afastaria qualquer pensamento do meu corpo.

— E o que você quer em troca? — o brilho no olho dele aumentou enquanto se levantava. Eris deu a volta na mesa e parou atrás de mim, as mãos nos meu ombros e o rosto perto da minha orelha. 

— Olha só, alguém já aprendeu como funciona os feéricos — a malícia nunca abandonava sua voz, e fiz o meu máximo para não vomitar ali mesmo quando uma de suas mãos começou a descer pelo meu braço. — Você sabe o que eu quero. 

Eris estava tão confiante. Tinha absoluta certeza de que eu cairia em seu charme e aceitaria esse acordo idiota. Ele obviamente não conseguiria me tirar da cela e me deixar ver Feyre, além do mais entraria no que estava sendo dito ou não no meio do acordo. Isso só funcionava para ele e seu próprio prazer. Mas eu não deixaria de me divertir. 

Inclinei-me para ele e deixei minha cabeça cair em seu ombro. Seus olhos brilharam ainda mais e o aperto da mão no meu ombro ficou mais forte. Fechei meus olhos e fingi estar aproveitando o momento, por mais que meu corpo todo gritasse para sair dali o mais rápido possível. Quando os abri novamente virei a cabeça para encontrar os olhos vermelhos dele me encarando, nossos rostos próximos demais. 

Abri um sorriso pequeno, construindo todo um cenário como se estivesse adorando a proposta e o pequeno jogo que ele fazia. 

— Deveria olhar mais para si mesmo, Eris — seu rosto não se afastou, mas seus olhos juntaram em confusão. — Não — subi minha mão direita devagar, analisando cada pequeno detalhe da tatuagem —, um é suficiente. 

Não o deixei com tempo para pensar, levantei com tudo da cadeira e fui na direção da porta, olhando para trás e acenando com a mão tatuada enquanto sumia por meio dos corredores. 

Não havia nenhum guarda. O que quer que Eris tivesse planejado fez com que nenhum ficasse nos corredores pelo que parece um bom tempo – o que era bom para mim, em partes –. Eu sabia mais ou menos o caminho de volta para a cela, mas nenhum guarda estava perto e não era como se eu tivesse algo me rastreando, com muita sorte poderia chegar na cela em que Feyre ficava – ou roubar alguma comida por ai, já que não mantinha nada da que eles me entregavam no estômago. 

Parecia ser a centésima vez que eu dava a volta pelo mesmo corredor quando uma mão me puxou e me prendeu na parede, uma mão cobrindo minha boca. Quase o chutei antes de reconhecer os olhos violetas e o cabelo preto. 

— Que merda está fazendo aqui? — Rhys perguntou em um sussurro. Pela primeira vez aquela máscara de tédio não estava em seu rosto, real preocupação brilhava nele agora.

Mas antes que pudesse responder ele me empurrou para dentro de uma das portas, reconheci o quarto dele imediatamente. O mesmo que tive que tirar lentilhas infinitas da lareira. Como cheguei aqui era a real questão, minha cela não era tão afastada quanto imaginei. 

— Brincando que não é. 

As luzes feéricas se acenderam com um movimento de sua mão iluminando todo o quarto. A cama estava perfeitamente arrumada com os lençóis de seda preta, como se ele nem fizesse questão de ficar ali. 

Rhys afastou um grão invisível de poeira da túnica antes de se recostar no que deveria ser um guarda-roupa. Soltando um suspiro ele perguntou novamente, dessa vez mais calmo. 

— O que estava fazendo perambulando pelos corredores sozinha? — sua voz tinha um quê de preocupação no fundo, passaria despercebida para qualquer um, mas era como se ele quisesse que eu percebesse isso. 

— Bem, eles que me tiraram da cela e me deixaram solta por aí — me sento na sua cama e fecho os olhos com a sensação. O colchão parecia as nuvens depois de semanas dormindo no chão. 

Rhys desistiu de tirar qualquer informação séria de mim e se sentou na minha frente, o colchão afundando perto dos meus pés. Mesmo de olhos fechados consigo sentir seu olhar me perfurando. 

— Vai abrir um buraco na minha cara desse jeito — abri minimamente um dos olhos devagar e quase prendi a respiração ao ver a intensidade com que Rhys me encarava. 

— Está mais magra do que a última vez.  

Solto um suspiro enquanto me ajeito na cama, puxando minhas perna para o meu peito. O peso do último mês sem ver ninguém caindo sobre mim. Eu não conseguia pensar em como Rhys aguentou 50 anos vivendo isso. 

— Se passou um mês — retruco. 

O pequeno sinal de dor no rosto de Rhys não passou despercebido por mim e me amaldiçoou mentalmente porque eu não queria machucá-lo. Estava tão concentrada na minha própria dor que não pensei que Rhysand talvez tivesse um motivo para não ter ido me ver. E como se lesse meu pensamento – talvez ele tivesse lido – ele falou baixinho: 

— Ela não deixou. Fez todos nós praticamente jurar que não falaríamos com você até a última tarefa — sua voz era suave, sem mais a preocupação de antes. 

— Não tinha pensando nisso. Nem tinha percebido que estava estressada, triste ou o que seja, com isso até agora — deixo minha cabeça deitada nos meus joelhos enquanto o encaro. A mão de Rhys levantando levemente para afastar uma mecha de cabelo da frente do meu olho.

— Não é culpa sua. 

E talvez ele estivesse certo. Mas estar a três meses dentro dessa montanha já me deixava questionando o que era real ou não, o que era minha culpa ou não. Antes mesmo que eu pudesse perceber, as paredes pareciam diminuir, ameaçando me prender entre elas a qualquer momento. O ar sumia de meus pulmões ao imaginar o que teria acontecido se Rhys não tivesse nos ajudado na segunda tarefa, mas a resposta era fácil de achar: estaríamos todos mortos e Amarantha avançaria parar as terras mortais, onde ela encontraria Nestha e Elain se elas ainda não tivesse fugido. 

Minha cabeça já começava a fugir da realidade e esquecer onde eu realmente estava quando aos poucos algo foi me puxando de volta. Dessa vez, não a música com a qual já tinha me acostumado – e que eu poderia tocar se tivesse um piano comigo –, mas a mão de Rhys na minha. Seu polegar fazendo um leve carinho enquanto ele chamava meu nome devagar.

Levou mais alguns minutos até minha respiração voltar ao normal e eu começar a falar.

— Falaram que tinha alguém querendo falar comigo, e que a piedade de Amarantha havia permitido isso. Sinceramente, não sei porque por alguns segundos imaginei que fosse algum de vocês. De qualquer jeito, era apenas Eris fazendo um convite nada sutil para eu foder com ele. 

Era como se o ar agora tivesse fugido dos pulmões de Rhys, sua mão parando com o leve carinho na minha. Não era loucura da minha cabeça ter ficado chocada com o pedido, então. Soltei um riso leve e isso fez Rhys acordar do seu estado de estupor e voltar com o leve carinho.

— Você aceitou? — sua voz era baixa, quase como se tivesse medo da resposta. Seus olhos nunca deixando os meus. 

— Talvez — sorri levemente. A escuridão atrás de Rhys tremeluzindo um pouco. — Eris é um filho da puta, que Akemi me perdoe, mas sempre escutei boatos do fogo da Outonal. Talvez eu tire a prova. 

O carinho de Rhys na minha mão não parava, e eu teria me desmanchado ali mesmo se a situação fosse outra. Pensamentos de Rhys jogados para mim falavam a mesma coisa. Uma olhada nos lençóis arrumados da cama me fez voltar a realidade antes mesmo de me jogar no mundo de sonhos. 

— Não se preocupe, Rhys, eu não aceitei nada. Nenhum fogo da Outonal faria com que eu dormisse com Eris. 

A expressão em seu rosto se suavizou antes de ele abrir o seu característico sorriso de lado. 

— Definitivamente não. 

Não sei quanto tempo passamos ali, apenas aproveitando a companhia um do outro. Contei que não havia nenhum guarda no corredor quando sai e por isso que estava andando por aí. Ganhei um sermão de Rhys por isso e de como eu deveria ser mais cuidadosa. Os minutos que seguiram foram de Rhysand contando alguma das coisas que aconteceram nesse último mês e de como em um dos bailes Tamlin procurou Feyre apenas para fodê-la – o que me provocou uma ânsia de vômito, uma risada quando Rhys me contou que ele saiu como um cachorro adestrado depois do de olhos violetas ter ordenado isso, e, obviamente, um tapa no ombro de Rhys por ele ter envergonhado Feyre ao deixar as mãos dele sujas com a suposta tinta. 

E, pela primeira vez desde que dormi naquela cela, as paredes não pareceram me esmagar, ou meus pensamentos tomaram conta de mim. Nenhuma música tocou, mas pela primeira vez eu não precisei dela. 


⁙⁛⁙——————⁕——————⁙⁛⁙ 

Olha quem voltou depois de ter ficado doente.

Essa semana minha foi só correria: na véspera de natal eu passo muito mal (quase desmaio), passo a tarde no hospital e tenho que ficar tomando um monte de remédio que me da muito sono (glória deus acabou).

Obrigada a todas as mensagens de melhoras, eu realmente to bem melhor agora. Foram cinco dias tomando antialérgico e antibiótico porque eu peguei uma infecção no sangue (fiquei com imunidade baixa por causa de ar condicionado, peguei resfriado e bactéria, que incrível hein)

Um capítulo um pouco mais calmo antes da tempestade hein, reta final já.

Adoro esse clima de final de ano porque logo vem meu aniversário em janeiro (estou aceitando presentes). 

Lembrando que vai ter um perguntas e respostas (não sei se esse é o nome) para os personagens quando a fic acabar hein. 

Um Feliz Natal (bem atrasado) para vocês e um Feliz Ano Novo (nem acredito que já é 2022 praticamente) 


E não, eu não sei quando sai capítulo novo. Eu nunca sei porque depende muito de quanto eu consigo escrever no dia.

xoxo, l.

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