Pansy Parkison
Uma mulher que nunca gostou de crianças, mas por algum motivo aquelas crianças a encantaram, estava preocupada com Daphne e negaria isso para sempre
– Pansy – Uma voz conhecida fez um arrepio subir pela espinha dorsal da jovem dama
Se virou calma e temerosamente para a conhecida voz, em sua frente estava o motivo de tudo de ruim que ocorreu em sua vida, mas também o motivo de tanta coisa boa
– Olá mamãe – Sorriu hesitante para a velha fantasma, a aparência igual a última vez que a mais nova havia lhe visto, oitenta anos aproximadamente, o vestido preto com detalhes em verde escuro relembrando a garota de sua infância
– Eu sou o fantasma do Natal futuro – Disse suavizando a voz – Irei lhe mostrar o que irá ocorrer se você continuar desta forma
– Que forma? – Parkison mais nova arqueou a sobrancelha olhando as dez correntes vermelhas ao redor da cintura com espartilho
– A forma que eu te criei para ser – A Sra. Parkison resmungou abaixando a cabeça
Em quinze anos convivendo com a mais velha, Pansy jamais a viu abaixar a cabeça, seja fisicamente ou metaforicamente
– Onde vamos? – De má vontade a garota estendeu a mão para a mãe que suspirou
– Para daqui cinco anos – Clemênia informou segurando a mão da primogênita
Ao abrir os olhos, Pansy se viu na ópera, mas desta vez sua eu do futuro estava cantando no palco com afinco e sua mãe estava sentada consigo na plateia
– Por que está tão vazio? – A garota perguntou a mais velha que possuía um olhar crítico na apresentação
– Porque você não é tão boa – Respondeu fria, Pansy ergueu a sobrancelha, se arrumou no assento empinando o nariz
A postura arrogante caiu por terra ao ver que sua eu do futuro estava muito desafinada, sua garganta parecia arranhar, Parkison do futuro tremia algumas vezes
A jovem mordeu o lábio inferior ao olhar para os lados, o público era escasso e pareciam entediados, Parkison de cinco anos antes sentiu as lágrimas quererem vir
– Chore querida – Clemênia disse, Pansy mordeu o lábio com mais força, o apelido carinhoso fez o marejar piorar, sua mãe nunca a chamou por nada carinhoso
A primeira lágrima caiu quando sua eu do futuro recebeu um tomate no vestido, vários outros se seguiram
– Chega – A mulher mais velha disse segurando o cotovelo da filha
A vertigem foi forte, seu mundo girou e seu estômago embrulhou, respirou fundo tremendo, seu sonho desabaria em alguns anos
Olhou ao redor ainda tonta, escombros, essa era a sua visão, madeira e gesso para todo lado, se misturando a neve e a poeira
– Molly te trouxe aqui – A morena mais velha respondeu a pergunta silenciosa
Pansy respirou fundo tentando fazer o ar entrar em seus pulmões, aquele era o orfanato, começou a pensar nas crianças, Daphne, Nev, a garota ruiva, as outras quatro crianças
– As crianças... onde...? – As palavras chave foram as únicas pronunciáveis
– Todas foram transferidas para reformatórios – Os joelhos da jovem Parkison cederam, aquelas crianças não mereciam aquilo
– Mas... Percy e Oliver – Os olhos castanhos brilharam em esperança – Eles queriam impressionar Daphne, queriam adota-la
Clemênia negou chegando mais perto da garota que continuava a olhar o lugar com um vazio extremo
– Por que isso tem haver com a forma que eu ajo? – A voz sem emoção saiu da garganta preparada para um solo de ópera
– Assim que você rompeu a amizade com a Granger, ela se amargurou – Parkison fantasma falava – Você se tornou a mim na história dela e ela se tornou você
– Ela não é assim – Negava veemente
– Ela será se você não consertar – A fantasma cruzou os braços – Sem a ajuda dela esse lugar veio a falência, o casal de amigos teve que se mudar por um tempo por causa da mãe que morreu
– A mãe de quem? – Pansy perguntou tendo um calafrio ao imaginar as crianças
– A mãe de Percy, você a conheceu – Clemênia informou ainda fria – Molly
– Como...? – Não fazia sentido, a mulher morreria a dali cinco anos, como ela poderia ser o fantasma do Natal presente?
– Temos a capacidade de visitar qualquer linha do tempo – Explicou emburrada
Pansy levantou o olhar para o orfanato em ruínas e tomou uma decisão, se levantou e segurou o braço de sua mãe, esta que sorriu para si com orgulho
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Os olhos castanhos estavam determinados assim que foram abertos, sua mãe tinha sumido, não importava
A moça se trocou, pegou algumas coisas que não usava mais em casa, embrulhou e colocou em um saco vermelho, desceu apressada e pegou a primeira carruagem que passou pela rua, faria uma visita de Natal
Assim que chegou ao orfanato ela viu na varanda várias crianças e três conhecidos adultos, desceu da carruagem com dificuldade devido ao enorme saco de presentes
– A madame Noel! – Nev gritou chamando a atenção de todos, ele puxou a muvuca de crianças a correr pelo jardim cheio de neve
– Feliz Natal, crianças! – Pansy gritou sorrindo – Calma, calma, esperem – Pediu quando percebeu que os anjinhos pularam em cima de si - Deixem-me entrar, sim?
Parkison entrou pelo portãozinho e andou na direção da varanda, olhando fixamente para a mulher de cabelos cheios
– Feliz Natal – Desejou aos três – Tenho presente para todos
As crianças gritaram de animação, a cantora se abaixou para abrir o saco, enfiou metade do braço no meio dos presentes e mordeu o lábio como se procurasse algo
– Ahá! – Exclamou retirando um urso de pelúcia que segurava um ramo de planta de mentira – Para quem o Papai Noel disse que era mesmo? – Fingiu pensar, mirou o garoto que a anunciara – Ele disse que era para você, querido
O menino abraçou o urso com carinho, Pansy sorriu perante a demonstração de fofura, pegou outro presente
– Me disseram que esse era de uma garotinha ruiva – Mostrou um brinquedo antigo que havia ganho de Hermione quando criança, a mulher ao reconhecer riu baixinho negando
– O que é isso? – A garotinha perguntou
– Hermione que inventou o jogo – Pansy disse vendo os olhos castanhos da menina brilharem – Se chama Quadribol
Um coro de contemplação se fez presente, os adultos riram, Oliver segurava a garotinha loira no colo que o segurava com um amor tão doce
– Este é seu, meu bem – Esticou o braço para a loira que levou as mãos para sentir o presente – Você parece um anjinho, anjos tem asas
A menina sorriu amplamente ao perceber que eram asas de mentira, sentiu as penas com cuidado, se virou para Oliver e falou baixinho:
– Me ajudem a colocar, papais – Os olhos dos dois homens se encheram d'água com a fala
Percy ajudou a menina a colocar as asinhas, a menina beijou a bochecha do ruivo que deixou uma lágrima de alegria escorrer
– Hermione – Pansy chamou estendendo outro bichinho de pelúcia – Parece com você
O leãozinho estava um pouco descabelado, mas fez a referência a primeira conversa das duas, as mãos de Jean seguraram o animal de pelúcia
– Você não sabe pedir desculpas, não é? – Granger terminou a referência, Pansy sorriu mais
– Tenho mais presentes! – As crianças gritaram novamente
Aquele Natal foi o começo de muitos, Natais onde a jovem Parkison ajudou as pessoas, se tornou uma pessoa mais gentil para os outros e alguém mais carinhosa com a amiga
Percy e Oliver adotaram a jovem Daphne, Pansy, depois de muito pensar e mudar, adotou o jovem Neville que amou ter uma mãe que cantava tão bem
Neville trouxe vida para o apartamento da morena, ele amava plantas então em cada cantinho possível tinha uma planta diferente
As duas amigas decidiram morar juntas depois de algumas semanas que o garoto estava no novo lar
Pansy conheceu Molly da forma certa desta vez, esteve do lado dos amigos quando descobriram que a mulher tinha tumor, poderia morrer a qualquer momento
Pansy ajudou a pagar o tratamento, com muito esforço Molly se curou
Dois anos depois a jovem morena conheceu uma menina chamada Luna, a garota morava na rua, ao ver o estado da menina que lhe ajudaria, Pansy decidiu a adotar também
Estava feliz, teve os altos e baixos, mas Parkison amou a vida que conseguiu sendo mais gentil
~°•~°Fim~°•~°
E foi isso minhas futuras borboletas espaciais
Um beijo estalado na orelha
Tchau