Um Natal de Mudanças

By urreapreciouss

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+ nosh | especial de Natal 🎄 Josh Beauchamp sempre amou o Natal. As luzes, o clima aconchegante, as pessoas... More

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By urreapreciouss

Sexta-feira, 17 de dezembro

21:55

Noah saiu do lavabo guardando o celular no bolso e fingindo naturalidade perante a situação desconhecida. Ele não queria explicações complexas, apenas queria compreender o que estava acontecendo naquela casa sem parecer intrometido.

Caminhou alguns minutos por aquela casa enorme até a sala de jantar, observando ao redor. Josh não mentiu quando disse que tinha decorações extravagantes em casa. Tinha uma árvore principal, a maior delas, na sala de estar e outras menores estavam divididas pelos cômodos, cada uma com uma cor predominante, desde o tradicional vermelho e dourado até o azul e branco. Além de outros detalhes como papais-noéis, bonecos de neve, renas, anjos, velas, sinos, luzes e quebra-nozes, todos de tamanhos e cores diferentes, espalhados por todo canto. Provavelmente quaisquer um dos enfeites eram maiores que sua arvorezinha. Mas, apesar da quantidade estranhamente exagerada de coisas, juntas formavam uma decoração bem elaborada e aconchegante.

Quando enfim chegou no ambiente que procurava, viu que todos os outros estavam sentados a mesa, o esperando para jantar, e sentiu as bochechas esquentarem com tantos olhos voltados em sua direção. Olhos animados, desinteressados, ansiosos e até curiosamente sedentos.

— Querido, separei um lugar ao lado do Josh pra você.

— Desculpa a demora e obrigado, Ursula.

— Relaxa, nós não íamos morrer de fome. — Josh sorriu, puxando a cadeira para ele.

Sentou ao lado dele, sentindo um arrepio na espinha com a sensação de alguém lhe observando fixamente.

— Fale por você, eu não comi nada o dia todo.

— Porque não quis, Stacy. Eu ofereci várias coisas pra você comer nas últimas três horas. A propósito, eu sou Jaden, o irmão preferido do Josh. — Estendeu a mão para Noah, que apertou sorridente. Ele tinha os traços da mãe e certamente ficaria muito bonito quando mais velho.

— Prazer, pequeno Beauchamp, sou o Noah.

— Eu sei, o Josh já falou muito de você.

— Falou é? — Urrea encarou o amigo, que arregalou os olhos envergonhado.

— Não exagera, Jaden!

— É coisa do Josh, ele ama falar sobre os amigos dele. Não é, Joshy?

— Bem, Noah, acho que você já conheceu a Stacy... — Noah levou seu olhar ao dono da voz que cortou a garota com um tom de repreensão. Certamente esse era o irmão na qual Josh não se dava muito bem, considerando que estava sentado ao lado de Stacy e, aparentemente, era o mais velho ali. — Eu sou James.

Diferente de Jaden, ele não era muito parecido com Ursula, então supôs que tivesse herdado as características do pai. Mas, ainda assim, conseguia ser muito bonito. Os olhos verdes e o cabelo curto escuro lhe diferenciavam dos irmãos, mas o nariz fino e o sorriso perfeitamente simétrico denunciavam que também era um Beauchamp. Noah, então, se deu conta de como a genética da família fora abençoada, mesmo que Josh continuasse sendo o mais bonito dos três, na sua opinião.

— E eu sou Connor, primo desses idiotas. — Por fim, Noah direcionou sua atenção ao último loiro da mesa. Dono de um sorriso descaradamente malicioso e dos olhos castanhos e famintos que lhe observavam quase sem piscar desde que sentara à mesa. — É um prazer te conhecer.

Noah se remexeu na cadeira, encarando a mão bronzeada do garoto, ponderando se deveria apertar ou não. Decidiu que seria uma tremenda falta de educação não o fazer e se inclinou levemente para corresponder o ato. Connor passou a língua pelos lábios finos, alisando sua mão e abrindo um enorme sorriso em seguida. Noah pôde jurar, por dois segundos, que ouviu Josh bufar de leve ao seu lado.

— Desculpa pela minha presença repentina no seu casamento. Foi muito de última hora e espero que não se importem... — Direcionou a James, tentando puxar assunto, ignorando a piscadela do primo do melhor amigo.

Stacy murmurou algo inaudível, ao passo que James respondeu: — Imagina. Josh poderia trazer quem quisesse, separamos um lugar pro acompanhante dele. — Suas palavras eram cautelosas, como se Noah fosse quebrar a qualquer momento. — Só... Imaginávamos que seria a Any.

— Oh... É, a Any...

— Any estava ocupada. — Josh o cortou rapidamente e Connor riu nasalado. — Qu-quer dizer, eu quis chamar o Noah, como primeira opção, claro. E a Any tava ocupada, de qualquer jeito.

Passou os olhos por todos eles, se demorando em Noah com medo de que ele tivesse ficado chateado com sua resposta e reação quase explosiva.

Quando teve a ideia de levar alguém como acompanhante, Noah fora a primeira pessoa em que pensou, mas ninguém além de si próprio sabia disso.

— Bom, graças a Deus. Não suporto aquela garota.

— Só não gosta da Any porque ela é a única pessoa que te responde e te mandar ficar quieta quando precisa. O que é quase sempre.

— Por que você não fica na sua, Jaden?

— Por que você não fica na sua, Stacy?

— Jaden, se comporte, temos visita. — Ursula chamou atenção do caçula.

Continuaram a janta em um clima estranho, ao menos para Noah. Josh estava calado demais para o Josh falante que ele conhecia e também parecia desconfortável pra alguém que estava com a família.

— Então, Noah, como você e o Josh se conheceram? — James quebrou o silêncio do ambiente.

— Ah, é uma história engraçada, na verdade...

— Então nos conte! Josh nunca fala de você.

— Mãe!

— O quê? É verdade! Você nunca fala sobre sua vida em Nova York.

— Geralmente, eu nunca falo nada com vocês.

Noah olhou para ele, pedindo permissão com os olhos. Recebeu um sorriso e um aceno de cabeça sútil como resposta.

— Então, foi há um ano e... uns dois meses.

— Ei, mas o Josh se mudou pra lá há dois anos.

— Eu morava com a Any, Jaden.

— Ah, é... Esqueci.

— E o que aconteceu, ela te expulsou? — Connor riu debochado, com um pirulito verde entre os lábios. Noah se perguntou de onde ele tinha tirado aquilo.

— Não, Connor, ela não me expulsou! Any morava em um apartamento grande, aí o aluguel ficou caro demais pros pais dela, então teve que se mudar pro alojamento da faculdade. E, obviamente, eu não pude ir junto.

— E aí?

— Se vocês deixassem o Noah terminar de contar, já saberíamos!

— Se acalme, James. Estamos em clima de Natal, não precisa desse estresse todo.

Mentalmente, Noah agradeceu por ser filho único, ele certamente não se daria muito bem com uma família grande como aquela.

— Noah, querido, continue.

— Tá... Então, coincidentemente, eu precisava de alguém pra me ajudar a pagar o aluguel do meu apartamento. Tinha até colocado um anúncio no site da faculdade, mas ninguém realmente me interessou pra dividir uma casa. Aí, num dia aleatório, eu tava na minha cafeteria preferida, ainda sem um colega de quarto, e encontrei o Josh com algumas malas. Achei estranho, uma pessoa cheia de malas num café em plenas nove da manhã de um domingo... — Virou a cabeça para ele, sorrindo ao se lembrar da primeira vez que o encontrou. Era o homem mais lindo que já vira, mesmo que nunca fosse dizer isso em voz alta. — Como fiquei curioso, fui perguntar o porquê das malas e se ele precisava de alguma ajuda.

— Eu já tava me sentindo perdido mesmo, então contei tudo pra ele. Um desconhecido. — Josh sorriu também. — Passamos o dia juntos, carregando minhas malas pra lá e pra cá, conversando sobre tudo. Foi estranho, mas ao mesmo tempo foi incrível a maneira como nos conectamos rápido. Era como se já nos conhecêssemos de outra vida.

Noah sentiu as bochechas vermelhas quando Josh, por baixo da mesa, segurou sua mão. Seus pelos se arrepiaram com o toque e seu coração esquentou, se sentindo a pessoa mais amada do mundo.

— E como nos demos tão bem, no fim do dia eu expliquei sobre o apartamento e chamei ele pra morar comigo.

— E eu aceitei. Any quase teve um treco quando eu disse que aceitei morar com um cara que conheci na rua.

— Meus amigos me chamaram de louco e sinônimos também. Mas Josh não era um desconhecido. Eu não sentia isso, não mesmo.

Se olharam, pensando em como eram sortudos por terem um ao outro. A conexão e amizade dos dois era inexplicável e ninguém que não convivesse com eles poderia entender. Noah apertou a mão dele, como se agradecesse pelo ano e todas as coisas que viveram morando juntos.

— Olha, ainda bem que você não contou. — Jaden os observava fissurado. — Mamãe teria um treco, assim como a Any!

— Provavelmente eu teria um treco mesmo. E te mandaria voltar para casa.

— E eu não voltaria. Além disso, minhas opções eram o Noah ou um Hotel, não foi difícil escolher.

— Eu também escolheria o Noah facilmente. — Connor não tirava o sorriso do rosto. Josh começou a se irritar.

— Pelo amor de Deus, onde já se viu morar com um estranho...

Noah se sentiu um pouco ofendido, depois de tudo que eles falaram.

— Como se você e suas escolhas fossem os mais indicados a me dar conselhos de vida, Stacy. — Josh respondeu afiado, causando reações diferenciadas dos presentes, incluindo a completa confusão de Noah.

— É melhor todos irmos dormir, né. Já tá tarde.

— Mas a louça, mãe...

— Pode deixar, Josh, o Jaden me ajuda. Você e Noah tiveram um dia cansativo, precisam descansar, porque amanhã temos muita coisa pra fazer e uma viagem longa pela frente.

— Viagem?

— Eu não, mãe! Chama a Stacy, você sabe que eu odeio lavar a louça!

— Nada disso. Eu sou a noiva, fiz minhas unhas hoje e ainda preciso terminar de arrumar as malas.

— Malas? — Josh estava confuso com aquela conversa.

— Eu também não terminei minhas malas. Na verdade, nem comecei. Mãe...

— Jaden, sem discussão. Anda.

— Que viagem é essa que estão falando?

De repente, todos pararam para prestar atenção em um Josh extremamente confuso na ponta da mesa. James o encarou e em poucos segundos compreendeu que ele não sabia de nada.

— Não contou pra ele, mãe? — O mais velho dos irmãos parecia furioso.

— Contou o quê?

A mulher já estava praticamente fora da sala, sorrateiramente fugindo da conversa.

— Hm... Essa é a minha deixa, vou pro quarto. — Connor não pensou duas vezes antes de sair dali.

— E eu... Eu... Eu tenho que lavar a louça, né! — Jaden pegou uns pratos e, assim como o primo, deu no pé.

Noah não sabia se também queria fugir ou ficar para ver aonde aquela conversa terminaria. Não teve tempo de decidir.

— O que você não me contou, mãe?

— É sobre o casamento...

— O que tem ele?

— Não vai... Não vai ser aqui, filho...

— E onde vai ser?

— Em... Bali...

— BALI??? — Noah e Josh disseram juntos, um mais chocado que o outro.

Beauchamp soltou a mão do amigo, quase sentindo frio pela falta de contato, mas estava bravo demais para se importar com aquilo no momento.

— Bali, tipo, na Indonésia...?

— E por acaso você conhece outra Bali?

— Stacy, dirija mais uma palavra grosseira ao Noah e eu pego as minhas coisas, volto pra minha casa e não vou nesse casamento estúpido!

— Joshua!

— Nem vem, James! Como deixou isso acontecer?

— É o meu casamento. Não acha que eu tenho direito de escolher onde vai ser?

— Eu duvido muito que tenha sido escolha sua. — Josh encarou Stacy tempo o suficiente para ela entender o quão bravo ele estava. — Sinceramente, eu preciso de um pouco de paz. Isso é ridículo. Tudo isso é ridículo.

Noah observou os passos duros do amigo, sem saber se o seguia ou ficava longe para não ser atingido pela ira também. Permaneceu quieto no lugar, até que alguém dissesse alguma coisa.

— James, pode mostrar o quarto do Noah? Eu preciso me deitar. — Ursula tinha a voz embargada.

— Claro, mãe. Amor, por favor, vá ajudar o Jaden com a louça.

— Mas...

— Stacy, ao menos uma vez não complique as coisas. Vai logo, que eu já vou atrás.

Ela não disse mais nada, apenas saiu para a cozinha com a cara emburrada.

— Obrigado pelo jantar, Ursula, tava tudo ótimo. Boa noite.

— Boa noite, querido. Peço desculpas pela confusão.

Noah seguiu os passos de James, pensando em tudo o que presenciou, tentando entender alguma coisa. Qualquer coisa. Mas nada fazia sentido. Então chegou à conclusão de que seus amigos estavam certos, uma simples briga com o irmão, possivelmente, não teria sido o motivo do afastamento de Josh da família. E, mais perdido do que nunca, entrou no quarto de hóspedes decidido a tomar um banho para espantar o frio. Afinal, era a única coisa que poderia fazer naquele momento.

22:35

00:41

***

Josh andava de um lado para o outro no quarto.

Sua respiração estava acelerada e tinha lágrimas escorrendo pelo rosto.

"Não devia ter voltado".

Sussurrava diversas palavras desconexas para si mesmo.

"Não devia ter saído da minha casa pra vir aqui. Não acredito que ele fez isso. Não acredito que ela fez isso. Ela é uma cretina, sem coração, idiota, traidora. Os dois são traidores. Eu os odeio e odeio minha mãe por ter me escondido. Odeio essa família mentirosa, odeio estar aqui, odeio não poder estar em casa. Eu quero a minha casa... Por que eu voltei? Não deveria ter voltado. Sou muito burro por pensar que alguma coisa daria certo. Odeio ser burro, odeio não ter previsto isso e odeio ter voltado. E o Noah... Trouxe ele pra essa bagunça que não sei como arrumar e não sei o que fazer. E agora Noah está lá sozinho e eu tô aqui sozinho e não quero estar sozinho..., mas não quero falar, se eu falar ele vai me odiar e não quero que me odeie. Mas eu preciso falar, com quem vou falar? Any. A Any sabe sobre tudo, vou falar com Any. Ela sempre sabe o que fazer. Tenho que pegar o celular. Tenho que ligar"

Sentou na cama, abriu a lista telefônica do aparelho e clicou sobre o primeiro contato. Fechou os olhos, torcendo para que ela ainda estivesse acordada.

Chamou uma vez, duas vezes, três, quatro, cinco, seis e na sétima ela atendeu.

— Cara, são duas da manhã! Por que tá me ligando a essa hora?

— Tava dormindo?

— Tá chorando?

— Te acordei?

Você. Está. Chorando?

— Acho... Sim. Não.

— Sim ou não?

— Não mais.

— Por que tava chorando?

— Por que deu tudo errado.

— Me conta uma novidade. Eu avisei que ia dar errado.

— Mas eu nem contei ainda.

— Qualquer coisa que possa ter acontecido eu avisei.

— Minha família consegue se superar.

— O que aconteceu agora?

— Tava tudo perfeito quando chegamos.

— Perfeito nível Josh ou perfeito nível Noah?

— Qual é o nível Noah mesmo?

— Flores, sol, brilho, alegria, arco-íris, ursinhos carinhosos.

— Por que o nível Noah é assim?

— Só é.

— Tá, então nível Josh.

— Já odiei.

— Mas...?

— Continua.

— Ok. Chegamos em casa e a Stacy tava aqui.

— Ew.

— E o Connor.

— Opa, que delícia.

— Nada de delícia, Any Gabrielly. Ele ficou dando em cima do Noah.

— Dando em cima?

— É.

— Na frente da sua mãe, na caruda?

— Não...

— Como?

— Ficou olhando o Noah.

— E?

— E não tirava os olhos. E fez aquela coisa com a boca.

— Ele se interessou pelo Noah, cadê a novidade? O Noah é bonito, qualquer um gostaria de beijar aquela boquinha.

— Quer parar de falar isso? Não quero imaginar a cena na minha cabeça.

— Ai, Josh... — Riu do outro lado da linha. — Tá, continua.

— Aí o jantar rolou, só que depois tivemos uma pequena discussão.

— E lá vamos nós de novo. Qual foi o motivo?

— O casamento vai ser em Bali.

— Como é que é??? Bali? Na Indonésia???

— Isso.

— Como assim??? Nossa, porque você não me levou no lugar do Noah...

— Any!

— Foi mal. Bali me deixou coisada.

— Primeiro que eu nem sabia, se soubesse não viria.

— Josh...

— Você sabe os meus motivos.

— Sei...

— Ai, tá tudo tão... Só quero voltar pra casa logo.

— Se acalma, são só alguns dias. Daqui uma semana você volta.

— E meu irmão vai estar casado com aquela garota.

— Sabe que um dia vai precisar superar isso, né?

— Eu já superei.

— Em que mundo?

— Já superei, sim! Só que ainda é estranho ter ela por perto assim.

— É a vida deles, não tem nada que você possa fazer.

— Mas muito que eu gostaria. Queria que o James abrisse os olhos.

— Ninguém controla os próprios sentimentos, Josh.

— Eu sei.

— Mas as vezes parece que não sabe!

— Como assim?

— Você julga tanto o James, mas parece que não para pra pensar no tanto que o magoa quando diz todas aquelas merdas pra ele. Eu sei que a situação é foda pra caralho, ainda assim, ele ainda é seu irmão e te ama. E eu sei que você o ama também, mas prefere fingir que não gosta mais dele, jogando um monte de merda na cara dele... Você ao menos o parabenizou pelo casamento? Mesmo que odeie, é importante pra ele. E você não demonstrou empatia pelo seu próprio irmão porque está ocupado demais sentindo pena de si mesmo.

— É isso que parece?

— É isso que é, Josh. Toda vez que você se fixa nessas lembranças malditas, esquece que não precisa de nada disso, esquece que ainda tem pessoas que te amam pra caralho e tão do seu lado o tempo todo. Eu já te falei que você vai perder todas as coisas boas que te esperam se continuar agindo assim, se continuar obcecado pelo passado.

Josh ficou em silêncio por um tempo, encarando a parede perfeitamente branca do quarto, pensando no peso das palavras dela. Any também não disse nada.

— Acha que eu sou uma pessoa ruim?

— Não. Você é uma pessoa machucada... E precisa entender que ficar brigando não vai adiantar nada. Pra se curar vai ter que engolir esse orgulho e encarar as coisas como um adulto.

— É difícil...

— Eu sei. Só que a vida não é fácil. Desculpa se te magoa, mas como sua melhor amiga preciso jogar um balde de água fria em cima de você às vezes.

— Ainda bem que tenho você pra fazer isso... Saudade de quando não tínhamos que nos preocupar com esse tipo de coisa.

— O tempo passou, amigo.

— É...

— E o Noah?

— Tá no quarto.

— Como ele reagiu?

— Hm... Não sei...

— Como não sabe?

— Talvez eu possa ter deixado ele na sala com todo mundo...

— Joshua!!!

— Eu tava nervoso, não pensei direito!

— Ai meu Deus, você é uma anta!

— Valeu.

— Vai falar com ele, garoto!

— Com que cara eu vou olhar pra ele?

— Com a única que você tem?

— Mas...

— Anda logo! O coitadinho deve estar tão confuso.

— Acha?

— É óbvio?! Vai logo, Josh.

— Tá, tá, tô indo.

— Me atualize das coisas depois.

— Tá. Boa noite. Obrigado por me atender e por ser sincera.

— Tô aqui pra isso. Mas, da próxima vez, tenta ligar em outro horário, sabe, quando não for madrugada e eu não tiver dormindo e sonhando com Michael B. Jordan. — Riu, nem ao menos estava sonhando, mas arrancou uma risada discreta do amigo, alcançando seu objetivo.

— Você nunca vai casar com ele, Any.

— Sonhar é de graça, tá!?

— Então você vai ser a minha madrinha quando eu casar com a Emma Watson.

— Só se ela jogar o buquê pra mim e pro meu namorado Michael.

Josh riu outra vez. Falar com Any o deixava leve, alegre e um pouco mais despreocupado.

— É esse som que eu gosto de ouvir. Limpa essas lágrimas e vai lá falar com o Noah. O resto vai se ajeitando aos poucos.

— Obrigado.

— Te amo, bebezão.

— Não sou um bebê.

Any podia visualizar perfeitamente o bico que Josh formara nos lábios.

— É sim.

— Também te amo, Any. Obrigado mesmo.

— Vou voltar a dormir agora. Qualquer coisa, já sabe.

— Sei. Boa noite.

— Pra você também.

Josh finalizou a ligação com um suspiro. Any estava certa, precisava esclarecer as coisas a Noah.

Saiu de seu quarto, pisando em ovos para não fazer barulho, e caminhou até o quarto de hóspedes. Parou em frente a porta. Ficou encarando a madeira por vários minutos, até que tivesse coragem para entrar. Quando finalmente aconteceu, bateu.

Era agora. 



NOTAS DA AUTORA

Ok, eu também amo esse capítulo. Amo a família brigando e amo a amizade que cada um deles têm com as meninas, é tão fofinho.

Acabei não conseguindo postar mais cedo porque meu dia tá bem corrido e só consegui um tempinho agora. 

Deixem um comentário pra eu saber se estão gostando e não esqueçam de votaaaar. Quem não vota não recebe presente do Papai Noel e não tem direito a comer nada da ceia, rum!

Feliz véspera de natal, amo vocês <3

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