Ver Thomas ganhar a eleição era como uma facada em meu coração. Fui até o passado novamente para impedir tal acontecimento, mas não foi o suficiente. E então lá estava ele, saindo da eleição com muitos votos a favor dele, fazendo-o virar um verdadeiro político.
Eu não tinha mais o que fazer ali já que meus dois propósitos não eram capazes de ser realizados, mas também não voltaria novamente ao futuro. A decisão de ficar ali até morrer havia levado mais de um mês, contei com a ajuda de Paige, mesmo que indiretamente, sobre eu ir ou ficar.
Thomas e sua família estavam de mudança para Londres, para ele começar a atuar com sua nova profissão por lá. Arthur tinha se casado com Linda e parou de beber. Ada começou a sair com um homem e estava grávida, mas ainda não tinha dado a notícia da gravidez para ele. Então eu resolvi criar a minha própria história ali, pelo menos tinha a chance de começar minha vida do zero, onde não conhecia muitas pessoas ainda. Quem sabe eu não me tornaria uma mulher igual a Anabella, com uma família no passado e ficasse viajando muito raramente no tempo para conciliar suas duas vidas.
Aprendi que o destino de cada um já está escrito desde o seu nascimento, você pode mover mundos para mudar um acontecimento futuro, mas no fim o resultado vai ser o mesmo. Tudo acontece por uma razão específica, a de Thomas era aquela. A minha era ficar ali em Birmingham.
As incontáveis horas que passei dizendo a ele todos os acontecimentos futuros pareciam ter sido apagadas de sua memória e agora ele só fazia o que lhe dava na telha. Ninguém sabia ao certo o que estava deixando-o doido. Se tem uma coisa que eu sei, é que as pessoas são imprevisíveis.
Quando a cerimônia de comemoração terminou, caminhei para casa na noite fria. Em silêncio andava melancólica, imaginando minhas tentativas frustradas de fazê-lo mudar de ideia. Era como se meu coração fosse quebrar em pedaços minúsculos a qualquer momento.
— Você está um caco, Gale — disse minha amiga ao me ver entrar no quarto dela sem dizer uma palavra.
— Thomas ganhou as eleições. Agora só Deus sabe o que vai acontecer com ele.
— Não fique assim, você tentou. Ele que se dane!
Não deixei de sorrir, era engraçado como ela tentava me alegrar falando mal das pessoas que me magoavam.
— Você tem razão, não posso fazer mais nada.
— Quando ele perceber vai ser tarde.
E sim, eu não tinha mais escolhas a não ser aceitar aquilo.
[...]
De volta à minha vida normal, mas agora continuando no passado e sem emprego já que eles haviam mudado o escritório de lugar, comecei a trabalhar com artesanatos e nos finais de semana eu contava histórias para as crianças no salão onde era o bordel, ele havia virado quase como um teatro. Ganhávamos algumas moedas pelo trabalho, mas não eram muitas.
A noite do "contos do futuro" havia chegado e eu contaria sobre minha vida, mas não necessariamente falando que aquilo acontecia comigo. Inventei uma personagem chamada Alicia e ela era a protagonista da história da viagem no tempo.
De trás da cortina vermelha que separava o palco das cadeiras da plateia, observei as pessoas chegando. Não só havia crianças como também tinham homens e mulheres, todos se acomodando em um lugar para escutar. A divulgação tinha sido muito boa, espalhei cartazes pela cidade, eu contaria a história em três dias diferentes e os bilhetes tinham se esgotado. Era uma novidade na cidade.
Vinte minutos mais tarde lá estava eu, sentada contando tudo com o nome de Alicia fazendo todos prestarem bastante atenção.
— É um belo trabalho, senhorita Brown — disse um homem apertando minha mão no final do conto. — Estaria interessada em trabalhar contando suas histórias pelo mundo? Tenho certeza que vai revolucionar a muitos.
Olhei para Paige ao meu lado e tudo que ela fez foi emitir um sorriso contente.
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Olá! Bom dia! Bem, o que vocês acharam da Gale ter resolvido morar no passado de vez?
Beijinhos, até a próxima! ;)