PRÓLOGO
TARDE DEMAIS
𝟏𝟗𝟗𝟕.
𝐀 𝐍𝐎𝐈𝐓𝐄 𝐄𝐒𝐓𝐀𝐕𝐀 𝐓𝐔𝐌𝐔𝐋𝐓𝐔𝐀𝐃𝐀 na base os experimentos com novas cobaias estava sendo um sucesso, inúmeros cientistas da Hydra vestidos com seus jalecos brancos andavam com suas pranchetas por todos os lados, Robert Moore era um deles, o homem de cabelos escuros observava como ocorria o desenvolvimento das cobaias e como o soro funcionava no corpo de cada um deles, sua ciência ajudou para que a Hydra aperfeiçoasse os conhecimentos que já possuíam construindo novas formas de experimentos e máquinas.
O homem andou até a sala que o mais novo experimento da Hydra seria testado - Robert havia sido designado por Alexandre Pierce para um novo experimento que o mesmo ainda não havia visto - No momento em que adentrou a sala e se deparou com um homem com um braço de metal amarrado no centro da sala com cientistas e guardas ao seu redor juntamente com um aparelho de choque em sua cabeça ele sabia que aquele era o projeto que Alexandre falava, o soldado invernal estava sendo cruelmente torturado por um dos dispositivos que Robert havia ajudado a criar, Moore tinha certeza que aquela cena e os gritos do homem nunca mais sairiam de sua mente, aquele foi o estopim, o homem sabia que a Hydra o consideraria como um traidor mas precisava manter sua família a salvo e foi isso que fez quando largou tudo para trás e saiu as pressas da base correndo até seu carro dirigindo o mais rápido que podia para casa.
Os gêmeos estavam dentro de sua casa, afundados no sofá enquanto assistiam uma de suas animações favoritas, concentrados, piscavam às pálpebras uma vez ou outra, tentando não perder os pequenos detalhes. No cômodo ao lado, sua mãe lavava os pratos empilhados do almoço, quando um forte estrondo impediu que ela terminasse de guardar o último prato, seu rosto virou em direção ao barulho, como um vulto, Robert caminhava apressadamente em sua direção com uma feição alarmante em seu rosto com a respiração descompassada e a garganta seca, a mulher percebeu pela sua expressão que algo estava errado.
-Me escuta, você precisa arrumar as coisas das crianças agora - sua voz tensa e seus ombros rígidos denunciavam a pressa que o homem tinha de sair da casa onde estavam, ali não era mais seguro, e não sabia se existia algum lugar que fosse - Leve só o necessário não temos tempo - completou.
-Robert o que está acontecendo? - A mulher de cabelos castanhos questionou confusa, deixando o prato que estava em sua mão dentro da pia voltando seu olhar ao homem impaciente em sua frente.
-Eu errei com você Megan, e errei com os nossos filhos também - Robert segurou o rosto de sua mulher em suas mãos de forma delicada, o arrependimento, a súplica e principalmente o medo eram visíveis nos olhos do homem - Só... confia em mim.
-Papai! Você chegou! - a animação na voz da garotinha o fez se afastar da mulher a tempo de ver pequena Anne correndo em sua direção para abraçá - lo como fazia todos os dias assim que o homem chegava em casa, o sorriso presente em seu rosto era uma das coisas que Robert mais admirava na filha, mas agora era assustador pensar que poderia nunca mais vê- lo de novo.
-Agora não, Anne - Disse sem olhar para a filha andando apressadamente em direção a sala, deixando Anne parada parada atrás com os braços abertos à espera do abraço do pai.Megan olhou para o rosto da filha no exato momento em que uma feição triste tomou conta de seu rosto, Jack parou a seu lado a abraçando de lado e cochichou algo no ouvido da irmã que a fez abrir um pequeno sorriso em seu rosto.
-Vamos, me ajudem arrumar a mochila de vocês - A mulher disse enquanto andava em passos rápidos em direção ao quarto com os gêmeos em seu encalço, ao adentrar no cômodo a mesma foi indo em direção ao closet pegando duas mochilas e jogando - as sobre a cama ao mesmo tempo que os irmãos colocavam suas roupas dentro da mesma.
-Mãe aonde nós vamos? - Jack questionou assim que guardou a última peça de roupa na mochila, o garoto sabia que algo estava errado sua mãe era péssima em esconder suas emoções a pergunta havia pegado a mulher de surpresa, um conflito entre dizer a verdade ou guardá-la das crianças a perturbou, havia muito em jogo, até mesmo para ela digerir.
-Precisam me prometer que sempre vão cuidar um do outro está bem? - A morena se agachou na frente de seus filhos segurando em seus ombros querendo garantir que os dois estavam prestando atenção nas palavras que saiam de sua boca, ela não sabia se teria outra chance de dizê-las - Não importa o que aconteça vocês precisam se proteger.
A mulher sabia que a Hydra os caçaria dia e noite feito animais, sabia que a organização não exitava em derramar sangue inocente suas vidas pouco importavam para os soldados com armas nas mãos. Megan estava disposta a fazer de tudo para mantê-los a salvo, mas caso algo acontecesse, queria ter certeza que seus filhos estariam ali um pelo outro. Havia muito para sacrificar, menos seus filhos, ela os protegeria até quando pudesse.
Megan sentiu uma mão em sobre seu ombro, os olhos aflitos dos homem a fez ter certeza de que não tinham mais tempo, suando frio, Robert chegou mais perto de sua família.
-Precisamos ir - O homem carregava uma mochila nas costas com uns poucos mantimentos que conseguiu recolher pela casa, e em uma de suas mãos carregava pequenos objetos que pertenciam a sua mulher. Megan sorriu fraco em direção aos gêmeos e se levantou saindo do quarto com os filhos atrás de si, antes de abandonar a residência , a mulher olhou para trás uma última vez e, se despediu com uma tênue nostalgia da casa, ela podia jurar que viu todos os momentos que passou ali, correm diante de seus olhos.
Aquela casa era muito mais do que apenas uma estrutura velha sustentada em meio a tantas guerras, era também o lugar onde havia construído lembranças, que, um dia, pode chamar de lar.
O carro se movimentava rapidamente pela estrada ,apenas o som do rádio baixo em uma estação qualquer impedia que o veículo ficasse em completo silêncio, com a cabeça escorada na janela do carro apenas borrões do lado de fora eram vistos pelos olhos atentos da garotinha sentada no banco de trás, o vento gélido daquela noite batia em seu rosto sereno fazendo seus cabelos castanhos balançarem suavemente, um assobio soou ao seu lado fazendo um sorriso tomar conta de seu rosto.
O acordo sussurrado em seu ouvido por seu irmão mais cedo não fora esquecido pela garota, sempre que precisassem um do outro precisavam apenas assobiar que se encontrariam, não importava onde estivessem. Jack sabia que as coisas não funcionavam daquele jeito, mas faria de tudo para manter Anne segura o quanto pudesse, a garota voltou a sua atenção para o irmão ao seu lado e assobiou de volta, aquela era uma forma amável de dizer que sempre estaria ali um pelo outro.
Aquilo era uma promessa.
Tudo a seguir aconteceu muito rápido, uma explosão acertou a traseira do veículo em que estavam o fazendo capotar pela estrada antes de se chocar com uma pilastra o forçando a parar na beira da ponte. Pequenos estalos no interior do veículo denunciavam que qualquer movimento brusco levaria o carro em direção ao rio, o cheiro de sangue se misturava com o cheiro de gasolina que pingava no banco de trás.
Anne foi a primeira a recobrar a consciência, sua visão turva não a permitia enxergar com clareza, mas a cena do rosto de sua mãe se chocando com força contra o painel do carro era muito clara em sua memória. Aos poucos seu pai e irmão recobraram a consciência no veículo.
-Mamãe?- O olhar de Robert se desviou para a mulher ao seu lado no banco de passageiros, a janela do veículo estava estilhaçada ,sua cabeça pendia para frente e seus cabelos castanhos escuros cobriam seu rosto, a camiseta branca que usava agora estava coberta de sangue, um dos estilhaços havia a acertado em cheio, o líquido viscoso ainda escorria pelo ferimento em seu abdômen . A mulher estava morta. O desespero e a culpa consumiam todo o corpo de Robert.
-Crianças, vocês estão bem?- Antes de obter alguma resposta o som de pneus invadido o local fez o homem direcionar seu olhar para a ponte, através dos estilhaços da janela conseguiu o ver a silhueta tão conhecida por ele saltar do carro com uma arma em mãos, o braço de metal se destacava em seu uniforme de couro o som das botas batendo contra os estilhaços do asfalto se aproximava rapidamente.
-Ei Jack olha pra mim, você precisa tirar sua irmã daqui - O homem diz enquanto lutava contra a dor que percorria por seu corpo e tateava a calça jeans que usava tirando do bolso uma faca se esticando para o banco de trás, cortando o cinto de segurança que mantinha os gêmeos presos contra os bancos do carro.
Antes que algum dos gêmeos pudesse dizer algo um braço de metal arrastou Robert para fora o jogando com violência contra o asfalto da ponte, em desespero os irmãos saíram do veículo a tempo de ver vários socos sendo distribuídos em seu rosto o mesmo que tentava inutilmente se defender dos golpes, tomada por uma adrenalina repentina Anne correu em direção a Robert com seu irmão ao seu encalço, nem mesmo os gritos de Jack impediu a garota de pegar um dos estilhaços do chão e ir para cima do soldado.
Antes que a garota tivesse perto o suficiente para acertá- lo o mesmo virou em sua direção segurando sua mão antes mesmo que o acertasse, sangue escorria pela mão da garota que segurava o vidro com força,gélidos olhos azuis a encaravam friamente através da máscara que cobria boa parte de seu rosto.
-Larga ela!- O soldado empurra a morena com força a fazendo grunhir de dor com o impacto seu irmão não tardou a chegar ao seu lado, com lágrimas inundando seus olhos e sem forças para se levantar Anne olhou em direção ao seu pai que a encarava, um ''eu amo vocês'' silencioso escapou do lábios do homem antes que o corpo do soldado invernal bloqueasse sua visão , o soldado o ergue pelo pescoço com seu braço de metal fazendo o homem instintivamente bater em seu braço em busca de ar.
- Hail Hydra !
Um grito estrangulado escapou dos lábios da garota assim que o corpo morto de Robert colidiu contra o chão, as tentativas de Anne de ir de encontro com seu pai eram impedidas por Jack que segurava a irmã com força contra seu peito enquanto lágrimas escorriam por seu rosto, o soldado olhou o corpo por alguns instantes antes se agachar diante do mesmo e puxar algo de seu pescoço.
Não tardou até que os soldados da Hydra chegassem ao local e arrastassem os gêmeos de forma bruta para fora da ponte, o olhar da garota não abandonou o corpo de seu pai enquanto era arrastada. Seu corpo paralisado não permitiu que esboçasse nenhuma reação, nem mesmo quando os soldados pegaram o corpo do homem e o jogaram da ponte em direção às águas turbulentas do rio.
-Bom trabalho soldado- Foi a última coisa que a morena ouviu antes de ser jogada pra dentro do veículo, que deu partida em direção a um rumo até então desconhecido, o olhar dos gêmeos se cruzaram ódio e raiva eram presente em seus olhos, mas a vingança se destacava em ambos.
O destino de Anne e Jack foi traçado naquela noite, não havia mais como voltar atrás. Afinal, era tarde demais.
💥── Redemption finalmente voltou a ativa, aos meus leitores antigos ocorreram algumas mudanças com o prólogo como puderam ter visto.
💥──Enfim, o que acharam do prólogo ? confesso que reescrevi varias vezes. Tem muita coisa pra acontecer ainda.
💥──Peço que por favor não seja um leitor fantasma. Não esqueçam de favoritar e comentar o que achou, isso me motiva muito a continuar.
💥── Vejo vocês em breve, se cuidem ! <3