Corte de Amores e Segredos...

By ledaisyy

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Quando duas irmãs se veem caçando para sobreviver, enquanto o resto de sua família apenas aproveita do dinhei... More

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music
prologue
one - the begin
two - the beast
three - she isn't human
four - your majesty
five - brother from another mother
six - high lord
seven - my real me
eight - they were fine
nine - violet eyes
ten - you're shine
eleven - what are you?
bonus - for her
twelve - back to the old house, or hell
thirteen - hello, did you miss me?
bonus - I lost
fourteen - they need us
fifteen - under the mountain
sixteen - all this for a riddle
eighteen - sweet dream
nineteen - balls and wines
twenty - we were supposed to be dead
twenty one - no, one it's enough
twenty two - i can rest now
bonus - she is... was my sister
bonus - i felt her dying
bonus - she cannot go
epilogue
thanks
new book

seventeen - a deal, that's all

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By ledaisyy

Um acordo, isso é tudo

Dois anos desde que minha mãe morreu. Dezessete anos sem meu pai e meu irmão. Primeiros minutos sem Pietro. 

Estava sentada no sofá do chalé com a cabeça entre as mãos, ele havia acabado de sair dizendo que não podíamos continuar juntos; que seu pai estava-o pressionando a se casar e ele não poderia fazer isso comigo, não quando minha família caiu de uma das famílias mais ricas para viver em um chalé na parte mais pobre da vila. Se o pior fosse ele casar as coisas ainda estariam razoáveis, mas o pior era com quem. Paige Clarke. A garota que foi minha amiga por anos, que não me julgava por ser diferente do resto da minha família. 

As palavras dele ainda rondavam minha mente. 

"Não posso contrariá-lo, Lay. Não sabemos quando tudo isso vai passar, e se vai passar. Sabe como meu pai é, ele não vai desistir dessa história de casamento."

"Óbvio que nosso amor é mais forte! Sabe que não vou esquecer de você, mas eu só... não posso. Não agora."

Ele não fez o mínimo esforço para lutar contra os caprichos e ideias do pai, apenas acatou a ideia e veio me contar. Na madrugada do Solstício de Inverno, na madrugada do meu aniversário. E eu o odiava por isso. 

Tudo que ele deixou foi minhas proteções quebradas, precisando de concerto, algumas peças deverias estar perdidas. E eu precisaria achar todas elas, para um dia voltar a ser a Layla que conheciam, e não mais uma garota de coração quebrado. O chalé parecia minha mente, afundado em completo silêncio, e eu só queria estar no mesmo lugar que minha família. Poder abraçar minha mãe e meu pai, deixar um beijo na testa do meu irmão e levá-lo para brincar. 

Passei no quarto do chalé e vi minhas irmãs encolhidas na cama, voltei para a sala e peguei o cobertor que estava usando e coloquei em cima delas, cobrindo-as da melhor forma. Calcei a bota e peguei o arco com a aljava, era madrugada e lá fora estava congelando, mas não conseguiria ficar parada observando a lenha queimar e esperar o dia amanhecer. Não era necessário caçar, mas eu sabia que cedo ou tarde o pouco do dinheiro que ainda tínhamos acabaria e seria necessário. Preferia praticar sem ninguém me observando.

Enquanto adentrava a floresta e abatia alguns esquilos ou coelhos, deixei que minha mente vagasse novamente para as palavras de Pietro. Éramos um completo jogo perdido, desde quando ele começou a acreditar que algo acontecia entre eu e Chester. Mas não foi necessário muito para ele desistir, uma proposta de casamento melhor e dinheiro foi o suficiente. Os Clarke eram ricos e os Archeron havia caído no azar. 

Era isso que acontecia com quem acreditava demais, era isso que acontecia com quem sonhava, era isso que acontecia com quem...


Passamos dois dias na cela, se a contagem de refeições estivessem certas, e em alguns momentos esqueci de pensar no enigma; preocupando-me com a chegada da primeira tarefa. O barulho de alguém batendo na cela fez-me acordar, e quando meus olhos focaram pude ver o feérico de pele vermelha avisando que a lua cheia chegará. Era dia da primeira tarefa. 

«——————⁜—⁜——————»

Fazia dias que estávamos jogadas dentro da cela. Feyre com um pedaço de osso no braço, que infecionava a cada dia que passava, e eu com um rasgo na perna. A primeira tarefa havia passado e tivemos que caçar – fugir – de uma minhoca, conhecida por Middengard. Apenas uma pessoa havia apostado em nós, e Lucien provavelmente estava em um estado deplorável por ter nos ajudado. 

As lembranças do final da tarefa ainda preenchiam minha mente: Feyre jogando um pedaço de osso no vestido branco de Amarantha; eu falando que a alma e o exterior dela agora combinavam, ambos podres e sujos; o brilho nos olhos violetas de Rhysand quando percebeu o que eu e Feyre estávamos fazendo ao nos sujar de lama; o sumiço de Lucien quando saímos do labirinto. 

Ainda assim, ninguém veio nos ajudar. Morreríamos para a perda de sangue e infecção dos machucados do que para alguma das tarefas. 

Feyre estava dormindo no canto de sempre quando algo se mexeu na porta, não exatamente nela, mas na escuridão próxima – ao meu lado. Uma figura masculina começou a se formar daquela escuridão, e por um tempo parecia uma visão de meus sonhos. Rhysand apareceu daquela escuridão no segundo seguinte, observou Feyre dormindo e depois vagou o olhar pela cela, procurando-me. Quando me achou sentada praticamente atrás dele, os olhos violetas brilharam em reconhecimento e um sorriso abriu em seu rosto. 

— Que situação deplorável para uma campeã. — Eu nunca havia curado ninguém, então não pude cuidar dos ferimentos meus e de Feyre. 

— Sua noção de ajuda é meio questionável — retruquei enquanto observava ele se agachar até ficar na minha altura. Ele farejou, fazendo uma careta de nojo para o canto sujo de vômito. — Experimente ficar aqui, definhando, e aquela sujeira não vai fazer mais efeito.

Ele continuou sem dizer nada, apenas roçou os dedos frios na minha testa, percebendo a febre no mesmo instante. 

— Não usou magia? Existe água perto. 

— Não quero arriscar. A promessa de morte que paira sob minha cabeça já é grande o suficiente.

Os olhos violetas passearam por todo meu corpo, e pararam no machucado na perna. Rhys olhou por cima do ombro e viu o osso ainda no braço de Feyre. 

— Ganhei muito dinheiro por causa de vocês, sabe. — Começou ele enquanto se levantava e andava até Feyre, segurando o cotovelo dela levemente enquanto observava o ferimento. — Imaginei que deveria retribuir o favor. — Ele virou a cabeça e passou a me encarar, ainda segurando o braço de Feyre. 

— Tudo vem com um preço, qual o seu? — Ter feito um acordo com Amarantha já fora o suficiente. E Rhysand poderia mostrar que tentava nos ajudar, no final, todos éramos peças de um jogo e eu não queria mais isso.

— Pensa tão mal de mim assim? 

— É tudo um jogo. Posso confiar em você até que ponto? — Ele soltou um suspiro baixo e concentrou o olhar no meu. 

— Duas semanas, todo mês, vivendo comigo na Corte Noturna. — Os olhos dele não mostravam maldade, estavam incrivelmente suaves. — Semanas da minha escolha, devo acrescentar. — Pensei em aceitar, não estava explícito qual das duas e usaria isso ao meu favor. — E as duas. 

Obrigada, Rhysand.

Era um acordo estúpido, totalmente tolo. Feyre me mataria se eu aceitasse, mas nós duas morreríamos se não aceitasse. Xeque-mate, ponto para o Grão-Senhor.

— Apenas viver, como uma moradora da Corte Noturna? Nada de tarefas que possam nos matar?

— Como moradoras normais — ele concordou, a voz suave. Pensei um pouco antes de responder.

— Cinco dias. 

— Vai barganhar? — Rhysand deu uma gargalhada rouca. — Dez dias.

— Uma semana.

Ele ficou em silêncio durante um longo momento, os olhos percorreram o ferimento na minha perna e depois voltaram a me encarar, antes de murmurar. 

— Uma semana, então.

Um gosto metálico preencheu minha boca quando a magia se agitou entre nós e Feyre. Rhys se virou para ela e puxou o osso do braço, curando-o logo em seguida. Tirou sua febre e algum tipo de magia fez a lama do corpo sumir. Ela continuou dormindo, mas o que importava é que estava curada. O da Noturna se levantou e caminhou até mim; passando a mão delicadamente pelo ferimento da perna, impando o sangue e fechando-o. Aos poucos a dor e a febre foram sumindo, e a lama do corpo também. Uma tatuagem começou a surgir no braço direito, arabescos e redemoinhos em tinta preta, com um olho na palma. 

"Na minha Corte, gostamos de marcar acordos na pele."

Era isso que ele havia dito na Corte Primaveril. O céu estrelado continuava abaixo de sua orelha, uma olhada à Feyre foi o suficiente para encontrar uma tatuagem igual a minha, só que no braço esquerdo. 

— Tire a dela, pelo menos — esbravejei.

— Lamento dizer, mas não dá. Marcados permanentemente na pele. Além do mais, será um show e tanto quando o Grão-Senhor da Primaveril ver. — Rhys começou a se afastar, levando as mãos no bolso. — Lene está segura. Descanse, Layla. — Aconselhou Rhys, meu nome saindo como a mais bela poesia de sua boca. 

Mais problemas, era isso que essas tatuagens significavam. Tal como chegou, Rhysand saiu da cela não passando de escuridão e sombras. Minha cabeça começou a pesar pela primeira vez desde que voltamos da primeira tarefa, e resisti no início, com medo do que os pesadelos tomariam forma.

Mas, ao contrário do que pensava, meu sono não foi tomado por pesadelos. Estava em uma cidade que irradiava alegria e beleza, sobrevoando-a. As pessoas conversavam e riam lá embaixo, uma música era possível de ouvir, mas era tão baixa que não conseguia separar as notas. Ao olhar para cima, um céu estrelado captura minha atenção. As constelações se formando e o brilho da lua me prendiam, nada poderia ser mais bonito que aquilo. Nem mesmo os olhos violetas que me encaravam.

«——————⁜—⁜——————»

Acordei com Feyre me sacudindo, sua voz chamando meu nome de forma desesperada. Ela esperou até eu estar acordada o suficiente para entender suas palavras.

— Nossos machucados sumiram, e parece que tomamos banho, mas que merda são essas tatuagens?! — A voz dela dedurava toda a raiva que sentia, mas era possível ver nos olhos que bem no fundo estava agradecida.

— Um acordo, isso é tudo — Feyre juntou as sobrancelhas em confusão enquanto se sentava do meu lado. — Um acordo resumi tudo que aconteceu: os machucados, o quase banho e as tatuagens — minha voz ainda estava sonolenta, mas fiz o máximo para parecer firme em relação a isso. 

— Lay... Com quem?

— Rhysand. Uma semana, todo mês, vivendo na Corte Noturna. 

Soltei a bomba de uma vez e esperei para que ela mesma não me matasse. Fey ficou em silêncio enquanto me encarava horrorizada; a boca abriu e fechou, mas nada saiu.  

— Fey, olha... — comecei a me explicar, mas ela me interrompeu antes de dar a chance. 

— O quê? Por que fez isso? Entregou nossas vidas a ele! — Seus olhos eram verdadeiros ao demonstrar o medo e horror. Peguei-me pensando por que todos pareciam odiá-lo enquanto eu não; por que ele era cruel com todos, exceto comigo

— Você estava morrendo! — retruquei, a raiva subindo aos poucos. Estava pensando em protegê-la e... — Estava morrendo e eu não podia fazer nada! Via você ardendo em febre e o machucado piorando a cada dia. Eu não podia curá-la e Lucien não apareceu. Eu só... só — minha voz começou a quebrar e a verdade do que poderia acontecer finalmente havia me atingido. Lágrimas começaram a rolar silenciosamente pelo meu rosto. — Eu só não podia te perder.

Tanto a raiva dela quanto a dela passaram a ir embora quando nos abraçamos. A ideia de perde-la era insuportável, eu não conseguiria viver num mundo onde Feyre não estivesse do meu lado. Ela era minha irmã caçula, que sempre adorou a magia que corria no meu sangue, que sempre amou a cor do meu cabelo e do meu olho, que insistiu em caçar comigo porque não queria que eu passasse por aquilo sozinha. Que foi minha única família por tanto tempo. Que não desistiu de mim quando mamãe morreu e eu me afastei, que não me culpou pela morte dela, que me tirou de um poço que achava não ter mais saída. 


Estava sentada na janela do meu quarto, observando a rua e as pessoas que passavam, o sol havia surgido a pouco e já estava insuportável. Fazia uma semana desde a morte da minha mãe e ainda não tinha saído do quarto, ou comido alguma coisa. Os vestidos começavam a ficar largos e quase sempre estava com tontura – ou vomitando. 

Lucy estava limpando uma das prateleiras do meu quarto, a porta aberta para que o cheiro não ficasse forte. Era possível escutar os murmúrios vindo do corredor: um sussurrar choroso de Feyre e uma Nestha estranhamente carinhosa. 

— Por que ela não sai? — perguntou a mais nova, soltando um pequeno soluço em seguida. — Ela não me ama mais? Lay nem vem mais me dar bom dia... — sua voz ficou mais baixa, deduzi que Nestha estava abraçando-a.

Levantei de onde estava e andei até a porta do meu quarto, parando quando encontrei o quarto de Nestha aberto e ela e Feyre no corredor. Os olhos da mais nova brilharam quando me viram e ela abriu um pequeno sorriso. Não consegui retribuir, não senti nada quando a olhei. Havia me tornado apenas um corpo que ocupava um lugar no mundo, minha mente morta igual minha mãe. 

Quando Feyre começou a se soltar do abraço de Nestha e vir em minha direção, voltei para o quarto e fechei a porta, trancando-a. Não suportaria olhar para Feyre e encontrar esperança em seu olhos, encontrar amor. Quase podia escutar Nestha me xingando de todo os nomes possíveis.

«——————⁜—⁜——————»

Já era noite quando percebi. Sai da janela e segui até a estante que ficava ao lado da cama, com a intenção de encontrar algum livro para me distrair. Ignorei o prato com comida em cima da mesa de cabeceira e peguei um livro aleatório. Sentei-me na cama e comecei a ler, tentando me concentrar, mas a única coisa que conseguia pensar era na dor nos olhos de Feyre quando fechei a porta. A perderia também. 

Uma pequena batida na porta me fez levantar e destrancar a porta, apenas para encontrar uma Feyre carregando um urso que uma vez havia dado à ela de presente.

— Posso dormir com você? — sua voz estava falhada e o rosto molhado. — Tive um pesadelo, com a mamãe. — A última palavra foi o suficiente para abrir meus próprios medos e não consegui segurar o que veio depois. 

— Saia. Agora. — Minha voz era baixa por ter passado tanto tempo sem falar nada, mas ainda foi cruel para Feyre. Depois de dias sem falar, as primeiras palavras foram rudes, cheias de raiva. 

— Mas... Lay...

— Saia! Não, você não pode dormir comigo! Agora, saia! — Ela começou a chorar baixinho e quis muito abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem. Mas eu não acreditava nisso, não tinha como tudo ficar bem. 

A porta dos quartos começaram a ser abertas. Primeiro Elain, depois Nestha e por fim William saíram dos quartos. Todos parando na frente do meu quarto e observando a cena. Elain foi a primeira a se mexer e tirou Feyre de perto de mim, abraçando-a e levando-a para o quarto de Nestha. A mais velha apenas olhou para mim com nojo antes de seguir as duas. William continuou me encarando, o rosto contorcido em ódio. 

Estava quase fechando a porta do quarto quando ele falou. 

— Parabéns. O tanto que Feyre chorou ainda não foi o suficiente para você?

— Vai se foder. — Falei antes de bater a porta e trancá-la. 

Observei meu quarto e segui em direção a cama, sentei-me e encostei a costas na cabeceira. Era possível escutar o soluço de Feyre, as palavras calmantes de Elain, mas com o tempo isso sumiu da minha mente também. Em um momento estava escutando o choro da minha irmã, no outro estava vendo meus próprios demônios se tornando reais. 

Sozinha no quarto eles pareciam me consumir, e deixe-me quebrar. As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, minhas mãos tremiam e minha respiração estava desregular, meus soluço foram abafados por minha mão. Minha visão ficava turva e a verdade que me atingiu foi cruel. 

Havia afastado Feyre de mim, ela chorava por minha culpa. E todos estavam com ela, porque ela merecia todo aquele amor. Ninguém viria me ajudar, estava me afundando sem chance de voltar a superfície. Esperei por algum consolo daquele sussurro que as vezes aparecia na minha mente, mas ele havia me deixado também.

Estava completamente sozinha. Perdida em meus próprios pensamentos e demônios. Sozinha para morrer.


⁙⁛⁙——————⁕——————⁙⁛⁙

Final pesado para mostrar um pouco do luto da Layla. Ela definitivamente não foi a melhor pessoa, mas para quem já perdeu tanto é até ""compreensível"".

Resolvi não escrever essa primeira tarefa porque seria basicamente a mesma coisa do livro, então ficaria bem repetitivo. A segunda eu vou escrever, mas não vai ter tanto detalhe. E a terceira obviamente vai estar detalhadinha. 

Esse livro aqui tá na reta final hein. Antes de seguir a ordem certinha dos livros vou fazer umas cenas Layla e Rhys porque eles merecem. 

Deixem aqui sugestões para capa e nome do segundo livro. Lembrando que ele se passaria na época de Acomaf. 

Já separei a parte de characters de Acomfar e meus amores!!! Muito bom vius. O próprio poder. 

xoxo, L.

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