Derek respira fundo assim que coloca seu companheiro cuidadosamente no banco de trás e fecha a porta de sua caminhonete, necessitando de alguns minutos ao ar livre para ganhar mais uma vez o controle de deus pensamentos.
O aroma celestial que emana no garoto é enlouquecedor, seus instintos alfa gritam para reivindica-lo, para torná-lo seu, mas ele sabe que não pode se deixar levar assim tão fácil.
O garoto é leve como uma pluma, tem apenas 17 anos de acordo com seus registros da escola, ainda deve ser puro.
Derek prefere acreditar nisso.
Depois que o outro garoto ligou para o pai de seu companheiro. Sr. Stilinski. Derek se ofereceu para levá-lo para casa em sua caminhonete.
Foi um ato egoísta, ele sabe, pois tudo o que ele quer é passar o maior tempo possível ao lado do belo ômega com um dos nomes mais complicados do mundo.
Mieczyslaw Stilinski
Ele quer conhecer tudo sobre ele, assim podendo corteja-lo da forma certa, sem parecer assustador demais para o jovem ômega.
Entrar no carro e se manter lá pelos próximos minutos acaba se tornando uma tortura agoniante, mas Derek agradece a todos aqueles anos estudando seu próprio auto controle para tomar o lugar do pai.
Pois um chefe alfa precisa saber ser justo, ser um exemplo para seu bando.
O garoto dorme por toda a curta viagem, distante dentro de sua própria mente febril, ignorando o mundo ao seu redor e como ele passa depressa.
Derek aperta as mãos no volante, sentindo suas juntas doerem com a força com que coloca na ação, mas ignorando completamente em favor de controlar seu lobo feroz que ruge.
Seria tão fácil parar o carro e... que diabos?! O que está acontecendo com a sua cabeça? Que tipo de monstro ele está se tornando?
- Droga!
Ele grunhi, removendo uma das mãos do volante e batendo no lado de sua cabeça com força, querendo expurgar todos esses pensamentos maniacos.
Ele não é assim, nunca foi e se recusa e ser algum dia. Apenas... esse garoto está bagunçando com a sua racionalidade, ele não consegue pensar da forma correta.
- Vai dar tudo certo - Ele se garante sem muita convicção. Olhos firmemente na estrada - Você vai levar o garoto para o pai dele e depois vai embora.
Ele queria que fosse tão fácil. Pois sabe que agora, não existe opção viável de simplesmente ignorar seu companheiro e fingir que nada aconteceu.
Felizmente, depois de uma eternidade, a rua do garoto está ao virar da esquina.
Numa casa de cor marfim e aparentemente comum é onde ele estaciona sua caminhonete.
Sentado na escada, batendo nervosamente as mãos nos joelhos está um homem de meia idade, obviamente o pai do garoto.
Algo que chama a atenção de Derek é a jaqueta que ele usa, verde e dois tamanhos maior que ele, com uma estrela incrustrada no tecido.
Xerife.
Ótimo.
- Sr. Stilinski? Sou professor da Beacon Hills School e fiquei encarregado de trazer seu filho pra casa - Derek diz cordialmente assim que desce da caminhonete e abre a porta de trás
O homem mais velho avança até ele, responde momentaneamente com apenas um acenar de cabeça.
- Parece que meu garoto teve um primeiro dia de aula péssimo - O homem mais velho acaricia os cabelos do menino com ternura, Derek se vê sorrindo sem perceber.
- Eu posso levá-lo pra dentro se me permitir - Sugere Derek, o Sr. Stilinski ergue uma sobrancelha.
- Não é necessário.
- Eu insisto. É meu dever desde que fui eu quem o trouxe pra cá - Retorna Derek firme mas não menos gentil, antes de puxar o garoto para os braços.
Ambos entram na casa com o xerife como guia, o indicando o caminho para o quarto.
- Eu conheço você, é o filho de Franklin Hale, chefe da matilha - Diz o homem assim que chegam ao quarto do garoto.
Torna-se óbvio ser dele pelas cores azuis nas paredes, os pôsteres pendurados e a estante de livros no canto.
- Sim eu... cheguei da Europa há algumas semanas depois de terminar minha faculdade de pedagogia - Explica Derek categoricamente, deitando o menino inconsciente na cama e vendo quando o pai ajusta os travesseiros na cabeça do filho com carinho.
Nota-se o qual protetor o Sr. Stilinski é desse garoto, parte de Derek se sente aliviada por saber que seu companheiro tem um lar de amor...
... mas a outra parte, sua maldita parte egoísta lamenta, pois isso lhe dará um trabalho adicional para não só conquistar o ômega, como também o pai dele.
Sentindo com força os efeitos do calor do ômega em si mesmo, Derek remove o blazer, segurando-o no antebraço junto ao corpo.
- Deve ser um orgulho para o nosso velho alfa. Sem ofensas - Acrescenta o xerife tardiamente, Derek ri levemente como resposta.
- Não realmente, se contar que o sonho de meu pai e me ver sentado na cadeira dele. Mas eu... infelizmente não acredito nesse futuro pra mim - Diz o alfa mais jovem com um dar de ombros.
- Entendo - Diz o xerife brevemente.
- Sinto muito pela situação desagradável de seu filho. Não deve ter sido nada animador para um primeiro dia de aula - Derek fala, querendo mudar de assunto enquanto a tempo.
- Meu filho nunca esteve bem com sair e... - O xerife coça a nuca, olhos para o filho desacordado - Ele é apenas um pouco inseguro. Sempre foi assim.
Derek franze a testa, preocupado com seu novo companheiro e seus problemas pessoais.
Ele parece tão jovem ainda pra ter medo do mundo. Medo de sair e ser normal. Seu coração aperta pelo seu doce ômega.
- Eu não quero me meter demais mas, é algum trauma ou... não sei... mental? - Derek se assombra com as próprias palavras, negando a si mesmo algo parecido.
O pai do garoto nega com a cabeça, trazendo uma onda de alívio imensa dentro do alfa.
- Nada mental, meu garoto é completamente são, se é o que quer saber - Responde o Sr. Stilinski mais duro do que provavelmente queria. Logo abaixando a postura quando percebe que estava se alterando - É algo um pouco mais... complicado que isso, mas nada de vida ou morte.
Graças a mãe Luna por isso.
- Compreendo.
- Enfim, obrigado por traze-lo pra casa.
- Fiz apenas o meu dever como responsável - Derek sorri, apertando a mão do homem, olhos vagamente girando para o menino dormindo - Eu gostaria de saber quando seu filho... uh...
- Stiles. Pode chama-lo de Stiles - Diz o Sr. Stilinski.
Stiles. Soa perfeito em sua língua.
- Assim que Stiles estiver bem para voltar a escola - Termina Derek lentamente, apreciando como o nome do menino escapa de seus lábios - Me sinto de certa forma, ligado ao seu filho.
- Ligado? - O Sr. Stilinski ergue uma sobrancelha para o alfa, mas Derek mal nota a acusação em sua voz quando Stiles começa a se contorcer na cama, caído em alguma alucinação induzida pelo calor.
Derek corre até ele, largando o blazer no chão e o chutando enquanto corre até o menino.
Sem pedir permissão ao pai do garoto, simplesmente agarra uma de suas mãos e aperta levemente, querendo apenas que seu companheiro saiba que ele está lá.
Cuidando dele. Lhe protegendo.
- Ei, shh, shh. Tudo bem - Derek leva a outra mão para os cabelos encharcados de suor do menino, acariciando os fios com os dedos e massageando o couro cabeludo.
- Alfa... - Sussurra o ômega, ainda inconsciente de suas palavras sussurradas.
- Eu estou aqui - Derek sussurra de volta, baixinho o suficiente para que o Sr. Stilinski não ouça. Ele levanta o rosto em seguida, encarando o xerife - A febre está começando a ficar alta demais. Precisamos baixar isso antes que lhe cause uma convulsão.
Derek sabe que está afirmando a pior opção possível, mas sabe também que sendo companheiros, o cio de Stiles foi causado pela sua aproximação no mesmo ambiente.
O ômega não só exige o companheiro alfa quando tem sem primeiro cio, ele necessita, pois o corpo do ômega começa a se tornar receptivo ao alfa.
Gritando por ele. Exigindo por ele. Necessitando dele para só então desacelerar.
Stiles é jovem demais para aguentar algo assim, e Derek também tem consciência de que estar perto dele sem reivindica-lo pode ser mais prejudicial ao garoto.
O ômega instantamente se sente rejeitado, e lentamente começa a definhar pela necessidade.
Algo assim não é comum de acontecer, mas Derek não quer arriscar a saúde de seu doce ômega.
Lhe dói mais que ter sua alma arrancada do corpo, mas ele se afasta do menino, coçando os braços e arranhando a pele para não voltar pra junto dele.
- Tenho que ir. Cuide dele, por favor - Derek sopra e não espera uma resposta antes de sair do quarto e da casa com pressa, sabendo que se olhar pra trás mais uma vez, toda a sua determinação desaba.
* * *
Stiles se contorce no colchão, se enrolando em si mesmo e apertando a barriga com os braços.
A dor é quase insuportável, o suor banhando a sua pele lhe deixa pegajoso e desconfortável, mesmo a sua cabeça lentamente começa a palpitar.
No geral, ele se sente como uma porcaria.
Seu pai volta ao quarto alguns minutos depois com algumas toalhas molhadas e felizmente frias, colocando em sua testa e enxugando seu pescoço.
Stiles suspira com a sensação resfrescante, mas não demora ao suor voltar a escorrer de seu poros.
Mesmo depois do banho de apenas algumas horas atrás, seu corpo ainda parece aceso em chamas.
Ele só quer que isso pare.
- Pai... isso dói muito - Stiles choraminga, ignorando o tom infantil de sua voz e o modo como ele tem agido parecido ao filhote que era.
- Eu sei, mas isso vai passar, eu prometo - Seu pai afirma, confiando na própria voz de pai para acalmar seu filho. Sua mão sempre atenta em enxugar o suor do pescoço do garoto - Você sempre soube como me dar novos cabelos brancos, garoto.
Stiles bufa, segurando o sorriso quando a dor do cio faz uma pausa, sempre indo e vindo como fortes cólicas.
- Eu não procurei por isso... dessa vez, pai - Stiles se defende, se empurrando no colchão para encostar-se na cabeceira da cama - Ei, pai... quem estava aqui mais cedo?
Ele lembra vagamente de ouvir uma voz reconfortante em seu ouvido.
Eu estou aqui.
Tudo bem.
O seu pai pigarreia, seus olhos em total foco na toalha em seu pescoço, encarando-a como se o pano encharcado fosse a coisa mais fascinante já vista.
- Um dos professores da Beacon Hills School. Ele se ofereceu pra te trazer pra casa depois que você desabou - Seu pai dá de ombros.
Stiles franze a testa, sabendo que seu pai esconde algo dele, mas não questiona mais nada.
O Stilinki mais velho tende a ser tão teimoso quanto ele.
- Ainda não acredito que meu primeiro calor veio na escola. É como uma maldição, não fui feito pra ser sociável - Resmunga Stiles, fazendo biquinho quando seu pai ri.
- Acho apenas que você tem a sorte da sua mãe - Seu pai começa, um brilho de puro carinho no olhar ao lembrar de Claudia Stilinski. Sua mãe - Eu a conheci na escola e como consequência o calor dela veio exatamente lá. Lembro de saber que ela era minha no momento em que a vi. A mulher mais perfeita em que já pus meus olhos.
Stiles aperta os lábios, olhando pra baixo enquanto brinca com os fiapos soltos de seu cobertor.
Esse assunto sempre foi dolorido para seu pai.
Ele nunca superou a morte dela, e mesmo Stiles que estava ao lado dela na hora de sua morte, sente que conseguiu se despedir da forma certa.
Ambos sentem tanta falta dela.
- Talvez eu tenha encontrado meu companheiro hoje e apenas não saiba - Stiles provoca, sabendo o qual protetor seu pai é em relação a ele.
O mais velho Stilinki rosna um som rouco pela garganta, nada feliz com o rumo da conversa.
- É melhor você ir dormir enquanto os espasmos do calor cessaram um pouco. Vai se sentir melhor quando acordar - Seu pai dá dois tapinhas em seu ombro antes de sair com as toalhas nas mãos.
Stiles suspira, se esticando de volta pra baixo e se deitando de bruços, uma mão jogada para fora do colchão, quase tocando o chão.
Seus dedos tocam em algo.
Ele puxa um tipo de jaqueta. Um blazer caro que com certeza não é seu e muito menos de seu pai.
Por puro instinto curioso ele leva a peça de roupa ao nariz, procurando de quem o blazer poderia ser. Fungando em todo o tecido por algo. Qualquer coisa.
Como sempre nada surge, mas pelo menos o dono da roupa tem bom gosto para perfumes caros.
Stiles sopra pelos lábios em irritação e segura a roupa nos braços, esfregando a manga na bochecha, se consolando.
Pode ser ridículo, ele não sabe de quem isso é, mas seu cérebro nebuloso realmente não se importa agora.
Não demora muito para que ele caia no sono. O blazer ainda apertado nos braços.