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By catratonks

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π˜πŸ’: Quidditch World Cup
π˜πŸ’: The Triwizard Tournament
π˜πŸ’: The Four Champions
π˜πŸ’: Potter Stinks
π˜πŸ’: The First Task
π˜πŸ’: Will You Dance With Me?
π˜πŸ’: Yule Ball
π˜πŸ’: The Golden Egg
π˜πŸ’: The Second Task
π˜πŸ’: Truth Or Dare
π˜πŸ’: The Third Task
π˜πŸ’: Everything Changes
π˜π„π€π‘ π…πˆπ•π„
π˜πŸ“: Grimmauld Place
π˜πŸ“: The Silver Dress
π˜πŸ“: The Prank
π˜πŸ“: Dolores Umbridge
π˜πŸ“: Firefly Conversations
π˜πŸ“: Harry, My Harry
π˜πŸ“: The Astronomy Tower
π˜πŸ“: The High Inquisitor
π˜πŸ“: The Revenge
π˜πŸ“: The Reunion
π˜πŸ“: Midnight Talking
π˜πŸ“: Dumbledore's Army
π˜πŸ“: Weasley Is Our King
π˜πŸ“: Love Potion
π˜πŸ“: Holly Jolly Christmas
π˜πŸ“: Maddie's Birthday Party
π˜πŸ“: Happy New Year!
π˜πŸ“: Fireworks
π˜πŸ“: Draco Malfoy
π˜πŸ“: Honeycomb Butterflies
π˜πŸ“: Expecto Patronum
π˜πŸ“: The New Seeker
π˜πŸ“: Breakdown
π˜πŸ“: A Whole New Perspective
π˜π„π€π‘ π’πˆπ—
π˜πŸ”: Horace Slughorn
π˜πŸ”: The Burrow
π˜πŸ”: Weasley's Wizard Wheezes
π˜πŸ”: August 11th
π˜πŸ”: Back to Hogwarts
π˜πŸ”: Amortentia
π˜πŸ”: The Quidditch Captain
π˜πŸ”: Draco?
π˜πŸ”: Falling Apart
π˜πŸ”: The Bookstore of Mysteries
π˜πŸ”: The Curse
π˜πŸ”: Slug Club
π˜πŸ”: Champagne Problems
π˜πŸ”: Dirty Little Secret
π˜πŸ”: Sign Of The Times
π˜πŸ”: Road Trip
π˜πŸ”: Whispers and Secrets
π˜πŸ”: Shopping Day
π˜πŸ”: Rufus Scrimgeour
π˜πŸ”: The Hunt
π˜πŸ”: Valentine's Day
π˜πŸ”: Quidditch Disaster
π˜πŸ”: Sixteenth Birthday
π˜πŸ”: Liquid Luck
π˜πŸ”: Sectumsempra
π˜πŸ”: The Cave
π˜πŸ”: What Starts, Ends
π˜π„π€π‘ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
π˜πŸ•: The Seven Potter's
π˜πŸ•: The Birthday Party
π˜πŸ•: The Wedding
π˜πŸ•: The Murderer
π˜πŸ•: September 1st
π˜πŸ•: The Sins Of Tragedy
π˜πŸ•: Body and Soul
π˜πŸ•: Slytherin's Locket
π˜πŸ•: The Depths Of Fall
π˜πŸ•: Breaking Hearts
π˜πŸ•: Godric's Hollow
π˜πŸ•: The Sword
π˜πŸ•: The Deathly Hallows
π˜πŸ•: Bellatrix's Vengeance
π˜πŸ•: Highs And Lows
π˜πŸ•: The Talk
π˜πŸ•: The Plan
π˜πŸ•: Knives? Sure!
π˜πŸ•: The Boy Who Lived
π˜πŸ•: When Nightmares Come to Life
π˜πŸ•: Blood And Bone
π˜πŸ•: Voids
π˜πŸ•: Death Comes
π˜πŸ•: Sunflowers
π˜πŸ•: Turning Page
π˜πŸ•: Intertwined Fates
𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐀𝐑
I. Surprises
II. Soft Kisses And Bad Dreams
III. Death's Lullaby
IV. WARNING: DANGER!
V. Hunting Season
VI. The Corner Of The Lost Souls
VII. The Letter
VIII. Sex On The Beach

π˜πŸ“: Nightmares

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By catratonks

Eu estava num corredor escuro, iluminado apenas pelo brilho de centenas de bolas de cristal azuis. Havia um sussurro que ao mesmo tempo era perto e distante, e eu não soube dizer se provinha de dentro ou de fora de mim. Algumas luzes piscavam conforme eu deslizava na direção de uma figura solitária, aparentemente apetitosa; amarrada à cadeira.

Mas eu não era eu; e pude sentir que minhas pupilas dilatavam conforme meu corpo reptiliano rastejava atrás da vítima. Tão indefesa, tão mortal. Quando meu mestre desse a ordem, eu atacaria com prazer.

— Vou perguntar mais uma vez — disse uma voz. — Onde está?

O homem não quis dizer, e foi torturado por isso. Caiu da cadeira que estava amarrado, contorceu-se no chão, mas recusou-se a falar qualquer coisa que fosse. Depois, o último recurso fora usado: eu. Meu corpo avançou sobre o dele, ferindo-lhe diretamente no pescoço. O homem não revidou. Sangue começou a escorrer de seu corpo, molhando o chão e formando uma poça vermelha enorme, que aos poucos foi escurecendo minha visão.

Acordei sentindo-me completamente ofegante. Minha testa estava vermelha de tão quente, e eu buscava respirar fundo à procura de ar. Hermione, que havia dormido encostada em meu ombro, deu um pulo de susto e tateou o sofá da Comunal antes de sentar-se apoiada no encosto.

— Que aconteceu? — ela olhou em meus olhos, depois tateou meu rosto. — Você está queimando em febre, S/N!

Entretanto, eu só conseguia pensar no sonho que tivera, e depois imediatamente lembrei de Harry. Como ele estava? Tivera visões também, assim como eu? Mesmo considerando os acontecimentos recentes, nisso era tudo em que eu conseguia pensar. E eu sabia que Harry não estava bem. De alguma forma, conseguia sentir isso.

Tentei focar no que vira, porque a figura me era extremamente familiar. No sonho, era como se eu fosse o predador; uma cobra enorme com sede de sangue. A vítima, amarrada à cadeira, ruiva e dotada de alguns pontos e cicatrizes, me lembrava muito uma pessoa que eu conhecia como a palma da minha mão.

— O Sr. Weasley — sussurrei, olhando para minha melhor amiga em seguida. — Temos que avisar Ron, Hermione, o pai dele está em perigo... Harry provavelmente sabe também, tive uma daquelas visões...

— Relaxe, S/N, foi só um pesadelo...

— Não, não foi! — exclamei, levantando-me rápido demais. Acabei ficando tonta, e usei uma das mãos para me apoiar na parede mais próxima, cambaleando, e fechei os olhos ao sentir uma pontada muito forte na cabeça. — Hermione, me escute, Tenho certeza absoluta de que tudo o que eu acabei de ver realmente aconteceu, havia uma cobra gigante, e...  

— Cobra gigante? Você sonhou com o basilisco?

— Eu já disse que não foi um sonho, porra!

— Ah, Srta. Black, eu estava mesmo procurando por você — disse uma voz. Hermione e eu olhamos para onde estava o buraco do retrato, do qual surgiu a Profa. McGonagall. — Está uma confusão lá em cima, o diretor pediu que eu chamasse você.

Olhei para Hermione, e depois nos olhos da professora.

— Então é real? — eu quis saber. — O pai de Ron realmente...?

A mulher franziu o cenho.

— Infelizmente sim, mas o diretor já está cuidando disso, acionou uma equipe de resgate graças ao Potter. Por sinal, ele também estava perguntando por você — meu estômago deu milhões de cambalhotas. — Dumbledore enfeitiçou uma Chave de Portal que os levará para a sede da Ordem, seus pais já foram informados e estão esperando pela sua chegada. Calculo que tenham quinze minutos, então sugiro que pegue seu roupão e me acompanhe. Desculpe, Srta. Granger, mas você não vai poder deixar a escola com eles, apenas os Weasley foram avisados, já que foi o pai deles que sofreu o acidente.

— Tudo bem, eu entendo.

— Ótimo — disse a professora. — Vá depressa, S/N, pegue apenas o necessário, cuidaremos para que o restante de seus pertences seja enviado depois. A propósito, como sabia de que se tratava o acidente?

— Eu... — hesitei. Não sabia se era uma boa ideia deixar claro que Harry e eu costumávamos ter os mesmos sonhos, como se tivéssemos uma espécie de conexão. — Não sei ao certo, ouvi boatos.

— Boatos?

— Ah, sim, os quadros falam.

A professora arqueou as sobrancelhas, mas não disse mais nada. Fiz o que ela mandou e subi as escadas correndo, entrei em nosso quarto, vesti meu roupão favorito o mais rápido possível e calcei o primeiro par de sapatos que vi pela frente. Desci quase voando, despedi-me de Hermione com um aceno rápido e acompanhei a Profa. McGonagall até a sala do diretor.

Nossa caminhada foi veloz e silenciosa, deviam ser mais ou menos três ou quatro da manhã. As bolsas sob meus olhos ardiam de cansaço, e eu muito provavelmente estava feia, descabelada e cheia de remelas e olheiras. Quase tropecei quando viramos num corredor mal iluminado por archotes de fogo baixo, e senti-me inquieta por ter que esperar pela professora dizer a senha que abriria passagem para a escadaria em espiral da sala de Dumbledore, em cuja frente havia uma enorme gárgula de pedra. Subimos e batemos à porta.

Eu não havia estado ali muitas vezes, mas a lembrança foi suficiente para constatar que a decoração continuava a mesma. Centenas de objetos prateados enfeitavam a mobília exótica da sala do diretor, além de alguns espelhos e cadeiras dispostos em ângulos que os fazia parecer que provinham de outra dimensão. Uma luz amarelada misturava-se ao prateado dos objetos e do luar, que banhava nossos rostos por uma pequena janela entreaberta ao fundo, e uma ave vermelho-alaranjada enorme, da cor de fogo, dormia serenamente sobre um poleiro de ouro polido. Tudo ali era muito bem cuidado.

A primeira coisa que notei fora do comum foi a expressão de preocupação no rosto de Dumbledore, que sempre aparentava estar calmo demais. Havia, também, os Weasley em seus pijamas num canto, próximos, mas nem tanto, da mesa principal do cômodo. Diante dela, estava Harry; e meu coração pulou para fora de meu peito quando viu que ele me encarou intensamente no momento em que entrei ao lado de Minerva, como se realmente estivesse prestando atenção em mim.

Sem pensar, andei até onde Harry estava e o abracei pelo pescoço, sem me importar com o fato de que milhões de coisas poderiam estar começando a dar errado entre nós, ou que a tal Poção do Amor podia ser apenas uma história que Hermione e os gêmeos inventaram para me deixar um pouco mais calma. Harry era tudo o que importava para mim naquele momento, e eu sabia que, independentemente de nós, ele estava mal. E eu queria cuidar dele.

Harry me abraçou de volta no mesmo instante, e pareceu por um momento que não me soltaria nunca mais. Meu coração derreteu, e meu estoque de esperança cresceu e tornou-se mil vezes maior. Meu Harry estava aqui novamente, e estava me abraçando; e era isso o que mais me importava.

— Você está bem? — perguntei, afastando-me dele depois de alguns segundos. Harry assentiu, e eu desviei o olhar, evitando seus olhos. Senti-os queimando sobre mim, e por um momento quis enfiar minha cabeça num buraco e nunca mais tirá-la de lá.

— Não querendo interromper o momento, mas interrompendo, em quanto tempo o senhor disse que estaríamos em casa? — perguntou Ginny ao diretor. — Eu realmente quero ver meu pai, saber se está bem.

— Ah, sim, bem lembrado, Srta. Weasley — disse Dumbledore, encarando os ponteiros do relógio em sua parede. — Em exatamente dois minutos. Não se preocupem, Fineus avisou aos outros que vocês estão chegando, ele é um descendente dos Black que também foi diretor de Hogwarts... Por favor, reunam-se em torno desta chaleira — ele apontou para o objeto sobre uma estante de livros próxima — , e agarrem parte dela, não queremos que ninguém fique para trás. Sirius e Dorcas vão receber vocês.

Era muita informação para assimilar ao mesmo tempo, mas fiz o que ele pediu, assim como os outros, e encostei a ponta do dedo indicador na parte metálica da chaleira. Estava gelada. Harry também se levantou, mas parecia determinado a falar com Dumbledore. Péssima hora, Hazz, falta apenas um minuto e meio.

— Senhor, eu gostaria de saber se...

— Ah, Minerva, peço que envie uma carta aos pais da Srta. Granger assim que puder, diga a eles que ela é muito bem vinda para passar as festas de fim de ano no Largo Grimmauld.

A vice-diretora assentiu, e saiu às pressas para fazer o que o homem pediu.

— Professor... Diretor, por favor...

— Segurem-se bem, crianças, e não soltem a Chave de Portal — disse ele. — Vou pedir a Fineus que me mantenha atualizado, ele tem outro quadro lá na casa, e não tenham receio de me escrever caso algo saia do planejado...

— Dumbledore — insistiu Harry. O homem não respondeu.

— Apresse-se, Harry, faltam só — ele consultou o relógio — quarenta segundos.

OLHE PARA MIM! — gritou Harry, perdendo a paciência. O sangue de Dumbledore pareceu congelar, principalmente quando, lentamente, olhou nos olhos de Harry, que agora carregavam um brilho avermelhado e maligno. Todos prenderam a respiração enquanto Harry ofegava de ódio, encarando Dumbledore da mesma forma que a cobra em meu sonho enxergava a presa. Eu podia sentir a raiva pingando em suas veias, infectando seu sistema nervoso. Confesso que Harry nunca estivera tão zangado quanto naquele momento, com seus olhos exalando veneno; e uma parte de mim se encolheu quando o ouviu gritar, mas eu disse a mim mesma para não ter medo, porque debaixo daquilo tudo, de todas aquelas máscaras que Harry usava para esconder a dor que estava sentindo das outras pessoas, ele era humano, e tudo de que precisava era apoio e compreensão.

— Harry — sussurrei, olhando para ele. — Hazz, por favor, vamos para casa.

Foi como se de repente ele acordasse de um transe, e lentamente encarou-me por trás de seus óculos redondos. Dessa vez, não desviei o olhar; e soube no mesmo instante que Hermione estava certa, que Harry me amava mais do que tudo. Dava para ver no modo como seus olhos brilharam ao encontrarem os meus. Senti-me idiota por ter acreditado que ele um dia me trairia, mas também senti-me triste com a situação. Harry não merecia nada disso, e entretanto ali estava ele, com a aparência de um menino lindo que não dormia há três dias e precisava urgentemente de uns cem litros de água.

— Vamos, papai está esperando por nós.

Harry obedeceu, tocando no centímetro vago de chaleira no exato momento em que a Chave de Portal entrou em ação e nos puxou rumo à escuridão. Milissegundos depois, estávamos na cozinha do Largo Grimmauld, sendo recebidos por Sirius e Dorcas.

— Oi, acabamos de receber a notícia — disse Dorcas, me abraçando. — Estão todos bem?

— Estamos — murmurei contra seu pescoço, sentindo um alívio enorme por estar em casa. Depois de tudo o que aconteceu, um abraço era justamente o que eu precisava. — Oi, senti sua falta. Onde estão os outros?

— Sua mãe está no trabalho, não pôde vir assim que chamaram — respondeu Dorcas, me soltando. — Remus saiu com Maddie, acho que estarão de volta daqui a pouco.

Assenti, demonstrando que entendi. Papai me puxou para um abraço.

— Tudo bem, filha? Como foi sua última semana de aulas?

— Meio conturbada — respondi por cima de seu ombro, incerta. Pelo canto do olho, notei que Harry encarou os próprios pés com tristeza. Minha garganta ficou subitamente seca.

— É, mas fiquem tranquilos, vamos dar um jeito.

— Até agora não entendi direito o que está acontecendo — disse George. — Como foi o tal do acidente?

— Mamãe já chegou? — perguntou Fred.

— Não sei, Dumbledore provavelmente ainda está cuidando disso, mas pelo menos sabemos que o pessoal do Ministério foi avisado, estão investigando o caso — respondeu Dorcas calmamente. Ela me conduziu até uma cadeira e virou-se para preparar chá. — Sente-se, Ron, por favor, você está parecendo uma berinjela de tão roxo. Você também, George, deixe que cuidamos de tudo...

Ron, que até agora não dera um pio, tateou em busca de algo que pudesse lhe servir de apoio e encostou-se na parede com um suspiro. Ginny cruzou os braços, ainda mantendo-se de pé. Fred e George protestaram.

— Não, não vou me sentar até saber o que está acontecendo — disse ele. — Que acidente foi esse, por que todos estão sendo tão misteriosos?

Fizemos silêncio, e todos meio que olharam para Harry ao mesmo tempo. Senti uma pontada de solidariedade. O menino parecia que estava prestes a vomitar.

— Eu... Eu tive uma espécie de visão, na qual seu pai foi atacado por uma cobra, tenho quase certeza de que era a cobra de Voldemort... E não, não foi apenas um sonho, tenho certeza disso.

— Bem, temos que ir ao St. Mungus! — concluiu Ginny. — Já devem ter feito a transferência dele a uma altura dessas, o que estamos esperando?

— Não sabemos como estão as coisas, a única notícia que tivemos veio de Dumbledore — disse Dorcas, fazendo uma caneca de chá fumegante flutuar até cada um de nós. — Sabemos tão pouco quanto vocês, sinto muito.

— Mesmo assim, acho que Ginny tem razão — disse Fred. — Temos que tentar.

— Desculpem, mas realmente não posso deixar que saiam daqui — disse meu pai.

— Claro que podemos ir, ele é nosso pai!

— E como é que vocês vão explicar que souberam do acidente antes do hospital avisar a mulher dele?

— Nós damos um jeito — assegurou George. — Ele é nosso pai, Sirius, pode estar morrendo!

— Ninguém vai a canto nenhum, e ponto final — falou Dorcas, deixando claro que não tinha jeito. — Temos ordens explícitas de que não podemos mover um músculo enquanto Remus e Maddie não chegarem, então sugiro que todos nos sentemos e bebamos um pouco de chá para acalmar os nervos. E nem tente aparatar, ou sair de fininho, Fred, a casa foi enfeitiçada e está trancada pelo lado de fora. Remus é o único que tem a chave.

Fechei os olhos por um instante e suspirei. Tudo estava acontecendo ao mesmo tempo, uma coisa ruim por cima de outra ainda pior. Eu não sabia até quando iríamos aguentar.

Tomei um pequeno gole de chá, concentrando-me no sabor adocicado que a bebida me proporcionava. Hibisco com gengibre e canela, meu favorito. Mal notei quando Harry ocupou a cadeira vazia ao meu lado, bebendo o conteúdo de sua xícara também.

— Posso...?

— Não precisa pedir permissão, você está na sua casa — não quis falar com grosseria, pelo contrário; mas estava com dor de cabeça desde o dia anterior, e ela ainda não passara. Era quase inevitável ficar de mau humor quando isso acontecia. — Me desculpe, não quis lhe ofender.

— Não ofendeu.

Um silêncio pesado nos envolveu, especialmente porque estávamos há centímetros de distância. Eu ansiava por seu toque, mas ao mesmo tempo tinha medo de tê-lo de volta. E se ele me machucasse novamente, mesmo sem ter a intenção? E se não me quisesse mais por perto, porque beijou Cho Chang e percebeu que, mesmo sob o efeito da Amortentia, preferia o gosto dos lábios dela aos meus? E se não me amasse? E se...

— Ei, S/A — chamou Harry com delicadeza, e eu olhei para ele. Todas as minhas inseguranças desapareceram quando seus olhos encontraram os meus. — Sei que não é o melhor momento, e que você provavelmente está me odiando agora, mas acho que precisamos conversar.

Suspirei e assenti, encostando a cabeça em seu ombro em seguida. Me senti segura pela primeira vez desde as últimas horas, principalmente quando um dos braços de Harry me puxou mais para si.

— Eu sei — falei. — Mas deixe para amanhã, tudo bem? Estou com dor de cabeça.

— Ok, sem problemas.

Eu não estava chateada com ele; de jeito nenhum; apenas perturbada pela situação.

Não sei quanto tempo se passou depois disso, mas tenho certeza de que em algum momento acabei dormindo nos braços de Harry, como sempre fazia. Acordei ao som de duas vozes muito conhecidas, e ergui a cabeça do ombro de Harry quando Maddie e Remus entraram na cozinha e jogaram as chaves da casa sobre a mesa.

— Temos boas notícias — anunciou Maddie. — Seu pai está a salvo, Ron, você deveria se preocupar mais em olhar seu reflexo no espelho, acho que toda essa tensão não te fez bem. Conseguiram levá-lo ao hospital, sua mãe já está ciente da situação.

— E Lene? — perguntou Dorcas, preocupada. — Ela deveria estar conosco agora, não deveria?

— Foi com a Sra. Weasley ao St. Mungus — disse  Remus. — Vai nos encontrar amanhã e trará Tonks. Elas vão nos levar para visitá-los.

Dorcas deu as costas para nós, respirou fundo e deixou o cômodo. Maddie olhou para onde ela desaparecera, preocupada; mas depois seu olhar recaiu sobre Harry e eu, e um sorriso sincero se formou em seus lábios.

— Ah, senti falta de vocês — ela nos abraçou ao mesmo tempo. Agora todos estávamos em pé. — Nossa, S/N, parece que você foi atropelada por um caminhão. Está tudo bem?

— Está, só estou morrendo de dor de cabeça.

Ela se afastou um pouco, olhou para mim, depois para Harry, e talvez tenha notado o modo como estávamos evitando olhar diretamente um para o outro, porque algo me disse que ela percebeu. Graças a Merlin, Maddie teve a decência de não tocar no assunto.

— Tempo bom na escola? — perguntou ela, tentando nos distrair.

— Ah, sim, vencemos a última partida no quadribol — respondeu Harry, feliz. Gostei de vê-lo sorrindo minimamente, e senti uma vontade urgente de beijá-lo e não deixá-lo ir nunca mais. — Sinto muito em lhe informar, mas a Sonserina perdeu feio.

— Hm — disse Maddie, emburrada. Nós três sorrimos um para o outro depois. — É bom ter vocês de volta, tenho que admitir. A casa tem estado muito silenciosa ultimamente, principalmente depois do que aconteceu na semana passada.

— E o que aconteceu na semana passada? — perguntei, ignorando uma sensação de tontura crescente em minha cabeça. Os móveis começaram a mudar de cor, e a se movimentar como se estivessem dançando.

— Marlene e Dorcas brigaram — disse ela, quase que num sussurro. Tive que me esforçar para ouvir, sua voz estava cada vez mais distante. — Um cara do Ministério deu em cima de uma delas e a outra ficou com ciúmes, mas não entendi direito como aconteceu, não quiseram me contar... Mas eu não me preocuparia muito com isso, daqui a pouco fazem as pazes... Você está bem, S/N?

Tropecei em meio aos meus próprios passos e quase caí, mas Harry me amparou. O ruído de meus pés deslizando sobre o chão chamou a atenção de Sirius e Remus, que olharam para mim. Remus perguntou alguma coisa a Maddie, mas eu não escutei. Um zumbido bloqueou meus tubos auditivos.

— Acho... Acho que vou desmaiar — minha própria voz parecia vir de um mundo muito, muito distante.

Meus olhos se fecharam, mas eu os mantive abertos, piscando para afastar a sensação entorpecente de dormência em meu corpo. Não funcionou. Apaguei.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

— Quanto tempo você acha que vai demorar para ela acordar? — uma voz distante perguntou, mas seu timbre foi ficando mais claro conforme dizia cada palavra.

— Não sei, Maddie, tenho cara de enfermeira? — Dorcas, a voz de Dorcas. — Tá, me desculpe, estou estressada, Marlene mal olhou na minha cara quando apareceu para buscar os outros... Olhe, ela está abrindo os olhos.

Pisquei algumas vezes, desnorteada, mas agora conseguia ver e ouvir claramente. Dei um sorriso cansado a elas, e me aninhei mais sob as cobertas da minha cama. Olhei em volta. Foi ali que, nas férias de verão, dançara com Harry ao som de Sign Of The Times, e beijara ele. Balancei a cabeça, não queria pensar nisso agora, e senti que um pano gelado moveu-se em minha testa.

— Oi — cumprimentei. — Que horas são?

— Quase três da tarde. Você dormiu muito, deu um susto na gente — respondeu Dorcas, sentando na ponta da cama e fazendo carinho em meus cabelos. — Gostei das mechas azuis, ficou bem em você.

— É, tenho que admitir, Fred e George acertaram no tom — disse Maddie, sentando ao meu lado. — Falando em dar trabalho, foi difícil expulsar os outros do quarto, Sirius quase teve um piripaque. Mamãe passou aqui mais cedo, antes de irem ao hospital, e disse que se você estiver se sentindo melhor à noite, dará um jeito de comprar sorvete pra gente ver algum filme.

Sorri, sentindo-me feliz.

— Tudo bem.

— Pois é, mas eles não eram os únicos que estavam preocupados, eram? — disse Dorcas. — Harry estava quase tendo um colapso nervoso, Maddie teve que ameaçá-lo de morte para que fosse com os outros visitar o Sr. Weasley no hospital.

— Eles ainda estão lá? — perguntei.

— Sim, mas devem estar voltando. Não mude de assunto, eu queria mesmo falar com você sobre isso, mas não na frente dos garotos, porque podia ser que você não estivesse confortável — disse Maddie. Amei-a um pouco mais por isso. — Notei que havia um clima pesado entre vocês, você e Harry. Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu muita coisa.

— Bem, fale, estamos de folga mesmo.

— Podemos conversar sobre algum outro assunto, por favor?

Dorcas e Maddie trocaram olhares que eu não pude identificar direito, mas eu sabia que estavam curiosas e que se preocupavam comigo. Afundei mais minha cabeça no travesseiro, sentindo um frio repentino, e comecei a tremer um pouco. Dorcas notou, e colocou uma das mãos em minha testa, depois em meu pescoço, medindo a temperatura.

— A febre dela aumentou, Mads — disse Dorcas. — Troque o pano molhado por outro, na cozinha tem um balde de água limpa sobre a pia.

Maddie saiu correndo e deu um berro no meio do caminho, provavelmente havia esbarrado em alguém. Quando voltou, veio acompanhada por Harry, e meu coração deu um salto e mil cambalhotas. Seus olhos estavam um pouco vermelhos, e acho que não havia dormido durante a noite, porque havia olheiras profundas sob suas pálpebras. Quando viu-me deitada em minha cama, gripada, seus olhos brilharam de preocupação.

— Ela está muito ruim? Vocês precisam de ajuda? — quis saber Harry. — Posso ficar aqui?

— Me desculpe, Harry, me desculpe mesmo, mas S/N está com a imunidade baixa por causa da febre, e com dor de cabeça também, então não acho que seja uma boa ideia ter muita gente em torno dela, entende? Mas prometo que mais tarde deixo vocês conversarem, é só que ela realmente acabou de acordar e está piorando, vamos cuidar dela, não se preocupe.

— Tem certeza? — parecia que Harry queria chorar, pelo modo como falava e olhava para mim.

— Tenho, mas ela vai ficar bem, fique tranquilo — garantiu Maddie. — Fiz chá, está na cozinha e ainda está quente, beba um pouco, vai se sentir melhor.

Harry assentiu e fechou a porta. Quis que ele ficasse, quis mesmo, mas Maddie tinha razão. Minhas dores de cabeça estavam me matando.

Minha irmã molhou o paninho na água gelada e voltou a aplicá-lo em minha testa. Estremeci com o contato, a sensação era muito ruim. Por fim, descansou o balde d'água sobre chão, ao lado da cama, e sentou-se ao meu lado novamente. Ficamos em silêncio, Dorcas apertando minha mão, Maddie com um dos braços em torno de meus ombros. Decidi quebrá-lo.

— Cho Chang o beijou — murmurei.

— Quê??! — exclamaram elas ao mesmo tempo.

— Era parte da pegadinha de Fred e George, eles prepararam uma Poção do Amor para mim, para que eu me declarasse a Harry na frente de todos, mas o plano deu errado e meu... Harry, Harry acabou bebendo. Ele estava conversando com Cho na hora, estava tentando consolá-la na questão de Cedric, já que eles costumavam namorar antes de... Vocês sabem. Então eles se beijaram, e eu acabei vendo tudo.

Maddie esfregou uma das mãos no rosto, tentando assimilar tais informações.

— Que merda, S/N.

— Pois é.

— Mas ele estava sob o efeito da Amortentia, não estava? — quis saber Dorcas. — Não significou nada, significou?

— Quero dizer, acho que não, mas não sei o que pensar, sabe, estou insegura quanto a isso — desabafei. — Eu só... Nunca pensei que estar apaixonada fosse tão difícil. Achava que fossem só flores, e borboletas, muitas borboletas, mas é complicado. Principalmente quando esse alguém é Harry Potter.

— Você... O quê? — Dorcas parecia espantada, mas de um jeito bom.

— Estou apaixonada, Dorcas, tão apaixonada que as vezes meu corpo inteiro dói — meus olhos subitamente ficaram marejados, mas eu pisquei várias vezes e espantei as lágrimas para longe. — Às vezes tenho medo de não ser suficiente. Por que Harry escolheria a mim, quando literalmente qualquer uma se curvaria diante de seus pés?

Maddie olhou para mim e... Sorriu. Um daqueles sorrisos que pessoas mais velhas dão quando sabem de tudo e tem experiências sobre as coisas da vida.

— É justamente isso que te faz ser diferente das outras, S/N — disse ela. — O que faz ele olhar para você. Harry não quer alguém que se curve diante dele, mas uma pessoa que seja incrível o bastante para reinar ao seu lado, como um igual. Percebe a diferença?

— Desde quando você é tão sábia?

— Desde sempre, achei que já tinha se acostumado.

— E como estão as coisas entre vocês? — perguntou Dorcas. — Acha que vão fazer as pazes logo?

— Nós nem brigamos, não sei o que aconteceu direito. Quero dizer, não foi culpa dele, então acredito que tudo ficará bem. Espero que sim.

— Pensamentos positivos!! — berrou Maddie do nada, me fazendo cair na gargalhada. — Isso mesmo, não quero ver você para baixo, Harry ainda vai casar com você e eu vou ser a madrinha. E então, ele beija bem?

— Maddie! — exclamei, e nós três rimos. Minha irmã e Dorcas continuaram a me olhar, esperando por uma resposta. Senti minhas bochechas ficarem vermelhas. — Beija, beija sim.

Maddie sorriu. Fiquei feliz por ela não ter surtado de felicidade e dado um escândalo.

— E como você se sente quando isso acontece?

Meu coração bateu mais rápido só de lembrar.

— É como se eu estivesse nas nuvens — falei, sorrindo involuntariamente. — Ele está lá, e tudo está claro e certo, e sei que o dia vai acabar bem porque Harry está sempre me segurando. Às vezes, acho que não consigo segurar o suficiente dele em minhas mãos.

— É, ela está apaixonada mesmo, mãe — disse Maddie para Dorcas. — Se você olhar bem, as pupilas de S/N estão bem dilatadas...

— Cale a boca, Maddie — falei.

— Eu não.

— Isso é fantástico, meu amor — disse Dorcas, como se estivesse orgulhosa de mim. — Vocês estão namorando, ou...?

— Agora vamos falar de você — disse eu, encerrando o assunto. — Maddie disse que brigou com mamãe por causa de um episódio bobo de ciúmes. Vocês nunca brigam, Dorcas, nunca.

A expressão no rosto de Dorcas tornou-se vazia em questão de segundos.

— Acho que não devíamos falar sobre isso, S/N — sussurrou Maddie. — Seus beijos com Harry eram um assunto bem mais interessante.

— Não, tudo bem — disse Dorcas. — É justo, conversamos sobre os problemas dela, e agora sobre os meus. Foi culpa minha, eu não deveria ter surtado quando aquele homem deu em cima dela. Ele a assediou, na verdade, mas sua mãe é muito cabeça dura, S/N, e disse que sabia se virar sozinha sem que eu precisasse interferir. A briga evoluiu para as coisas bobas do dia a dia, e quando vi já se passaram sete dias.

— Vocês não se falam há sete dias?

— Seis, porque no primeiro estávamos brigando — Dorcas mordeu os lábios, chateada. Ficamos quietas por um tempo, no qual a mulher se levantou e limpou a calça com as duas mãos. — Vou deixar você descansar, avise caso aconteça alguma coisa, tudo bem? — ela andou até a porta. — Venha comigo, Maddie, S/N precisa de um tempinho de nós.

— Ok — Maddie se desvencilhou de mim com cuidado. Dorcas saiu com passos incertos, e minha irmão sussurrou em meu ouvido: — Vou falar com ela, talvez consiga fazer com que troquem algumas palavras. Cupido é meu sobrenome, afinal de contas, não é?

Deixei uma risada nasalada escapar. Maddie beijou minha testa.

— Bons sonhos, pirralha. Ou seja lá o que você for fazer — fechou a porta e saiu.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Consegui dormir por mais umas duas horas, e, quando acordei, a febre tinha sumido. Eu ainda me sentia doente, e com frio, o que significava que talvez ainda estivesse febril, mas a dor de cabeça tinha diminuído bastante, deixando-me somente com um incômodo acima das sobrancelhas.

Estando indisposta, passei o restante das horas que tinha antes do jantar pintando, coisa da qual eu sentira muita falta. Não tivera muito tempo para fazer isso ao longo do semestre. Eu gostava de retratar imagens que fizessem as pessoas sentir, como obras refeitas de artistas renascentistas, ou Van Gogh, ou animais e plantas; e via uma certa beleza na natureza morta, porque expressa algo que supostamente é lindo e perfeito, mas que carrega coisas que são o oposto disso.

Às sete e meia, Maddie me chamou para o jantar. A essa altura, estava meio tonta por ter ficado tanto tempo em pé, pintando, mas decidira aceitar o convite. Queria mostrar a todos que estava melhorando, e estava com saudades de minha mãe, portanto tomei um banho rápido e vesti um shorts folgado, além do moletom de Harry que eu sempre estava usando. Tinha o cheirinho dele, era confortável e bom. Não calcei sapatos, apenas um par de meias amarelo neon. Abri a porta e desci as escadas devagar, porque quando andava muito rápido minha cabeça doía demais.

Quando entrei na cozinha, Remus estava em pé, servindo macarrão em cada prato. Mamãe, Dorcas e Maddie conversavam aos sussurros, e parecia que minha irmã mais velha estava dando um sermão nelas, provavelmente pela sua infantilidade. Papai falava com Harry e Ron; Ginny fazia as unhas enquanto comia; Fred e George planejavam alguma coisa sob a mesa; e a Sra. Weasley, que chegara durante a tarde, ajudava Remus na organização de tudo. Um cenário estranho, mas típico da casa dos Mckinnon-Meadowes Lupin-Black. Ao notarem minha presença, minha mãe e Harry se levantaram; os outros acenaram da mesa mesmo. A luz forte da cozinha doeu em meus olhos, mas fingi que estava bem e falei com todo mundo.

— Você está melhor, meu amor? — perguntou minha mãe, tateando meu rosto, depois me puxando para um abraço. Meu Deus, como senti falta dela. — Comprei seu sorvete favorito, e Harry me ajudou a fazer biscoitos. Ele estava muito preocupado com você, sabia?

Mãe.

— Quê? Só estou dizendo — ela ergueu as mãos para cima e riu. — O resto das suas coisas chegou de Hogwarts hoje, Simba está perambulando pela casa. Quanto à Hermione, a veremos amanhã, no St. Mungus, já que será véspera de Natal. Se você estiver boa o suficiente para visitar o Sr. Weasley, é claro.

— Amanhã já é véspera de Natal?!

— É.

— Ah, não, esqueci de fazer as compras de fim de ano — resmunguei. — Quero dizer, quase todas, ainda consegui achar um presente para Harry, Ron e Hermione...

— Não se preocupe, Maddie e eu cuidamos de tudo. Sabíamos que você ia esquecer.

— Nossa, valeu.

— Você está bem mesmo, filha?

— Estou ótima, mãe, nem se preocupe — menti.

— É bom ver que está de pé, S/N — disse Remus com um sorriso, e bagunçou meus cabelos com a mão livre. — Vamos, sente-se, vou colocar um pouco de macarrão para você.

— Não coloque muito, por favor, estou sem fome.

— Tudo bem, eu... Sirius, eu juro por tudo o que é sagrado que se você ousar derramar mais suco no chão...!

— Desculpe, amor, eu estava tentando empilhar os copos — disse papai, fazendo-me rir, e piscou para mim logo depois. Falei com a Sra. Weasley, que me abraçou apertado, e depois deu um grito porque Fred e George estavam fazendo alguma coisa de errado.

Era a vez de cumprimentar Harry, que parecia muito feliz por eu estar melhor, mas extremamente sem jeito. Ele olhou para os próprios pés quando o encarei nos olhos, suas bochechas tingidas de vermelho. Sorri de canto sem querer. Harry era realmente muito fofo.

— Você está usando...

— Ah, sim, posso tirá-lo se quiser, mas terá que ser depois, porque estou sem nada por baixo.

Harry ficou mais vermelho ainda.

— Não, pode ficar, é seu.

Nos encaramos por alguns segundos.

— Ok — dissemos ao mesmo tempo. Papai pigarreou, chamando nossa atenção, e fomos comer. Sentei-me ao lado de Ginny.

— Ah, oi, S/N, posso fazer suas unhas?

— Hã... Pode, eu acho.

— Tudo bem, eu ia fazer de qualquer jeito — ela deu de ombros. — Tenho preto e branco, qual cor você prefere?

— Preto.

— Imaginei. Tem certeza de que não quer que eu use as duas cores?

— Faça como preferir.

Durante o jantar, Harry não parou de me encarar por um segundo sequer. Não cheguei a notar isso, simplesmente sentia seus olhos sobre mim. E quando eu olhava, ele fingia estar encarando o centro de mesa, ou o próprio prato. Mas dava para perceber. Mamãe e Dorcas brigaram algumas vezes também, mas nada sério. Pareciam tentar estabelecer uma conversa civilizada. Em certo momento, começaram a olhar disfarçadamente para Harry e eu enquanto falavam, e por um momento achei que tivessem esquecido que estavam de mal uma com a outra. Ah, Maddie e o poder de suas fofocas. Aposto como abriu a boca e lhes contou tudo, mas pelo menos Dorcas já sabia. Agora, era uma questão de tempo até a notícia virar manchete do Profeta Diário.

Terminei de comer, e minhas unhas secaram com o auxílio de um feitiço feito por Remus. Agradeci a ele, e depois a Ginny (por algum motivo, ela voltara a falar comigo com a mesma intensidade de antes), e fui me sentar na outra ponta da mesa, onde Maddie estava com mamãe e Dorcas. Harry, que ainda olhava para mim, teve sua atenção chamada por Ron.

— Ei, sobre o que vocês estão falando?

— Sobre você, na verdade — respondeu Maddie naturalmente. Mamãe olhou para ela como quem censura. — O que? Ela perguntou!

— Ah, não importa — disse minha mãe. — Por que você não me disse que beijou Harry, S/N? Eu achava que contávamos tudo uma para a outra!

— Eu ia contar, mas você estava no trabalho — respondi. — E tente falar mais baixo, por favor, papai vai acabar escutando.

— Bem, quando você contou para a gente...

— Mãe — disse Maddie para Dorcas, em tom de aviso. — Pare de provocar.

— Eu não estou provocando ninguém!

— Está sim, está provocando a mamãe — ralhou ela, e Dorcas e Lene olharam para lados opostos, emburradas.— Por favor, tentem se controlar. Ninguém tem culpa do que estão passando, muito menos S/N, dêem um desconto a ela, a menina acabou de chegar de uma noite agitada e está doente.

— Na verdade, eu...

— Cale a boca você também, S/N, me ajude a te ajudar.

A situação era pior do que eu pensava, e deu para ver que até mesmo papai e Remus estavam cientes do que estava havendo, porque ficaram nos olhando. Nesse exato momento, a Sra. Weasley passou distribuindo taças enormes de sorvete para cada um de nós. Agradeci com um sorriso, e meti uma colherada na boca.

— E então, S/N, alguma novidade na escola? — perguntou Dorcas numa tentativa falha de cortar a tensão. Era a terceira ou quarta vez que me perguntavam isso hoje.

— Bem, já que você falou, aconteceu algo bem estranho...

— Ah, claro, porque da escola de S/N você pergunta, né, Meadowes, agora quando eu, a sua mulher, chego em casa depois de sabe-se lá quantas horas de trabalho, nem um "oi" recebo! — explodiu minha mãe.

— Não seja boba, Marlene, foi você quem não quis falar comigo.

Eu?! — mamãe se alterou. — Foi você quem começou tudo isso, foi você quem...

— Ok, chega, vocês duas! — disse Maddie para que todos, inclusive Fred e George, que estavam do outro lado da cozinha, pudessem ouvir. Minha irmã pôs as mãos em meus ombros e começou a me conduzir para fora, querendo me poupar daquilo tudo. — Não aguento mais, conversem e tentem se entender, vocês já são adultas que sabem como se resolver. Se não por mim, façam por S/N, ela está preocupada com vocês, todos estamos. Me perdoem, de verdade, mas ninguém aqui está pagando para ficar escutando o showzinho de vocês.

Mamãe apoiou-se na mesa e olhou para os próprios pés. Foi o sinal que todos estávamos esperando para nos retirar. Minha cabeça voltara a latejar, e eu senti que, se não fosse para a cama naquele instante, provavelmente desmaiaria de novo. Subi as escadas sem falar com ninguém e me joguei na cama. Aqueles últimos dois dias foram simplesmente terríveis. Meus olhos se encheram de lágrimas pela centésima vez, e eu respirei fundo. Odiava me sentir sensível, mas os acontecimentos recentes se deram tão rápido que eu não estava conseguindo assimilar as coisas direito. E por mais que eu quisesse chorar, as lágrimas não saíam. Apenas se acumulavam, querendo se soltar, mas sentia que chorei tanto no dia em que vira Harry beijando Cho que não restara lágrima alguma. Estava esgotada.

Meus pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta. Pedi que a pessoa entrasse. Era Harry, meu Harry. Ele estava meio acanhado, e carregava consigo algo que, de longe, não pude identificar o que era.

— Sinto muito pelo que aconteceu lá em baixo. Você não merece passar por tudo isso.

— Tudo bem.

— Seu livro — ele ergueu o exemplar para que eu visse com clareza, era o livro que eu tinha esquecido na Sala Precisa, há quase dois dias. Harry colocou-o na minha mesa de cabeceira, e chegou mais perto. Depois, olhou para o fundo do quarto, onde a tela que eu pintara mais cedo ainda secava. — Foi isso o que fez o dia todo? Ficou lindo.

— Obrigada.

Harry olhou para mim por um instante, e fez algo que eu não estava esperando: deitou ao meu lado e me abraçou pela cintura, sendo ele a conchinha maior. Puxei o cobertor mais para mim. Queria que Harry não me soltasse nunca mais.

— Me desculpe, S/A — pediu ele. — Eu realmente não queria que aquilo acontecesse. Juro que tentei lutar contra o efeito da poção, tentei mesmo, mas era como se eu não estivesse no controle dos meus próprios movimentos.

Minha respiração estava meio trêmula, irregular.

— Tudo bem, Hazz, não é culpa sua. Não tinha como você fazer nada.

— Mesmo assim, eu podia ter pensado um pouco antes de beber daquela água. Foi burrice da minha parte.

— Foi mesmo, nisso tenho que concordar — nós dois rimos pelo nariz. — Mas está tudo bem, de verdade, Harry. Não tinha como você saber.

Senti sua respiração em meu pescoço, e fechei os olhos, finalmente conseguindo relaxar.

— Você sabe que não tem que ficar insegura sobre ela ou sobre ninguém, não sabe? Escutei Maddie e Dorcas falando sobre isso, no chá da tarde.

Mordi o lábio inferior.

— Eu sei, eu só... — respondi. — Cho é tão linda e carismática, e eu sou tão...

— Você é tão maravilhosa, S/N, que eu sinceramente não sei o que fiz para te merecer — disse Harry. Dava para sentir a honestidade na sua voz. — Eu te amo tanto que dói, sabia? Você é meu mundo inteiro, e talvez seja por isso que minha única preocupação é sentir você de todos os jeitos que possam existir. Tenho orgulho de dizer que meu coração escolheu amar você, e somente você.

Estávamos de frente para o outro, agora, e Harry segurou meu rosto em suas mãos como se eu fosse quebrar. Ele mediu minha temperatura com todo o cuidado do mundo, depois beijou minha testa.

— Eu também te amo — sussurrei, segurando o rosto de Harry, e o beijei umas milhões de vezes. Harry retribuiu o beijo, levando uma de suas mãos aos meus cabelos. Nos separamos minimamente, e eu olhei em seus olhos de oceano, sentindo uma paz quase infinita. — Por favor, me diga que você lavou sua boca depois que beijou a Chang.

— Lavei, foi a primeira coisa que fiz quando recobrei a consciência.

Deixei escapar uma risada baixinha, descansei minha testa contra a sua.

— Você pode dormir comigo? — pedi. — Por favor?

— Tem certeza, meu bem? — perguntou ele, acariciando minha cintura. — Seu pai pode tentar me matar amanhã de manhã.

— Ele vai tentar te matar de qualquer jeito, quando descobrir que estamos namorando, então não faz diferença.

Harry riu.

— Tudo bem.

Ele me puxou para perto de si, abraçando meu corpo com as duas mãos. Adormeci quase instantaneamente.

——————————————

notas da autora:

está aí a reconciliação 😁 eles nem tinham brigado, mas esses dois últimos capítulos foram só uma provinha do que eu sou capaz de fazer, preparem os lenços de papel para depois 🙆

feliz ano novo pra todo mundo, que 2022 seja menos pior que 2021, e que o bolsonaro saia do poder ‼️ como vocês estão?

passei os últimos dias escrevendo muito, inclusive os próximos capítulos serão super diferentes e descontraídos, mais ou menos que nem o capítulo do baile de inverno. prometo que vou encurtar as partes chatas que acontecem depois das férias de dezembro, tô doida pra começar a escrever o sexto ano, já tenho várias cenas prontas, inclusive três ou quatro hots 😌 agora vocês vão saber quem eu sou de verdade, da igreja desde sempre 🙏

ah, e prestem atenção nas partes em negrito, são referências a coisas que vão acontecer no futuro 😁

sei que fiz com que as inseguranças da s/n ficassem indo e vindo o tempo todo, mas achei importante pra mostrar que todos temos problemas, e que não é preciso ter vergonha disso :)

mano, descobri que meu padrinho está usando aliança com a namorada dele, sendo que o maior medo dele é casar, não tô mais entendendo nada... também acabei curtindo a publicação de um menino da minha sala sem querer, um post de dois anos atrás ☠️☠️ me contem caso algo de emocionante tenha acontecido na vida de vocês, porque fora isso a minha tá bem parada, acho que estou doente mas até agora não tive sintomas, então tá tudo bem.

a marvel lançou filme há poucas semanas e eu já quero projeto novo 👍 também tô doida pra ver animais fantásticos, e vou assistir o hp reunion hoje ou amanhã, depende de quando eu tiver tempo.

não sei o que perguntar, qual é a cor da calcinha que vcs estão usando agora? a minha é cinza porque sou stan do christian grey 💐

beijos, amo muito vocês!!

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Uma curtida,uma vida mudada. capa por: unicornISAda πŸ’— #136 in fanfiction