Contos de Terror e Monstros

By Forgotten_dark_woods

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Uma coleção de histórias de terror, cada uma sobre um conhecido personagem. Mais historias serão postadas eve... More

Jack Lanterna 🎃
Chupacabra
Homem do saco
Curupira
Cavaleiro sem cabeça
Pé - Grande 👣
Robert Johnson, o músico endiabrado😈
Jack Lanterna - Parte 2
Sereias 🧜‍♀️
Corpo-Seco
Wendigo
Ghoul
Contatos Extraterrestres 👽
Palhaços 🤡
Você viu meu filho?
Saci
Banshee
Loira do Banheiro

Lobisomem

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By Forgotten_dark_woods

Júlio se preparava para o arraial que ocorreria na cidade aquela noite. Abotoava, entusiasmado, a flanela xadrez vermelha que ele guardara para aquela ocasião. Penteou bem o cabelo e não economizou no perfume, afinal, ele queria parecer atraente para as moças que estivessem lá.

De repente, sua mãe entra no quarto:
- Vai aonde todo arrumado assim, filho? - ela quis saber.
- Vai ter arraial hoje na cidade! - o jovem explicou, animado. - Meus amigos todos vão!

A mulher pareceu não gostar muito da ideia, e respondeu, com uma voz preocupada:
- Ah, Júlio... Tem certeza que está a fim de sair logo hoje?
- Qual o problema, mãe? - ele questionou, confuso.
- Não tá lembrado, menino? Estamos na Quaresma! É a época do ano em que acontece de tudo por aí, ainda mais à noite! Tudo quanto é coisa de outro mundo anda à solta por essas estradas e matas!

Júlio deu risada.

- Mãe, a senhora acredita mesmo nessas coisas? - ele zombou. - Isso é história pra assustar criança! Parece coisa que o vovô me contava quando eu era pequeno!

Apreensiva, ela saiu do quarto com um semblante de reprovação no rosto. Júlio nem ligou. Apenas terminou de se arrumar e foi ter com seu pai, que assistia TV na sala:
- Pai, o senhor me empresta seu carro? Estou de saída agora, vai ter festa na cidade!
- Festa, é? - perguntou o pai, que sempre fora menos zeloso que a esposa. - Tudo bem, rapaz, pode pegar o meu carro. Mas vê se não faz besteira com ele, hein! Quero ele novinho em folha amanhã cedo!

O rapaz prometeu que seria cuidadoso ao máximo e foi, feliz da vida, para o evento. Ele tinha esperanças de que aparecer lá com um carro o ajudaria a parecer mais atraente e independente.

A noite já vinha caindo. A lua cheia iluminava toda a região. Um vento cortante balançava as árvores e os arbustos ao redor da estrada. Júlio teve uma sensação estranha com aquele cenário, como se sentisse que, talvez, sua mãe tivesse um pouco de razão com o que havia dito.

Ao chegar, porém, o clima descontraído de algazarra o tranquilizou e o fez se esquecer de qualquer preocupação. Estacionou o veículo e foi cumprimentar seus amigos, Joca e Zé. A festa estava bem agitada. Havia muita música, dança, comida e bebida. Os jovens de toda a cidade estavam ali, curtindo a folia.

- Ei, Júlio, ficou sabendo do que houve umas noites atrás? - perguntou Zé, com uma cara um tanto séria. - Um touro foi encontrado morto, todo estraçalhado, lá na fazenda do seu Miro. Deve ter sido uma onça ou algum bicho assim...
- Eu, hein... - comentou Júlio, pensativo.

Enquanto bebia cerveja junto de seus amigos, Júlio notou uma moça da idade dele, loira, de lindos olhos verdes, dançando em meio às pessoas. Ficou pasmo com a beleza dela e resolveu ir falar com ela.

- Oi, moça! - ele a cumprimentou, tomando um gole de bebida, timidamente. - Qual o seu nome?
- Oi! Sou... a Mariana! - ela respondeu, interrompendo sua dança, parecendo também um pouco envergonhada.

Antes que pudessem continuar a conversa, um braço forte puxou Mariana grosseiramente. Se tratava de um homem um pouco mais velho que os dois e que tinha uma aparência nada amigável.

O sujeito tinha uma barba escura mal-feita, era bem pálido e tinha olheiras bem visíveis ao redor dos olhos ameaçadores.
Ele perguntou para Mariana, encarando Júlio:
- Algum problema, Mari? Esse babaca tá te incomodando?!
- Sai pra lá, Luan! - ela retrucou, se desenvencilhando do grandalhão. - Eu não sou sua propriedade! Eu falo com quem eu quiser! Me deixa em paz!

O esquisitão encarou os dois por alguns instantes com um olhar que esbanjava ódio. Depois disso, se afastou.

- Não liga pro Luan. - ela disse à Júlio, pondo a mão no braço dele. - Eu e ele tivemos um caso há um tempo atrás, mas ele não larga mais do meu pé. Ele é meio estranho, mesmo.
- Percebi! - comentou o rapaz, tentando manter o bom humor. - Mas, ei, tá a fim de dançar comigo?
- Ah...é... Claro! Por que não? - Mariana respondeu, sorridente.

Nisso, os dois deram as mãos e caíram no forró que tocava. A garota parecia se sentir bem enquanto falava com Júlio, algo que o deixou mais confiante.

Não demorou para os dois sentirem uma certa química entre eles e começarem a se beijar. Se esqueceram completamente do mundo ao redor e ficaram ali, dançando e namorando, até o fim da festança. Quando se deram conta, os outros jovens já começavam a se retirar.

Depois de se despedir de Joca e Zé, Júlio ofereceu uma carona à Mariana, já que estava com o carro de seu pai à disposição. A menina aceitou de bom grado, pois já estava bem escuro e ela não queria voltar pra casa sozinha.

- Ei, se você quiser, - sugeriu Mariana, sorrindo para Júlio, depois que entraram no veículo. - Podemos passar essa noite na casa do meu primo, o William. Ele mora mais ali na frente, seguindo essa estrada.
- É... estou bem cansado mesmo depois dessa festa e minha casa é meio longe. Dirigir muito com sono e ainda depois de ter tomado umas pode ser perigoso, certo? - respondeu Júlio, aceitando o convite.

Cinco minutos depois, chegaram à casa de William, cujos pais estavam viajando, então não foi difícil que o casal pudesse se acomodar lá.

- Tem um quarto de visitas nos fundos, se vocês quiserem. - disse William, com um sorriso simpático no rosto.

Os dois agradeceram e foram se deitar. Antes disso, mandaram mensagens de WhatsApp para seus respectivos pais, avisando que dormiriam fora de casa.

Horas depois, quando o relógio já marcava três horas da manhã, Júlio dormia tranquilamente, adormecido pelos sons das cigarras lá fora. De repente, Mariana, que havia ido até a cozinha tomar um copo de água, deu um berro altíssimo.

Num salto, Júlio se levantou com o coração batendo rápido. Intrigado, foi correndo até onde a garota estava. O anfitrião também acordou, sem entender nada.

- Mariana?! O que foi?! - perguntou o rapaz, confuso.
- Um bicho! - ela murmurou, ainda chocada, e apontando o dedo para a janela mais próxima. - Tinha um bicho horrível me olhando daquela janela ali!
- Um bicho? - estranhou William. - Que tipo de bicho?
- Não sei! Parecia um cachorro enorme, mas muito, muito feio!

Os dois garotos se entreolharam, assustados. Pé ante pé, foram até a janela indicada para olharem por ela. Nesse momento, notaram latidos frenéticos de cachorros da vizinhança toda. Júlio foi o primeiro a tentar enxergar a coisa, fosse o que fosse.

No começo, não viu nada. Instantes depois, começou a discernir na escuridão o que parecia ser um cachorrão muito peludo e do tamanho de um homem. Aquilo se movia nas sombras enquanto brigava com os cães que latiam para ele. Tinha as pernas arqueadas e babava muito.
Na mesma hora, Júlio se lembrou das histórias que seu avô costumava contar sobre coisas que acontecem em noites de lua cheia.

- Jesus! O que é aquela coisa?! - sussurrou William, ao ver a criatura.
- Acho que sei, mas como eu queria estar enganado! - comentou Júlio, tremendo e suando frio.

Foi aí que viram, aterrorizados, que o ser estava se aproximando de novo. Aquilo empurrava com força qualquer cachorro que tentasse interferir. Ao chegar perto da porta dos fundos da casa, começou a arranhá-la furiosamente.

- Droga, esse bicho está querendo entrar aqui! - disse Júlio, nervoso.
- Ei, acho que meu pai tem uma espingarda de caça em algum lugar! - pontuou William, olhando para o amigo.

Rapidamente, com a ajuda de Mariana, começaram a vasculhar os armários da casa. Enquanto isso, a fera esmurrava a porta, rosnando alto.

- Achei! - gritou a menina, com uma escopeta nas mãos.

Nesse mesmo instante, a porta dos fundos cedeu sob a força do monstro. A coisa entrou na casa, farejando o ar.

Chorando, Mariana jogou a arma para Júlio, que a agarrou no ar. Ele não tinha certeza se sabia usar bem aquela arma. Seu pai o havia ensinado a atirar quando era mais novo, mas não estava muito confiante.

- Júlio, cuidado! - berrou o anfitrião, apontando para a porta que estava bem atrás de Júlio.

Este se virou a tempo de ver a fera aparecer pela porta, com a boca cheia de dentes afiados, babando.

Instintivamente, Júlio apontou a arma e puxou o gatilho três vezes.

Um dos tiros acertou o tórax da criatura, que ganiu horrorosamente e cambaleou para fora da casa. Depois, saiu correndo e sumiu na escuridão da noite, com os cães ainda em seu encalço.

Em choque, o rapaz deixou a arma cair no chão e desmaiou ali mesmo.

Quando ele abriu os olhos novamente, já era de manhã. Havia uma compressa fria sobre sua testa. Ele estava em uma cama forrada aquecida no quarto em que havia se alojado. Ao seu redor, William, Mariana e sua mãe conversavam com preocupação no tom. Havia também um homem ali que Júlio não conhecia, provavelmente o pai da menina.

Ao notarem que ele havia despertado, eles o perguntaram se ele estava bem e lhe deram água.

- Se você me desse ouvidos, nada disso teria acontecido, menino! - bronqueou sua mãe, enquanto ele tomava sua água.

Quando ele se sentiu mais disposto, ele e sua mãe se despediram dos outros e voltaram para casa. No caminho, os dois preferiram nem conversar sobre o que ele vira na noite passada. Mas ele não parava de pensar naquela fera.

" Se o que o vovô me contava era mesmo verdade, então esse bicho deve ser alguém quando é de dia" - ele pensou, provocando um calafrio em seu corpo.

Ainda mais quando ele se lembrou de Luan, aquele ex-namorado mal-encarado de Mariana que tinha um aspecto nada normal.

Ao chegarem em casa, Júlio não viu seu pai na sala vendo TV como de costume.
- Mãe, cadê o pai?
- Seu pai não está muito bem hoje, filho. Ele está de cama lá no nosso quarto.

Preocupado, o rapaz foi até lá ver seu pai. Ele bateu de leve na porta e entrou, chamando:
- Pai?
- Olá, meu filho, como foi a noite ontem?
- Ah, foi muito... - E antes que pudesse terminar a frase, o jovem notou algo que o deixou boquiaberto.

Seu querido pai estava deitado na cama, com esparadrapos cobrindo seu torso. Em seu peito, havia uma marca de tiro de espingarda.

BONS PESADELOS

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