Lauren Anderson
Depois de um fim de semana parado que eu passei com as meninas fazendo uma sessão de cinema com vários filmes de romances, dos antigos aos mais novos, a segunda-feira chegou. Como sempre.
Me despedi dos meus pais e saí de casa, encontrando Daniel sentado em um banco de madeira do outro lado da rua. Ele parecia cansado. Tinha se ocupado o final de semana inteiro com o estágio na empresa dos pais.
- Bom dia! - Sorri mesmo que ele não pudesse ver com a cabeça baixa.
Ele levantou o corpo e me olhou. Ele parecia estar com sono e tinha pequenas olheiras debaixo dos olhos.
- Bom dia.- Sussurrou com a voz rouca. Parecia ter vindo de um velório.
Começamos a caminhar, devagar, já que tínhamos saído um pouco mais cedo do que o esperado.
- Não dormiu bem ontem? - Perguntei ao ver ele bocejar pela quinta vez em menos de cinco minutos.
- Não, fiquei até tarde ajudando meu pai com alguns papéis. - Falou baixo como se não tivesse forças nem para isso.
- Vocês foram dormir que horas? - Perguntei olhando o estado deplorável em que ele se encontrava.
- Quatro da manhã. - Bocejou mais uma vez.
- Quatro da manhã? - Arregalei os olhos. - Daniel! - Repreendi. - Por que você não falou com ele que você precisava dormir mais cedo?
- Ou eu fazia isso, ou ele ficaria reclamando novamente por não me dedicar a empresa. - Suspirou enquanto olha para frente.
Ele parecia tão cansado, tão... desanimado.
- Bom dia, amigos! - Bryan nos cumprimentou assim que paramos em frente a sua casa.
- Bom dia. - Falamos em uníssono.
- Cara...o que houve? Parece que foi atropelado por um caminhão. - Ele perguntou ao lado de Daniel quando voltamos a andar.
- Só não dormi direito. - Bocejou de novo.
- E você, Lauren, como foi o encontro com o Jonathan? - Sorriu travesso.
- Foi legal, fomos ao restaurante do tio dele. - Sorri.
Ele foi para o meu lado e sussurrou como se não quisesse que alguém ouvisse.
- Rolou beijo?
Gargalhei.
- Por que está falando tão baixo?
Ele desviou o olhar para o lado rapidamente e voltou para mim com cara de paisagem.
Não entendi absolutamente nada.
- Ah, nada de mais! Mas, então, sim ou não? - Perguntou.
- Não. - Ri, ainda confusa.
Chegamos na escola e cada um foi para o seu armário. Peguei os meus materiais e fui caminhando para a sala que seria a primeira aula. No caso, o laboratório de química. Mas, fui impedida pela curiosidade das minhas amigas.
- E aí, já encontrou com ele? - Julie disse animada e eu ri.
- Não e nem vou, essa aula eu não faço com ele. - Dei de ombros.
Eu já tinha contado tudo sobre o encontro para elas, mas isso não foi o suficiente. Queriam saber de tudo o que acontecia, totalmente desesperadas.
- Qualquer novidade, não hesite em nos contar! - Julie falou, quase implorando.
- Curiosas! - Ri, entrando na sala e elas se despediram para fazer o mesmo.
Coloquei meu estojo e meu caderno em cima da mesa, apenas. Daniel e Jack entraram alguns minutos depois, conversando. Daniel sentou atrás de mim e Jack ao seu lado.
O professor entrou na sala e logo depois veio Jonathan. Os dois amigos que estavam do outro lado da sala apontaram para um lugar vago que tinham guardado, mas ele apenas apontou a cabeça para a direção de onde estávamos e veio caminhando em minha direção.
- Oi, Lau! - Ele disse sorrindo. - Bom dia!
- Bom dia! - Sorri também.
Ele cumprimentou Daniel que continuava bem desanimado e Jack, que estava totalmente o oposto do amigo ao lado.
- Então, alunos! Antes de começar a aula, queria avisá-los que na hora do intervalo estará disponível as fichas de inscrição para as matérias extracurriculares. Lembrem-se que vocês tem que se inscrever em uma matéria, no mínimo e que é altamente importante para o histórico acadêmico de vocês. - Ele sorriu e logo começou a explicar a matéria.
Jonathan voltou-se para mim.
- O que você pretende fazer esse ano? - Perguntou em um sussurro.
- Estou pensando em fazer artes. E você? - Sussurrei de volta tomando cuidado para que o professor não ouvisse.
- Sério? Eu também! - Disse animado.
Que estranho, nunca achei que ele gostaria de fazer artes como atividade extracurricular. Ele estava mais para carpintaria ou algo do tipo. Além do futebol, é claro.
- Já escolheu o que vai fazer? - Perguntei olhando Julie há mais de cinco minutos em frente as listas de inscrições.
- Estou em dúvida entre o grupo de debate, teatro ou serviço comunitário. - Disse pensativa enquanto fazia sons repetitivos com a caneta preta em sua mão.
- Por que você não tenta entrar para o grêmio estudantil? - Mel perguntou e Julie automaticamente olhou para ela com os olhos arregalados como se a garota tivesse falado algo impossível.
- Você acha? - Ela perguntou em dúvida.
- E aí, meninas, Já se inscreveram? - Jack chegou com Bryan e Daniel logo atrás.
- Eu já. Escolhi clube de debate, como sempre. - Melissa falou animada. - Esse ano estou preparada para ganhar o nacional.
- Nerd! - Bryan zombou e a garota fez careta.
- E vocês duas? - Jack perguntou olhando as listas.
- Eu me inscrevi em artes e Julie está com dúvida entre três. Mas, Melissa e eu achamos que ela deve tentar entrar para o grêmio estudantil. - Respondi enquanto anotava meu nome na lista de inscrições para artes. - E vocês?
- Eu vou ficar só no futebol mesmo, Daniel também. - Bryan disse cutucando o amigo com o cotovelo direito para que o mesmo voltasse a prestar atenção na conversa.
Ele estava tão distante hoje.
- Ok, eu vou tentar. - Julie decidiu respirando fundo.
Pegou a caneta e se inscreveu.
- Eu também, você que se prepare. - Jack disse pegando a caneta da mão dela.
Gargalhamos.
Todo ano era essa disputa para conseguir uma vaga. Ele tinha que ser, no máximo, composto por dez alunos. Uma vez dentro do grêmio, você representaria os demais alunos. Por isso, ao mesmo tempo que era super disputado, também era bem difícil entrar. Era por meio de eleição, você era basicamente um político e precisa correr atrás de votos.
Mas, quando você participa do grêmio, participa de tudo. É esse grupo que comanda a escola, estão abaixo apenas do diretor e do vice-diretor. Acima até dos próprios professores.
São eles que organizam os debates, as apresentações teatrais, festivais, bailes, torneios esportivos e muito mais.
Eles eram os reis e nós, os súditos.
Para se manter lá dentro também era difícil. Suas notas têm que sempre estar altas e bom, você tem que ter apoio da maioria dos alunos.
- Quase ninguém consegue permanecer no grêmio por um ano. Não acho que vou conseguir. - Ela disse insegura.
- Só duas conseguiram até hoje. A Katie, que entrou apenas quatro meses depois de ter entrado na escola e a Lila, Mãe de Todos. Eu também vou entrar para essa história, esperem só. - Jack disse convencido.
A Lila Mãe de Todos está no grêmio desde que éramos da quarta série. Era uma garota bem dedicada e já foi premiada diversas vezes pelo tempo que estava lá. Por isso ela é conhecida como Mãe de Todos. Já Katie, eu estava surpresa por uma garota relativamente nova ter conseguido entrar tão rápido.
- Você consegue, amiga. Não tem ninguém que seja tão boa quanto você em questão de liderança. Nem mesmo a Mãe de Todos! - Sorri para Julie tentando transparecer um pouco de confiança nela.
Mas eu realmente tinha.
- Exatamente. Acima de você, só eu. - Jack falou dando uma risadinha.
A garota fez uma careta.
- E aí, pessoal, já se inscreveram?! - Jonathan chegou e passou o braço envolta do meu pescoço.
Eu deveria estar parecendo um camarão.
Não sabia como reagir, então fingi que nada estava acontecendo.
- Eu vou me inscrever em artes esse ano. Parece que vamos ficar juntos, Lau! - Sorriu de lado e pegou a caneta para anotar seu nome na lista ao meu lado.
Eu só soube sorrir nervosamente enquanto conseguia ouvir Julie e Melissa tentarem controlar a risada atrás de mim.
Elas me pagam.
Mais tarde, teve aula de história e a professora propôs o primeiro e único, segundo ela, trabalho do ano. Seria um trabalho mesmo, pelo visto.
- Vocês farão o trabalho em dupla. - Ela disse e automaticamente a sala se agitou, mas logo ela fez o favor te tirar toda a animação que tinha se instalado entre os alunos. - Duplas nas quais eu serei a responsável por escolher, nem se deem ao trabalho de ficarem eufóricos. - Riu vendo as caras aborrecidas preencherem o ambiente.
- E o que é para ser feito? - Uma garota de óculos perguntou.
- Vocês farão um documentário. - Começou arrancando alguns suspiros impacientes de alunos. - De vinte minutos sobre quatro lugares históricos da nossa cidade e não adianta só falar. Quero que vocês conheçam esses lugares. - Ela disse contente como se aquela ideia fosse a mais incrível já criada pela mulher. - Quero vídeos, imagens e explicações de forma dinâmica, nada formal ou decorado. Vocês têm até amanhã de manhã para me mandar o nome dos lugares para que não tenha repetições. - Ela disse olhando o relógio. Foi para trás de sua mesa e começou a arrumar suas coisas que estavam espalhadas. - Façam uma boa edição. Lembrem-se que esse trabalho é equivalente a 90% da nota de vocês. Não aceitarei nada mal feito. - Sorriu simplesmente enquanto a maioria estava quase se descabelando de nervosismo. Eu estava inclusa.
- E quanto tempo a gente tem para entregar? - Katie perguntou da primeira fila.
- Considerando os estudos dos locais, a programação dos dias que vocês poderão ir sem atrapalhar outros eventos pessoais e/ou escolares, possíveis entrevistas com especialistas e trabalhadores de determinado lugar, gravações e erros que podem ocorrer, busca de materiais que estejam faltando, tempo de edição e outras coisas mais que podem influenciar no trabalho...No máximo até o penúltimo dia de aula...está bom para vocês? - Ela perguntou se sentando.
Todos concordaram. Era praticamente seis meses para fazer o trabalho.
- Não relaxem achando que é muito tempo, pois não é. Digo por experiência própria. - Piscou. - Bom, dito isso, vou selecionar as duplas.
Ela foi dividindo a sala em duplas. Julie tinha ficado com um garoto de óculos, bem inteligente, que por acaso era do grêmio estudantil, Melissa ficou com uma das amigas da Katie, Jack com um amigo do time de futebol, Bryan com o Jonathan e Eu fiquei com o Daniel. Se fosse a um tempo atrás, estaria fazendo de tudo para que a professora trocasse a minha dupla, mas, hoje em dia, não vejo problema.
- Você já pensou em algum lugar? - Falei me sentando ao lado de Daniel, no lugar em que Julie estava.
- Ainda não e você? - Perguntou enquanto rabiscava qualquer coisa na parte de trás da capa de seu caderno.
- Também não... - Disse pensativa. - Você...quer ir lá em casa para pesquisar alguma coisa juntos? - Perguntei sem saber se ele ia aceitar por causa do estágio.
Seus olhos pareceram brilhar por alguns estantes.
- Claro! - Limpou a garganta. - Eu vou com você depois do colégio. - Sorriu amarelo.
- E o estágio? Não quero te deixar em uma situação mais difícil com os seus pais. - Disse sem graça.
- Da sua casa eu ligo para ele avisando. É melhor do que pessoalmente. - Riu com o nariz. - Não se preocupe, quem deixa a situação pior são eles mesmos. - Sussurrou a última parte.
Eu apenas assenti com um pequeno sorriso e pela falta do que dizer, fingi que não tinha ouvido a última parte. Me senti horrível fazendo isso, mas eu não sabia o que dizer. Minha vontade era de abraçá-lo, mas seria estranho. Muito estranho. Nunca fomos disso. Sabe?!
Oi gente, meu deus, desculpa a demora. Eu falei que ia postar em tal dia duas vezes e acabei não postando KKKKKKK ME PERDOEM!
Agora, eu estou de férias e com totaaaaaal tempo disponível para atualizações, então, creio que vocês me verão frequentemente aqui de agora em diante. Pelo menos até eu começar a estudar de novo para um vestibular que farei.
Mas, e ai, me digam o que acharam desses acontecimentos do capítulo de hoje? O que será que vai dar esse trabalho de história? E as atividades extracurriculares de artes? Aiai, muita coisa para processar, né?! Rs
Comentem e votem, não cai o dedo!
Até a próxima!