POR TRÁS DA GRANDE MÁFIA | jj...

By shawnillusion

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(Em hiatus) O mundo está em alarme. Nunca se viu uma volta tão grande de tráfico e ameaças a governos após a... More

avisos.
I. El plano.
II. el primer día
III. gatito
IV. beijinhos franceses
V. Chile
VI. jugando tu juego
VII. aceptación y resistencia
VIII. ¡Maldita sea!
IX. El descubrimiento
X. comerciar o matar
XI. balas de canela
XII. celoso
XIII. codicia
XIV. KRAP-4
XV. date? date!
XVI. No me decepcione.
XVII. el pasado
XIX. muerte.
XX. "cadê o senhor jiminnie?"
XXI. comerciar o matar. Parte 2: Somos elétrons e prótons.

XVIII. Agente Park.

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By shawnillusion

                       #LosSeguines 


    Boa leitura, vidinhas! ♡

   Já votou? Não? Vota se gosta de         mim! :) da uma chancezinha para essa pobre coitada.

                                🇪🇸


Anos atrás, Lyon, França. 

Sede da Interpol. 

— Eu tô sentindo meu estômago revirar. — Seokjin sussurrou para Jimin enquanto estavam em pé no meio de vinte novos agentes. 

Major Vicenzo estava em um palco de vidro transparente enquanto encarava cada agente iniciante.

— Você bebeu demais ontem? Eu te avisei. — Park responde. Tinha os cabelos castanhos, tão castanhos que confundiam-se com acobreados aos raios do Sol, faziam um bom contraste com seus olhos. 

— Eu não sabia desse treinamento, sei lá do que poderíamos chamar isso...Será que ele está vendo qual ele vai usar de tapete no escritório dele hoje? — Seokjin faz uma piada que apenas ele ria, pois Park estava com a feição tão séria quanto qualquer um. Parecia estar altamente focado em algo, mantinha a postura extremamente ereta com as mãos atrás das costas. 

— Credo, você se leva a sério demais. 

Seokjin parou de sorrir olhando para o Major que arranhou a garganta chamando atenção de todos os agentes. Entraram dez pessoas de terno, com seus distintivos, de diferentes etnias e sexos. Oito homens, duas mulheres. 

— Estão diante de dez agentes nossos. Todos estão aposentados, mas fizeram um bom trabalho nessa instituição. Como a maioria de vocês são iniciantes, queria separar os bons dos melhores. — O Major andava pelo palco olhando cada um dos seus agentes nos olhos. Park sentiu um arrepio quando os olhos azuis pouseram nos seus e sabia que Jin sentiu o mesmo. 

— Entendidos? 

Um "Sim, senhor" em união de todos os agentes fizeram eco no ambiente de teto alto e vidraçarias. 

— Se vocês entraram aqui, sabem o que esperam, não sabem? Identificar, localizar e interrogar suspeitos. Coletar evidências e provas. Elaborar relatórios de investigação...Mas queríamos ver se estavam prontos realmente. Nem diploma, nem família, nem toda base que vocês têm, te preparam para o inferno que vocês entraram. — Uma das agentes diz em bom tom. 

— Vocês vão chorar toda missão que fizeram, mas de alegria, porque a missão foi feita. Ou de tristeza, por ser um fracasso. — Completa o mais velho de todos. Este olhou fixadamente para Park que engoliu em seco. 

— Não existe meio termo. Ou erramos, ou acertamos. Existe tarefa cumprida e não importa o quanto tempo isso exija de vocês. — O agente mais baixo diz, olhando nos olhos de Seokjin que sentiu a tal pressão que Jimin parecia ter em seus ombros. — Até mesmo mentir. 

Todos os agentes iniciantes se entreolham. 

— Quantos de vocês acreditam que devemos mentir e mentiras fazem parte do processo da justiça? Em termos mais baixo...O jogo mais sujo que puderem jogar. 

Houve uma pequena movimentação dos agentes novos, e alguns levantaram a mão. Seokjin e Park não levantaram, acreditaram que "jogar sujo" não seria um termo certeiro para se fazer o tecnicamente correto. 

Major Vicenzo passou os olhos por todos que não levantaram a mão. 

— Quando falei que iríamos separar os bons dos melhores...Não pensei que iria me surpreender tanto. — disse o Major. 

— Temos que jogar sujo.— A agente diz e um sorriso sai de seus lábios se virando para o Major. — Eles tem muito a aprender. 

                              [...]

— Por qual motivo vocês estão aqui? — A roda entre os novos agentes na sala de alimentação da sede era composta por cinco deles, sentados numa grande mesa afastada dos outros. A pergunta fez todos se voltarem para Seokjin. 

-— Sempre foi um sonho de infância. — Um dos agentes diz colocando uma boa porção de balas de goma na palma da mão e virando na boca. 

— Comigo foi diferente. Minha mãe tinha uma amiga que pessoalmente gostava muito, ela ajudou a minha mãe enquanto ela estava grávida adolescente de mim. Minha mãe diz que foi a única que permaneceu depois de ter revelado a gravidez. Essa amiga tinha treze anos. — Felix comentou enquanto colocava café em sua xícara. — elas moravam no mesmo bairro da França, mas a família dessa amiga brigou com o restante e se mudaram para mais longe, mas ela sumiu, minha mãe sempre tentava contato. 

— E você tentou algo? — Seokjin indagou.

— Tentei e muito, porque minha mãe sempre diz sobre ela, mas eu nem sabia por onde começar e desisti...Deve ter seguido outros caminhos. Foi assim que descobri que queria investigar.

— Isso é legal. — Outro agente comenta.

— Já imaginou se apaixonar em uma missão? Tipo, por um assassino? — Uma das agentes iniciantes que girava seu corpo na cadeira difundiu a conversa com seus pensamentos. 

— Isso não aconteceria. — Jimin se manifestou, ainda muito quieto e olhando para suas unhas. Pensou alto.

— Como tem certeza? — A outra garota indagou. Seu nome era Marjorie. 

— Não acho que se apaixonar seja feito para mim, imagine por um criminoso. — Park disse se levantando em direção a Jin, roubando sua garrafa d'água que ambos dividiam. 

— Jimin...Você está na casa dos vinte anos, não desista tão rápido assim. — Jin disse ao amigo. Como se isolasse a conversa apenas para os dois.

— Se diz. — Sacudiu os ombros bebendo mais um pouco da água. —  Todos os homens que eu já fiquei confirmaram isso. Eu tento, eles me usam. Eu dou outra chance, eles me rejeitam. Me usam para uma descoberta, como se eu fosse uma passagem sem volta, me amassam e jogam no asfalto. Ou quando não guardam no bolso para recordações quando a carência bate. Já aprendi que talvez será assim pro resto da minha vida e nunca vou me apaixonar. Então, agora só sigo transando com caras no banheiro de boates que me prometem ligar no dia seguinte sem me abalar. 

O que era para ser algo revelado apenas para o amigo, a sala que cessou os borbulhares de conversas paralelas virou toda a atenção para a decepção amorosa de Jimin que ruborizou as bochechas por isso, disfarçando a atitude bebendo água. 

— Isso foi muito triste. Podíamos mudar de assunto? Eu acho que viver um criminal love não seria tão ruim se você fosse querer destruir toda sua vida em questão de meses.

Jin tentou mudar o clima da sala, entrelaçando os dedos nos de Jimin. 

— Duvido que os caras que cuidamos tenham algum tipo de coração para um "criminal love".— Félix diz. Tentando contrariar o que Seokjin disse de forma sutil. 

— Mas não seria excitante? A ideia do perigo...Transar como se fosse a última vez, e de fato seria, porque ele iria ser preso na próxima semana. — Marjorie diz soltando uma risada acompanhada de outras. 

— A ideia de que ele é totalmente errado para você, mas encantador o suficiente para te ter na cama. — Seokjin continua a pequena linha de raciocínio. 

— Para qual caminho essa conversa está indo? Vocês estão lendo que tipo de livro?

Jimin contesta rolando os olhos com a conversa estranha, mas ao mesmo tempo exibiu um sorriso, achando até graça no que a equipe dizia. 

— Pare de ser chato assim, não é como se estivesse acontecendo. — Jin intervém, dando um pequeno empurrão no ombro do amigo. 

— Jimin está nervoso porque errou a pergunta do Major. — Felix diz, indo até o moreno que não disse nada, apenas a sua ausência de palavras confirmava para os mais próximos. 

— Você se cobra demais, Park. Relaxa aí, foi só uma pergunta, haverá mais momentos assim. — Marjorie diz sorrindo e Jimin soltou um suspiro, denunciando estar mesmo frustrado consigo o suficiente para nem mesmo acompanhar a brincadeira dos colegas. 

— Você é um dos mais inteligentes aqui. Até eu errei. — Disse Jin para encorajar o amigo. 

                              [...]


Desde que Jimin ouviu o termo "jogo sujo" em investigações, nunca mais parou de usar pequenas táticas a seu favor. 

Jimin enviou um falso atestado para o colégio sobre uma ida ao médico para exames de rotina e não poderia comparecer ao estágio, um pouco em cima do horário, mas seria melhor para a desculpa. 

Depois de minutos recebeu uma mensagem de Teresa preocupada. 

Tess ♡

|Espero que não seja nada grave. Tenho muito a te contar, quando estiver melhor, podemos nos encontrar? Vou te enviar chá e bolo. :D espero que goste!!! 

Sorriu com a doce mensagem. 

Pegou sua pistola, a carregou com uma só bala e guardou dentro do enorme casaco que usava. Em sua mão estava uma pasta preta, cheia de papéis que de conteúdo não tinham nada, mas parecia profissional o suficiente para parecer cheia de provas e imagens. 

O horário estava batendo no seu relógio e o garoto alugou um carro para facilitar sua locomoção. 

Em seu pescoço estava a falsa identificação como jornalista investigativo. Estava no mesmo local marcado, saiu do carro e o fechou. 

Viu a mulher de aparência mais velha olhando de um lado para o outro enquanto roia a unha, demonstrando ansiedade. 

— Leila Schiller? — O homem chama a atenção da mulher que o olhou. — Podemos conversar? 

— Senhor, estou esperando um amigo e estamos fechados. Não podemos fazer nada. — Tenta escapar daquele menino de cabelos rosas que se sobressaiam no boné preto de aba curvada. 

— Sou jornalista, estou a procura de pessoas de diferentes idades para responder questões sobre Madrid. É rápido. — A voz firme e gesticulação perfeita junto ao crachá pareciam bem convicentes. A mulher arranhou a garganta e olhou aos dois lados, nenhum sinal de seu chefe. 

— Tem que ser rápido. Estou esperando meu filho. — Mentiu. Estava esperando o chefe Seguine.

— Podemos ir em um lugar mais reservado? — Indaga o agente. 

— Tem as mesas do restaurante. Me acompanhe, senhor...Park. 

Ela leu no pequeno crachá no pescoço do homem e ela sorriu minimamente. Achava que por ele ser tão novo e visual descontraído seja daquelas entrevistas nas últimas das páginas preenchendo o vazio com notícias ruins.

Ela senta na última mesa da lanchonete, cruzou os braços em cima da mesa. O lugar estava com três adolescentes conversando e bem na entrada estava um policial local comendo uma típica sopa feita de tomate. 

— Essa entrevista vai para onde? 

— Diario oficial, conhece? — Jimin exalou felicidade ao contar do jornal a qual supostamente trabalhava. 

— Ah sim, meu pai assina esse jornal. É um pouco antigo. 

Ganhava confiança naquele garoto aos poucos.

— Sim, estamos fazendo uma matéria diferenciada. 

— Qual a pergunta? — Indagou, interessada no que viria. 

— Acho que podíamos pedir um café ou chá, não sou muito fã de chás, mas se você quiser, eu te acompanho. — Park tenta estabelecer um pequeno laço com a mulher, para que a conversa inicie com um pouco a mais de confiança. 

— Já que quer pagar...Gosto de chá de hortelã! — Não relutou. 

— Vou dar um voto de confiança no seu gosto. — Sorriu tão docemente que Leila viu que o garoto não podia de fato fazer mal a ninguém e parecia um principiante no cargo. Ergueu a mão para pedir a um garçom e pediu os dois chás de hortelã, rapidamente anotou os pedidos e se foi. — Vou começar com perguntas básicas, sim? O que você faz integralmente? 

— Garçonete.

— Tem filhos? 

— Não...Eu infelizmente não tenho. - A mulher colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. Se enganou nas próprias palavras e dali, Jimin ficou mais tranquilo para começar a interrogação. Fingiu não notar e seguiu.

— Você sempre foi de Madrid? — O Agente fingia anotar em seu tablet.

— Sempre. — Não mentiu. Apenas entrelaçou os dedos na mesa. 

— O que você está achando do aumento dos crimes dos últimos quatro meses na Espanha? 

— Normal, a taxa de desemprego está aumentando, decretaram uma crise financeira no começo do ano...saiu nos jornais, mas estão estabilizando, não? 

— Isso te atingiu? Madrid está sendo o maior foco, não viu nos jornais? 

O róseo inclinou sua cabeça para o lado direito, olhando diretamente os olhos da mulher. 

— Não, confio cem por cento em quem coordena essa cidade, senhor Park. 

— Os Seguines? — Lançou a pergunta que fez a mulher começar a ficar inquieta. 

— O que? Não entendo, senhor. — Tentou disfarçar bebericando um pouco de seu chá de hortelã. 

— Quem coordena essa cidade. Tem identidade e tatuagem. Porque você tem a mesma tatuagem que o Chefe Seguine? 

Leila se espantou. Se levantou bruscamente da cadeira chamando atenção de alguns dos adolescentes e do policial. Jimin cruzou as pernas, continuando com um leve sorriso para passar a impressão de tranquilidade, o que fez com que os olhares se dispersassem. 

— Leila. Se eu fosse você sentaria, porque eu sei muito bem em como te colocar por trás das grades em um estralar de dedos.

A ameaça fez a mulher soltar um riso debochado.

— Como? O que um jornalista vai fazer? Você morre antes de dar três passos daqui para fora. —

Jimin achou humor naquela frase. Tira de seu bolso o distintivo da Interpol, o mostrando sutilmente para a mulher que sentiu o corpo inteiro baixar de temperatura. Sua boca ficou extremamente branca, sentiu as pernas vacilarem.

— Sente-se. Acho que agora estamos no mesmo nível, não estamos? — O Agente usou o mesmo tom debochado.

Mandou o agente. A mulher correspondeu. 

—  Como você sabe? Como me acharam? 

— Investigações. — As respostas eram curtas. — Então, vamos a real conversa? 

— Como sabe quem é o Líder? Só acredito se você comprovar que o conhece, ou eu- 

— Ou você? Não, você não vai fazer nada assim como eu não vou. Primeiro porque tem pessoas aqui, você irá me matar? Não acho inteligente. — Apontou para o salão e a mulher de canto de olhos observou as pessoas que estavam ali conversando e rindo. —  Contar ao seu chefe? Não, não vai fazer isso porque tem temor a ele e eu estou aqui apenas te interrogando. Se eu quisesse acabar com a vida de alguém já estava tudo feito, mas você tem duas escolhas e uma delas com certeza vai custar caro. 

— O que quer dizer com isso? Meu senhor. — Desesperadamente a mulher procura pousar a mão sobre as do agente. — Eu juro, eu não sei como me encontrou, mas por Deus, te respondo tudo se prometer não usar nada contra mim. 

— Eu estou atrás de respostas quem é Jeon Jungkook e o que está por trás dessa máfia, tudo, além da boate.

A pergunta fez Leila engolir em seco. Abaixou a cabeça e repensou. 

— Eu não posso fazer isso. 

— Sabe muito bem que pode. Eu só quero conversar. — O Agente tentou a tranquilizar. — Vamos fazer uma troca justa, hm? Aqui tem provas do seu passado, imagens que tornam sua culpa incontestável, mas...Acho que- 

— Se eu matei meu marido foi para me defender, com certeza é a família dele que mandou me pegarem, não foi? 

A mulher interrompe Jimin com um assunto para desviar o foco principal da conversa, assim como o esperado. Contudo, revelou algo que podia ser usado contra ela.

— Senhora, o passado sempre vem à tona em certos momentos, mas fique tranquila, vi em sua ficha uma ocorrência de agressão que fez contra seu marido, eu faria o mesmo no seu lugar. — A última frase surpreendeu a mulher, vendo o nível de confiança que Jimin demonstrava. 

— Não está presa para confessar pecados, está sendo apenas interrogada. Agora responda minha pergunta...O que sabe sobre Jeon Jungkook. — Se apoia na mesa de madeira. 

A mulher sentia-se na maior das saias justas. Começou a sentir seu corpo suar frio, começando pelas mãos. Olhou para os lados. Tinha marcado com Jeon Jungkook naquele horário e supostamente havia confirmado. Apenas aquilo poderia a tirar dali.

— Ele não virá. Mas podemos ir para a segunda opção. — Jimin passou as mãos pelas várias folhas com etiquetas separadoras coloridas. — Um telefonema e acabamos aqui, certo? 

Ameaça tirar o celular do bolso e lentamente. Aquilo torturava a mente da mulher, que não viu outra escolha. 

— Eu conheci ele desde quando ele era só uma criança. — Desesperada, começou a confessar e Jimin exprimiu um sorriso de canto, voltando o celular no bolso. Acenou com a cabeça para que prossiga. 

— Na época, eu só era uma prostituta da Lo Infierno, a mãe dele tinha quatorze anos quando veio ficar com as outras prostitutas. Ela ficou com nós por alguns dias. Eu ajudei ela a sobreviver lá dentro, ela estava apavorada com a ideia de Martin fazer algo com ela...

Leila falava as primeiras lembranças que viam. Olhava para o teto como se estivesse lembrando de alguns detalhes. 

— Martin? Quem é Martin? — Jimin indaga, atento. 

— Meu Deus. — A mulher desistiu. — Eu não posso fazer isso...Senhor, eu não posso, me poupe. Eu fui paga para manter sigilo, deve haver outra maneira de solucionarmos isso, não? 

A mulher estava com os olhos brilhando tal qual mármore molhado com as mãos juntas. Park olhou para seus olhos e depois para suas mãos, respirou fundo umedecendo os lábios. 

— Então espero que tenha um bom advogado e sorte. Farei questão de estar lá. — Recolhia a pasta da mesa, ameaçando levantar, mas a mão um pouco enrrugada segurou seu pulso. 

— Me deixaria sair ilesa? — Os olhos arregalados pediam misericórdia 

— Eu tenho cara de quem não cumpre o que diz, senhora? — O Agente levanta uma dúvida no ar que fez a mulher negar com a cabeça. 

— Okay...Vamos lá. — Começou a soltar a verdade. — O verdadeiro pai de Jeon Jungkook, é Martin. Eu mal conversava com ele, aliás, nem podíamos nos dirigir a ele. Ele era temido por todos que conheciam quem era e eram poucas pessoas. A Lo infierno era apenas uma fachada para prostituição, venda de drogas e...As garotas mais velhas, assim como eu serviam de transporte para drogas. 

— E essa tatuagem é algo assemelhado a isso? Uma marca da máfia? 

— Todas as garotas de Martin tinham uma tatuagem dessa. Todas as que estavam marcadas, eram as prostitutas mais baratas, aquelas que não fazia questão. Muitas morriam apenas na primeira carga que colocavam em nós. — Leila se lembrava aos poucos e Jimin mantia um semblante neutro ouvindo sua voz. — O transporte era feito dentro de nós.

A mulher tremia as mãos para as leva-las até a barra da camiseta do uniforme. A levantou com cuidado, a barriga estava marcada por muitas cicatrizes e algumas tatuagens. Mostrava legitimidade no que falava.

— E porque Jungkook tem essa tatuagem? — A duvida plantou na cabeça de Jimin avalassadoramente.

— Porque quando a mãe dele morreu...O pai dele ficou dez vezes pior. Colocou Jungkook para trabalhar com ele na Lo Infierno e um dia, ele resolveu deixar Jungkook no comando, mas ele era só um adolescente, um pouco rebelde, descobrindo tudo com quinze anos...Ele foi encontrar um garoto. — Leila ao se lembrar engoliu em seco, respirando fundo. — Não sei qual garoto era, nem mesmo seu nome, mas só sei que Martin descobriu e foi horrível. Eu estava me arrumando para o trabalho de noite com as outras garotas. 

— O que aconteceu? 

— Pensei que Jungkook fosse morrer naquele dia. Quando Martin descobriu bateu tanto que nós só oravamos para que ele estivesse respirando no final. — Leila ainda se lembrava dos sons de agonia do garoto de quinze anos, o corpo cheio de hematomas e nu, já que Martin o fez se despir para receber as surras. Ainda se recordava de algumas das garotas que ouviam Martin o prometer a morte orarem por sua alma, algumas horrorizadas e outras fingiam não ver, não queriam se comprometer.

Leila ainda se lembrava do garoto se erguer, mesmo trêmulo pedir para que o pai o levasse para sua mãe de uma vez. E também se lembrava de cuidar dos machucados, uma das únicas que ainda ousou em tocar algo que Martin também tocou.

— Vocês não fizeram nada para impedir? — Jimin tentava bloquear todo tipo de pensamento para sua imaginação não o fazer ter voltas no estômago.

— Nada. Tinhamos medo de sermos as próximas. Martin mandou tatuarem o símbolo da cobra em Jungkook para ele sentir vergonha, ainda mais que Jungkook disse ao pai que gostava de garotos e garotas naquele dia e não entendia qual o problema de estar apenas se conhecendo...Você sabe o peso que marcas e símbolos tem para uma máfia, não sabe? — Jimin concorda com a cabeça. 

— Disse que era melhor ter um filho apenas gay do que apenas um filho confuso, sem rumo do que quer e que a tatuagem seria para ele lembrar do quão sujo ele era por ser assim. Assim como as prostitutas mais baratas.

Leila se lembrava de cada detalhe. Sentia raiva e nojo ao mesmo tempo.

— Isso é horrível. — Jimin deixa escapar seus pensamentos.

— Completamente. — A mulher concorda. — A sorte de Jungkook era que ainda tinha o irmão mais velho. Ele não estava presente naquele dia, mas lembro que ele e Martin brigaram muito nos fundos da boate.

— Qual o nome do irmão dele? 

— Colin. — E então, Jimin sentiu seu cérebro explodir naquele momento. Cerrou os punhos e olhou para um ponto atrás de Leila para digerir a informação. — Ele era tão bonito quanto Jungkook, era gentil, víamos que dos três irmãos Jeon, os dois não serviam para estar onde estavam...Eles tinham muita compaixão, eram diferente do pai. 

— Porque diz isso? 

— Não sei quanto tempo está nessa investigação, senhor Park. Ainda não notou que a máfia ajuda mais do que qualquer outro sistema? Depois que Martin morreu, a máfia ficou supostamente nas mãos de Colin e ela mudou. Não existiu mais nenhuma prostituta na Lo Infierno, eles deram oportunidade de emprego para aquelas que restaram na empresa de Jungkook, única coisa que o pai deixou para ele. Mudaram a função da máfia e ainda estão. — Via-se o quão grata era Leila por ter confiado no chefe seguine. — Eu soube que Jungkook que organizava a máfia através do irmão, pois ele me encontrou para conversar sobre a situação das garotas. Ele só tinha dezessete anos e amadureceu além do necessário.

— Ele nunca quis administrar uma máfia, mas Martin o treinou tão bem que até mesmo mentir, mente feito o pai. Se esconde atrás de todos, se escondeu atrás do irmão e ainda continua. — Aquelas informações fizeram Jimin encostar as costas na cadeira.

— Duvido que se fosse criado pela mãe iria estar assim. Mas tudo se repete, senhor Park. É apenas isso que sei.

A mulher encerra, sentia-se leve de alguma maneira. Falar sobre o que estava guardado apenas para si era um peso a menos, mas trazia dez a mais.

— O que ocorreu com a mãe dele? — Jimin perguntou.

— Não sei. 

Park suspeitou que a mulher estava omitindo alguma informação, então levantou uma sobrancelha.

— Senhor Park, eu não sei. Dizem que ela se suicidou, mas são apenas boatos. Lembro-me de passar a noite com Martin depois da morte de Aimeé, lembro-me da data...Foi em março, no dia treze. Nunca esqueço, nunca vi Martin daquela maneira. 

— Lembra do nome inteiro dela? 

— Aimeé, Aimeé...— Tentava se recordar. — Beaumont. 

Jimin então franziu o cenho. Aquele sobrenome era familiar.

— Ela era francesa? 

— Totalmente. Ela tinha até um sotaque pesado.— Leila sorriu lembrando da menina.  

— Pensei que os espanhóis não gostavam dos franceses. 

— Nem sempre foi assim...Martin orquestrava a máfia seguine em dois países. A francesa na época era a mais lucrativa, mas acho que ultimamente os espanhóis se sobressaíram. Essa é a guerra de egos e poder. — Disse. — A partir daqui, não sei mais de nada, senhor.

Pedia internamente que a conversa terminasse. Park suspirou.

— Obrigada pela conversa, Leila. Posso contar com seu silêncio? 

— Claro. — A mulher busca a mão de Jimin novamente. — Não deixe sair daqui. Prometa para mim que irá rasgar essas provas, eu não posso ir presa. 

Suplicou.

— Irei ficar calado. Prometo. — Sorriu minimamente.

— Obrigado senhor. — Respirou mais leve. 

Jimin recolhe sua pasta da mesa, ligou seu celular e apertou o bloco de notas, digitou todas as informações que colheu e foi até seu carro. Se trancou nele, sua mente colocava tudo em pontos. Abriu o celular e digitou as informações em um outro arquivo.  

• Março, dia treze. Aimeé Beaumont. 

Se olhou no retrovisor e pensou qual era o objetivo de estar indo tão afundo. Saber sobre a mãe de Jungkook não concluiria nenhum relatório, mas algo dentro de si achava suspeito o nome da mulher. A busca sobre o passado de Jungkook parecia tentadora. 

A cabeça de Jimin parecia latejar tentando compreender o raciocínio de Jungkook.

Admirou a estratégia do mafioso. De fato, explicava o porque as pessoas nunca suspeitariam que um pai solteiro seria capaz de ser um dos criminosos na lista da Interpol e seu pai, não era realmente seu pai. Mesmo que a mulher esteja sendo sincera, não poderia dar cem por cento de certeza em palavras. 

Dirigia ainda pensando em milhares de teorias e o melhor, qual a próxima mentira contada no relatório para conseguir mais tempo. 

Discou o número pessoal de Seokjin em seu celular. Três chamadas e já estava Seokjin atendendo. 

Olha só quem apareceu. — Jin diz. 

— Jin, está sozinho?  — O Agente pergunta enquanto dirigia para a avenida. 

Félix foi tomar banho e agora estou esperando ele terminar para tomar o meu. Porque? — Pelo tom de voz na outra linha, percebia-se que Jin estava se espreguiçando. 

— Pensei que estivesse trabalhando. 

Me deram folga antecipada sem motivo aparente, eu aceitei, óbvio. A boa notícia é que coincidiu com a de Félix. Eu estou sentindo que ele vai me pedir em casamento

— Casamento? — Jimin soltou uma risada. 

Eu quero casar com ele. — Jin fazia uma voz manhosa. Típico de conversas que se tem com melhores amigos. 

— O que ele te deu? Alguma droga Alguma bebida? 

Nada, eu só estou apaixonado demais...Você que nunca sentiu isso um dia vai entender. Agora me diz, qual foi o motivo de me ligar?  

— Você poderia iniciar uma busca para mim? — Park foi direto. — Mas tem uma condição. 

— Qual? — Jin diz. 

— Não coloque isso nos relatórios, nem comente que estamos fazendo isso. Eu não quero que saibam. 

Jimin...Isso está fora de cabimento. Qual o motivo de iniciarmos uma investigação sem permissão? Quer ir para o Subway?! Eu nem tenho currículo para isso. — A última frase um pouco alta demais fez Jimin segurar uma risada. 

— Jin, esse pode ser um dos maiores casos que temos, por favor, faça isso por mim. Não é errado se a procura for feita com êxito. — Jimin tentava convencer o amigo. 

Meu Deus, vamos ser demitidos. Demais. Triplamente demitidos. — Jin fazia um tom dramático e Park rolou os olhos. 

— Pare de drama, Jin, por favor. Você é a minha dupla, eu confio em você e você confia em mim. Somos amigos antes de tudo, lembra? 

Um silêncio de dez segundos se instalou na ligação. 

— Okay. E qual seria a pesquisa? — Aceitou. 

— Reúna para mim as notificações de óbito do dia treze de março, busque pelo nome Aimeé Beaumont, puxe toda a sua ficha. Busque por todas as câmeras de gravação, qualquer coisa que nos leve até ela, não deixe passar nada e pesquise sobre Martin, qualquer Martin que tenha Jeon no nome.  Entendido? 

Porque é tão sexy te ouvir dando ordens? Homem seja menos atraente por um dia. — Seokjin tinha um tom brincalhão, mas Jimin sabia que tinha um fundo de verdade já que desde sempre Jin fazia questão de ressaltar sua sensação ao ser destinado ordens.  

— Seokjin...Pare com isso.— Jimin ficava tímido com toda brincadeira e negava com a cabeça enquanto olhava para a estrada. 

Quem está falando, amor? — A voz de Félix interrompe a conversa dos amigos e o sorriso de Jimin se retém. 

Minha mãe. — Jin disse sem pensar duas vezes.  

Ah, okay. Posso falar com ela? 

Não. Ela está de saída já. Adeus mãe, logo te retorno para as informações do jantar, okay? 

— Okay, filho. — Jimin brinca após desligar o telemóvel e gira o volante para entrar na rua de seu apartamento. 

Porém, quando Jimin estava estacionando o carro avista um outro carro parar em frente ao seu prédio. Era preto por inteiro, uma bmw. De dentro, um pequeno par de sandálias pretas brilhantes saíram do carro com um vestido com estampas de morangos.

Os cachos saltitavam e as lumes verdes grandes avistaram Jimin de primeira. 

Ao lado estava Jungkook, de roupas pretas como sempre, a única peça que fazia contraste era sua blusa cinza de gola, expressão de poucos amigos e carregando uma mochila em formato de morango que era extremamente chamativo aos ombros com a cabeça erguida, como se estivesse condizente com toda a roupa. 

— Senhor Jiminnie! — Gaia guincha do outro lado da calçada e Jimin teve que respirar fundo e colocar a pasta para atrás de suas costas, a recebendo com seu braço direito. 

— Pequena...Como está? — Perguntou, tocando cuidadosamente em seus cachos para não desmancharem. 

— Com saudade! — Diz eufórica, sorrindo. — Senhor Jiminnie, tem tanta coisa que quero dizer para você. Eu tenho um presente, vamos ao parque, a gigi trocou de pele, ganhei um brinquedo novo, ganhei um pirulito da senhora Yolanda, vamos ao parque, e…

Falava tão rápido que Jimin tentou acompanhar seu raciocínio gargalhando, observando que repetiu uma das coisas. 

— E? 

— E que ela tem um presente, a Gisele trocou de pele e tomei um susto de manhã, dei a ela uma loja de brinquedos e ganhou um pirulito. — A voz do mafioso se fez presente. 

— Como você conseguiu acompanhar? — Jimin levanta o olhar para alcançar os olhos do espanhol. 

— Dom paternal. — Disse Jungkook cruzando o braço como se estivesse se gabando. 

— Espera, você tem uma loja de brinquedos? — Jimin se relembrava do que foi dito, se surpreendendo e esperava que estivesse entendendo errado. 

— Sim. — A garota disse de maneira natural como se não fosse muito exagero. — E vamos ao parque! Eu, você e papai. 

Gaia completou dando pulinhos de alegria segurando a mão de Jimin. 

— Ela gostou mais do parque. — Jungkook entonou sorrindo minimamente para a filha. 

— Deu para ver, mas não posso ir. — Jimin diz olhando para os dois. O sorriso de Gaia se transforma em uma expressão fechada, tal qual o pai, mas diferente de Gaia, Jungkook tinha ela naturalmente e só se intensificou. 

— Por que? — Os Jeon falam em uníssono. 

— Porque eu acabei de voltar do médico, estão vendo? — Jimin mostra a sua pasta. — São exames que eu guardo. Prefiro ficar em casa, muito obrigado pelo convite. 

— Por isso faltou no trabalho? — Jungkook indaga e Jimin arqueia a sobrancelha. 

— Sim, mas como sabe? — Mentiu. 

— Gaia me disse quando chegou em casa.

— Por isso viemos te ver, senhor Jiminnie, eu estou com saudades...Vamos! Por favor, por favor. — As mãos de Gaia agarram a barra da camiseta de Jimin, as lumes verdes brilham como se estivesse quase chorando. 

— Gaia…— Tenta mais uma vez a contrariar. 

— Espere! — A garota então se vira para o pai, interrompendo o róseo. — Papai, compra o senhor Jiminnie hoje!

Jimin exala uma expressão surpresa, colocando a mão no peito. Jungkook emitiu um sorriso canalha olhando para o Park. 

— Quer pertencer a mim, Park? — O sorriso canalha se deu para um riso, após Jimin o olhar de cima a baixo com a mão na cintura. 

— Não estou à venda, pelo o que eu saiba, Jeon. — Rebate e olha para Gaia, logo em seguida para Jungkook. — E isso serve para vocês dois. 

Automaticamente Gaia e Jungkook cruzam os braços olhando para Jimin. Aquela reação foi tão cômica que Park riu. 

— Porque vocês são assim?!  

— Você não me ama mais, Senhor Jiminnie? — A pergunta da garota saiu tão sutil que alcançou o peito de jimin que se amoleceu por inteiro pela maneira da pergunta. Olhou para Jungkook, em seguida para Gaia. 

Sabia que tinha que conversar com Jin e iniciar uma busca. Mas olhava para a garota e não sabia dizer não.

— Que parque iremos? — Se rendeu, enfim. 

— Perto daqui. Papai, vamos, antes que o senhor jiminnie desista! — Gaia estava tão enérgica para ir ao parque que saiu arrastando o pai pela mão junto a de Jimin. 

— Espere, tenho que guardar meus exames. — Jimin alerta, fazendo os dois Jeon olharem. 

— Deixe no carro, eu posso guardar para você. — Jungkook quase agarra a pasta de Jimin, que engole em seco, tendo um reflexo mais rápido, impedindo que a pasta seja levada pelo maior.

— Eu não quero a perder. — Mente e as orbes escuras de Jungkook descem para a pasta  

— Porque? É um caso confidencial? — Jungkook joga a pergunta olhando intensamente as ações de Jimin como se quisesse o ler. 

— Quer ler todos meus problemas de saúde? Não posso querer mais ser doente também? E se fosse uma hemorroida? É humilhante, Jeon, sabia? — Park fingiu uma indignação digna de telas de cinema. Esticou a pasta para Jungkook para demonstrar que não tinha nada demais na pasta, mesmo que estivesse, a técnica tinha que funcionar, ou pelo menos torcia para que sim. 

Jungkook arqueou uma sobrancelha exprimindo confusão com todas as perguntas de Jimin que desistiu de insistir. 

— Guarde os exames. Vamos esperar, não vamos, pequeña? — Se dirigiu a filha que olhava a discussão por uma pasta e na sua cabeça, era até divertido ver. 

Jimin sorriu cinicamente para o Jeon que foi chamado pelo puxar de mãos da filha. 

— Papai...O que é hemorroida? — A pergunta genuína fez Jungkook segurar uma risada acompanhada de um suspirar. 

— Não precisa saber por agora. Vamos para o carro esperar o senhor jiminnie. 

A garota foi correndo para dentro do carro do pai animada. Jungkook a ajudou colocar os cintos de segurança, pensando na pasta. 

Aquele passeio não seria apenas para agradar a filha. Seria uma maneira de Jungkook testar um pouco mais Jimin, um ambiente descontraído para arrancar algumas informações sem que se torne um interrogatório. Tinha planos, as palavras de Namjoon ecoavam na mente do mafioso de maneira a qual o deixava sufocado de pensamentos. 

Ele estava certo. Jungkook teria que dar um fim naquilo tudo e queria, mas não sabia o porquê ao ver o rosto de Jimin simplesmente as palavras de Namjoon não faziam sentido. 

O garoto de cabelo rosa aparece em sua visão, Jungkook estava pronto para abrir a porta do mesmo para assim entrar na condução, mas Park abre a porta antes mesmo das mãos tatuadas que ficaram no ar pela porta ser igualmente fechada. 

Jungkook serpenteia a língua pelos dentes negando com a cabeça e dando a volta no carro. 

— Porque está me olhando desse jeito? — Park pergunta.

— Eu iria abrir a porta para você, Jimin. — O tom do mafioso era como se estivesse ofendido pela desfeita. 

— Gaia, fala para o seu pai que ele é muito brega as vezes. — Jimin olha para a menina no retrovisor. — Tudo bem não abrir a porta para mim as vezes, Jungkook, já fez muito isso. 

A mão de Jimin vai até o ombro do mafioso que se esquivou fazendo o róseo rir da manha típica de uma pessoa que não consegue ser contrariada. 

— Papai, você é brega. — Gaia ajuda Jimin que fez um hi-five com a garota. 

— Okay, não se pode mais ser educado, entendi. — O tom, mesmo que firme, percebia-se o divertimento através do sorriso de canto que o Espanhol esboçou, enquanto começava a tirar o carro de onde estavam para seguir ao parque. 

Quando chegam ao parque, Gaia estava tão feliz apenas de ouvir a movimentação de pessoas e barulhos dos brinquedos que batia as pernas no banco de couro.

Jungkook saiu do carro junto a Jimin que seguraram a mão da garota de cada lado para adentrarem no parque, os tickets estavam comprados e cada um recebeu uma pulseira para passagem livre em qualquer brinquedo do parque. 

Era um parque tão grande que facilmente uma criança se perderia ali, — Aquela observação foi a primeira coisa que a mente de pai de Jungkook observou.—, tinha muitas crianças. Algumas chorando para ganhar doce ou para ficar mais tempo. 
 

— Papai, senhor Jiminnie. Vamos em qual? — A garota pensava no coletivo e estava fascinada com tantas luzes e pessoas. — Olha, papai! Tem muitas luzes! 

Animada. Queria mostrar as suas percepções para o pai que olhou diretamente onde ela apontava e era as lampadas amarelas penduradas por todo parque. 

— Parece você, uma estrelinha bem brilhante. — O pai elogia a filha que sorri ganhando um beijo na mão do pai. Jimin sorri com aquela cena.

— Vamos mais para frente e veremos mais brinquedos que possa ir nós três. — O róseo deu a ideia, observando todo o local. Fazia anos que não entrava em lugares parecidos e foi assim que percebeu que o seu trabalho tomava a maioria do tempo e até mesmo ali, também estava trabalhando.

Os três deram contáveis vinte passos em silêncio ouvindo o parque tocar Shawn Mendes de fundo.

— Com licença...Senhores. — Uma voz infantil e masculina chamou atenção dos olhares adultos. Era um garoto baixo, batia nos quadris de Jungkook, pela aparência tinha menos de dez anos, suas bochechas já rosadas coraram pela atenção recebida. 
Seus cabelos eram ondulados e loiros, junto com uma camiseta do capitão América e um pequeno chaveiro em formato de morango sorridente. 

— Eu queria...Eu queria saber se poderia entregar isso para a sua filha. — Disse engolindo em seco, olhando para Jimin e Jungkook já que não sabia a qual — O que parecia ser —, pai se dirigir. 

Estendeu o chaveiro cor de rosa e Gaia pousou as orbes verdes no garotinho. Sentiu que o assunto se repousou em si e se agarrou na perna de Jimin que sorriu abertamente. 

Ao contrário de Jungkook que cerrou os punhos e travou o maxilar arqueando a sobrancelha para o garotinho na intenção dele ir embora. Jimin percebeu o silêncio na situação e o desconforto do garoto, tomando partido: 

— Gaia, olha, um presente para você. — Tentou animar a garota que cada vez mais se escondia atrás das pernas de Jimin. O pequeno dedo indicador tocou freneticamente a coxa do róseo. 

— Senhor Jiminnie, pergunta porque. — A voz baixa e tímida fez Jimin sorrir ainda mais com a situação. 

O garoto, que ouviu, não se intimidou com o olhar de Jungkook que cruzou os braços indignado com a atitude do Park.

— Eu ganhei em um jogo, mas minha irmã não gostou e eu deixei guardado no bolso porque não queria que mamãe ficasse brava por gastar dinheiro...E vi que seu vestido está cheio de morangos. — Deu a explicação que fez o peito de  Jimin explodir do mais puro amor. Os olhinhos azuis estavam um pouco amendrontados olhando para os dois adultos, mas escolheu focar nos castanhos de Jimin, que eram mais carinhosos do que os furiosos de Jungkook. 

— Eu compro um chaveiro para ela igual. Não precisa. — Ríspido, Jungkook se intromete na conversa. Gaia olhou o pai confusa, queria o chaveiro. 

O garotinho então ficou cabisbaixo. Jimin rolou os olhos. 

— Nada disso. — Impede o garoto de sair, que olhou esperançoso para o homem de cabelos rosas. — Gaia, se quiser, aceite o presente.

Gaia olhou Jimin. Se o senhor Jiminnie disse, então quer dizer que poderia confiar no garoto. 

Saiu de trás de suas pernas e estendeu a mãozinha para pegar o chaveiro, vendo um morango igual o tecido do seu vestido. Sorriu como nunca, as bochechas coraram, pois não tinha como retribuir. 

— O-obrigado. Eu gostei muito. — Agradece. 

— Benjamin! — Uma voz feminina desesperada aparece no campo de visão, abraçando o garoto por trás. Era uma mulher com cabelos ondulados e loiros, tal qual o garotinho. Olhou para Jungkook e Jimin. 

— Me desculpem ele estar atrapalhando o passeio de vocês. — Se desculpa, mas logo em seguida se voltou para o garotinho.  — Benjamin, eu disse para não sair de perto de mim. Eu pensei que tinha te perdido, filho! 

— Ben! Perdemos de novo a fila do carrossel porque você sumiu! — Outra garota, um pouco mais velha, aparece. Também falava com o garoto. 

— Tudo bem, ele não nos incomodou. Ele veio apenas dar um presente para a Gaia, e adoramos. — Park tenta corrigir a situação. 

— Eu me senti incomodado. — A voz de Jungkook se fez presente e olhava para qualquer outro ponto a não ser as pessoas, demonstrando estar cheio de ciúmes. 

A mãe ouviu e seu sorriso se foi. 

— Ele está brincando. — Jimin entrelaça os dedos na mão de Jungkook, as apertando e rindo para abrandar a fala do maior. A mulher acompanha. — Tudo bem, não houve nada de errado. Seu filho foi muito educado. 

— Eu gostei do presente, senhor Jiminnie, fala para ele. — Gaia novamente se dirige a Jimin em voz alta. 

— Sim, ela adorou seu presente, Benjamin. 

— É que eu não terminei...— Benjamin dizia deixando os braços atrás do corpo um pouco tímido. Todos olharam para ele. — Será que os senhores deixam a filha de vocês brincarem comigo e com a Sara? Ia ser muito legal.

O garotinho estava com o rosto vermelho por toda a atenção e Gaia abriu um sorriso.

Poucas vezes a chamavam para brincar, nunca ocorreu no colégio. Olhou Jungkook que mantinha uma expressão de desagrado e fechada.

— Papai! Papai! Deixa! Eu quero brincar com eles! — Gaia dizia quase saltando no colo do pai, puxando a barra do seu casaco. 
Ele olha para todos, respirou fundo e sentia um incômodo enorme. 

— Senhor, estamos em um lugar protegido, eu estou junto com outras mães na fila do carrossel. Se quiser, pode tomar meu número, e também essas pulseiras tem rastreador nas crianças. — A mãe tentava conversar com o mafioso, que, ainda assim resistia. Bastou desviar o olhar o para o sorriso e brilho no olhar da filha que repensou, e depois do seu novo inimigo, Benjamin de sete anos.

— Estaremos observando de longe. — Jimin acrescenta uma maneira de permanecer com a felicidade de Gaia que esperava a resposta do pai. Ele não quis dizer nada, apenas sinalizou com a cabeça. Se arrependeu no mesmo momento que as duas crianças da mulher ficaram eufóricas e já puxaram a sua filha de si. 

Park escondia um riso que crescia ainda mais vendo as orelhas do mafioso ficarem vermelhas.

— Obrigado, senhores! — Benjamin diz sorrindo. 

Jungkook agacha seu tronco em joelhos para falar com a filha, a puxando delicadamente pelo pulso.  

— Pequeña, sabe nosso código. Não sabe?

— Gritar 1,2,3 se eu me sentir em apuros, papai! — Gaia dita com as mesmas palavras que seu pai a ensinou e ele sorri satisfeito. 

— Socar até sair sangue, esse é o lema. — Diz em um tom orgulhoso passando a mão no rosto pequeno. Sentiu o peito apertar quando viu a pequena dar as mãos para a outra garotinha animada, os cachinhos saltitavam e Jungkook assistia a cena como se fosse o filme mais triste de sua vida, faltava apenas chover. 

— Você é um ciumento. — Jimin diz para tentar tirar o moreno do transe. 

— Eu nunca senti tanta vontade de pisar em uma criança. Quem ele pensa que é para tirar minha filha de mim? Ainda deu um chaveiro? Ela nunca me pediu um chaveiro para estar gostando tanto. — Jungkook dispara como um idoso resmungando. — Aqueles olhinhos azuis, eles tem alguma maldade, Jimin. Eu vi a alma dele! 

O seu ciúmes tomou conta do corpo e Jimin gargalhou. Não conteve a risada. 

— Isso não é engraçado, nem um pouco. Meu peito está doendo para caralho, não é ciúmes, é infarto! — O drama paternal fez Jimin rir ainda mais. 

— Sinto em te dizer, Jeon, mas sua filha precisa de amigos e brincar com outras crianças faz parte do processo. Aceitando ou não. — Park vinha com a sua voz tranquila ainda olhando para a direção não muito distante que Gaia estava, conversando com Benjamin e Sara como se fossem amigos de longa data. 

Jungkook viu a felicidade da filha, o sorriso que sempre gostou de ver e as suas gargalhadas. O ciúmes não se foi, mas sentiu paz em ver sua filha genuinamente feliz longe de si. Aquele mix de sensações que apenas um pai de primeira viagem sabia qual era. 

Quase se esqueceu um dos principais motivos para que viesse ao parque de diversões e olhou para Jimin que estava quieto com um sorriso mínimo olhando Gaia, assim como a pouco ele estava. Inegável, Jimin exalava carinho pela pequena. 

— Podíamos fazer algo para passar o tempo aqui. — Apontou o mafioso roubando a atenção dos olhares castanhos. 

— Quer mesmo sair de perto de sua filha? — Park se surpreendeu, não percebendo as segundas intenções nas palavras de Jeon. 

— Queria ir em um jogo de mira. É ainda mais perto do carrossel. — Fez a sugestão.

— Por mim tudo bem. Vai ser um presente para Gaia? — Indaga o agente, caminhando em direção a barraca do jogo de tiro ao alvo com várias pistolas de plástico. 

— Podemos fazer uma aposta. — Novamente outra proposta. O Agente ergueu uma das sobrancelhas. 

— Brincar? Você? Pensei que fosse mais sério. 

— Temos que achar algo para passar o tempo aqui, já que a figura principal nos abandonou. — O mafioso diz. — E não é brincar, é apostar. 

— E qual seria a aposta? 

— Se eu perder, você pode me perguntar o que quiser e eu não posso negar. Se você perder, posso te pedir qualquer coisa. — A proposta foi muito bem pensada. Era tentadora, visto que Jimin algumas vezes o indagou de questões pessoais e o suficiente para ativar uma competição para testar o róseo. 

— Todos os alvos? — Jimin perguntou olhando todos os alvos que deveriam acertar. Eram muito específicos, mesmo que seja para jovens e crianças, eram um pouco difíceis de se acertarem todos, mas não para um agente. 

— Todos eles. Fechado? — O mafioso estende a mão para Jimin que a apertou. 

— Fechado. 

Os dois entram na fila do tiro ao alvo e devido a dificuldade dos alvos, muitas pessoas não iam, mas tinham recompensas muito boas e chamativas. 

— A dupla está pronta? — Chegou a vez de Jimin e Jungkook. O funcionário da barraca sorria, escaneando a pulseira de cada um. — Devem-se lembrar que devem acertar pelo menos três alvos e conforme a sua pontuação ganha uma das recompensas. 

Os dois sentam no banco proposto e são dadas a cada um uma pistola de brinquedos com munições. Deveriam acertar as bolinhas coloridas que se moviam e a cada nível se moviam ainda mais rápido, um verdadeiro teste de habilidades de mira e reflexos e era exatamente isso que Jungkook buscava. 

— Está pronto para perder para mim, Park? — Jeon lança uma indagação.

— Não sou de perder, Jeon. — Rebateu. Colocando os óculos de proteção dado aos dois, quando posicionou a pistola em sua mão olhou de canto de olhos Jungkook observando as suas mãos. Os olhos estavam diretamente na maneira que segurou com facilidade a pistola e a posicionou no alvo. 

Jimin olha para sua mão e para a do mafioso que estava da mesma maneira, então, engole em seco pela sua inocência. Não poderia demonstrar habilidades em armas. 

— Prontos? — O funcionário liga o painel que as bolinhas de plástico se moviam. O nível um, Jungkook atirou com facilidade e de primeira conseguiu subir um ponto no letreiro de números vermelhos. 

Park olhou para a maneira que o maxilar do mafioso estava travado e olhos presos na mira, o ângulo estava perfeito. Um verdadeiro profissional.

— Um ponto! — O funcionário grita; trocando para o nível dois. As bolas se movimentam mais rápido. Park posicionou a arma na mão esquerda e sabia que se quisesse acertar naquele mesmo momento, saberia que acertaria, mas fingiu uma confusão ao escolher a bolinha. 

— Isso é muito difícil, Jungkook. — Resmungou.

— Difícil? — O mafioso desvia o olhar do alvo e olha para Park, apertando o gatilho. 

— Mais um ponto! — O funcionário vibra, o letreiro de Jungkook muda. 

— Eu não sei fazer essas coisas. É injusto! — Jimin diz se posicionando novamente para o último nível. As bolas coloridas ficam extremamente rápidas, até mesmo Jungkook para achar o ponto perfeito demorou alguns segundos. 

— É prática. Não tem? — A pergunta do mafioso foi em um tom sarcástico a qual Jimin só tinha uma escapatória; Mentir e mentir. 
O mafioso não escondia a maestria com as armas e atirou em dois alvos, um seguido do outro, enquanto Jimin fez questão de errar. 

— Temos um vencedor! Parabéns, participante 1. — O vendedor sorri para Jungkook, ambos devolvem os acessórios. E foi dado a Jungkook um grande urso com gravata. 

Jimin se virou para o mafioso que segurava o urso. Agora seu cérebro estava organizando as ideias. Jimin demonstrou uma falta de habilidade absurda, provando não ter conhecimento daquela área. 
O deixava frustrado, estava na linha tênue entre acreditar em palavras ou ações. 

— É...Eu perdi. Logo, você pode me pedir o que quiser. — Park se lembra da aposta, se aproximou do mafioso cuidadosamente e admirou o urso em seu braço. 

— Vou pensar. — Jogou um sorriso sacana. 

— Tenho verdadeiramente medo disso. — Confessou, ainda sentia o coração bater um pouco mais rápido, estava apreensivo. Se expôs a Leila e mesmo com o voto de confiança da mulher, não poderia confiar em ninguém cegamente. Em uma missão, após se revelar para alguém, normalmente é questão de tempos para tudo ir por água a baixo e não por ter experiência com isso, mas aprendia com os erros dos colegas de trabalho. 
Era a primeira investigação que estava indo contra tudo.

Os pensamentos de Jimin se interrompem quando ouve uma gargalhada alta de alguém que conhecia; Gaia. 
Ela já tinha entrado no carrossel e ria com as caretas que Benjamin fazia agarrada ao apoio que tinham no cavalo enfeitado. 

A mãe de Benjamin e Sara estava gravando orgulhosa os filhos enquanto dava um aceno para fora da câmera do celular na direção de Jungkook e Jimin. Jungkook apenas assentiu com a cabeça, Jimin acenou de volta. 

— Eu não sei porque você demorou tanto para levar Gaia nesse lugar. — Os pensamentos de Jimin saíram pela boca. Pensou alto demais, mas sorria vendo Gaia. — Nunca vi ela se divertindo tanto com as outras crianças.

De certo modo, sentia orgulho pelo avanço da garota. 

— Eu não sou muito fã desses lugares. — Confessou o mafioso repentinamente. 

— Porque? 

— Quando eu era criança eu queria muito sair com colegas, ir nesse tipo de lugares...Com meu pai, ter uma família para andar de mãos dadas, dividir um algodão doce e fotografar, igual nos filmes. — Seus olhos pareciam dispersos na imagem de Gaia brincando no carrossel. Quando se deu conta, falou demais do seu pessoal e se recompôs, passando a mão pelos cabelos soltos. — Não me remete uma coisa muito boa da minha infância que foi como uma prisão dentro de casa. 

Ri, sem humor algum. Queria que Jimin não percebesse o quão carregada de tristeza era aquela frase, mas era impossível. Seus olhos se perdiam enquanto falava. 

Park olhou a têmpora do rapaz, se lembrou do que Leila disse. Seu peito se contrai. 

— Você pode aproveitar isso agora. — Tocou o braço do maior. — Porque desiste? Tem uma filha, você pode tentar de novo. 

As palavras de Jimin pareciam piada para o mafioso que pousou os olhos negros nos castanhos.

— Tenho outras coisas para fazer e não tenho tempo, essa fase já passou de qualquer maneira...É, prefiro o presente. — Queria verdadeiramente encerrar aquele assunto. Jimin não sabia o que dizer, sentia piedade. Olhou para os lados e teve uma pequena ideia. 

— Ah...eu queria muito ir na roda gigante e comer algodão doce. 

— Isso não- 

— Não. — O agente impede o mafioso de falar. — Não estou dizendo isso porque você disse, é porque eu queria me movimentar um pouco. E da roda gigante podemos ver a Gaia de qualquer maneira, não podemos perder o espírito, ela não iria gostar de nos ver parados. — Tentou convencer o mafioso. Que pensou por alguns segundos, suspirou e concordou com a cabeça. 

Jimin sorriu de orelha a orelha, seus olhos quase se fecharam. Procurou com os olhos a barraca de algodão doce, que sairia um pouco da rota da visão que tinham de Gaia, mas seria algo rápido. 

A fila estava grande e Jimin tinha a mão direita apertando os pulsos de Jungkook para o incentivar a ir comprar o doce. 

— Olha, Jungkook, eles fazem de vários formatos! — Jimin se surpreende vendo as pessoas saindo com seu doce em formatos diferentes. Jungkook tinha a expressão tão neutra que Park não sabia o que ele estava pensando, se estava gostando ou não, mas não protestava. Apenas virou a atenção para baixo, afim de olhar Jimin. 

— Qual formato gosta? — O espanhol perguntou, olhando a placa grande que mostrava as opções de desenhos, entre eles tinham flores, planetas, ursinhos, coração…

— Não, Jeon. Qual você gosta? — Perguntou o agente dando ênfase no "Você". Jungkook franziu o cenho e riu nasalmente. 

— Que besteira. Porque eu vou escolher um formato de algo que vai derreter na minha boca em segundos? — Jungkook tinha um tom desdenhoso e Jimin balança a cabeça negativamente.

— Está vendo, você não está entrando no clima que é estar num parque de diversões. Eu vou pagar para você, eu quero que você escolha, Jungkook. — Insiste o agente, avançando mais um passo na fila. 

— Você vai pagar? — A pergunta surpreendeu Jimin que não sabia ser algo negativo ou positivo. 

— Algum problema? — Estava pronto para qualquer frase de Jungkook, esperava a mais baixa de todas, mas dessa vez foi algo diferente: 

— Não. É que...Ninguém nunca disse isso para mim. E eu não estou mentindo. — Admitiu.

— Frase clichê de livros entre vilões e a mocinha. "Ninguém nunca disse isso para mim". — Jimin imita a voz grossa do mafioso o roubando uma risada. Park sabia muito bem sair de cada momento de maneira natural e divertida. — Já aviso que não quero ser nenhum mocinho, se você falar algo que ofenda o algodão doce eu compro apenas para mim e deixo você passando fome. 

A vez dos dois chegam e Jimin sorri amigavelmente para o atendente que olhou para os dois e se perguntava como Jimin tão sorridente, conseguiu ficar dois segundos com Jungkook, que olhava o atendente e ele já se sentiu humilhado de dez olhares diferentes que o Jeon o mediu de cima a baixo.  

— Qual formato? — O funcionário indagou. 

— Jungkook. — Park esperou que Jungkook escolhesse.

— De flor. — A maneira que o mafioso pediu fez Jimin ficar satisfeito e fez um pequeno joia com o polegar para ele. 

Menos de três minutos e o algodão doce estava pronto, um grande doce fofo cheio de açúcar e muito colorido, que fez Jimin tirar um pedaço com as mãos e jogar na boca. 
O gosto de infância invadia o seu ser e se recordava o quão bom era ter a idade de Gaia.

Jungkook segurava o urso e Jimin o algodão doce. 

— Quer um pedaço? Abra a boca! — Se ofereceu para dar um pedaço para Jungkook que estava um pouco impossibilitado pelo ursinho que segurava. Jimin aproximou a mão na boca de Jungkook, mas quando ele foi tirar um pedaço, o retirou de perto, começando a rir pela careta desapontada do mafioso. 

— Eu odeio suas brincadeiras. — O Espanhol diz rolando os olhos segurando uma risada. A típica brincadeira que ninguém que participa seja ativamente ou pacificamente consegue explicar porque é engraçado. 

— Essa foi engraçada. — Jimin diz ainda achando graça naquela atitude. — Agora é sério, abra a boca, amargurado. 

O agente diz, levando o doce para Jungkook conseguir arrancar o máximo que pôde. 

— Isso é bom. — Comenta com as bochechas cheias e olhos brilhando. Parecia um adolescente cheio de vontades e desejo por açúcar. 

— Eu te falei! Vamos na roda gigante. — Jimin diz ainda mais satisfeito apontando para a fila da roda gigante. Park percebia que mesmo que o mafioso estivesse mais quieto que o normal, criava-se um ambiente confortável ao seu lado, daqueles que poderia ficar horas sem dizer nada e ainda sim, continuaria confortável. 

As pessoas olhavam para Jungkook e para Jimin, inevitavelmente, eram como se fossem o casal de Madrid. Dois homens que deixavam marca por onde passavam.

Quando Jungkook percebeu demais esses olhares para o que estava ao seu lado, desatento e preocupado com o doce, colocou gentilmente o garoto de cabelos rosas na sua frente, como se fosse o seu guarda costas. 

— Legal né? Eu amava ir em parques assim. Vamos ver Madrid de cima, Jungkook! — Jimin usou um tom animado, olhando sobre os ombros, inclinando seu olhar para cima para ver o rosto de Jungkook apontando para as luzes do letreiro. 

A maneira que Jimin falava animado era tão gracioso que Jungkook sorriu minimamente.

Como tentaria tomar a coragem necessária para machucar Jimin? Já tentou muitas vezes, mas dessa vez, parecia tão mais difícil. 

— Parece tão animado. — Jungkook comentou, pousando a mão delicadamente sobre os ombros do rapaz que recostou suas costas no tronco do maior. 

— Pareço? Acho que foi o açúcar...— Jimin tenta achar uma justificativa para consertar a sua criança interior em momentos assim. Jungkook percebeu a mudança na expressão do menor. 

— Não, Jimin. Continue, eu estou me sentindo bem vendo. — Simplesmente falou, deixando Jimin sorrir. Algo dentro de si gritou, como se estivesse derretendo por um simples comentário. 

— Próximo! — A fila anda, e os dois adultos mostram o pulso para a entrada. Se assentam na cabine que era fechada e da cor pastel. O ursinho que estava nos braços de Jungkook ficou no banco da frente, já que a cabine servia para quatro pessoas. 

— Esse é o brinquedo mais entediante que eu já vi. — Jungkook não pôde perder a oportunidade de reclamar, obviamente. 

— Sabia que você diria isso. — Jimin já estava esperando alguma reclamação. 

— Para que serve essas coisas? — Jungkook olhava a cabine ser fechada e os funcionários checarem a sua segurança.  

— As pessoas geralmente usam para terem um momento romântico, ou alguns só para apreciar a vista. Estamos aqui porque é o brinquedo mais perto da Gaia. — Jimin explica. 

— Ou porque você quer ter um momento romântico comigo? — Jungkook jogou um sorriso de canto brincalhão e convencido que pegou Jimin de surpresa. Ele arqueou a sobrancelha 

— Não…Não. Não é porque transamos duas vezes que quero andar de mãos dadas. — A resposta parecia certa.

— Vejo no seu rosto que sim. E as suas palavras anteriores também. — Jungkook insistia, porque sentia o corpo de Jimin enrijecer e estava achando graça em deixar o menor sem palavras. — Eu lembro de tudo, Park.  

— Não sou eu que disse ao síndico que era meu namorado. — Rebate. 

— Foi brincadeira, Park. Pensei que teria uma reação diferente, não esperava que nem mesmo comentasse. — Disse o mafioso, vendo a roda gigante começar a fazer seu movimento. — Gostou do presente? 

Jimin riu fracamente.

— Você sabe que eu nunca usaria aquilo, não é? Você diz que é brincadeira, mas não faz nada sem pensar. 

A maneira que Jimin começava a entender o mafioso era surpreendente até para o mesmo que ergueu as sobrancelhas. O Espanhol cruzou as pernas e olhou fixadamente para Jimin. 

— Não sei, não se identifica? — Abriu a pergunta. Jimin não poderia demonstrar nenhuma reação suspeita, mesmo que naquele momento o mafioso parecia ter feito uma indagação muito específica. 

— Acha que aparento ser um policial sexy? Eu iria querer prender qualquer outra pessoa do que você, no momento. — Confessou. Nas entrelinhas sabia que o que estava dizendo tinha um fundo oco de verdade. 

— Por que? 

Jimin responderia: Porque não acho que mereça. Porque machucaria uma criança. Porque você ajudou pessoas sem receber nada em troca.

E porque não queria o ver atrás de grades. 

— Porque você é extremamente chato. O quanto iríamos ouvir você resmungar seria prisão dupla.  — Respondeu num tom fingido de humor e abriu um sorriso. — Mas pensaria no seu caso, aliás, você se vestiu de enfermeira por mim. Faltou a saia, mas posso dar um desconto. 

Jimin dizia enquanto colocou o último pedaço de algodão doce na mão. Olhou o pedaço. 

— Isso é uma resposta bem justa...— Jungkook iria continuar, mas viu que o garoto estava olhando o pedaço de doce na mão com muita atenção e o partindo ao meio com cuidado.— O que houve? 

— Estou dividindo o algodão doce. Eu estava pensando em como iria deixar igual, mas não tem como, então tome. — O menor estendeu o maior pedaço para Jungkook que o pegou. 

— O maior pedaço para mim? 

— Eu não sei o tipo de pessoa egoísta que você acha que eu sou, mas você está certo. Então coma antes que eu volte atrás. 

Jimin brincou com Jungkook que gargalhou colocando o doce na boca assim como o róseo. Olhou para seu rosto, que olhava pela janela de vidro Madrid do alto, cheio de luzes. Via Gaia no chão, corria com as recentes amizades e entrava na fila do carrossel de novo. Minimamente sorriu. 

Se perdeu na vista, enquanto do seu lado o chefe Seguine ainda contemplava outra vista: Jimin. 
Seu perfil era lindo. 

— Porque? — O espanhol pensou alto. 

— Porque o que? — Jimin tirou as lumes do vidro para ter sua atenção em Jungkook. 

— Porque está sendo...Legal? Hoje. Justo hoje. 

— Eu não sou? — Jimin ainda tentava entender a pergunta. 

— Não sei, parece diferente. — O Espanhol diz olhando para suas mãos. — Porque está parecendo que está diferente comigo? 

A pergunta parecia bobagem demais, então riu, negando com a cabeça. 

— Do tipo, se importando? — O mafioso indagou. Queria saber, o porque se sentia tão bem com Jimin naquele momento. 

Park limpou a garganta. 

— Bom, vamos lá...Até agora você não ofendeu nenhuma pessoa ou foi mal educado, nem grosseiro a ponto de eu querer pegar sua cabeça e jogar na parede. — Ambos riram da maneira que Park gesticulava. — Você me chateou algumas vezes e me estressa, mas pelo o que você disse sobre a sua infância, eu- 

O agente foi interrompido pela mão do mafioso o fazendo parar. 

— Você disse que não era por causa disso. — Relembra o Espanhol, e Jimin se dá conta do que fez batendo a palma da mão na testa. — Um péssimo mentiroso mesmo.

Riu olhando para o seu lado da janela.

— A vida é muito mais do que dinheiro, compromissos e ser duro consigo por causa do passado, Jungkook. Eu ando aprendendo isso só agora. É...Não tem idade para aprender as lições da vida. Elas nunca param. — Jimin tentou achar as palavras certas. Pousou a mão no ombro do rapaz. — Então, se quiser outro algodão doce, podemos comprar e vou continuar dividindo com você, porque você merece. 

Aquelas palavras de Jimin tocaram fundo em Jungkook. Os olhos de Park carregavam o brilho do carinho e os de Jungkook aquele olhar de admiração pelas palavras. Não estava acreditando que alguém estava o dizendo aquilo. Parecia algo até mesmo utópico.

Pensava que morreria sem ouvir algo parecido. Porém, seria ele merecedor de palavras como aquelas? 
Estava certo em pensar sobre Jimin, ele era um santo remédio. 

— Eu queria outra coisa de você, Jimin. 

— O que? — Jimin indagou olhando os olhos de Jungkook que desviam para sua boca avermelhada e desenhada. 

Jungkook se aproximava do agente de modo mais moderado, Jimin olhava aquela ação e sentiu na sua barriga o famoso frio percorrer seu ventre e subia ao estômago. Estava nervoso.

A mão de Jungkook vai a sua cintura e a aperta para o manter por perto. Jimin ficou estático, não conseguiu tomar atitudes. Diferente das outras vezes, ele apenas estava sentindo uma sensação de borboletas no estômago. 

O mafioso acariciou a bochecha do agente que estava vermelha pelo frio e a ponta de seu nariz.

— Você é lindo, gatito. — Admirou o homem. Não pela sua beleza apenas externa, mas sabia que Jimin tinha uma linda áurea, se perguntava se poderia o tocar tão confiante assim com as sua energia tão suja e inóspita.— Tudo em você é lindo.

Reafirmou as palavras.

— Você também, Jungkook. — Retribuiu o elogio, num fio de voz, pois estava hipnotizado no sorriso canalha com aquele maldito piercing que nasceu no rosto do mafioso. 
Foi um segundo para os lábios se selarem. Jimin sentiu o gelado dos finos lábios misturado com o doce do algodão doce e um leve toque de menta típico do beijo do Espanhol. 

As pontas do dedo tocam o cabelo do mafioso que sentiu-se arrepiar. Um pequeno beijo e Jungkook queria separar o mesmo para poder olhar o rosto de Jimin novamente, mas o menor fez uma pequena pressão com suas mãos. 

— Não. Não para, por favor. — Pedia por mais daquele beijo, queria sentir o frio na barriga novamente. 
O pedido fez Jungkook sorrir. 

Mi gatito — O mafioso sussurra contra os lábios inchados de Park. 

— Seu? — Jungkook estava entorpecido demais nos lábios de Jimin para responder e nem queria. Queria beijar Jimin até que seu fôlego falhasse, porque o dava energia e acalmava sua mente. Era arrepiante, era quase mágico. 

O impedia de pensar nos seus problemas, porque só estava ocupado recebendo a língua do róseo na sua. Pediria para algo mais profundo e selvagem, mas a maneira delicada que Jimin conduzia um beijo era tão delirante quanto qualquer brutalidade. 

Os lábios do mafioso desciam para a pele desnuda de Jimin, desde as bochechas, até o pescoço onde iniciou um beijo de carinho, entrando a mão cheias de aneis e tatuagens por dentro da camiseta do agente. Park arfou. 

Não teria explicação para o ambiente quente que ambos construíram em uma cabine de uma roda gigante. 

— Jungkook...Eu quero mais. — Pediu Jimin com a voz manhosa ao pé do ouvido do mafioso que sorriu ladino, passando o polegar pelo lábio inferior de Jimin. 

— Jimin, não podemos fazer isso aqui. — Sorria pela forma que o corpo de Jimin estava disposto a tudo. Porém sabia que seria uma grande inconsequência. 

Jimin entendia o ponto do mafioso, mesmo frustrado, sentindo seu corpo formigar. 

— Então melhor pararmos, eu não quero sair daqui…

— Não quer sair daqui duro? — Jungkook indagou passando a ponta dos dedos na lateral do corpo de Jimin. — Claro que aguenta. 

O espanhol selou os lábios rapidamente sorrindo. Aquele maldito sorriso de canto e sacana o suficiente para deixar Jimin em combustão. 

— Deus...— Jimin se controlou o máximo para não voltar a atacar os lábios de Jungkook, apenas focou no carinho recebido das mãos tatuadas e sentia leves choquinhos em si. Fechou os olhos sentindo seu corpo novamente gritar o nome do criminoso em alto som. Nunca sentiu algo parecido.

— Você é a pessoa mais imprevisível que eu já conheci. — O mafioso ri e se afasta, deixando o agente repousar a cabeça em seu ombro, abraçando o grande tronco. 
Fechou os olhos para se acalmar, aproveitou a grande corrente de brisa para respirar e sentir o perfume de Jungkook. Os seus pensamentos estavam indo e voltando em cenas que queria ter com o mafioso dentro de um quarto, era impossível não pensar. 

As mãos estavam se tocando, não entrelaçadas, mas os dedos se mexiam como se quisessem se unir magneticamente. 

Jimin permaneceu em silêncio, não queria pensar no futuro naquele momento. Focou no presente e se deu conta o quanto estava se sentindo bem ao lado de Jungkook. Em paz e completamente sedento. 

Sem perceber, estavam com os dedos entrelaçados e ambos sentiam a magnitude que eram ter se encontrado. 

O destino de Jimin naquela noite deveria ser a morte. E o de Jungkook, a muito tempo estar atrás de uma cela sendo condenado por todos os crimes. Contudo, o único crime que ali estavam cometendo era estar se apaixonando e negando. 

O brinquedo perdeu a velocidade e de uma a uma cabine iam descendo as pessoas. Jungkook sentiu pena de tirar Jimin de si, mas fez uma pequena pressão com a mão para o menor sair do pequeno cochilo. 

— Espero que tenham gostado! Voltem sempre! — O funcionário do parque diz. Jimin estava com o ursinho em uma das mãos e na outra ocupada pelo aperto dos dedos do Espanhol. 

Contudo, uma roda de pessoas a frente chama atenção de ambos. Se entreolham e decidem dar um passo a frente. A mesma mulher, mãe de Benjamin aparece no campo de visão com a expressão desesperada. 

Automaticamente Jungkook entra em estado de alerta. 

— Senhor, sua filha. 


















Olá! 

O'Que não teve de jikook no cap anterior teve hoje. ALIMENTADOS? FELIZES? 

ESTÃO FELIZES? da um sorriso! comemora! QUERO APLAUSOS E ALEGRIA. QUERO SURTOS!!! (Brincadeira tá 

Espero que tenham percebido a diferença que está sendo os primeiros diálogos e os últimos entre os dois. Quando se conhece a pessoa tudo flui mais naturalmente, né? That's the life!!!!!


                              •••• 


Queria avisar que tem uma shortfic em andamento hein...E a probabilidade de vcs verem a Gaia mais um pouco velhinha é lá, em algum dos caps que ainda não soltei óbvio, mas para quem chegou depois e está lendo essa nota e n surtei até arquivando KKKKK, é isso. 


Beijinhos.
Bebam água hein gente.
E me seguir no Twitter tbm que tô tentando ser ativa eu juro 🥺🥺🥺😭😭😭

— MJ.

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