crescent moon - Lua Nova

By Violetaever

10K 1K 124

Depois que Kris se recupera do ataque de um vampiro que quase lhe tirou a vida, ela decide comemorar seu aniv... More

CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO FINAL
EPÍLOGO

CAPÍTULO I

1.1K 58 16
By Violetaever

Eu tinha noventa e nove por cento de certeza de que estava sonhando... O motivo para minha certeza era que, primeiro, Edward estava de pé, imóvel como uma estátua, a apenas alguns metros da entrada de algum beco que eu não reconhecia. Seus olhos estavam fechados, as olheiras de um roxo-escuro, os braços relaxados ao lado do corpo, a palma das mãos voltada para a frente. Sua expressão estava muito tranquila, como se estivesse tendo sonhos agradáveis. A pele marmórea de seu peito estava à mostra - havia um pequeno monte de tecido branco a seus pés.

A luz refletida pelo calçamento da praça brilhava fraca em sua pele.

O relógio bateu e ele deu um longo passo para a luz.

- Não! - gritei. - Edward, olhe para mim!

Ele não ouvia. Sorria de modo muito sutil.

Levantou o pé para dar o passo que o colocaria diretamente sob o sol e revelaria para aquela imensa multidão quem ele era.

Acordei assustada - minhas pálpebras se arregalando - e arfante. A luz cinzenta e embaçada, a familiar luz de uma manhã nublada, tomou o lugar do sol ofuscante de meu sonho.

Um sonho, disse a mim mesma. Foi só um sonho. Respirei fundo e pulei novamente quando meu despertador tocou. O pequeno calendário no canto do mostrador do relógio me informou que era dia 13 de setembro.

Era o dia do meu aniversário. Eu tinha oficialmente 18 anos.

Eu não sabia exatamente como reagir a essa data, por um lado eu estava feliz... tinha sobrevivido a um ataque de vampiro, as pessoas que eu amo estavam seguras, mas algo estava errado. Meu sexto sentido dizia que algo ruim estava prestes a acontecer, e eu não sabia o que esperar.

Enquanto escovava os dentes me peguei pensando no sonho que tive, agora ele não passava de um borrão e flashes desconexos.

Foi só um sonho, lembrei a mim mesma de novo. Só um sonho...

Não tomei o café da manhã, com pressa para sair de casa o mais rápido possível. Mas não pude evitar o papai, ele parecia tão animado e eu não queria decepcioná-lo.

Eu sorri da maneira mais animada possível e agradeci a ele pelos presentes.

Tentei me animar de verdade enquanto dirigia para a escola, e agradeci aos céus pela Isa ter ido passar essa semana toda na reserva - porque se ela tivesse me visto essa manhã, teria percebido todo o nervosismo que eu estava passando.

Parei no estacionamento conhecido atrás da Forks High School e vi Edward curvado e imóvel sobre seu Volvo prata polido, ele esperava ali por mim, exatamente como nos outros dias.

O nervosismo desapareceu por um momento.

Mesmo depois de meio ano com ele, eu ainda não acreditava que estávamos juntos.

Sua irmã, Alice, estava ao seu lado, também esperando por mim.

É claro que Edward e Alice não eram de fato parentes (em Forks, corria a história de que todos os irmãos Cullen tinham sido adotados pelo Dr. Carlisle Cullen e sua esposa, Esme, os dois indiscutivelmente novos demais para ter filhos adolescentes), mas sua pele tinha exatamente a mesma palidez, os olhos tinham o mesmo tom dourado, com as mesmas olheiras fundas, como hematomas. O rosto de Alice, como o dele, era de uma beleza incrível. Para alguém que sabia - alguém como eu -, essas semelhanças representavam a marca do que eles eram.

Bati a porta de minha picape Chevy 53 - uma chuva de ferrugem caiu do teto molhado - e andei devagar na direção deles. Alice pulou à frente para me receber, a cara de fada reluzente sob o cabelo preto e desfiado.

- Feliz aniversário, Kris! - seus olhos caramelo estavam brilhantes de empolgação e ela tinha um pequeno embrulho prateado nas mãos. - Quer abrir seu presente agora ou depois? - perguntou ansiosamente enquanto seguíamos para onde Edward ainda esperava.

- Obrigada, Alice - peguei o embrulho prateado de suas mãos - Vou abrir mais tarde.

- Gostou do álbum que sua mãe mandou para você? E a câmera de Charlie?

É claro que ela saberia quais eram os meus presentes de aniversário. Alice teria "visto" o que meus pais planejavam assim que eles tomaram a decisão.

- São ótimos, eu estava mesmo precisando de uma câmera nova.

- Eu acho que é uma ótima ideia. Só se chega ao último ano da escola uma vez. Pode muito bem documentar a experiência.

- Quantas vezes você fez o último ano?

- Isso é diferente.

Chegamos então perto de Edward e ele estendeu a mão para mim. Eu a peguei ansiosa. Sua pele, como sempre, era suave, dura e muito fria. Ele apertou meus dedos com delicadeza. Olhei em seus claros olhos de topázio e meu coração sentiu um aperto não tão delicado. Ouvindo meu coração vacilar, ele sorriu de novo.

Ele ergueu a mão livre e, ao falar, acompanhou o contorno de meus lábios com a ponta do dedo frio.

- Feliz aniversário.

- Obrigada.

- A que horas você vai estar em casa? - perguntou Alice. A julgar por sua expressão, ela estava aprontando alguma coisa.

- Não sei se vou para casa.

- Ah, por favor, Kris! - reclamou ela. - Não vai estragar toda a nossa diversão desse jeito, vai?

- Pensei que no meu aniversário eu pudesse fazer o que eu quisesse.

- Eu vou apanhá-la em casa logo depois da escola - disse-lhe Edward, ignorando-me completamente.

- Tenho que trabalhar - falei.

- Na verdade, não tem - disse-me Alice, convencida. - Já falei com a Sra. Newton sobre isso. Ela vai trocar seus turnos. E me pediu para lhe dizer "Feliz aniversário".

- Vocês são inacreditáveis - suspirei, rendida - Tudo bem, então.

Alice sorriu com malícia - o sorriso largo expôs todos os dentes perfeitos e reluzentes -, depois me deu um beliscão na bochecha e desapareceu para sua primeira aula.

Ninguém se incomodou em olhar para nós enquanto assumíamos nossos lugares de sempre no fundo da sala (agora assistimos a quase todas as aulas juntos - eram incríveis os favores que Edward conseguia que as mulheres da secretaria fizessem para ele).

À medida que o dia avançava, meus amigos me desejavam feliz aniversário e de vez enquanto eu ganhava uma lembrancinha - Eric me deu um cachecol da sonserina, e eu surtei por alguns minutos.

Apesar de ter ficado muito feliz com os presentes, eu insisti que não era necessário nenhum presente de aniversário esse ano.

Nunca tive muito dinheiro, e isso nunca me incomodou. Renée criou Isa e eu com um salário de professora de jardim de infância. Charlie também não ia enriquecer com seu emprego - ele era o chefe de polícia daqui, da cidadezinha de Forks. Minha única renda vinha dos três dias da semana em que eu trabalhava na loja de artigos esportivos da cidade.

Em uma cidade tão pequena, eu tinha sorte por ter um emprego. Cada centavo que ganhava ia para meu microscópico fundo da universidade.

Edward tinha muito dinheiro - eu nem queria pensar em quanto. O dinheiro não significava quase nada para ele e para os demais Cullen. Era só algo que se acumulava quando se tinha tempo ilimitado nas mãos e uma irmã com uma capacidade misteriosa de prever tendências no mercado de ações. Edward não parecia entender por que eu fazia objeção a ele gastar dinheiro comigo - por que me deixava pouco à vontade quando me levava a um restaurante caro em Seattle, por que não podia comprar para mim um carro que pudesse atingir mais de 90km/h, ou por que eu não deixaria que ele pagasse os custos da minha universidade. Edward pensava que eu estava sendo difícil sem necessidade.

Mas como eu podia deixar que ele me desse presentes quando eu não tinha nada para dar em troca?

Na hora do almoço nós nos sentamos à nossa mesa de sempre.

Nós três - Edward, Alice e eu - sentávamos no extremo sul da mesa. Agora que os irmãos Cullen mais "velhos", e de certa forma mais assustadores (no caso de Emmett, certamente), tinham se formado, Alice e Edward não pareciam intimidar tanto e não nos sentávamos sozinhos. Meus outros amigos - Jonas, Marcos e Eric- sentavam-se com a gente do outro lado da mesa.

A tarde passou rápido. As aulas terminaram e Edward me acompanhou até a picape, como sempre fazia. Mas dessa vez ele abriu a porta do carona para mim. Alice devia ter levado o carro dele para casa, para que ele pudesse passar a tarde comigo.

Entrei na picape e afivelei o cinto.

Edward ficou mexendo no rádio enquanto dirigia, sacudindo a cabeça, desaprovando.

- Seu rádio tem uma recepção horrível.

Fechei a cara. Eu não gostava quando ele falava mal da minha picape.

- Quer um bom sistema de som? Dirija seu próprio carro. - disse, irritada. Meu tom de voz o fez apertar os lábios para conter o riso.

Quando chegamos em casa Edward se esparramou no sofá enquanto eu passava o filme de Romeu e Julieta - precisava fazer um trabalho de inglês, sobre eles.

Assim que eu me empoleirei na beira do sofá na frente dele, ele passou os braços em minha cintura e me puxou para seu peito. Não era exatamente tão confortável quanto um sofá, com seu peito duro e frio, mas com certeza eu preferia isso. Ele puxou a velha manta oriental do encosto do sofá e me envolveu com ela, para que eu não congelasse junto de seu corpo.

- Sabe, nunca tive muita paciência com Romeu - comentou ele enquanto o filme começava.

- Por que ?

- Bem, antes de tudo, ele está apaixonado por essa Rosalina... Não acha que isso o deixa meio volúvel? E então, minutos depois do casamento, ele mata o primo de Julieta. Não é muito inteligente. Um erro depois do outro. Será que ele poderia destruir a própria felicidade de uma forma mais completa?

Eu rir

- Devo admitir que tenho um pouco de inveja dele aqui - disse Edward, quando Julieta acordou e viu Romeu morto.

- Ela é linda.

Ele fez um som de repulsa.

- Não o invejo por causa da garota... Só pela facilidade do suicídio - esclareceu num tom de provocação. - Para vocês, humanos, é tão fácil! Só o que precisam fazer é engolir um vidrinho de extratos de ervas...

- Como é? - ofeguei.

- Foi uma ideia que tive certa vez e eu sabia, pela experiência de Carlisle, que não seria simples. Nem tenho certeza de quantas maneiras Carlisle tentou se matar no começo... Depois de perceber no que se transformara... - sua voz, que se tornara séria, ficou leve de novo. - E ele claramente ainda goza de excelente saúde.

Virei-me para poder ver seu rosto.

- Do que está falando? - perguntei. - O que quer dizer, essa história de que pensa nisso de vez em quando?

- Na primavera passada, quando você estava... quase morta... - ele parou para tomar fôlego, lutando para recuperar o tom de brincadeira. - É claro que eu tentava me concentrar em encontrar você viva, mas parte de minha mente fazia planos alternativos. Como eu disse, não é fácil para mim, como é para um humano.

Por um segundo, a lembrança de minha última viagem a Phoenix passou por minha cabeça. Eu podia ver tudo com tanta clareza - o sol ofuscante, as ondas de calor saindo do concreto enquanto eu corria com uma pressa desesperada para encontrar o vampiro sádico que queria me torturar até a morte.

Sacudi a cabeça - como se eu pudesse me livrar das lembranças ruins - e tentei entender o que Edward dizia. Meu estômago afundou de um jeito desagradável.

- Planos alternativos? - repeti.

- Bem, eu não ia viver sem você. - ele revirou os olhos como se este fato fosse óbvio até para uma criança. - Mas não tinha certeza de como fazer... Eu sabia que Emmett e Jasper não me ajudariam... Então pensei em talvez ir à Itália e fazer algo para provocar os Volturi.

Não podia acreditar que ele falava sério, mas seus olhos dourados estavam pensativos, focalizados em alguma coisa distante enquanto ele refletia sobre as maneiras de acabar com a própria vida. Abruptamente, fiquei furiosa.

- O que é um Volturi? - perguntei.

- Os Volturi são uma família - explicou ele, os olhos ainda distantes. - Uma família muito antiga e muito poderosa de nossa espécie. São a coisa mais próxima que nosso mundo tem de uma família real, imagino. Carlisle morou com eles por pouco tempo em seus primeiros anos, na Itália, antes de se estabelecer na América... Lembra a história?

- É claro que lembro.

Eu nunca me esqueceria da primeira vez que fui à casa dele, a enorme mansão branca bem no fundo da floresta, ao lado do rio, ou a sala em que Carlisle - pai de Edward de tantas maneiras genuínas - mantinha uma parede de pinturas que ilustravam sua história. A tela mais vívida, a mais colorida dali, a maior, era da época de Carlisle na Itália. É claro que eu me lembrava do tranquilo quarteto de homens, cada um deles com um extraordinário rosto de serafim, pintados no balcão mais alto que dava para o violento torvelinho de cores. Embora a tela tivesse séculos, Carlisle continuava inalterado. E eu me lembrava dos outros três, os primeiros companheiros de Carlisle. Edward nunca usou o nome Volturi para o belo trio, dois de cabelos escuros, um de cabelos brancos. Ele os chamou de Aro, Caius e Marcus, patronos noturnos das artes...

- De qualquer modo, não se deve irritar os Volturi - prosseguiu Edward, interrompendo meus devaneios. - A não ser que se queira morrer... Ou o que quer que aconteça conosco. - sua voz era tão calma que o fazia parecer quase entediado com a perspectiva.

Minha raiva transformou-se em pavor. Peguei seu rosto marmóreo entre as mãos e o segurei com força.

- Você nunca, nunca, jamais pense em nada parecido de novo! - eu estava quase gritando. - Não importa o que possa acontecer comigo, você não pode se machucar! Não pode simplesmente desistir assim!

- Eu jamais a colocarei em risco de novo, então esta é uma discussão inútil.

Ele deu de ombros e de repente, Edward se colocou numa postura mais formal, passando-me para o lado para que não nos tocássemos mais.

- Charlie? - adivinhei.

Edward sorriu. Depois de um minuto, ouvi o som da radiopatrulha parando na entrada de carros.

Charlie entrou segurando uma caixa de pizza.

- Oi, pessoal. - Charlie sorriu para mim. - Pensei que ia gostar de uma folga da cozinha e dos pratos em seu aniversário. Está com fome?

- Claro. Obrigada, pai.

Charlie não comentou a aparente falta de apetite de Edward. Ele estava acostumado a ver Edward desprezar o jantar.

- Importa-se se eu pegar Kris emprestada esta noite? - perguntou Edward quando Charlie e eu terminamos.

- Tudo bem... Os Mariners vão jogar contra os Sox esta noite - explicou Charlie.

Eu peguei minha nova câmera fotográfica e dei um beijo em Charlie.

- Prometo não voltar tarde - falei. Charlie sorriu e foi pra sala.

- Divirtam-se.

Edward sorriu, triunfante, e pegou minha mão para me puxar da cozinha.

Quando entramos na picape, ele abriu a porta do carona para mim de novo. Ainda tinha dificuldades para encontrar o discreto desvio para a casa dele no escuro.

Edward dirigiu para o norte, atravessando Forks, visivelmente forçando o limite de velocidade de meu Chevy pré-histórico. O motor gemeu ainda mais alto do que de costume enquanto ele o forçava a chegar a 80km/h.

- Vá com calma - alertei.

- Sabe o que você ia adorar? Um pequeno e lindo cupê Audi. Muito silencioso, muita potência...

- Lá vem você de novo.

- Isso não é justo, até o Eric te deu um presente - ele parecia irritado - Por que só eu não posso te dar um?

Eu bati uma foto dele.

- Pode me dar um presente, mas que não seja nada de exagerado.

Ele me analisou por um segundo e sorriu.

Agora estávamos parando na casa dele. Uma luz forte saía de cada janela dos dois primeiros andares. Uma longa fila de lanternas japonesas reluzentes pendia do beiral da varanda, refletindo uma radiância suave nos enormes cedros que cercavam a casa. Vasos grandes de flores - rosas cor-de-rosa - ladeavam a escada larga até a porta da frente.

Ele veio até minha porta e me ofereceu a mão.

Todos esperavam na enorme sala de estar branca; quando passei pela porta, eles me receberam com um coro alto de "Parabéns pra você" enquanto eu corava e olhava para baixo. Alice, imaginei, tinha coberto cada superfície plana da casa com velas cor-de-rosa e dezenas de vasos de cristal repletos de centenas de rosas. Havia uma mesa com uma toalha branca ao lado do piano de cauda de Edward com um bolo de aniversário cor-de-rosa, mais rosas, uma pilha de pratos de vidro e outra, pequena, de presentes embrulhados em papel prateado.

Edward, passou um braço encorajador em minha cintura e beijou o alto de minha cabeça.

Os pais de Edward, Carlisle e Esme eram os que estavam mais perto da porta. Esme me abraçou com cuidado, o cabelo macio cor de caramelo roçando meu rosto enquanto ela me dava um beijo na testa, e depois Carlisle pôs o braço em meus ombros.

- Desculpe por isso, Kris - ele sussurrou. - Não conseguimos refrear Alice.

Rosalie e Emmett estavam atrás deles. Rosalie não sorriu, mas pelo menos não me encarou. O rosto de Emmett estava esticado em um sorriso enorme. Fazia meses desde que eu os vira; tinha me esquecido de como Rosalie era gloriosamente bonita. E será que Emmett sempre fora tão... grande?

- Você não mudou nada - disse Emmett com uma falsa decepção. - Eu esperava uma diferença perceptível, mas aqui está você, com a cara vermelha de sempre.

- Muito obrigada, Emmett.

Ele riu.

- Preciso sair por um segundo. - ele parou para dar uma piscadela para Alice. - Não faça nada de divertido na minha ausência.

- Vou tentar.

Alice soltou a mão de Jasper e pulou para a frente, todos os dentes cintilando na luz intensa. Jasper sorriu também, mas manteve distância. Ele se encostou, longo e louro, no pilar ao pé da escada. Nos dias que tivemos de passar juntos em Phoenix, pensei que ele tivesse superado sua aversão por mim, mas ele voltara a agir do mesmo modo que antes - evitando-me ao máximo - no momento em que se livrou da obrigação temporária de me proteger.

Eu sabia que não era pessoal, só uma precaução, e tentava não ser muito sensível a isso. Jasper tinha mais problemas para se prender à dieta dos Cullen do que o restante deles; era muito mais difícil para ele resistir ao cheiro de sangue humano do que para os outros - ele não havia tentado por tanto tempo.

- Hora de abrir os presentes - declarou Alice. Ela pôs a mão fria sob meu cotovelo e me conduziu à mesa com o bolo e os pacotes cintilantes.

- Alice, pensei ter dito a você que não precisava de mais nada...

- Mas eu não dei ouvidos - interrompeu ela, presunçosa. - Abra. - Ela tirou a câmera de minha mão e a substituiu por uma caixa prateada grande e quadrada.

A caixa era tão leve que parecia vazia. A etiqueta em cima dizia que era de Emmett, Rosalie e Jasper. Constrangida, rasguei o papel de presente e olhei a caixa que ele abrigava.

Era algum produto eletrônico, com um nome cheio de números. Abri a caixa, esperando por mais esclarecimentos. Mas a caixa estava mesmo vazia.

- Hmmm... Obrigada.

Rosalie realmente deu uma risadinha. Jasper riu.

- É um sistema de som para sua picape - explicou ele. - Emmett está instalando agora mesmo para que você não possa devolver.

Alice sempre estava um passo além de mim.

- Obrigada, Jasper, Rosalie - eu lhes disse, sorrindo enquanto me lembrava das reclamações de Edward de meu rádio naquela tarde; tudo armação, ao que parecia. - Obrigada, Emmett! - gritei mais alto.

Ouvi sua risada estrondosa vinda de meu carro e não consegui deixar de rir também.

- Abra agora o meu e o de Edward - disse Alice, tão empolgada que sua voz era uma melodia aguda. Ela segurava uma caixa quadrada e pequena.

Eu me virei para Edward surpresa.

Emmett irrompeu pela porta.

- Bem a tempo! - gritou ele. Ele se espremeu ao lado de Jasper, que também tinha chegado mais perto do que o habitual para ver melhor.

- Não gastei um centavo - garantiu-me Edward. Ele tirou uma mecha de cabelo de meu rosto, deixando minha pele formigando com seu toque.

Me virei para Alice.

- Pode me dar.

Emmett riu de prazer.

Peguei o pacote, e suspirei enquanto passava o dedo sob a beira do papel e o puxava da fita.

- Droga - murmurei quando o papel cortou meu dedo. Puxei-o para examinar os danos. Uma única gota de sangue saía do corte minúsculo.

Então tudo aconteceu com muita rapidez.

- Não! - rugiu Edward.

Ele se atirou sobre mim, jogando-me de costas contra a mesa. Ela desabou, como eu, espalhando o bolo e os presentes, as flores e os pratos. Aterrissei na bagunça de cristal espatifado.

Jasper se lançou sobre Edward e o som era como o estrondo de pedregulhos rolando em uma ladeira.

Houve outro barulho, um grunhido terrível que parecia vir do fundo do peito de Jasper. Ele tentou passar por Edward, batendo os dentes a centímetros do rosto dele.

Emmett pegou Jasper por trás no segundo exato, fechando-o em um aperto de aço, mas Jasper lutava, os olhos desvairados e vazios focalizados só em mim.

Além do choque, também houve dor. Eu tombei no chão junto ao piano, com os braços estendidos instintivamente para me proteger dos cacos de vidro na queda. Só então senti a dor em brasa que subia de meu punho até a dobra de meu cotovelo.

Tonta e desorientada, desviei a atenção do sangue vermelho e brilhante que jorrava de meu braço - e olhei nos olhos febris dos seis vampiros repentinamente vorazes.

Continue Reading

You'll Also Like

293K 14.1K 64
• Onde Luíza Wiser acaba se envolvendo com os jogadores do seu time do coração. • Onde Richard Ríos se apaixona pela menina que acabou esbarrando e...
786K 23.9K 30
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
2.8K 218 12
Após ser expulsa de casa, Aline foi acolhida por sua melhor-e única- amiga, tendo que se mudar para a pacata cidade de Forks. Aos poucos, ao ir se ad...
144K 1K 30
Oiiee amores, uma fic pra vcs!! Irá conter: - masturbação - sexo - traição Se não gosta de nenhum dos assuntos a cima, já sabe não leia.