Amor entre o Tempo

By CarolinaGalathynius

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O que é o verdadeiro amor e quanto tempo ele pode durar? E quando as linhas do que é ou não real começam a se... More

Prólogo
Ella - 1 fevereiro de 2025

2 de fevereiro de 2025

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By CarolinaGalathynius

Heitor

Não consegui tirar aquela mulher com opiniões fortes para livros da cabeça nem por um segundo. 

Dormi pensando nela. Ou melhor, não dormi. Virei a noite lendo Orgulho e Preconceito. Odeio admitir que estava errado, mas esse livro é uma obra-prima.

Não tinha criado coragem para mandar uma mensagem para ela.

Não é porque queria encontrá-la desesperadamente que estava apaixonado. Ninguém se apaixona em um dia - acho. 

E, mesmo que estivesse amorosamente interessado, que chance teria? Ela é linda. E inteligente. E conversa bem. E eu poderia passar o dia inteiro enumerando apenas as poucas coisas incríveis que descobri sobre ela em tão pouco tempo, enquanto eu não passava de um nerd introvertido e magricelo, que passou a vida curvado entre páginas de livros e, mesmo assim, não conseguiu tirar mais do que 8,5 em matemática.

Planejei ir para a biblioteca assim que a aula acabasse. Com um pouco de sorte, ela estaria lá. Ela não disse que ia todas as tardes?

- HEITOR!- E esse foi o professor depois de ter cobrado a minha resposta três vezes. 

- Sinto muito, professor. Eu não ouvi a pergunta, o senhor poderia por obséquio repeti-la?

- Prestar atenção nas aulas é algo fundamental na vida de qualquer estudante. Como você espera ter seu conhecimento sobre o sistema genital masculino aprofundado se nem ouve meus questionamentos?

- Eu não espero - murmurei.

Aparentemente, não foi baixo o bastante.

- Já para fora da minha sala. E não apareça mais por hoje! Você tem que aprender que suas ações tem consequências. 

Ações, tive que me segurar para não revirar os olhos. Três garotos atrás de mim estavam no Instagram, duas meninas estavam falando "que saco de aula" uma para outra e perguntando o horário para uma terceira. Qual foi minha grande ação além de desviar meus pensamentos por poucos segundos?

Não me entenda mal: adoro biologia, mas sabia tudo o que o Sr. Hamilton ensina desde que tinha dez anos.

Pelo menos, consegui ir à biblioteca mais cedo. 


Ella

Estava na biblioteca há quase duas horas e ainda não tinha conseguido decidir qual livro levar: Cidade da Lua Crescente estava praticamente me chamando do seu lugar na prateleira, mas resisto a tentação, porque sabia que se levasse um livro com +18 escrito na capa para casa, minha mãe ia dar um jeito de queimá-lo antes que eu consiguisse abrir a primeira página.

Se não fosse aquele aviso, ou se ele pelo menos fosse na parte de dentro, eu já teria lido esse livro há três anos.

Me perguntava se Heitor já o tinha lido. Arg. Por que eu estou pensando nele de novo? Eu não sei nem por que a opinião dele importaria para mim...

- Oi.

Gritei.

Depois de terminar de rir, ele falou:

- Shhh. Não queremos que ninguém venha reclamar.

- Heitor - eu mal reconheci minha voz. Ela estava melosa, detestei isso.

- O próprio -foi sua resposta, acompanhada de um sorriso.

Nessa hora, fiquei repetindo para mim mesma que há pouco mais de um dia não acreditava que podíamos ser amigos.

- Você pode chamar de outra coisa que não amigos, então - percebi que tinha dito aquilo em voz alta. O sorriso continuava em seu rosto, não sei se isso melhorava ou piorava a situação.

- Eu queria convidar você para tomar um sorvete comigo -

- Claro!

- Sério?

- Sim! Na verdade, eu acho que tenho que pensar e ... - Tentei completar a frase, me lembrando do conselho da minha tia-avó Gertrude sobre nunca aceitar nada de primeira.

Pensando melhor, acho que seria mais prudente considerar aceitar menos conselhos românticos de alguém que tem três quartos de século de idade.

Para minha sorte, ele apenas revirou os olhos, pediu para que eu o seguisse e disse:

- Vamos, conheço um lugar não muito longe daqui.

Heitor 

É no momento que uma pessoa te encara esperando que você fale algo que você começa a se amaldiçoar por suas habilidades sociais serem inexistentes. Sim, você, no caso, sou eu.

Eu já tinha conversado mais com ela no dia anterior do que com todas as pessoas com quem me encontrei no outro ano juntas.

Parando para pensar, Ella não parecia se incomodar com o silêncio, mas qual outra razão ela teria para me encarar quando pensava que eu não estava vendo?

Quando pisei no primeiro degrau da sorveteria, ela já estava lá dentro pegando o pote G+. Ela olhou todos os sabores e escolheu... Iogurte natural? Quem come esse tipo de coisa? É saudável. Ninguém vai à uma sorveteria procurando algo saudável.

Cheguei por trás e perguntei:

- Você está de dieta?

Ela não respondeu e avançou para a mesa de coberturas, onde colocou rios de calda de caramelo, morango e chocolate, estrelinhas e granulado colorido no seu sorvete.

- Nada de dieta, então.

Dessa vez, ela respondeu:

- Esse é o melhor jeito de tomar sorvete, por mais que eu respeite quem prefere diferente.

Quando Ella se aproximou do caixa, colocou mais leite condensado e em pó no seu pote.

Ella

Paguei meu sorvete e escolhi uma mesa.

Em pouco menos de três minutos, Heitor se sentou comigo (ele tinha pego três bolas de chocolate, duas de creme e quatro de creme paris).

- Eu pretendia pagar para você.

- Ah. Desculpe, acho.

- Não precisa pedir desculpas - ele revirou os olhos. - Então... - Ele limpou a garganta.

- Procurando assunto?

Quando ele não respondeu, tentei iniciar eu mesma a conversa.

- Qual é seu livro favorito do Shakespeare?

- Medida por Medida. É apenas possível imaginar o escândalo que foi para a época que ela foi publicada, considerando que os temas que aborda são sensíveis até hoje.

"Eu adoro diversas peças dele, mas essa, sem a menor sombra de dúvidas, fica no topo da minha lista."

- A minha é Muito Barulho por Nada, se eu tiver que escolher apenas uma. Também gosto muito de Otelo, A Tempestade, Sonho de Uma Noite de Verão, Noite de Reis... Acho que eu poderia nomear mais umas cinco apenas para a posição de peça favorita.

"A única que não gostei foi Um Conto de Inverno".

- Primeiramente, é um absurdo sem precedentes você colocar Muito Barulho por Nada como a sua peça favorita. Segundo, é igualmente ilógico falar que não gostou de Um Conto de Inverno.

Depois de eu falar por trinta segundos, ele começou a rir.

- Vamos prometer uma coisa: nunca brigar seriamente sobre nada além de livros e sorvete.

- Isso assumindo que vamos nos encontrar mais vezes?

- É claro que vamos! Nós somos almas gêmeas, afinal. Em dez anos, quando estivermos casados e com três filhos, eu vou virar para você e falar 'avisei'.

- Isso é uma variação de um trecho de Todas As Suas Imperfeições. Outra coisa: não quero ter filhos. Nunca.

- Você promete que não vamos brigar assim sobre mais nada além de livros e sorvete?

Meu celular apitou:

Seu avô chegou. Venha para casa em dez minutos, caso o contrário te proíbo de chegar depois das 13 pela próxima semana.

- Tenho que ir, nos vemos por aí. 


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