STOLEN [ INTERSEXUAL ] SARIET...

By steisboss

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Sarah e Carolline, gêmeas univitelinas, fisicamente idênticas. Durante muito tempo a conexão entre as duas f... More

DESIGUAIS
SEGREDOS
ALUCINADA
PERIGOSO
JOGO
INEVITAVEL
MEDO
CHEQUE-MATE
CONFIANÇA
CONFESSANDO
A QUEDA
A BRINCADEIRA VAI COMEÇAR
INESPERADO
JULGAMENTO
ARRISCADO
MENTIRAS
ÚLTIMA CHANCE
NEGÓCIOS
RECOMEÇAR
PASSADO

TESTEMUNHA

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By steisboss

OIIIII MEU POVOOOOO. Olha quem apareceu?
Esse capítulo tá babado, confusão e gritaria.

COMENTEM

POV JULIETTE

FLASHBACK ON

Aquela era mais um madrugada em que eu era acordada no meio da noite por mais um dos pesadelos de Luísa. A mesma estava no quarto em prantos enquanto eu estava na cozinha enchendo de açúcar um copo de água. Precisava tentar acalma-la mais uma vez.

Peguei o copo com água e fui até seu quarto, ela estava deitada de bruços na cama, seus olhos vermelhos, sua feição era neutra, lembranva um pouco quando a encontrei naquela floresta, desolada. Aquilo doía em mim. Não sabia o que podia fazer para ajudá-la. O que mais eu poderia fazer para que aquela mulher superasse que foi estuprada e quase morta? Já havia se passado meses.

E pra piorar, Luísa tinha descoberto a uns dias que estava grávida de 5 meses. Os médicos não nos informaram sobre isso, talvez por um erro. Luísa agora estava pior, carregava dentro dela o fruto de um estupro. O que eu poderia fazer? Eu não fazia ideia. Por isso eu ficava ali, dia e noite, sem dormir, sem me alimentar direito, mal estava indo a escola. Parei minha vida pra cuidar de uma mulher que eu mal conhecia, mas algo dentro de mim me puxava para ela, como se fosse meu dever fazê-la superar aquilo. Luísa não tinha família, seus pais estavam mortos. Até onde eu sabia, ela tinha uma tia que mandava dinheiro pra ela, mas essa mulher não sabia de nada. Definitivamente eu era a única pessoa que sabia do estado dela. Eu não podia deixá-la sozinha.

- Toma. - Estendi o copo de água com açúcar. Luísa se sentou na cama lentamente. Seus cabelos bagunçados, o olhos úmidos, seu rosto sujo pelo lápis de olho borrado.

- Isso nunca vai parar, não é? - Luísa falou baixo. Encarava um ponto fixo na parede. Eu estava em pé ao lado da cama. Alisei seus cabelos e desci meus dedos até seu rosto na intenção de secar suas lágrimas. Eu sentia muito por ela, era difícil pra mim. Eu só queria que sua dor passasse.

- Eu estou aqui. Você não tá sozinha. Vamos superar isso juntas. - Me sentei ao lado dela na cama e a encarei. Estávamos próximas. Ficar perto de mim parecia acalma-la. - Você precisa voltar pra terapia. Precisa entender o que está acontecendo, Luísa. Não pode simplesmente ignorar o fato de que está grávida do seu maior pesadelo.

- Eu não quero tirar, Ju. - Luísa falou e eu suspirei. Continuei a encarando sem saber o que dizer. Obviamente que era uma escolha dela, mas eu sabia que Luísa não estava nas melhores condições pra tomar decisões sobre si mesma. - Eu posso ignorar o fato de que é filha de Carolline. Essa criança pode ser minha única companhia. Minha única família.

- Olha, eu te prometi que estaria do seu lado, certo? - Luísa assentiu devagar. Seus olhos vermelhos se enchendo de lágrimas de novo. Aquele assunto era delicado, eu sabia. Mas precisava a impulsionar a tomar uma decisão. - Eu quero te ajudar, mas eu preciso que você se ajude também. Por favor, vamos pra terapia. Eu vou com você. Faço o que for necessário pra que você se sinta confortável. - Falei calmamente, talvez assim eu a convencesse.

Luísa achava que sofria ainda mais na terapia por ter que se abrir e falar do ocorrido. Era doloroso pra ela. Sua zona de conforto era ficar quieta fingindo que nada aconteceu, mas os pesadelos eram inevitáveis. Ela não saia de casa, e se ao menos visse alguém parecido com Carolline, entrava em pânico. Ela estava sofrendo de depressão e estresse pós traumático.

E eu estava ali, a meses sem conseguir deixá-la sozinha. Eu sabia que não tinha obrigação, Luísa não era minha parente, nem minha amiga antes do ocorrido. Mas ela era mulher. E desde que a encontrei e soube de tudo que fizeram com ela, algo me prendeu ali. Eu não sabia o que me ligava a ela, mas era forte, muito forte. Eu faria qualquer coisa por ela.

- Eu volto pra terapia, posso fazer esse esforço. - Ela levou uma de suas mãos até o meu rosto e fechei meus olhos suspirando fortemente. Tinha um fio de esperança que tudo pudesse ficar bem.

Abri meus olhos e vi que ela
me analisava, sua mão ainda estava em meu rosto. Fiquei parada esperando seu próximo atoa. Meu coração acelerou instantaneamente quando ela encarou meus lábios, seu rosto se aproximando. Segurei sua mão em meu rosto e me afastei um pouco. Ela agarrou um nuca encostando sua testa na minha. Fechei os olhos fortemente fazendo o possível pra não fraquejar. Eu não podia fazer aquilo por mais que eu quisesse.

- Não faça isso. - Pedi em um fio de voz. Ela parecia agoniada. Sua respiração quente se misturando com a minha. Seus lábios roçaram nos meus e me senti fraca. Meus pensamentos em conflito entre querer e achar tudo aquilo muito errado. Luísa estava vulnerável, eu não podia fazer aquilo.

- Me deixa te mostrar como pode ser bom. - Luísa sussurrou e senti os pelos do meu corpo arrepiados. Ela roçava o nariz no meu, sua boca tocava a minha vez ou outra. Parecia que ela estava me possuindo de tanto desejo.

- Por favor, não faz isso. - Pedi me afastando um pouco a todo custo. - Você não está bem. - A encarei tentando me afastar e Luísa ficou me olhando de forma estranha. Era sempre a mesma coisa. Não era a primeira vez que Luísa tentava me beijar. Eu ficava no conflito de fazer ou não, mas sabia que aquilo não era certo.

- Não posso ter alguém por que fui estuprada? É isso? - Ela disse nervosa se afastando de mim bruscamente. Respirei fundo a puxando pelo braço pra perto de mim de novo, mas ela relutava.

- Você pode ter quem quiser quando estiver mentalmente saudável pra isso. Não posso me aproveitar da sua vulnerabilidade. - Falei verdadeiramente e ela suspirou parando de relutar. A puxei para perto de novo e ela enfiou seu rosto em meu pescoço se agarrando a mim. Senti quando ela voltou a chorar. Fechei os olhos respirando fundo. Era muito difícil lidar com ela, e ficava cada dia pior. Eu me sentia esgotada. Ela parecia estar um bagunça e eu não sabia como arrumar.

- Eu não estou confusa, Juliette. Eu gosto de você.

- Para de falar isso. Sou a única pessoa que você tem, você está confundindo as coisas. - Me arrastei um pouco deitando na cama e ela continuou abraçada a mim.

- Eu nunca mais vou ter nada na minha vida, tudo graças a ela. - Luísa chorava e eu sentia um aperto no peito. Eu odiava tanto Carolline pelo que fez com Luísa, eu mal podia explicar. Odiava ouvir seu nome, odiava vê-la com aquele sorriso cinico no rosto, sempre se aproveitando das pessoas e se achando melhor que elas. Eu a odiava. - Não é justo ela viver normalmente enquanto eu não consigo nem sair na rua, não é justo.

- Se acalma. - Pedi a abraçando como se isso fosse a confortar de alguma forma. - Ela vai pagar pelo que fez. - Falei friamente encarando a parede. Eu não sabia como e porque tinha tanta vontade de ver Carolline sofrendo. Ela estava impune vivendo sua vida depois de ter estuprado e quase matado uma mulher. Luísa se levantou e se sentou na cama, fiquei a encarando esperando o que ia dizer.

- Eu não vou viver em paz enquanto Carolline não ter o que merece. - Luísa falava encarando um ponto fixo na parede, parecia estar pensando ou criando mil coisas em sua cabeça.

- O que quer fazer? - Perguntei curiosa. Eu tinha a mesma sede que ela de vingança.

- Quero que ela sofra.

- Quer denuncia-la? Sabe que não temos provas contra ela, não é? - Lembrei e Luísa me encarou.

- Temos sim. - Ela disse e tocou sua barriga. O bebê era a prova do estupro. - Mas eu não vou denuncia-la agora. - Luísa sorriu parecendo estar criando mil planos malignos contra Carolline em sua mente. - Seria muito fácil colocar ela na cadeia. Ela tem que sofrer antes, ela e Sarah. É tudo culpa delas.

- Sarah também? - Perguntei confusa.

- Você acha que ela não sabe o que a irmã faz? É óbvio que ela sabe. São farinha do mesmo saco, definitivamente.

- Você conhece a duas, certo? Se envolveu com elas. Vingança é um prato que se come frio, Luísa. Pense bem, o que mais atingiria as duas? Temos que pensar, ir devagar. Quando tivemos tudo em mente, a gente começa a brincar.

- As duas são podres. Carolline tem inveja de Sarah. Muita. Você não imagina o que essa mulher é capaz só pra não perder pra irmã dela. - Luísa falava e eu analisava todos os fatos e todas suas palavras. Talvez não fosse tão difícil foder as duas. Encarei Luísa e suspirei sorrindo.

- Acho que sei o que podemos fazer.

FLASHBACK OFF

...

- Ok. Pode deixar ela subir. - Desliguei o interfone e suspirei forte. Encarei as mulheres sentadas pela sala, todas conversando distraídas.

Estavam ali Luísa, Mari, Lara, Thaís, Annalise e Gizelly. Annalise era advogada e Gizelly sua assistente. Por que elas estavam ali? Pois bem, Sarah estava subindo nesse momento e eu iria contar tudo a ela, tudo que ela precisava saber, algumas coisas que faltavam. Não podia deixar de sentir medo, estava nervosa. Tinha escondido muitas coisas dela e agora não sabia se tinha sido uma boa ideia.

- Ei... - Vi Luísa se aproximando. Eu estava perto da porta esperando Sarah. - Se acalme. Vai dar tudo certo, ela não vai ficar com raiva de você.

- Claro que vai. - Falei encarando qualquer canto. Sentia a tensão sobre mim, precisava me concentrar. Precisava esquecer do meus sentimentos por Sarah pelo menos naquele momento.

- Não vamos perder o controle da situação agora, Julie. Está acabando. - Ela me puxou para perto tentando me abraçar, mas nem ao menos me movi. Eu realmente estava tensa. Ouvi batidas na porta e Luísa me soltou se afastando logo depois.

Abri a porta e encarei Sarah. Ela estava séria, muito séria. Parecia tão tensa quanto eu. Me controlei muito para não suspirar em satisfação quando seu cheiro me invadiu. Ela estava linda como sempre. Seus cabelos presos em um rabo de cavalo, uma calça jeans escura, uma camisa longa e tênis brancos nos pés. Por Deus, eu só queria arrancar todas suas roupas e-

- Oi. - Ela falou me tirando de meus pensamentos maldosos com ela. Tentei sorrir de alguma forma dando passagem a ela. Fechei a porta atrás de mim e me virei. Sarah estava paralisada encarando as pessoas sentadas na sala do apartamento de Luísa. Tinha isso ainda, todas a encaravam de volta. Ela se virou e agora me olhava como se tivesse um enorme ponto de interrogação em cima de sua cabeça.

- É melhor se sentar, Sarinha. - Luísa falou e segurei na mão de Sarah a incentivando a sentar em uma poltrona no canto da sala. Ela parecia realmente confusa com aquela situação.

- O que diabos está acontecendo aqui? - Sarah perguntou alisando os cabelos. Era muita informação pra ela, eu teria que ter paciência.

- Tá passada? - Luísa falou e eu a encarei com um olhar fulminante.

- A famosa Sarah Andrade... - Annalise se levantou do sofá e se aproximou de Sarah. - É um prazer finalmente conhecê-la pessoalmente. Me chamo Annalise, sou a advogada que vai colocar sua irmã na cadeia. Já ouvi falar muito sobre você. Algumas coisas boas, outras ruins. Você já ficou com todas dessa sala mesmo? - Annalise perguntou a Sarah que parecia ter parado no tempo. Fechei os olhos esfregando o rosto. Seria mais difícil do que eu pensava.

POV SARAH

Confusão. Era tudo que tinha na minha mente agora. Eu estava encarando aquela mulher tentando entender aquela situação. Mari me olhava de cara feia, Lara também, Thaís parecia estar em outro planeta. Por que pareciam estar com raiva de mim? Eu só queria entender.

- Eu... Eu.. É.. Desculpa. Eu estou muito confusa. Por que todas estão aqui? - Perguntei finalmente. Eu estava muito nervosa. Sabia que talvez fosse descobrir muitas coisas hoje, precisava estar preparada. Mas eu não estava com medo, agora sabia quem era minha real inimiga.

- Não é obvio? - A advogada sorriu e encarou as meninas. - Essas meninas foram abusadas por sua irmã. - Ela disse e engoli seco. - Luísa foi estuprada e quase morta. Lara se negou a ter relações e ela a estuprou. Thaís foi estuprada enquanto dormia e Mari, bom, não foi graças a você. - Ela dizia tudo aquilo com naturalidade como se não fosse a coisa mais terrível do mundo.

- Sarah, nós queremos que sua irmã seja presa. - Juliette falou calmamente e eu a encarei. - Antes era só eu e Luísa. Mas depois começamos a ver que sua irmã fazia isso com outras pessoas. Não era intenção envolvê-las também, mas precisamos delas. É a única forma de parar Carolline.

- Como isso começou? - Perguntei a encarando seria. Eu sabia que Juliette tinha mentido pra mim em muitas coisas, não sabia se estava preparada para escutar, mas precisava ser forte.

- Eu ainda acho que não deveríamos confiar nela. - Mari falou chamando minha intenção. Ela não falava comigo mais, e seu tom mostrava claramente que ela estava com raiva, só não sabia o porque.

- Mari, por favor... - Luísa tentou dizer, mas foi interrompida por Lara.

- Mari está certa. Ela sempre encobriu os erros da irmã. Vai ver é como ela. - Lara disse a franzi a testa. Mas que diabos estava nelas?

- O que? Eu não sou como Carolline.

- Tem certeza que não? Pra mim quem encobre um estupro é pior que o estuprador. - Mari falou se levantando e Juliette se aproximou tentando acalma-la. Eu estava um pouco em choque, não sabia o que dizer. A advogada olhava tudo atentamente. Sua assistente anotava tudo em um caderno. Eu não sabia o que estava acontecendo ali.

- Nós já sabemos que ela não é como Carolline, se não ela nem estaria aqui. - Juliette tentava dizer a Mari, mas a mesma de recusava a escutar.

- Você diz isso porque está apaixonada por ela. Coisa que você não se importou de fazer mesmo sabendo que ela estava comigo. - Mari cuspiu as palavras e Juliette fechou os olhos respirando fundo. Eu não conseguia dizer nada. Simplesmente minha vida estava sendo exposta ali e eu estava assistindo com medo de apanhar de todas aquelas mulheres.

- E que comece o casos de família. - Luísa riu e revirei os olhos.

- Então a Juliette e a Sarah estão tendo um caso... - A advogada disse, estava muito séria. Aquela mulher me dava medo. - Por que não fui informada sobre isso?

- Não achei que fosse necessário. - Juliette falou sem encara-la e Annalise arqueou as sobrancelhas.

- Jura? Está se envolvendo com a irmã da sua namorada que você quer jogar na cadeia com várias acusações que quase não temos provas. Qualquer um pode achar que isso é simplesmente um complô contra Carolline pra vocês duas ficarem juntas.

- Mas isso não é verdade.

- Peraí, a Sarah e a Juliette estão se pegando? - Thaís perguntou confusa e começou um falatório entre elas. Pelo jeito nem todas sabiam do meu rolo com Juliette. Me encostei na poltrona tentando relaxar. Onde diabos fui amarrar meu burro.

- Já chega. - Juliette falou alto e as meninas ficaram quietas. Ela parecia estar se estressando por a situação estar saindo do controle dela. Fiquei a observando. Queria saber seus próximos passos. Ela parecia ser tão bem articulada que chegava a ser excitante. - Não viemos aqui pra discutir minha relação com Sarah, e é algo que só diz respeito a nós duas. Sinto muito se já ficaram com ela e não deu em nada. - Ela encarou Mari que desviou o olhar dela. - Isso não é uma competição. Nada disso estava nos meus planos, muito pelo contrário.

- Por que "muito pelo contrário"? - Perguntei curiosa. Eu já sabia que fazia parte de seus planos que eu me fudesse junto com Carolline. Mas queria saber o porque já que a mesma tinha mentido dizendo que não tinha intenção de me envolver em seus planos.

Juliette me encarou e respirou fundo. Parecia pensar muito antes de falar. Parecia ter medo. Ela sabia que eu ia ter raiva, esperava que eu tivesse uma reação que eu não ia ter. Sinceramente, nada que ela dissesse me surpreenderia mais. Aquela situação já era o auge pra mim. Mas me mantive seria a encarando. Se meu medo a excitava, o dela estava esquentando meu corpo.

- Íamos usar você pra atingir sua irmã. Como? Eu ia namorar com ela, trair ela com você. Deixar as duas apaixonadas, coloca uma contra a outra. E depois colocaria Carolline na cadeia. E vocês viveriam um lindo inferno de vida igual Luísa estava vivendo por causa de vocês. - Juliette falou tudo em um fôlego só e eu estava paralisada como se tivesse tomado um soco no estômago. É, eu estava enganada, eu poderia ainda me surpreender com ela.

- Sério, vocês podem esperar 5 minutos pra continuar a conversa? - Luísa falou e todas a encaramos.

- Pra que? - Thaís perguntou e ela foi saindo indo em direção a um corredor.

Todas ficaram se olhando em um silêncio absurdo. Fiquei um tempo pensando. Aquela informação martelava na minha cabeça. Era tudo um jogo pra ela? Eu estava certa? Ela estava me usando. E se nada fosse real? Ela me usou pra atingi-la. Eu estava me entregando e ela estava me usando. Nada era real. Nossos momentos. Nada.

- Mas que porra... - Exclamei me levantando da cadeira e todas me olharam assustadas, mas eu só conseguia enxergar Juliette. - Você mentiu. Você... Você me enganou esse tempo todo...

- Sarah...

- Cala a boca. Tudo que a gente teve... Meu Deus! Tudo aquilo era mentira. Meu Deus!

- Eu pedi pra me esperar, caralho! - Ouvi a voz de Luísa vindo do corredor com um bacia de pipoca. Por Deus, ela estava me irritando.

- Você foi fazer pipoca? - A advogada perguntou e Luísa se sentou no sofá.

- Mas é claro. - Ela encheu a boca de pipoca e nos encaramos. - Vai. Pode continuar.

- Luísa, da pra você levar isso a sério? - Mari a repreendeu e ela levantou as mãos em rendição.

- Sarah, entenda uma coisa, não foi tudo mentira. - Juliette dizia e eu sentia minha garganta apertar. Eu não conseguia acreditar nela. Só conseguia pensar em como fui idiota em achar que ela gostava de mim.

- Você acabou de dizer que você quis fazer eu me apaixonar porque queria me colocar contra Carolline.

- É. Divide essa pipoca comigo. - A advogada falou indo se sentar ao lado de Luísa. Todas estavam me irritando. Pareciam se divertir com aquilo. Mas eu simplesmente estava destruída por dentro.

- Podemos conversar em outro lugar? - Juliette perguntou e respirei fundo tentando achar qualquer resquício de calma para escuta-la, pois minha vontade era ir embora dali e nunca mais ve-la.

- Ahhh, é sério? Conversem aqui. - Luísa falou e revirei os olhos. Juliette foi me puxando pela mão para o corredor. Passamos por um quarto e estranhei ao ver um berço ali já que não vi nenhuma criança na casa. Juliette me levou até a cozinhar e me encostei na pia esperando que ela falasse.

- Se você sair da defensiva vai ser muito mais fácil de me entender. - Juliette falou parando na minha frente e eu neguei com a cabeça. Ela só podia estar brincando comigo.

- Você tem alguma noção do que acabou de me dizer?

- Sim. Eu tenho. Eu vi tudo que Luísa passou pra superar o que aconteceu com ela. Tudo que eu queria era que vocês duas se fodessem mesmo. É muito difícil eu errar, Sarah. Eu pensei em tudo, cada detalhe, tudo por vingança. Tinha odio de vocês. Mas sabe de uma coisa? Eu errei. Não sou tão esperta assim, não sou tão inteligente. - Ela agora parecia segurar pra não chorar. Seus olhos lacrimejando. Fiquei quieta a escutando. - Eu errei sobre você. Vi que você também era uma vítima dela. Vi que você estava perdida fazendo coisas pra atingi-la sem que ela ao menos soubesse. Vi que você tem medo dela, que deixa ela te manipular porque é mais fácil do que você enfrentar seu próprio pesadelo. E ai eu fraquejei. Mas não foi só isso. Foi você também. Como eu poderia estar perto de você e não me apaixonar?

- Não minta pra mim, Juliette.

- Eu não estou mentindo. - As lágrimas agora caiam livres em seu rosto. - Eu me apaixonei por você. Me vi perdida. Como eu contaria isso pra Luísa? O que eu poderia fazer? Quando eu disse que você não estava nos meus planos, eu estava falando a verdade. Não estava nos meus planos querer você tanto como eu quero.

Ela parou de falar e fiquei a encarando. Meus pensamentos estavam no conflito entre acreditar e não acreditar nela. Mas ela parecia estar falando a verdade pela primeira vez. Seu desespero em me falar aquilo. Era a primeira vez que eu a via tão vulnerável. Não se parecia mais com a mulher forte e casca grossa que era normalmente. Só restou uma garota frágil falando sobre seus sentimentos na minha frente.

- Eu não sei o que dizer. Acho que preciso de um tempo pra pensar. - Foi o que consegui dizer. Eu estava realmente confusa.

- Desculpa, mas eu não tenho mais tempo. - Ela se aproximou e suas mãos foram parar na minha cintura. Senti um choque percorrer meu corpo pela proximidade. Fiquei observando seu rosto, tão linda. Era assustador gostar tanto de alguém e ter medo ao mesmo tempo. - Faça isso ser mais fácil, Sarah. Vamos pensar no agora, no que eu sinto agora.

- Não sei se consigo fazer isso. - Tentei afasta-la, mas ela me segurou com força. - Juliette...

- Por favor. - Ela disse baixo e desviei o olhar do dela. A quem eu queria enganar? Eu até tentava fugir, mas algo me puxava pra ela, algo forte, eu mal podia entender. - Só... Tenta. Podemos ir devagar. Sei que as coisas vão ficar tensas agora, mas eu quero que nossa relação fique de fora disso. E quando acabar será só eu e você.

Suspirei ao ouvir aquilo, era tudo que eu mais queria. Só queria que tudo acabasse e que eu pudesse ficar com ela em paz, longe de todos. Sem controlar meus impulsos, aproximei meu rosto do seu e colei nossos lábios. Eu não conseguia dizer nada, talvez meu ato fosse a resposta que ela precisava. Segurei com delicadeza sua nuca com as duas mãos e suspirei em seus lábios. Eu não sabia direito onde estava me metendo, mas por ela valia o risco. Eu não conseguia me controlar, estava apaixonada por ela.

- Iiiih, já tão se comendo, gente. Tudo certo no mundinho Sarah e Juliette. - Fomos interrompidas por Luísa entrando na cozinha aos berros. Juliette se afastou de mim me fazendo xingar mentalmente.

- Luísa, por Deus, vai acordar Eloá. - Juliette falou baixo e franzi a testa.

- Quem é Eloá? - Perguntei e Luísa ficou séria. As duas ficaram se olhando. Eu só queria entender. Juliette segurou minha mão e me encarou.

- Sem segredos daqui pra frente. - Ela foi me puxando de volta pra sala, as meninas todas estavam jogadas no sofá com cara de tédio. Me sentei novamente na poltrona. Eu estava confusa de novo. Por Deus, minha cabeça estava doendo tentando entender.

- Por favor, se tiver mais alguma coisa que eu precise saber, me falem. - Falei e elas se ajeitaram no sofá. Annalise se levantou parecendo exausta de ficar ali.

- Vamos lá, me deixe ver... - Ela ficou olhando alguns papéis em sua mão. - Então, Sarah. Essas meninas vão denunciar sua irmã. - Engoli seco. Por Deus, aquilo não ia acabar bem. - Temos algumas provas contra ela, mas a maior testemunha dos atos dela é você.

- Por que eu?

- Você a viu tentando estuprar Juliette e Mari. Vamos precisar do seu depoimento contra ela. - Ela falava e minha cabeça estava tentando processar aquela informação. Sem ao menos perceber comecei a tremer. Tentei disfarçar meu nervoso. Eu teria que depor contra minha irmã, isso poderia causar muitos problemas com minha família. Minha mãe principalmente, era a que mais escondia os erros de Carolline.

- Isso não vai acabar bem. - Falei nervosa e a advogada arqueou as sobrancelhas. As meninas me olhavam e isso só estava me deixando mais nervosa. - Não posso depor contra minha própria irmã.

- É o que? - Luísa exclamou e respirei fundo.

- Eu disse que não devíamos confiar nela. - Mari falou e comecei a sentir minha cabeça doer.

- Isso já era óbvio. Como achamos que ela nos ajudaria se ela passa pano pra irmã? - Agora foi a vez de Lara falar. Thaís apenas observava tudo assustada.

- Eu não apoio nada que ela faz só que é difícil pra mim. Minha mãe não vai aceitar isso. - Tentei dizer, mas elas falavam junto comigo. Juliette e Annalise estavam quietas apenas me encarando.

- Não tem por que você ter medo. Ela vai ser presa! Você não vai sofrer mais com ela, Sarah. - Luísa falou nervosa e levei as mãos até a cabeça tentando pensar. Só conseguia pensar na minha mãe. Ela sabia de tudo que Carolline fazia. Ela sabia ainda mais que eu, e escondia. Eu não entendia o porque. Só conseguia sentir medo.

- Vocês não tem provas contra ela. Se eu depor contra Carolline e ela continuar solta minha vida vai virar um inferno! - Exclamei irritada e me levantei daquela poltrona. Sentia meus olhos ardendo. Eu estava com muito medo de me envolver nisso. Não ia acabar bem e sobraria pra mim como sempre.

- Não temos provas? É prova que você quer? - Luísa falou irritada e foi para o corredor sumindo da minha vista. Juliette se aproximou de mim, parecia assustada.

- Eu sinto muito. - Ela disse e a olhei confusa. Vi Luísa vindo na minha direção com uma criança em seu colo. O bebê com cara de sono, parecia ter sido acordada por Luísa. Ela simplesmente colocou o bebê em meu peito e eu segurei de qualquer jeito assustada.

- Tá aí sua prova. - Annalise falou e eu encarei aquele bebê. Aquela criança me olhando com aqueles olhos verdes enormes e eu não fazia ideia de quem ela era.

- Essa é Eloá. Filha de Carolline. Meses depois do estupro Luísa descobriu que estava grávida. - Juliette disse calmamente. Entreguei aquela criança a Juliette e me afastei dela. Levei as mãos até a cabeça, estava latejando, eu poderia perder os sentidos a qualquer momento. Juliette colocou a criança no sofá ao lado de Thaís e se aproximou de mim.


- Meu Deus, isso não pode estar acontecendo. - Tentei controlar a respiração. Minha irmã tinha uma filha e nem fazia ideia. Aquela criança. Eu não conseguia raciocinar. Queria sair dali, queria ir embora. Eu precisava ir embora.

Sem pensar muito bem tentei passar por elas, queria sair dali, mas fui impedida pela assistente da advogada. Juliette também entrou na minha frente. Eu precisava ir embora. Não queria continuar naquilo.

- Sarah, melhor se acalmar. - Ouvi a voz de Annalise e a encarei. Ela falava calmamente e isso estava me tirando do sério. - Eu não quero ter que apelar pra chantagem, mas se assim você preferir...

- Do que você está falando?

- Annalise, isso não é necessário, deixe vou conversar com ela. - Juliette disse nervosa.

- Estou a meses aturando vocês esperando vocês concluírem esse plano de merda pra colocar aquela abusadora na cadeia. Já estou de saco cheio. Não me importo se você resolveu se envolver com a irmã de Carolline. Ela vai pra cadeia de qualquer maneira. E se Sarah não colaborar, ela vai junto. - Ela falou me encarando e por algum motivo senti medo de suas palavras.

- O que? Eu não fiz nada com ninguém. Do que diabos você está falando?

- Você encobriu. Tenho um vídeo da escola de vocês duas correndo depois de Mari ser quase estuprada. Posso dizer que as duas estavam juntas. Mari já não está muito boa com você. - Ela dizia e seu tom irônico não passou despercebido. Eu estava em choque.

- Annalise, por favor! - Juliette exclamou irritada.

- E ai, Sarah Andrade. Vai ser testemunha ou cúmplice? Você escolhe.

POV CAROLLINE

- Sua chamada está sendo encaminhado para caixa postal... - Bufei pela milésima vez ao ligar pra Juliette. Ela não me atendia, nem Sarah. Eu estava com medo, muito medo.

- O carro das duas estavam em frente ao prédio de Luísa. Eu sei o que eu vi. - Minha mãe disse e comecei a tremer involuntáriamente. Elas estavam armando pra mim, agora eu tinha certeza. Eu estava ferrada.

- Você tem certeza disso? - Perguntei me colocando de pé na sala da minha casa. Percebi a um tempo que Juliette tentava se aproximar de Sarah. Graças a minha mãe, também descobri que Juliette era amiga de Luísa. Ela estava tentando colocar minha irmã contra mim. Tentei ao máximo manter Sarah próxima a mim para que não acreditasse no que Juliette podia contar a ela, mas pelo jeito, era tarde demais.

- Não vou deixar que Sarah te prejudique. - Minha mãe disse nervosa e eu suspirei. Sabia que tinha feito coisas erradas, mas não podia imaginar o que elas estavam armando contra mim. - Você não tem culpa do que fez. Você tem traumas.

- Mãe, se acalma. - Me aproximei dela segurando seu rosto. Ela estava chorando. Era mais fácil manipula-la do que a Sarah. Então eu a usaria contra minha irmã. - Se Sarah trair a própria família é porque não deveria estar nessa casa. Eu só vou ter você, mãe. Juliette e Luísa provavelmente estão enchendo a cabeça de Sarah de mentiras.

- Se ela fizer qualquer coisa contra você, vai estar fazendo contra mim também. Eu não vou deixar. Eu prometo. - Minha mãe disse e eu sorri. A abracei com força encarando a parede. Eu precisava agir, e rápido.

...

POR ESSA VCS NÃO ESPERAVAM

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