13:00 / 15 de outubro, quinta.
Connor on
Ontem voltamos com o treino de lacrosse. Daqui duas semanas, teremos um jogo contra o time de outra escola, então o treinador nos comunicou que haverá treino todos os dias.
Treinador: PASSA PARA O COOPER!- gritou com Jake, que estava correndo a bola.
Jake passou para Dylan, e o mesmo tentou jogar no meu gol, mas eu acabei defendendo.
Chuck: AEEEEEEEE!- comemorou junto comigo.
Ficamos uma hora jogando, e mais uma hora analisando táticas. Quando deu três horas, me troquei no vestiário e fui em direção ao carro junto com meu irmão.
Grace: Oiê!- disse sorrindo encostada no carro.
Connor: Oi... Tá fazendo o que aqui?
Grace: Queria saber se posso ir com vocês para a sua casa, faz tempo que não passamos a tarde juntos.- Scott me olhou.
Connor: Tá, entra aí.- dei de ombros.
Scott: Me deixa na casa da mamãe...- revirou os olhos disfarçadamente e entrou no carro.
Fomos o caminho até a cada da minha mãe em silêncio, ouvindo apenas a música que estava tocando no carro. Assim que deixei Scott, manobrei o carro e fui em direção ao meu prédio.
Connor: Como foi seu treino?- perguntei parando no semáforo.
Grace: Chatíssimo! Você não faz ideia de como a Charlotte estava insuportável hoje!- revirou os olhos.- Seria muito melhor se ela saísse do cargo de capitã.- bufou e cruzou os braços.
Connor: Se ela é tão chata, por que ainda fica de amizade com ela?
Grace: Porque ela é popular, é capitã, o pai dela é um dos empresários mais renomados daqui de Londres... E mais alguns motivos.- abriu a garrafinha dela e eu a olhei.
Connor: Eu também sou popular, capitão, filho de uma empresária renomada de Londres, e mais alguns motivos...- ela engasgou com a água e eu voltei a andar com o carro.
Grace: M-mas você é diferente, eu não jogo lacrosse, e você é meu namorado!
Connor: Tem nada a ver Grace, o nome disso é interesse!
Grace: Ela é minha capitã, Connor! Tenho que ter amizade com ela!
Connor: "Ter" é uma coisa, " fingir", é outra.- virei na rua do shopping.
Grace: Tá, tá...- revirou os olhos.- Vamos vir aqui mais tarde?- disse olhando para o shopping.
Connor: De novo?- a olhei.
Grace: Sim, e olha pra frente!- voltei a atenção para a rua.- Lançou uma bolsa da Chanel ontem, e eu quero comprar antes das minhas amigas.- empinou o nariz.
Connor: Eu não te dei uma semana passada que você queria de natal adiantado?- revirou os olhos.
Grace: Sim, mas eu quero compra essa também!- respirei fundo e resolvi ignorar.
Essa menina só pensa em gastar, credo! Chegando em casa, estacionei meu carro, subimos para meu apartamento e eu fui direto para o banho.
Assim que saí do banheiro, Grace estava virada de frente para a minha escrivaninha enquanto mexia no celular.
Connor: Está fazendo o que?- perguntei e a mesma se assustou, logo virando para mim e escondendo o celular e mais alguma coisa, que não vi o que era.
Grace: Nada!- respondeu rápido.
Connor: Ahm... Tá né.- disse confuso.- Que tomar banho? Tem uma troca de roupa sua aqui em casa.- pergunto enquanto pego minha roupa no guarda roupas.
Grace: Quero sim.- sorriu e então entreguei a roupa para ela.
Grace foi para o banheiro e então me troquei. Enquanto a espero tomar banho, fico mexendo no celular enquanto olho alguns status.
Dylan: nossa eu me pegava facinho, muito perfeito.
Bro: Saudadezinha que eu tava.
Emma: hehe✨
Bianca namorada do Tyler: e foi assim que voltei pra casa com um cachorro😌
Flora (escola): esperando a migsss
Vi mais alguns status e depois fui ver algumas coisas no Instagram. Logo Grace saiu do banheiro de cabelo molhado, já vestida e maquiada.
Connor: Vai para o shopping encontrar a Flora?- me olhou.
Grace: NÓS, vamos.- deu ênfase no "nós".
Connor: É sério isso?- fiz cara de preguiça.
Grace: Sim, só vou secar meu cabelo.- pegou o secador no meu guarda-roupa.
Connor: Você fez meu irmão ficar na minha mãe, falando que fazia tempo que não passávamos a tarde juntos e agora quer que eu vá num encontrinho de compras com suas amigas?- perguntei inconformado e ela me olhou, logo revirando os olhos.
Grace: Tá...- bufou.- Vou avisar que não irei.- guardou o secador e deitou ao meu lado, logo pegando o celular.
Grace avisou as meninas e nós passamos a tarde assistindo série... Ou melhor, eu passei né! Ela ficou com a fuça no celular o dia todo.
Quando anoiteceu, eu resolvi ir ao shopping jantar com ela, e a mesma só faltou pular da cama quando dei a ideia. Assim que estávamos chegando, recebi uma ligação.
Connor: Quem é?- perguntei tentando olhar meu celular que estava na mão de Grace.
Grace: Ninguém.- olhou brava para o celular e ignorou o mesmo.- Deve ser trote.- olhou para a janela.
Logo o celular parou de tocar e Grace pareceu aliviada. Bom... Pelo menos até o celular começar a tocar mais vezes, como se tivesse alguém precisando falar urgente comigo.
Connor: Me da o celular.- estiquei a mão.
Grace: Não é ninguém, amor!- afastou o celular.
Connor: Grace, me dá!- tentei pegar.
Grace: Para! Você está dirigindo!- estacionei o carro na primeira vaga que achei na rua.
Connor: Não estou mais, agora me dá essa porcaria.- a olhei bravo e o celular tocou de novo.- ME DA GRACE!- a mesma bufou revirando os olhos e me entregou.
Ligação on
Connor: Alô?
Xxx: C-Connor?- uma voz trêmula e familiar surgiu do outro lado da chamada.- Connor, é a Liz...
Connor: Oi, está tudo bem?- perguntei preocupa.
Liz: É... É o meu pai, Connor...- ficou quieta por um tempinho.- Pode vir para o hospital?
Connor: Ai meu Deus... T-tá, já estou a caminho ok?
Liz: Ok...- desligou a chamada.
Ligação off
Confesso que fiquei muito preocupado. Ela parecia sem reação na chamada, e a última vez que ela ficou sem reação, foi quando descobriu a doença do pai.
Simplesmente sai da vaga e segui o caminho com um pouco a mais de velocidade. Como Grace tem coragem de mentir para mim dizendo que talvez fosse trote?!
Grace: Você... Você passou o shopping, Connor.- olhou para trás.
Connor: Não estou indo para o shopping.
Grace: É sério que você vai atrás daquela menina?!- me olhou com fúria em seus olhos.- Sério, Connor? Porque eu jurava que íamos jantar!
Connor: É importante, Grace.- respondi atento à rua.
Grace: Meu jantar também é importante!
Connor: Agora não... Por favor...- tentei ignora-la.
Grace: É só essa menina abrir a boca falando um "A", que você vai correndo para ela! Nunca dá atenção para mim, é sempre Liz pra cá, Liz pra lá e sei lá onde mais!- gritou.- Essa menina é uma parasita e está estragando nosso relacionamento!- me olhou e eu estacionei no hospital.- Está me ouvindo, Connor? Eu não quero mais você de amizade com essa piranha!- tentou fazer eu olhar para ela.- OUVIU ?
Connor: CHEGA CARAMBA!- perdi a paciência e a olhei.- CHEGA GRACE, CHEGA!- gritei.- ELA NÃO É UMA PARASITA, NEM UMA PIRANHA, NEM NADA DO QUE VOCÊ ME DIZ TODAS AS VEZES QUE TENTA ACABAR COM A MINHA AMIZADE!- sai do carro batendo a porta.
Entrei no hospital e vi Liz paralisada na porta que dá para os quartos. Ela estava pálida, com os olhos levemente arregalados e estava apertando as mãos.
Connor: Oi Liz, eu cheguei...- me aproximei da mesma.- Ei...- chamei a atenção dela, e a mesma foi levantando a cabeça lentamente, até me olhar com os olhos totalmente marejados.
Ela tentou falar algo, mas não saiu nada de sua boca, então simplesmente a abracei com força. Ela nem se moveu, apenas ficou ali sentindo meus braços envolvidos em sua volta.
Separei o abraço e ajudei a mesma a se sentar em uma das cadeiras de espera. Uma enfermeira percebeu que Liz estava mal, e então trouxe água para a mesma.
Enfermeira: Aqui, beba querida.- entregou o copo gentilmente para Liz, que bebeu com cuidado.- Agora, respire comigo ok?- olhei para Liz, que logo assentiu.- Inspira.- inspiraram.- Um, dois, três, expira.- expiraram.
Elas fizeram isso diversas vezes, e Liz foi melhorando.
Connor: Está melhor?- assentiu.
Liz: Obrigada.- sorriu levemente para a enfermeira.
Enfermeira: Que isso...- sorriu e segurou a mão de Liz.- Olha querida... Sei que o que acabou de acontecer com você não é nada fácil.- respirou fundo.- Mas eu vim te dizer que ele está bem, ok?- sorriu e Liz a olhou surpresa.- É!- assentiu sorrindo.- Assim que você saiu de lá, nós o reanimamos, o levamos para a cirurgia e está tudo ocorrendo perfeitamente lá dentro.
Liz: E-eu não sei o que dizer...- abraçou a moça.- Obrigada.- uma lágrima escorreu de seu olho, parecia aliviada.
Assim que soltaram o abraço, a enfermeira foi embora e então Liz olhou para mim.
Liz: Você veio mesmo...- sorri.
Connor: É claro que eu vim, você não parecia nada bem na ligação.- a olhei.- Não iria te deixar na mão... Nunca.- ela sorriu e me abraçou.- O que houve para você ter ficado paralisada daquele jeito?- ela me olhou e em seguida abaixou a cabeça olhando para as mãos.
Ela me contou e então a confortei. Não deve ser nada fácil passar por tudo isso, ainda mais sendo uma adolescente. Tentei conforta-la ao máximo, mas a desmiolada da minha namorada, entrou fazendo show no hospital.
Grace: Você sua idiota!- chegou até Liz.- Você não vai roubar o meu namorado com seu showzinho, não!- nos levantamos.
Connor: Aqui não, Grace...- disse tentando fazer ela parar de falar alto, pois já tinham vários olhares em cima de nós.
Grace: Cala a boca, Connor! Meu assunto é com ela!- segurou firme o braço de Liz, que a olhou assustada.
Liz: O que eu fiz? Tá doida Grace?- perguntou confusa.
Grace: Não se faz de desentendida.- riu sínica.
Connor: Chega.- puxei Grace para fora do hospital.- Você está louca?!- a olhei incrédulo.
Grace: Fui tirar satisfação, mas você interrompeu...- olhou para as unhas.
Connor: Garota, isso é um hospital! UM HOSPITAL!- segurei em seus ombros, e a mesma olhou para mim.- Tem doentes aqui dentro, e famílias que estão enfrentando um monte de sentimentos naquela sala... O que você tem na cabeça de entrar lá falando toda a merda que você falou?
Grace: Tem doentes, mas também tem aquela vagabunda folgada!- aumentou a voz.
Connor: ELA É MINHA MELHOR AMIGA, GRACE! PARA DE CHAMÁ-LA DESSAS COISAS, ELA NÃO É ASSIM!- me afastei e virei de costas para Grace.
Grace: É SIM, CONNOR!- gritou.- Ela ficou te ligando e fez você vir até um hospital, aposto que por um draminha!- me virei e ri sem acreditar no que ouvi.
Connor: Quando viu ela ligando sem parar...- cruzou os braços.- Você ao menos pensou que poderia ser uma emergência?- a olhei.
Grace: Não vê que ela quer atenção?- riu.- Por que seria emergência?
Connor: PORQUE O PAI DELA ESTÁ COM CÂNCER, GRACE!- me aproximei dela.- E ele morreu, segurando a mão dela...- meus olhos marejaram, e a mesma ficou sem palavras.- Ela viu o pai morrer, na frente dela! Cheguei lá dentro ela estava paralisada, e só foi saber que conseguiram reanimar o pai vinte minutos depois de ela ter visto o coração dele parar.- sequei minhas lágrimas.- Acontece que você não pensa que as pessoas podem realmente precisar de apoio emocional...
Grace: Connor...- tentou segurar minha mão, mas eu puxei.
Connor: No começo eu juro que tentei pensar que você tinha motivo pra sentir ciúmes, ou talvez até uma insegurança...- respirei fundo.- Na verdade você é totalmente segura de si... Só é egoísta mesmo.- me virei e entrei de novo no hospital.
Chequei se Liz estava bem, logo Lucca e Clarice chegaram, e então fui embora.
O caminho todo com Grace foi em silêncio, a deixei na casa dela e então fui para a minha. Tomei uma ducha para relaxar a mente, e depois coloquei um pijama confortável para dormir.