POV CHRISTOPHER
_ Cacete Christopher, nem pra tu disfarçar porra – diz Richard se jogando no sofá.
_ Disfarçar o que cacete? Eu realmente não queria a presença dela. Além de ser a filha do nosso "chefe", você viu como ela fala as coisas se achando? 'Cuidado com essa peça porque ela pode amassar'. Amassar meu ovo, que mina chata.
_ Ela parece ser legal – diz Erick e eu cuspo a água que estava na minha boca.
_ Qual foi Erick? Já está a apaixonado pela mimadinha é?
_ Ah, vai a merda Chris. Não posso mais achar ninguém legal não caralho?
_ Pode, mas aquela história de 'ah, nos encontramos no corredor' não cola não – diz Zabdiel. – Fala a verdade, onde vocês estavam?
_ No terraço. Eu fui atrás para ver se ela estava bem e quando cheguei lá, peguei ela chorando.
_ Como assim chorando? O que aconteceu? – indaga Richard.
_ Achei melhor não perguntar, mas tenho quase certeza que tem a ver com o pai – diz Erick.
_ Afff, agora vai ficar todo mundo com peninha? Me poupem – digo saindo da sala e indo em direção ao meu quarto.
POV NATALIE
Chego em casa e são mais ou menos sete da noite. Meu primeiro dia de trabalho foi uma merda. Além de ter que rever meu pai e a namorada dele, um dos meus novos colegas de trabalho não foi com a minha cara. Era só o que me faltava. Maldita hora que eu considerei a ideia de vir para Miami.
Enfim, tudo o que eu mais quero hoje é descansar, então entro na banheira e me permito aproveitar cada segundo. Sei que não posso deletar nenhum problema da minha vida até resolvê-lo, mas durante alguns minutos só quero que eles desapareçam.
Continuo por mais trinta minutos dentro da banheira até que meu telefone começa a tocar. Estico meu braço para pegar meu celular e vejo um número estranho aparecer na tela. Por um leve segundo penso em ignorar, mas a curiosidade fala mais alto e eu atendo.
_ Alô.
_ Natalie? – a voz do outro lado pergunta.
_ Sim, é ela. Quem deseja?
_ Sou eu, o Erick.
_ Ah sim, Erick. Quase não reconheci sua voz. Mas como conseguiu meu número?
_ Insisti muito até a Clara me passar – ele diz e não consigo conter uma pequena risada. Acho que a única parte boa do dia foi ter conhecido o Erick. – Enfim, só queria te pedir desculpa pelos Chris, ele nem sempre é chato desse jeito.
_ Tranquilo. Já passei por várias situações assim. Tipo, eu sou a filha do cara que cuida da carreira de vocês, então é normal não me quererem por perto. No fundo eu sei que vocês não se sentiriam livres para aproveitar a noite se eu estivesse junto.
_ Não é isso Natalie – ele diz.
_ Por favor me chame de Nat.
_ Ok, Nat. Você entendeu tudo errado, a gente queria muito a sua presença. Enfim, se quiser nos encontrar, estamos na Mynt Lounge, sabe onde fica?
_ Sei sim, mas como já havia dito, tenho outros planos para hoje – digo e me despeço do Erick desligando o celular.
A verdade é que eu menti, não tinha planejado sair com ninguém. Daniel até havia me chamado para alguma coisa, só que eu neguei. Mas pensando bem, acho que não será nada mal ir lá irritar uma certa pessoa.
Saio do banho, me enrolo na toalha e vou até o closet. Analiso roupa por roupa e no fim escolho uma calça preta com correntes penduradas, um top preto e uma bota também preta. Antes de terminar resolvo ligar para o Daniel.
_ Fala gata – ele diz assim que atende o telefone.
_ Está fazendo o que? – pergunto.
_ Eu nada. Até tinha planos de sair com uma certa garota, mas ela me deu um bolo.
_ Hoje é seu dia de sorte. Parece que essa garota mudou de ideia. Te espero aqui em casa – digo e desligo a chamada.
Volto ao banheiro coloco um aplique e prendo meu cabelo em um rabo de cavalo, faço uma maquiagem e complemento o look com alguns acessórios. Já pronta dou uma olhadinha no espelho conferindo se está tudo ok e recebo uma mensagem do Daniel dizendo que havia chegado.
Desço os onze andares e quando o elevador se abre, dando vista para o lobby do prédio, vejo um cara de calça jeans, blusa amarela e corrente no pescoço. Acho que estou começando a entender o que me fez ter uma quedinha por ele.
O caminho até boate é tranquilo, porém não consigo parar de reparar no Daniel e em suas mãos manipulando o volante. Na boa, o que está acontecendo comigo?
_ Acho melhor eu estacionar aqui porque parece que perto da boate vai estar tudo lotado – ele diz e para o carro duas ruas antes de chegar ao lugar. Fazemos o resto do percurso a pé e quando faltava alguns metros para chegar percebo que há uma fila gigante.
_ O que deu nos habitantes de Miami para quererem sair todos em plena segunda-feira?
_ Eu não faço ideia, só sei que não vamos enfrentar essa fila nem a pau – ele diz e pega minha mão me levando até a entrada. Ao nos aproximarmos do segurança, ele diz algo no ouvido dele que de imediato libera a nossa entrada. Digamos que quando se tem status e um certo poder aquisitivo tudo fica mais fácil.
_ Não quero nem imaginar o que você disse para o segurança.
_ Eu disse que estava fazendo um mês que você havia perdido um parente e para te animar te trouxe aqui.
_ Não acredito que com essa desculpa bosta a gente entrou.
_ Pois é. Agora vamos curtir – ele conclui e seguimos até o bar. – Garçom, me vê uma gin tônica para mim e um cosmopolitan para a moça.
_ Ainda lembra minha bebida preferida.
_ Obvio. Cosmopolitan, Manhattan e Clericot nunca podem faltar – ele diz e finaliza com uma piscadinha.
Esperamos alguns segundos até o garçom entregar nossos drinks e logo em seguida escuto uma voz conhecida.
_ Me vê quatro shots de tequila, por favor – a voz diz e quando me viro vejo o Richard.
_ Richard?
_ Natalie? Eu não esperava te ver aqui.
_ O Erick me disse que vocês estariam aqui, então pensei melhor e vim. Por falar nisso, esse é o Daniel, meu amigo. Daniel, esse é o Richard, meu colega de trabalho.
_ Prazer cara – diz Daniel estendendo a mão e Richard retribui.
_ Estamos lá em cima, no camarote. Vamos lá para você conhecer o pessoal – diz Richard para Daniel e me impressiona como os dois estão se dando bem logo de cara.
Seguimos o Richard até uma das escadas localizadas perto da entrada. Ao atingirmos o andar superior de longe já posso ver Christopher conversando com uma ruiva que está em seu colo.
_ Nat – diz Erick e noto Christopher olhar imediatamente para minha direção. – Que bom que você mudou de ideia.
_ Eh, eu pensei melhor e porque não me juntar a meus futuros colegas de trabalho – digo. – Aproveitando, gente esse é o Daniel, um amigo meu. Dan, esses são Erick e Zabdiel. Ah, e aquele ali é o Christopher – concluo com um tom de desprezo ao falar o nome da criatura.
_ Prazer cara, satisfação – diz Zabdiel. Erick também o cumprimenta, porém Christopher se faz de desentendido.