Sobre o Altar.
Fengqing Fanfiction.
parte III (final).
🌧
Embora Mu Qing não fosse a pessoa mais paciente do mundo se tratando das implicâncias de Feng Xin, ele havia de fato se tornado um pouco mais tolerante. Suas inseguranças ainda estavam lá, mas de alguma forma, elas pareciam sempre tão pequenas quando ele tinha a companhia de Feng Xin, que tudo o que ele sentia se assemelhava às emoções de um adolescente em sua rebeldia.
Tudo se resumia a quando e como ele iria encontrar aquela pessoa de novo. Ele pensava no que conversariam, no que fariam juntos, e às vezes em como arrumaria seu cabelo ou qual tom usar ao cumprimentá-lo.
Desde que aqueles nós em seu passado foram desatados, o que restou foi um acúmulo de sentimentos que os dois não comprendiam. Não até seus lábios se tocarem pela primeira vez, e as peças daquele quebra-cabeça se encaixarem finalmente. Aqueles que corriam em direções opostas entraram em sincronia, lado a lado, caminhando e tropeçando juntos.
Agora, Feng Xin era o que Mu Qing acreditava ser o seu porto seguro. Ele sabia que, de forma desajeitada, a pessoa que o xingava e depois oferecia aquele sorriso tão caloroso era quem mais tentava compreendê-lo.
O orgulhoso Xuan Zhen estava lentamente se aquecendo com a ideia de ser amado, e mais do que disposto a corresponder à altura, embora sentisse que estava caminhando um pouco devagar.
Mas bastava um momento de entrega para que seus passos lentos se tornassem uma corrida, permitindo que ele superasse alguns pequenos limites. E não havia momento de entrega mais usual do que quando eles faziam amor.
Com sua nudez fria e atraente, Mu Qing se colocou de pé e virou para ficar de costas para Feng Xin, apoiando as mãos na superfície na mesa.
Ele não tinha consciência do delírio visual que a visão de seu corpo forte e esguio provocava no homem atrás dele. O mel dos olhos de Feng Xin se derramou nos detalhes das costas desenhadas, escorrendo pela pele pálida arranhada por pequenas cicatrizes antigas, alcançando as covinhas suaves na lombar.
Mu Qing sentiu o olhar dele e mordeu os lábios para conter um sorriso, seu corpo sendo coberto por arrepios quando Feng Xin se recompôs e as mãos gentis e familiares lhe tocaram finalmente.
Feng Xin alisou os braços bem torneados do deus marcial, beijando os ombros dele, as costas, e abaixando-se quase de joelhos para beijar as covinhas na lombar. Os lábios macios se demoraram ao sugar, morder e beijar incansavelmente.
O amor em seus gestos era quase palpável, e não demorou para que o homem diante dele estivesse imerso naquela atmosfera de intimidade e sensualidade, suspirando suavemente.
Mu Qing teve seu cabelo colocado de lado e Feng Xin apoiou o queixo em seu ombro para olhar para ele, sorrindo gentilmente, suas mãos inocentes tornando-se pervertidas ao abraçar a cintura, os dedos subindo pela barriga lisa, descendo e dedilhando os pelos finos da virilha.
— Como conseguimos passar tanto tempo sem isso? — Ele falou, a respiração quente próxima ao ouvido de Mu Qing. — Eu deveria estar louco por não ter pensado em colocar minhas mãos em você antes.
A resposta dele foi um sorriso contido seguido do movimento nervoso dos quadris alheios.
— Que bobagens está dizendo... Eu não estou com você aqui e agora? — Mu Qing estalou a língua, escondendo seu constrangimento com ironia. — Você me queria a tanto tempo assim? Hah, quão grossa é a sua face para estar me dizendo isso ao invés de compensar o tempo perdido?
— Bom, acabei de me lembrar do motivo de eu não ter colocado minhas mãos em você antes. Você é um cretino.
— S-...
Mu Qing foi silenciado pelos lábios dele logo em seguida, as reclamações morrendo em sua boca ao retribuir o beijo com ternura. A parte inferior de suas coxas foi invadida pela rigidez de Feng Xin, que se esfregou em um ritmo lento, o contato com a pele fria aumentando sua ansiedade.
Ele pressionou o general cretino no altar e separou o beijo em um estalido, ousando colocar dois de seus dedos próximos a boca dele. Mu Qing piscou, o entendimento lhe alcançando, e ele pensou que aquilo era extremamente humilhante e obsceno. Um limite que foi ultrapassado quando ele prontamente envolveu os lábios em torno dos dedos dele, sugando e lambuzando-os com sua saliva.
Aquela imagem mental foi forte demais para Feng Xin, que olhava descaradamente em fascínio, sentindo-se latejar entre as coxas apertadas.
Os mesmos dedos úmidos foram usados para penetrar Mu Qing, os olhos de obsidiana se fechando e as sobrancelhas franzidas com a sensação dos dedos longos o massageando. O estímulo fez toda a sua excitação correr para baixo, e ele não pôde evitar se inclinar ligeiramente sobre o altar, a parte traseira do corpo curvada e muito suave.
Suas palavras não diziam muito, mas sua linguagem corporal revelou o quanto ele estava entregue, ansiando e desejando.
As chamas das velas que ainda iluminavam o templo refletiam as feições delicadas de Mu Qing, e capturaram o arfar de sua respiração quando os dedos ágeis o abandonaram, o homem atrás dele agarrando firmemente sua cintura antes de empurrar nele devagar.
A virilha atingiu o quadril em um ritmo lento, e Feng Xin conteve um gemido de prazer enquanto se movia, as estocadas suaves indo fundo no corpo que tremia com seus movimentos.
Mu Qing ofegou baixinho, sendo envolvido pela sensação de calor e prazer simultaneamente, seus pensamentos sendo contaminados pela perversão enquanto ele os reprimia para tentar manter alguma honra.
Aquela posição o impedia de conseguir olhar ou tocar o corpo quente e atraente atrás dele, o que era frustrante. Os olhos escuros se mantinham fechados enquanto ele tentava imaginar aquelas expressões faciais, e seus pelos se arrepiaram ao pensar na visão que o general estaria tendo dele naquele momento.
Os movimentos se tornaram mais impacientes, mas ainda controlados, o desejo aumentando gradualmente.
Feng Xin estava começando a respirar pesado, concentrado em seu ato, os olhos brilhando com a luz de velas. Suas mãos subiram pelas costas arqueadas, alcançando os ombros fortes antes de traçar o caminho de volta, passando pelas covinhas atraentes.
— Mu Qing... — Ele chamou de repente, inclinando-se novamente para apoiar o queixo em um dos ombros, seus movimentos nunca cessando. — Você se sente bem?
Mu Qing virou o rosto para olhar pra ele, seus olhos pretos parecendo um pouco perdidos ao encarar os olhos cor-de-âmbar esperançosos. Ele sentiu que a sua aprovação naquele momento deveria ser sincera para que o outro mantivesse sua confiança, e ele de fato estava se sentindo muito bem.
Os pensamentos que ele tentava inutilmente reprimir fluíram como água corrente, e Mu Qing se inclinou para beijá-lo em retribuição, o gesto carregado de desejo e humilde doçura.
Ele mordeu os lábios macios, enquanto reunia coragem para superar sua vergonha. Usando o mesmo tom obsceno que Feng Xin havia usado para zombar dele mais cedo, ele roçou os lábios úmidos nos dele e sussurrou:
— Este método de adoração é mesmo... A-ah... Eu me sinto tão bem.... — Seus quadris se moveram em um rebolado ansioso, e ele gemeu baixinho. — Feng Xin.... Ah.... Mova-se um pouco mais, sim? U-um pouco mais....
Os olhos claros se arregalaram em surpresa, aquelas palavras queimando seu interior como combustível sendo lançado ao fogo. Feng Xin perdeu o fôlego, vapor subindo de sua cabeça quando ele afastou o rosto para não deixar que o outro o visse ruborizar.
— H-hm.... — A respiração descompassada provocou cócegas nas costas nuas. — Eu vou me mover o quanto você quiser...
Céus, ele sentiu que poderia ascender outra vez ouvindo Mu Qing falar daquela forma com ele.
As mãos ágeis agarraram os fios negros do general, penteando-os em um rabo de cavalo que ele segurou em uma das mãos, antes de se mover para foder Mu Qing com mais força.
Os corpos intimamente conectados emitiam sons úmidos, compartilhando prazer enquanto se chocavam rápido e repetidamente; O membro quente e pulsante roçando o ponto sensível bem conhecido, fazendo o homem que o recebia arfar pesadamente tentando conter os gemidos obscenos.
As pernas e a cintura de Mu Qing ficaram dormentes com o estímulo incessante, seu cabelo sendo levemente puxado e acariciado pelos dedos gentis, enquanto a outra mão apertava seu quadril sem piedade e deixava marcas.
O contraste era demais para ele suportar em silêncio.
— A-ah..... Ah....
O altar antes firme começou a balançar com os movimentos, o som da chuva ao anoitecer sendo abafada pelos sons vulgares da relação sexual intensa.
Feng Xin se inclinava sobre as costas suadas para beijar as orelhas aquecidas, a mão que apertava a cintura massageando a bunda alheia com ousadia. Ele apertou e, em uma ação impensada, deu um tapa nela. O choque da palma forte batendo na pele macia fez com que o homem que ele profanava franzisse as sobrancelhas.
Naquele ponto, todo o tronco de Mu Qing estava apoiado no altar, a pele suada do peito deslizando ligeiramente na madeira lisa. Aquela sensação o pegou de surpresa e ele esperou inconscientemente pelo próximo, mas este não veio.
Sua honra havia se perdido a alguns minutos de qualquer forma, então ele engrossou sua face para dizer:
— D-de novo...
Feng Xin não entendeu de imediato, apurando os ouvidos e esperando que ele repetisse. Mu Qing pensou ter sentido o olhar julgador de sua réplica de ouro a alguns metros dali.
— De novo. Me bata de novo. — Ele repetiu, pensando que aquela estátua poderia ir pro inferno.
O general Nan Yang ergueu as sombrancelhas suadas, mas antes que seus pensamentos se estendessem, ele passou a mão pelos vales redondos e cheios, antes de dar outra palmada. Ele esperou, e deu outra um pouco mais forte.
— Ah... Você gosta disso, general? — A voz atrás de Mu Qing o provocou, o choque da palma dele em seu corpo soando alta e espantosa. — Quem poderia imaginar? A-ah... Veja, você está quase se movendo por conta própria outra vez. Está tão impaciente assim para ser fodido por mim? Ah... Ah....
Aquela forma de falar era tão humilhante e rude. Ah, ele gostava tanto de ouvir.
— N-não fale essas coisas.... — A reclamação do general não se sustentou quando ele a proferiu. — A-ah... Merda.... V-... Você é tão bom.....
A sensação de ardência unida ao prazer de ser penetrado tão forte era delirante, e Mu Qing estava sendo golpeado por aquela onda de estímulos, sentindo lágrimas invadirem seus olhos. Ao mesmo tempo, com a percepção do quanto o outro estava gostando daquilo, os olhos de Feng Xin tinham um brilho intenso.
Ele estapeava a curva macia da bunda dele com força, deixando a pele pálida vermelha e queimando ao ser golpeada. Mu Qing secou o suor da testa que pingava com as costas da mão e escondeu o rosto entre os braços, o homem atrás dele movendo-se para dentro e fora de seu corpo como um animal feroz.
Feng Xin cerrou os dentes e foi cruelmente intimidado pelas palavras de Mu Qing, que não tinha mais postura alguma em seus apelos.
— F-f-feng Xin.... E-eu quero você... Ah... A-Xin... B-... Baobei... Continue, continue... E-eu estou quase... Porra....
Ele estava próximo de seu limite, imerso no prazer de fazer amor com o homem mais bonito do mundo. Aquele que estava quase hipnotizado pela forma como aqueles nomes soavam em seus lábios.
Mu Qing tinha o hábito nem um pouco justo de chamá-lo quando estava excessivamente excitado na cama.
— A-Xin.... N-nan Yang..... Baobei..... A-ah.... I-isso, isso.... — A ousadia carregada por seu tom excitado e lamentável era demais. — Ju Y-yang... Ah....
Suas mentes e corpos estavam começando a enfraquecer, o vigor digno de deuses marciais se esvaindo com os movimentos quase violentos, a dor e o prazer intercalados.
Feng Xin não suportou mais. Sua palma desceu e segurou o pênis rígido e quente de Mu Qing, massageando-o. Ele usou os dedos para esfregar a ponta com delicadeza, estimulando-o até o ponto em que o homem embaixo dele finalmente estremeceu e parou.
Mu Qing transbordou e derramou.
Seu esperma pintou a mão que se fechava ao redor dele, os espasmos e dormência em seu corpo fazendo as pernas fraquejarem. E sentindo o líquido quente pingar nas costas da mão, Feng Xin empurrou ferozmente dentro dele antes de alcançar seu próprio orgasmo, desesperado por alívio após o longo ato de amor.
Como vulcões em erupção, o interior e o exterior queimavam, incendiando, até finalmente descansarem.
Os dois homens ofegaram, as respirações agitadas e os batimentos cardíacos acelerados, intimamente envolvidos nos braços um do outro. E enquanto eles permanecessem assim, não haveria sequer um resquício das divindades que eram aos olhos de devotos e outros seres celestiais.
Haveria apenas dois idiotas desavergonhados e humanos, imersos em seu romance.
⠀⠀⠀
🌧
⠀⠀
Já era noite quando a tempestade enfraqueceu e os rios de chuva diminuíram consideravelmente. Ainda chovia, o cheiro de terra molhada estava por toda parte, mas o vento forte havia parado e as janelas finalmente puderam ser abertas. A brisa fria entrou, levando consigo o cheiro forte de incenso, cera derretida e sexo.
Enquanto limpava a superfície da mesa do altar com um pano úmido, o general Xuan Zhen pensava que o processo de se limparem, se vestirem e organizar a bagunça parecia tão constrangedor quanto a foda em si.
Foi trabalhoso convencer o obstinado Nan Yang a dar a ele alguma trégua naquela noite, e mais difícil ainda conseguir vestir as roupas por conta própria — o sorriso bobo no rosto de Feng Xin enquanto o ajudava era verdadeiramente irritante.
Suas pernas estavam dormentes pelo esforço excessivo, sua bunda ainda ardia pelos golpes, e ele mal conseguia ver até onde a boca pervertida do general havia marcado. Mu Qing ficou alguns minutos em silêncio com suas bochechas quentes, a lucidez voltando a ele. Céus, ele tinha até mesmo o cheiro de Feng Xin por todo o seu corpo.
Um cheiro forte e másculo, um pouco manchado pelo aroma sensual, mas ainda assim melhor do que qualquer incenso.
As oferendas, bandejas de prata e incensários foram colocados no lugar como se nunca tivessem saído de lá, e Feng Xin acendeu as velas que haviam se apagado com a ventania que entrara pelas frestas.
Ele também acendeu um incenso sigilosamente, os cantos dos lábios erguidos em um sorriso travesso ao unir as mãos, concentrado em seu sincero agradecimento ao nobre Deus Marcial daquele templo.
"Meu lorde, Xuan Zhen Jiangjun. Obrigado por atender as minhas preces, minha devoção será eternamente sua. Adorá-lo em seu solo sagrado é incomparável, permita-me repetir isso em breve..."
Mu Qing engasgou com a própria saliva e tossiu ao ouvir aquela prece silenciosa.
Os generais não estavam completamente acostumados com a maneira como o relacionamento deles estava evoluindo, se surpreendendo cada vez mais, aprendendo os limites um do outro da maneira difícil. Falhando e corrigindo.
E aquele evento inesperado no templo Xuan Zhen os aproximou de alguma forma, o clima descontraído era facilmente percebido.
Mu Qing se recostou na mesa de braços cruzados e assistiu a chuva cair ao lado de fora pela porta aberta. Ao lado dele, Feng Xin estava em silêncio, mas seus olhos o espionavam, reparando nos detalhes constrangedores que ele não conseguiu esconder.
Feng Xin também conseguia sentir o cheiro de Mu Qing em sua pele, sutil e agradável, provocando uma agitação em seus batimentos cardíacos. Ou talvez fosse apenas a forma como Mu Qing olhou de volta pra ele, o brilho intenso nas pupilas negras o intimidando.
— Ainda está chovendo lá fora, por que não sai um pouco e vê se a chuva apaga esse seu fogo? — Ele reclamou.
Feng Xin riu alto e deu um passo para mais perto dele, ficando ombro com ombro.
— Não é má ideia, me acompanha?
— Eu passo.
— Hm, claro.
Seu sorriso demorou a desaparecer. Ele pensou por um tempo, então disse outra vez:
— Escute... Está chovendo o dia inteiro e não sei se irá parar tão cedo, o que nós vamos fazer? — Feng Xin esfregou a nuca, sentindo um pouco de fadiga e suspirando. — Eu usei duas matrizes de encurtamento de distância enquanto te ajudava durante o dia, e foi por um longo caminho, estou esgotado. E você, bem... Como está?
Mu Qing deu de ombros. Enquanto falava, ele casualmente estendeu uma das mãos para segurar a de Feng Xin, acariciando os dedos dele com os seus.
— É difícil. A cidade mais próxima está a alguns quilômetros, não sei se consigo ir tão longe com o que eu tenho agora. Mesmo que conseguisse, ainda seria só metade do caminho.
— Estamos no seu território agora, não é o bastante?
Ele acenou negativamente. Feng Xin compreendeu e acenou de volta. O processo de se cultivar novamente era demorado, e mesmo com seus talentos, Mu Qing ainda estava longe de seu potencial máximo como oficial celestial e deus marcial, talvez levasse um pouco mais de tempo. No fim, ele próprio sugeriu:
— Hah, por que não vamos andando na chuva até a próxima cidade?
— Ei, por quê está falando assim? Eu não disse nada.
— Não estou brigando, idiota. É uma sugestão. Eu não quero ficar a noite inteira esperando esses chuviscos passarem, e muito menos neste estado. Pense, tomar um banho de chuva não parece má ideia nessas circunstâncias, podemos ir andando e parar em uma pousada para nos limparmos.
A voz dele era suave e decorosa, verdadeiramente agradável de se ouvir. E mesmo que suas roupas estivessem amassadas e sujas, ele ainda parecia muito elegante enquanto as usava. Era até difícil prestar atenção apenas em suas palavras.
— ... E então voltamos para a Cidade dos Imortais ao amanhecer, quando seus poderes espirituais forem suficientes para outra matriz de encurtamento de distância. — Ele finalizou, erguendo uma das sobrancelhas.
Feng Xin pensou um pouco no que ele disse e achou que era razoável, concordando obedientemente e desviando o olhar descarado. Os dedos dele se entrelaçaram aos do general, e eles ficaram em silêncio por mais um tempo, observando o cenário chuvoso em um momento incomum de quietude.
— Ei... — Mu Qing chamou de repente, os olhos de obsidiana pensativos e dando a impressão de úmidos. — Aquelas coisas que você disse mais cedo, quando achou que seria um bom passatempo puxar briga comigo... Você... Falou sério?
O coração de Feng Xin afundou em culpa, e ele foi cuidadoso em sua resposta.
— Eu só quis implicar com você, mas nós terminamos levando muito pro pessoal. Eu não quis dizer nada daquilo.
Com sua resposta, os olhos escuros ficaram mais confusos e Mu Qing afastou-se dele, caminhando até a entrada do templo onde ele parou. Feng Xin o seguiu de perto e afagou os ombros dele, como se tentasse apagar uma chama invisível.
— Mu Qing, ah... Eu sei que o interpretei errado muitas vezes, e sinto muito por isso. Mas como eu disse, eu realmente... A-amo você. Minhas palavras foram da boca pra fora, não se ofenda, sim? Por favor.
Feng Xin estava se esforçando de verdade, sua sinceridade era quase determinada. No fundo, ele sabia que estava conseguindo remover tijolo por tijolo do muro que Xuan Zhen havia construído ao redor de seu coração. Mas bastava um deslize para que aquelas paredes fossem erguidas de novo e ele ficasse de fora delas.
Era cansativo, repetitivo e muitas vezes difícil. Mas ele nunca havia considerado a ideia de desistir.
Mu Qing nunca havia dito que o amava, mas ele nem precisava. Ele não tentou reerguer seu muro dessa vez.
— Escute... Eu confesso que não tenho facilitado muito pra você. Eu fiquei com raiva e frustrado, mesmo sabendo das suas intenções estúpidas eu também fui longe demais... Não deveria ter dito tantas coisas ruins a você. — Mu Qing esfregou os pulsos, tentando parecer distraído ao complementar. — D-desculpe...
Os dois tinham exatamente a mesma altura, então era sempre difícil fugir dos olhos um do outro quando estavam próximos. Mu Qing abaixava a cabeça, e Feng Xin olhava para cima. Mas naquele momento, não havia fuga quando eles se encararam, os olhares alinhados e silenciosos.
Feng Xin cruzou os braços fortes sobre o peito, forçando uma tosse para recuperar a postura ao conter seu sorriso largo, perguntando:
— Então estamos bem?
Eles ignoraram o fato de que haviam transado pelo menos três vezes na mesa bem atrás deles depois daquela discussão.
— Claro.
Janelas fechadas, velas acesas, incenso queimando; Tudo estava em seu devido lugar e eles se prepararam para enfrentar a chuva noturna. Feng Xin havia se virado para sair, penteando seu cabelo castanho desordenado para trás, alguns fios rebeldes caindo no rosto e o irritando. Quando ele deu um passo, sentiu uma mão segurar em suas roupas, prendendo-o no lugar.
Ele se virou de volta e encontrou um par de olhos negros o encarando.
— Hm?
— ...
Aquela mesma mão agarrou em sua gola com um puxão e os lábios macios de Mu Qing cobriram os dele, beijando-o muito suavemente.
Mesmo toda a ventania gelada e chuva violenta não seriam capazes de reproduzir o frio no estômago e os arrepios na nuca que o general Nan Yang sentiu com aquela iniciativa.
As mãos cálidas seguraram o rosto bonito entre elas, o polegar acariciando gentilmente a bochecha. O toque era tão familiar e ao mesmo tempo tão incomum. O general Xuan Zhen se afastou minimamente e o selar de seus lábios tocou as maçãs do rosto alheio, as pálpebras que se fecharam, a testa e a curva suave do nariz. Ele estava sério enquanto o fazia, mas quando seus beijos cessaram, ele sorriu muito amorosamente ao dizer:
— Eu também gosto de você.
Feng Xin ficou surpreso. Mu Qing se sentiu ansioso, e abriu e fechou a boca pensando no que dizer a seguir, mas ele não encontrou nada. Sua intuição apenas o levou a reforçar aquelas palavras.
— Eu amo você.
Ele baixou os olhos aflitos e seus dedos buscaram e se entrelaçaram aos do general outra vez, segurando firme. No fim, Mu Qing não aguentou esperar por uma resposta, se sentindo envergonhado como uma jovem dama após uma confissão. Então ele simplesmente correu e cruzou a porta do templo puxando um Feng Xin atordoado com ele.
Chegando ao lado de fora, eles foram cobertos pela chuva densa e fria que lavou o cheiro indecente em seus corpos conforme caminhavam juntos pela estrada. Os dois homens pisaram em poças d'água profundas, escorregaram na terra molhada que tornou-se lama, e todo o trajeto até a cidade mais próxima foi repleto das mais fúteis provocações aos sorrisos de amor mais sinceros.
E as mãos entrelaçadas nunca mais se separaram.
⠀⠀⠀
🐱 🐶
Fim.
capítulo extra a seguir >
⠀