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》Lisa《
Já fazia 1 semana que o Filipe tinha voltado pra casa, já que conseguiram ir atrás dele e por sorte achar vivo.
Não vi ele muitas vezes desde então, ele saia cedo e voltava tarde, e eu também não ia ficar indo atrás.
Os médicos deixaram a Ana voltar para a casa, mas a Maya ia ficar por mais algum tempo no hospital.
Depois desses dois sustos, o sumiço do Filipe, e o parto prematuro, eu tinha finalmente conseguido sentar por alguns minutos no sofá.
Liguei a televisão e assisti um capítulo de uma novela qualquer que passava no SBT, enquanto a Ana dormia no quarto.
O Miguel tinha sumido o dia todo também, igual o Filipe. O Davi estava na escolinha sozinho, já que agora tinha acostumado. E a Clarice tinha ido visitar uma velha amiga, segundo ela.
Resolvi fazer alguma coisa para comer, de preferência um doce, porque minha barriga necessitava.
Peguei um leite condensado, margarina e Nescau para fazer um brigadeiro.
Mexi tanto aquilo que quase desisti. Caramba, o negócio que demora pra engrossar.
Coloquei em um pote e pus no congelador, e enquanto eu raspava a panela sentada no sofá, o brigadeiro gelava um pouco.
- Nossa, alguém fez bolo - vi Filipe entrar pela porta.
- Bolo não, brigadeiro - falei - e não é pra você.
- Credo, mano, mó grossa - ele riu.
- Grossa é minha rola - lambi a colher.
- A minha também é - ele piscou - Cê sabe.
Revirei os olhos e dei risada.
- Besta - apontei pra geladeira - ainda tá quente, a hora que gelar pode pegar.
Eu sinceramente estava me sentindo leve, nem consegui pensar em brigar com ele. Acho que só queria paz mesmo e um pouco de risada.
- Filipe... - comecei, meio receosa - Você já sabe quem fez aquilo?
- Olha - ele pegou um copo de água e sentou na mesa - Eu tenho alguns nomes na mente, mas não posso afirmar nada, tá ligada?
- Sei... - levantei e coloquei a panela na pia - E o Leonardo?
- Tá bem, fui ver ele hoje de manhã - ele sorriu, mas depois desfez o sorriso.
- Que foi? - perguntei.
- A mãe dele né, tava lá - ele revirou os olhos - Me agarrando de novo mano, na mo...
- Ah, olha, eu não quero saber os detalhes, tá? - dei uma risada - Só queria saber como tava as coisas.
Limpei a mão no pano e voltei pro sofá.
- O Lis - ele me chamou.
- Hum?
- Cê tem ciúmes da Duda? - ele perguntou rindo.
Sério isso? Como o Filipe é abusado, meu Deus.
- Ciúmes? Da Duda? - repeti rindo.
- É o que parece, mano - ele deu risada - na moral, cê muda até o olhar quando falo dela.
- Filipinho, querido - continuei rindo - Eu nem tenho motivo pra ter ciúmes dela.
Levantei em direção ao meu quarto, e ele veio atrás.
- Ah, não? - ele me puxou pela mão.
Na hora arrepiei até os pelinhos de locais inacreditáveis, porque lembrei da noite que...demos uns beijos.
Não me aguentei e comecei a rir mais ainda, quando senti ele me empurrar de leve para a parede e encaixar uma das pernas no meio das minhas.
- Ah, Lis, por que eu acho que você sente alguma coisa por mim, ainda? - ele falou baixo, próximo ao meu rosto e olhando nos meus olhos.
- Porque você é meio louco - tampei a boca com uma mão pra não jogar cuspe na cara dele.
Sabe como é, as vezes me empolgo na risada e pareço uma capivara passando mal.
- Qual é Lis, só se for louco pra voltar pra tua vida - escutei ele falar essas palavras baixinho, olhei bem naqueles olhos e sorri por dentro quando senti a boca dele na minha.