Dark Mind

By Bheccs

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Uma garota desperta na floresta, sem memória, sem nome, sem passado e sem ninguém em quem pode confiar. Ajuda... More

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Bônus
Data de Lançamento
Dedicatória
Prólogo
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By Bheccs

     O sol toma o céu em cores avermelhadas, o azul brilha em tons escuros e a noite cai como um manto cobrindo a luz, as cores refletem no lago profundo e nos olhos de Nickolas.

     Meu coração bate forte admirando a paisagem. Lembro que passei por esse lago na noite em que minha vida recomeçou, se assim posso dizer. 

     — O que acha? — pergunta deslizando os dedos dos meus quando dou passos à frente.

     — É lindo. — Abaixo, tocando a água, ainda vendo os últimos raios do sol refletirem. — Se toda essa cidade tem uma história mágica, este lago também tem? — pergunto aleatoriamente, ele ri e joga a cabeça para trás. 

     — Na verdade tem. — Tenta relembrar. — Alguns dizem que as cinzas dos seres sobrenaturais assassinados pelos humanos eram jogadas aqui, tinham pessoas que acreditavam que se matassem um bruxo e jogassem as cinzas aqui iriam conseguir realizar um desejo. Pura invenção de algum humano sem tempo do que fazer.

     — Os humanos criaram assim tantos mitos? 

     — Diversos, alguns que até mesmo os seres sobrenaturais mais novos acreditam. — Sorri de lado, uma de suas covinhas aparecendo.

     — Eu lembro de algumas coisas na minha infância, quando contavam lendas antes de eu dormir. Só consigo lembrar da voz, nunca do rosto — murmuro decepcionada e levanto, Nickolas passa os dedos entre os fios do meu cabelo em uma carícia. 

     — Você vai conseguir lembrar, Maeve, só tem que ter paciência e determinação. A parte da determinação você tem de sobra, só falta a paciência mesmo. — Rio, sinto o corpo de Nickolas vibrar atrás do meu com sua gargalhada. 

     — Estive pensando... — Recupero o fôlego pela risada. — Eu não venho sentindo dor quando lembro de algo, o que significa que estou mais forte. Pensei que eu poderia forçar minhas memórias com meus poderes a partir de agora, quem sabe essa barreira se quebre. 

     — Maeve, isso é perigoso! Já falamos disso uma vez. — Viro rápido o encarando com raiva.

     — Eu sei! — Busco ar, contando mentalmente para me acalmar. — Eu sei, e da última vez eu esperei as coisas acontecerem de modo natural e até agora não lembro de quase nada! Nickolas, isso é perturbador, não tenho nem mesmo uma personalidade definida porque as memórias que vou ganhando podem modificar quem me tornei agora, no final disso posso sair uma pessoa completamente diferente, e isso me deixa estressada. — Bufo, Nick estende a mão e aceito, ele me puxa para seu corpo, perto o suficiente para enxergar as marcas das covinhas quando ele fala.

     — Se for fazer isso, fale com Elisa, ela pode não saber muito sobre magia demoníaca, mas sabe sobre cura. Só peço para não fazer nada precipitado. Certo? — pergunta em meu ouvido e assinto.

     O lago é calmo, assim como Nickolas, seus olhos variam do raso e profundo, igual a cor das águas durante o dia e a noite. As vezes sinto vontade de mergulhar de uma só vez, e outras de molhar apenas os pés. 

     Talvez, dessa vez, eu escute Nickolas. 

     Sinto a cobra passando entre meus dedos e acaricio sua pele escamosa. 

     — Anjinhoooo! Você voltou? — a voz, a qual já estava acostumada a ouvir sem ver nenhuma imagem, fala estridente. 

     — Acho que sou eu quem tem alucinações, não você. — murmuro e a risada entrecortada é carregada pelo vento.

     — Então ainda não aprendeu a controlar — sussurra em meu ouvido, Lily rasteja em meu braço se enroscando.

     — Eu posso controlar isso? Ir e voltar quando quiser? — O riso irritante volta.

     — Mas é claro que sim! É sua mente, afinal. — A mão com garras passa meu pescoço, não diria que em forma ameaçadora, mas sim carinhosa.

     Franzo a testa.

     — Como?  

     — Não posso dizer — ecoa pela floresta.

     — Por quê? — Levanto com a cobra ainda em meu braço.

     — Porque seria fácil demais, chato demais. 

     — Então como acha que vou controlar?! — Irrito-me, cansada dessa brincadeira.

     — Descubra sozinha. — Ri alto, cada vez mais exagerado. — Não se preocupe, assim que recuperar as memórias tudo ficará mais fácil. Ou não... — A voz some, deixando o ar cheio de dúvidas. Dessa vez, é a voz quem vai primeiro, e eu fico.

     Estranho quando não sinto meu corpo cair e ser jogado novamente para a realidade.

     — O que houve? — sussurro para mim mesma.

     Lily aperta meu braço, como em um ato para se comunicar. Na primeira vez estranho meu pensamento, então percebo a situação: estou presa em uma floresta que aparentemente só existe para mim e outro ser, moro com vampiros e uma bruxa, sou um demônio. Uma cobra tentar se comunicar não é a coisa mais estranha que já aconteceu comigo. 

     — O que foi? — Sento nas folhas secas, algumas negras e outras já virando pó. Lily desliza do meu braço e segue por uma trilha no meio da floresta. A sigo.

     É estranho pensar que de tantas vezes que já vim aqui, nunca me interessei em explorar a mata. 

     Sigo o rastro da cobra por entre várias árvores, os troncos retorcidos e os galhos com poucas folhas. Aqui não tem lua, muito menos estrelas, é a mais pura escuridão. Porém vejo com facilidade, como se estivesse iluminado.

     Paro diante de uma caverna, por incrível que pareça a primeira coisa em qual penso é a lembrança que entrei em uma gruta com Drak. Lily se enrola em minha perna e caminho entrando no local.

     No início penso ser apenas uma caverna comum. Mas quando paro para analisar as paredes arregalo os olhos quase não crendo no que vejo.

     São desenhos, milhões deles, incontáveis, e seguem por toda a estrutura rochosa, paredes, teto, chão e até nas pequenas pedras. Estreito os olhos, passando os dedos pelo primeiro desenho, afasto-mr rapidamente quando sinto um vento forte e fecho os olhos com uma sensação pesada. 

     Pisco tentando recobrar os sentidos, e me surpreendo ainda mais ao ver um fogo negro no centro da caverna, o desenho passava como um vídeo de fumaça. Aproximo-me, assistindo com cuidado, prestando atenção nos detalhes.

     Uma garota está em um lago, e tem algo nas mãos.

     Uma pedra.

     Outra pessoa chega, mais uma menina, de cabelo curto. Ela diz algo e a que estava sentada levanta abruptamente, as duas parecem estar discutindo.

     A de cabelo curto nem se move quando a outra ameaça jogar a pedra. Ela joga, a outra fecha os olhos esperando o impacto, mas ele não chega. A pedra foi jogada na água. A de cabelo longo ri, falando algo, e depois entrega uma pedra na mão da garota. 

    Eu quase não entendo com a velocidade que as coisas se desenrolam. Volto para a parede, procurando mais desenhos, procurando o início e o fim, mas é impossível! 

     Sorrio vendo um que reconheço. Uma menina segura uma espada e um adolescente segura outra, preparados para lutar, sou eu e meu irmão. 

     São minhas memórias! 

     Quando me dou conta da dimensão de tudo ao meu redor, é tarde demais, estou caindo num profundo burado, sendo levada de volta a realidade.

     Abro os olhos abruptamente, a sensação de perda e fúria se apoderando do meu corpo. Eu estava perto de achar a solução de todos os meus problemas! 

     Levanto tendo a certeza que qualquer resquício de sono se foi. Ando de um lado para o outro, meus passos são confusos e fico tropeçando em meus próprios pés, minha cabeça girando, tentando lembrar dos desenhos que vi. Qualquer um... Qualquer um... Qualquer um... Nada! 

     Eu não consigo lembrar! 

     Ouço barulhos no andar de baixo e franzo a testa, fico em alerta ao ouvir algo sendo quebrado. Caminho até a porta e toco a maçaneta, abrindo lentamente. Os barulhos aumentam e posso sentir uma magia poderosa rodear a casa. 

     Paro. 

     Eles estão aqui. 

     Meus olhos escurecem, assim como meus dedos. Teletransporto-me para a cozinha e arregalo os olhos com uma faca voando em minha direção, a paro a milésimos de distância do meu rosto.

     Sem tempo para processar, vejo Damien quebrando a cabeça de uma mulher cheia de tatuagens. Ele está transformado, me olha e sorri de lado.

     — Resolveu se juntar à festa? Estava tão divertido sem você. — Um homem aparece atrás do vampiro, Damien vira e o morde, as presas brilhando na escuridão, o sangue espirrando para todos os lados assim como os gritos sôfregos. 

     — Digamos que gosto de atrapalhar sua diversão. — Faço a faca voar em direção a outro homem que se aproximava, a cravando em sua cabeça. 

     — Isso não é nem o começo, anjo. Tem bruxos por toda parte. — Corre para a sala e vou atrás. 

     Vejo a maior parte dos móveis quebrados, Dominic está lutando contra três bruxas que repetem palavras sem parar, feitiços de imobilização. Ergo minhas mãos em direção a elas e quebro seus pescoços. O olhar dourado para em mim e sorri piscando. 

     Surpreendo-me ao ver Elisa matando um bruxo, a magia azul o rodeando e o afogando. Sorrio para a bruxa elemental da água. 

     Mais alguns bruxos entram na casa, Damien logo está atacando mais deles. Nickolas joga um bruxo na parede a quebrando, e o matando. Nossos olhares se cruzam, o azul profundo prova que ele não queria estar fazendo isso, mas não tinha escolha, somos monstros em busca de sobrevivência. 

     Avanço em direção a uma mulher loira, desenhos cobrem sua face, posso dizer que são runas para feitiços obscuros e rituais. Ela sorri, uma grande força me joga para trás fazendo-me bater na parede.

     Telecinese.

     A magia força meu corpo para quebrar os ossos, posso sentir meus órgãos sendo esmagados. Sangue escorre por minha boca. 

     — Tudo bem, já deixei você se divertir por tempo demais — murmuro. — Minha vez. — Sorrio sádica. Posso sentir minhas orbes negras, totalmente tomadas pelo poder. Uso um poder que a muito tempo estava louca para testar.

     Encaro os olhos da bruxa, seu sorriso some, aos poucos seu rosto se contorce em uma careta, e o grito vem em seguida. A força à minha volta some, tenho somente meu poder me rodeando, querendo o controle total e morte, medo e dor. 

     E é isso que vou fazer. 

     Transformo em realidade os piores pesadelos da bruxa, a induzindo em um estado de choque por medo, logo em seguida, a dor. Ela se joga no chão gritando, seus braços são quebrados apenas pela força da minha mente, depois, as pernas. Sorrio. 

     Vejo pelo canto do olho um bruxo se aproximar com uma faca. Rio me virando para ele que arregala os olhos e me ataca o mais rápido que consegue. 

     Desvio. Seguro sua mão, ele tenta desferir um soco com a mão livre, mas quebro seu braço com velocidade e o viro segurando o pescoço e cravando meus dentes em sua pele sem pensar, sinto meus dentes pontiagudos rasgando sua carne. Mas diferente dos vampiros presentes lutando e sugando o sangue dos bruxos, eu arranco um pedaço da pele, como um instinto que ressoava fazendo minha mente agir de modo incontrolável. 

     Mastigo e engulo. Seus gritos se misturam aos da bruxa no chão, aos barulhos da luta, e o melhor: ao cheiro do medo. 

     Consigo sentir algo dentro de mim, querendo sair, querendo destruir tudo à sua volta. Ao invés de seguir esse instinto, apenas arranco a cabeça do homem fora e abaixo arrancando o coração da mulher. 

     — Maeve! — um grito me faz levantar rapidamente e um ardor toma conta do meu estômago, uma faca atravessa meu corpo, nem tenho tempo de analisar o homem que me feriu quando seu corpo cai no chão, a cabeça decapitada. 

     Puxo a faca com raiva. 

     — Realmente preciso relembrar as técnicas de batalha! — resmungo vendo meu sangue escorrer, logo o ferimento fecha e encaro o vampiro.

     Nickolas tem os olhos vidrados em mim, a expressão de puro terror, medo, posso sentir. 

     — Você está bem? — sussurra, parecendo incapaz de falar mais alto.

     — Graças a você, se não me gritasse ele atingiria meu pescoço — falo rápido, sem tempo de prestar atenção no homem e focando em mais bruxos do lado de fora. 

     — Eles não desistem de tentar extinguir a própria espécie?! — Damien revira os olhos fincando os dedos no crânio de uma mulher com os olhos esbugalhados mostrando a dor que sentiu. 

     — Quantos ainda faltam? — Dominic pergunta próximo ao irmão, ele não recebe resposta, mas sabe que faltam muitos. 

     Elisa respira fundo buscando ar.

    — Por que não entraram todos de uma vez? Poderiam nos derrotar facilmente, tinham mais de cinquenta bruxos. O que estão esperando? — Nickolas observa os arredores, as paredes quebradas e a porta de entrada arrancada.

     — Não sei, a magia deles está diferente, mais fraca. — a bruxa explica, o suor escorrendo por sua testa.

     — Ou seja, o de sempre. — Os olhos acinzentados de Damien se reviram. 

    — Significa que fizeram um feitiço poderoso recentemente e esgotaram sua magia — concluo com raiva e interesse. 

     — Significa que isso é uma distração. — O corpo de Damien enrijece, concordo com a cabeça. 

     Os olhares atentos dos bruxos, no mínimo vinte deles, voltados para nós. 

     — O que vamos fazer? — Nickolas volta a perguntar, a mesma postura de incerteza que toma Elisa está presente nele. 

     — Vamos dar o que vieram buscar: — Sorrio dando um passo a frente. — A morte.

     Sinais e mais sinais, Maeve está recebendo respostas, mas com elas mais perguntas.

     A batalha está só no início, a luta é só uma parte da guerra, o que esperar da outra metade?

     A pergunta é: como Maeve está ligada a tudo o que está acontecendo?

     Até o próximo♥️🌟
    

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