Astrid
Eu estava dormindo, antes de descobrir a gravidez eu estava tendo muito sono.
Muito.
Acordei com leves cutucares em meu braço, e então um sussurro.
— Princesa?
— Uhum? -murmurei de olhos fechados.
— Vamos jantar na casa do rio, minha família quer te conhecer.
Eu caí da cama, literalmente.
— Ai, eu não podia ter caído. -choraminguei.
Cassian surgiu do meu lado, me erguendo de imediato.
— Se machucou?? Onde dói? O bebê está bem?? Você está bem??
Eu sentei na cama.
— Poderia me dizer de um jeito calmo, eu quase morri. -falei.
— Mas eu falei calmo. -ele disse confuso.
— Correção, não dê notícias assim quando eu estiver com um pé no sono e o outro no acorde. -falei.
Ele assentiu.
— Eu não vou não. -falei.
Ele me encarou..
— Por que não??
— Porque eles não vão gostar de mim, ninguém gosta, prefiro ficar aqui. -falei.
— Eu gosto de você.
— Você é o pai do meu filho, se não gostasse eu não estaria aqui. -o encarei com tédio.
— Mas eu gosto de você mesmo antes de me dizer que estava grávida. —ele inclinou a cabeça— gosto muito de você.
Eu pisquei.
— Ok, mas a sua família não vai gostar de mim. -falei.
— Vai sim, eles vão adorar você. —ele sorriu— você é encantadora, princesa.
— Eu aposto que não.
— Eu aposto que sim..
— Se eu ganhar você dorme comigo em meu quarto.
Eu arregalei os olhos para ele.
— Calma! É que quero estar perto de você, não vou dormir muito tranquilo sem saber se vai precisar de algo. -ele disse.
— Precisar de algo como o que? Cassian. -pisquei.
— Não sei, água? Doces? Massagem nos pés? Uma canção de ninar?
Eu pisquei, o illyriano mais poderoso e temido de pythrian está com a cara toda boba e um sorriso bobalhão enquanto conta nos dedos o que eu posso precisar.
— Carinho...
Eu me encolhi.
— Carinho não.
— Por que não? -ele piscou.
— Porque eu nunca senti isso, não sei como é, a palavra é estranha e me assusta. -murmurei.
Ele me encarou.
— Estou olhando para você com carinho agora. —ele disse— beijando sua testa...
Ele beijou a mesma.
— Estou sendo carinhoso, acariciando os seus cabelos.. —ele acarciou os mesmos— estou sendo carinhoso com você, o carinho não machuca, então não tenha medo de recebê-lo, muito menos de mim. -ele disse.
Eu o encarei, desviando o olhar.
— Vamos jantar com a minha família, sim? Eles vão te adorar, vão amar você. —ele sorriu— também vão amar saber da notícia.
Eu suspirei, assentindo.
— Mas se...
— Se você não estiver confortável e não estiver se sentindo á vontade, é só me dizer e nós voltamos, eu não perguntarei nada sobre, apenas voltaremos e eu ficarei com você, sem algum problema. -ele disse.
Eu assenti.
— Se for assim... Eu vou. -murmurei.
Ele sorriu grandemente.
— Não vai se arrepender.
Eu espero que não...
✧
Cassian voou comigo até a... Casa do rio, isso, esse é o nome.
Eu estava em um vestido azul, que ele havia me dado.
Confesso, me sinto um tico desconfortável quando alguém me dá algo, eu estou acostumada a me dar as coisas e eu mesma me mimar.
Eu encarei o belo céu estrelado de forma maravilhada.
— Aqui é... Muito lindo, Cassian. -murmurei encantada.
Ele sorriu para mim.
— Te levo amanhã, ou hoje mesmo para dar um passeio por Velaris depois do jantar. -ele disse.
Eu assenti, encarando de cima a cidade que brilhava como se fosse feita de estrelas.
Nós pousamos diante de uma grande e bela casa, Cassian me pôs com cuidado no chão.
Eu ajeitei o vestido e meus cabelos.
— Está bom? -o encarei confusa.
Ele me encarou, então sua mão foi até meu rosto, fazendo borboletas subirem em minha barriga, batendo suas asas. Ele pôs uma mecha atrás da minha orelha pontuda.
— Está linda, princesa. -ele disse.
Eu sorri, as bochechas coradas, ele me lançou um sorriso de lado, abrindo a porta, me dando passagem.
Eu adentrei a bela casa, que era magnífica por dentro, elegante, e com cara de.... Lar.
Ele fechou a porta, me encaminhando por corredores.
Eu ouvi um burburinho.
— Ele disse que não estava com ninguém. -uma voz delicada como flores soou.
— Acho que ele não queria que voássemos em cima da garota. -disse uma voz elegante.
— Como se fôssemos animais. -uma voz afiada bufou.
Eu encarei Cassian e vi o illyriano revirar os olhos.
— Tão dramáticos, família. -ele disse.
Nós adentramos uma sala, eu fiquei atrás do general.
— Cadê ela?? -muitas vozes questionaram.
Cassian olhou por cima do ombro, sua asas delicadamente me empurrando para o lado, e me dando um empurrãozinho para que todos me vissem, e eu os visse.
Eu encarei muitos rostos, pude ver os grão-senhores, Rhysand e Feyre, Morrigan, Amren, Nestha, Elain, Azriel.
Era praticamente impossível não conhecer o círculo íntimo e as irmãs Archeron, ainda mais os grão-senhores.
— Ela é linda. -Morrigan surgiu do meu lado de forma eufórica.
Eu tomei um susto, me escondendo atrás do general.
Não tenho muito contato com pessoas assim... Alegres, somente agressivas.
— Ela é tímida. -Cassian disse.
Ele me encarou um olhar de "vai lá, fala com eles."
Eu saí de trás dele lentamente, eu encarei todos.
Eu inspirei fundo.
— Oi. -sussurrei.
Ouvi gritinhos de todos menos de duas fêmeas, a Amren que tinha um sorriso de lado, e Nestha Archeron que estava de cara fechada.
— Ela é linda, Cassian. -a grã-senhora surgiu em minha frente.
— Essa é Astrid minha... Companheira.
Eu o encarei de relance, os olhos levemente arregalados.
Um por um veio até mim.
O grão-senhor fora o penúltimo.
— Seja bem vinda a família, Astrid querida. -ele sorriu amigável.
— Obrigada. -murmurei baixinho.
O mestre espião surgiu diante de mim.
— Olha, Az, eu disse que ela é sua irmã perdida. -Cassian bufou um riso.
O espião revirou os olhos, e então um sorriso escondido por sombras para mim.
— Seja bem vinda. -um sussurro.
— Obrigada. -falei no mesmo tom.
Ele desapareceu e surgiu no canto da sala.
— Bom, vamos jantar? -questionou Cassian.
Todos fomos jantar, e tive o prazer de conhecer o pequeno Nyx, filho dos grão-senhores, eu fiquei brincando com ele em meu colo rindo baixinho com os encantos do jovem príncipe.
Eu olhei de esguelha para o general que sorria bobo em nossa direção.
— Eu queria contar uma coisa. -disse Cassian.
Todos pararam o que estavam fazendo e o encararam, eu também o encarei, sabendo o que seria.
— Astrid e eu... Vamos ter um filho.
Silêncio, então um grito alto do grão-senhor e do espião me fazendo ficar surpresa.
Os dois machos saltaram no general, o derrubando da cadeira, um emaranhado de asas e cabelos escuros.
Eu pisquei, apenas isso e as fêmeas já estavam diante de mim.
— Meus parabéns. -era o que elas diziam sem parar, sorrindo largamente.
Eu estava travada diante de todos os abraços que recebia, tanto das fêmeas quanto dos machos.
— Vou a biblioteca. -disse a Archeron mais velha, Nestha.
Cassian olhou de esguelha para ela, e então desviou o olhar em um suspiro pesado, logo abrindo um sorriso largo com a comemoração dos irmãos.
Ah, havia algo entre eles, ou já havia acabado.
Interessante.
— Vamos ser tios. -o grão-senhor e o espião disseram juntos, sorrindo largamente para Cassian.
— Que a mãe ajude a criança. -murmurei.
Eles riram para mim e eu corei, falei alto demais.
Cassian sorriu para mim, beijando a minha cabeça.
— Já é um começo, princesa. -ele disse.
É, já era.
✧
Cassian me levará para conhecer a cidade depois do jantar, me mostrando cada canto daquele lugar maravilhoso e brilhante.
Abençoando pelas estrelas, o passeio terminou na ponte do sidra, onde vimos a lua e as estrelas por horas.
Já na casa do vento, eu tomei um banho, e então vesti uma camiseta do illyriano, torcendo para ele não ficar bravo.
Eu surgi secando os meus cabelos com a toalha e o olhar de Cassian subiu e desceu em mim.
— Desculpe, espero que não fique irritado. —murmurei— queria pedir para me levar até a minha casa amanhã, para eu buscar as minhas roupas.
Ele sacudiu a cabeça.
— Não estou irritado, ficou melhor em você do que em mim. —ele brincou com um sorriso divertido— e sobre as roupas, eu compro tudo para você aqui, está certo? Pode me falir com a Mor nas lojas de Velaris.
Eu corei, ele não era nada, nada do que todos enchiam a boca para falar, ele não era o monstro que todos os illyrianos enchiam a boca para falar mal.
— Compre coisas para o bebê. —os olhos dele brilharam como os de uma criança— porém eu gostaria que você comprasse junto comigo, quero te ver correndo para lá e para cá com roupinhas e sapatinhos nas mãos.
Eu sorri de lado, fazendo minhas covinhas surgirem.
— Está bem, obrigada e... Eu estou realmente sem jeito. —desabafei— se eu arranjar um trabalho por aqui, eu com toda a certeza vou te pagar por isso, ok?
— Não tem que me pagar nada! —ele arregalou os olhos— o que é meu é de vocês agora, a mãe do meu filho não tem que me pagar por eu estar dando o que eles precisam e mais, não mesmo. -ele disse.
Eu sentei na cama, o encarando.
— Desculpa, não estou acostumada com esse tipo de coisa. -fui sincera.
Eu inclinei a cabeça.
— Eu que me dou as coisas e não as pessoas que me dão, eu me acostumei com o fato de que ninguém se importa comigo. -falei.
— Eu me importo com você, demais, e agora a minha família também se preocupa. -ele disse.
— Será que causei boa impressão? -franzi o cenho.
— Eles amaram você! Princesa. -ele sorriu grandemente.
Eu o encarei, os fios ruivos caindo em meu rosto.
— Acho que a irmã mais velha da grã-senhora não gostou de mim.
Um bufar.
— Nestha odeia todo mundo, não ligue. -ele disse.
— Desculpe por estar me intrometendo mas já me intrometendo, vocês já tiveram alguma coisa? -perguntei.
Ele me encarou surpreso.
— Quê? Eu sou quieta mas sou observadora. —murmurei inclinado a cabeça como uma criança— sou curiosa e como minha mãe dizia... Uma fofoqueirinha ruiva.
Ele me encarou.
— Bom, já tivemos, somos parceiros.
Eu o encarei boquiaberta.
— Mas nos separamos, não demos certo, são muitos conflitos para os dois, e nós não nos sentíamos completos, então rompemos o relacionamento. -ele disse.
— Oh. -falei entendendo.
— Não estava com ciúmes, estava? Princesa. -ele me encarou divertido.
Eu pisquei.
— Ah, não, não, era apenas curiosidade mesmo. -falei de imediato.
Ele me encarou.
— Sabe que não estou assumindo só o meu filho, estou assumindo você também, não é? -ele me encarou.
— Entendo pouco sobre o assunto, vai ter que me explicar. -bati os cílios em confusão.
— Que estou assumindo meu filho, estou aqui para o ser o pai dele. —ele disse— e estou aqui para ser o teu companheiro se aceitar.
Eu pisquei, engolindo em seco.
— Ai que sono. —fingi um bocejo— boa noite, Cassian. -deitei fechando os olhos.
Um riso dele.
— Boa noite, princesa fujona. -ele disse.
Eu suspirei, me cobrindo com os cobertores, porém, me remexia na cama.
Uma cama diferente da minha, ok, vou ter de me acostumar com isso.
Eu me remexi de novo, então braços fortes me envolveram por trás, e eu... Relaxei.
— Melhor? -a voz rouca do general soou.
Eu assenti, senti uma carícia em minha barriga.
— Boa noite mini Cassian ou mini Astrid.
Eu bufei uma risada.
Os olhos pesados, o sono me levando, então eu dormi.
*Até o próximo capítulo ☄️ deixem seu comentário e seu voto pfvr ☄️*.