My Sunshine

By shenpaisan_

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Com o sonho de se tornar um militar dedicado ao seu país, Itachi Uchiha abandona toda sua vida na cidade de K... More

Prólogo.
Começando no Futuro
Conflito de emoções
De volta ao lar
Retorne à superfície
Além do instinto
Ruptura

Contemple seu ômega

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By shenpaisan_

O cômodo grande e repleto de móveis luxuosos se encontrava extremamente silencioso e mesmo que houvesse seis pessoas ali o sentimento era de vazio completo. Cada um perdido em seus próprios pensamentos que naquele momento giravam em torno das mesmas pessos.

Itachi e Naruto.

— Não devíamos ter deixado ele ir buscá-lo — Sasuke constatou em tom baixo, mas que foi escutado por todos presentes no cômodo e era o que se passava na cabeça de todos os alfas protetores que estavam ali. O moreno rodeava a aliança prata em seu dedo enquanto encarava um canto qualquer daquela enorme sala e que naquele dia parecia tão fria como nunca esteve.

— Não adianta adiar o inevitável — a voz firme de Kushina se fez presente em resposta à Sasuke que apenas crispou os lábios e foi acompanhado por seu irmão Menma, seu pai e também por tio — Foi um choque para todos vocês e será para Naruto, seja vendo ele aqui ou lá.

Itachi havia saído para buscar Naruto há pouco menos de quinze minutos, pegou emprestado o carro de sua mãe e saiu, não havia como negar a felicidade e ansiedade que emanava de seu corpo. Seus feromônios pareciam desesperados e pela primeira vez em anos ele não podia controlá-los. Claro que isso foi notado pela sua família e seria algo que poderiam tirar sarro se não soubessem o que aquele encontro poderiam desencadear ao pequeno ômega.

— Porém devíamos ter conversado com Itachi antes, Kushi. Contá-lo o que o bolinho passou nos últimos anos com sua ausência e deixar que se reencontrassem aqui, com todos nós presentes e preparados para lidar com qualquer situação que poderia ocorrer — Fugaku disse recebendo um aceno positivo do filho caçula e após isso passou as mãos pelos cabelos castanhos enquanto os jogava para trás, sinal claro de impaciência.

Mikoto começava a se sentir culpada, afinal foi ela quem permitiu a ida de Itachi de cara e ninguém teve coragem de contradizê-la, não na frente de Itachi, considerando que seriam obrigados a explicar o motivo de não querer que fosse ele a buscar o loirinho. Seu semblante cabisbaixo foi notado pela amiga ruiva que apenas assentiu em sua direção, tentando lhe passar conforto.

Minato apenas suspirou e bebericou um gole do Whisky que havia sido servido pelo amigo de longa data. Não ousava se pronunciar naquele momento.

Passou noites acordados com o filho em seus braços, queimando em febre e com a respiração entrecortada. Foram inconstantes vezes em que precisou largar o trabalho junto ao patriarca Uchiha para ir às pressas ao médico pois o filho havia convulsionado ou desmaiado e passou os primeiros meses após a ausência de Itachi trabalhando em casa, evitando ao máximo deixar que apenas Kushina lidasse com o filho, tinha medo de vê-la afundar juntamente com o pequeno omega, não poderia suportar.

Naqueles anos, seus olhos não eram retirados em nenhum momento de sua família. Menma também não escapou dos cuidados incessantes de seu pai. Minato sabia da ligação que o filho alfa tinha com Naruto, eram gêmeos e também se preocupava, pois havia momentos onde Menma também sucumbia por sentir as dores do irmão. Afinal, haviam dividido o mesmo espaço dentro de sua esposa antes mesmo de serem um ser que era considerado vivo e após o parto cresceram grudados como se fossem siameses.

Menma que se manteve calado até aquele momento se levantou de supetão e passou a andar de um lado para o outro enquanto seu celular estava em sua orelha. Levou a mão livre até o peito e passou a massagear o local levemente, enquanto em seu rosto havia uma careta de dor.

— Não atende… Ele não atende a porra do telefone — O loiro murmurou rispidamente. Sua mão que estava em posse de seu celular passou a apertar o aparelho com ainda mais força enquanto o levava mais uma vez à orelha, insistindo naquela ligação. Grunhiu baixo em dor e passou a massagear com mais força o lado esquerdo de seu peito. O alfa notou que os olhares antes curiosos se tornaram preocupados e questionadores em sua direção.

Queria apenas que Naruto atendesse para poder pedir para ele esperá-lo em sua sala, para não sair do prédio e não encontrar o motivo de seu tormento diário durante toda a sua adolescência até a fase adulta.

Minato foi o primeiro a se levantar, seguido de Fugaku que seguiram na direção de Menma e se colocaram um à cada lado do jovem loiro o apoiando com suas mãos fortes, logo o levaram novamente até o sofá para que se mantivesse sentado. As ômegas no local também se levantaram para prestar apoio ao filhote.

— Porra… — um grunhido escapou dos lábios de Sasuke enquanto esfregava o rosto em agonia e preocupação com os gêmeos mais importantes de sua vida. Pegou o celular em mãos e abriu o aplicativo de mensagens, ouviu um estalo em sua cabeça ao ver um grupo em específico com mensagens de alguém que não estava ali há um certo tempo.

O caçula dos Uchihas franziu as sobrancelhas e levantou o olhar para analisar rapidamente todo o cômodo sentindo a falta de alguém que já deveria ter voltado do banheiro, como sinalizou que ia anteriormente.

— Cadê o Kono? — Questionou para ninguém em específico e se levantou para olhar para os corredores da enorme mansão, olhou novamente para o celular em suas mãos e abriu as novas mensagens enviadas por Konohamaru. Levantou a cabeça e encarou os olhos de seus pais e tios que negaram com a cabeça assim como o quase irmão. Todos já entendendo o motivo do sumiço do castanho.

Menma apenas se jogou para trás no sofá e respirou profundamente recuperando o controle de seu corpo e tentando não ser tão afetado pela preocupação e pela conexão com seu irmão gêmeo.

— Meus irmãos ainda vão me matar…

~º~

Naquele momento, Itachi podia ouvir seu alfa rosnando e uivando em completo desespero dentro de sua cabeça como nunca havia feito e aquele som alto e agressivo lhe causava dores e agonia.

De onde estava era possível sentir o cheiro suave do seu companheiro se destacar no meio da aglomeração de pessoas, aquele cheiro o atraía, era possível reconhecer aquele aroma doce em qualquer lugar, não importando o tanto de pessoas e cheiros que houvesse, seus instintos sempre seriam atraídos para Naruto. Seu coração pulsava descontroladamente e parecia querer pular para fora de seu peito fazendo com que o lúpus arfasse de forma intensa como se tivesse corrido em uma maratona até chegar ali e podia garantir que nem o mais pesado treinamento que teve no exército lhe trouxe aquela sensação. Era inexplicável o sentimento que tomava seu peito, seus instintos e sua mente naquele momento.

Demorou poucos segundos para que Itachi pudesse encontrar visualmente seu pequeno raio de sol no meio de todas aquelas pessoas. O Uchiha sentiu seu coração dar um sobressalto que lhe tirou o ar por um momento.

Pelos deuses, jamais havia visto um ser mais bonito em toda a sua vida.

Naruto não havia crescido muito em questão de altura, mas Itachi podia notar a evolução que ocorreu no corpo do ômega… Como ele podia! As curvas acentuadas destacavam-se na roupa de cor escura que o ômega usava, o deixando ainda mais atraente do que um dia se poderia imaginar. Itachi não pode deixar de mirar o pequeno loiro da cabeça aos pés.

Naruto era lindo.

Mesmo lutando para suprimir a ferocidade e agitação de seu lobo, Itachi não pode segurar um grunhido, agonizando pela sensação arrebatadora de tomar aquele pequeno ser para si como sua posse, sua propriedade. O ronco subiu ferozmente pelo seu peito ao ponto de chamar a atenção de poucos alunos que passavam perto de si, curiosos com a presença do moreno que lembrava muito um outro alfa lúpus, estudante daquela universidade.

Meu ômega.

Os urros em sua cabeça lhe deixavam tonto e delirante. Itachi respirou fundo e se concentrou em retomar o controle de suas emoções e sua presença, recolhendo a mesma, nunca havia se descontrolado em todos esses anos e já estava chamando mais atenção do que o esperado. 

Naruto era o único com o dom de o afetar como ninguém um dia poderia. Seu companheiro o desestabilizava.

Agora que finalmente o via de perto após todos esses anos tentando suprimir seus sentimentos, o moreno só poderia ter certeza daquilo que já sabia. Naruto era seu ômega, sempre fora! Seu companheiro de alma. O único ser que o moreno amaria em toda a sua vida, o único que poderia marcar para se tornar um só. 

Era ele. 

Sempre fora ele.

Nosso escolhido.

E ali, em frente ao enorme portão daquele edifício luxuoso, Itachi só podia concordar com os pensamentos de seu alfa interior. 

Completamente perdido em seus pensamentos conflituosos sobre seu ômega, Itachi sem perceber geme o nome do loiro, mas não reparou que já tinha se aproximado do Namikaze o suficiente para ser escutado pelo menor. O ex-militar, tão vidrado na imagem celestial em sua frente, não notou que os olhos azuis que tanto amava naquele momento pareciam um mar tempestuoso e molhado.

— Tachi. 

Aquilo foi o suficiente para trazer o Uchiha para a realidade e foi quando finalmente notou o estado de seu ômega. O pequeno loiro estava pálido e com um semblante tão fragilizado como nunca antes havia visto. Nem mesmo quando eram crianças e Naruto fugia para seu quarto aos prantos após um pesadelo que em sua mente infantil era terrível. Sentiu seu cérebro quase explodir com o rugido de preocupação que ecoou em sua cabeça e mesmo que a aflição fosse agonizante, tentou se manter firme para poder amparar o Namikaze, pois imaginava que o menor estava sentindo o mesmo que sentia naquele momento, porém em dobro.

Era o reencontro deles, afinal.

Seus sentimentos entraram em guerra e eram refletidos em seus olhos negros, sentimentos que agora eram tão expressivos para qualquer um que o encarasse por poucos segundos. Amor, saudade, alegria, remorso…

Incontáveis sentimentos e difíceis de descrever em palavras.

Itachi se arrepiou novamente quando mirou o corpo do ômega e notou uma mão pálida envolta da cintura fina de Naruto. Seus olhos antes negros se tornaram duas pedras rubis e frias quando foram voltadas para o alfa comum ao lado do loiro.

Kimimaro já havia passado por situações terríveis em sua vida, se considerava uma pessoa forte e bastante corajosa, podendo bater de frente com qualquer um, como fez algumas horas atrás com a lúpus Hyuuga, mas naquele momento seu lobo recuou. Nunca havia sentido tanto medo em sua vida, toda a sua guarda estava em alta e podia até mesmo ouvir seu lobo soltar lamúrias e pedidos para que fugisse o mais rápido possível da presença ameaçadora e agressiva daquele lúpus em sua frente e parcialmente, foi o que fez.

Quando Itachi viu que Naruto iria cair por não ser mais apoiado pelas mãos nojentas do albino atrevido, se apressou e com agilidade rodeou o corpo do ômega com seus braços fortes o puxando para cima não somente com a intenção de apoiá-lo, mas realizar algo que seu corpo ansiava há anos.

Abraçá-lo.

O corpo franzino e repleto de curvas tremia sem controle em seus braços a ponto de preocupar o alfa. O abraçou com mais força, apertando as costas do omega com possessividade e demonstrando a qualquer um que visse aquele contato que não iria soltar o menor tão cedo. Afundou o rosto no pescoço bronzeado do ômega e seu lobo praticamente ronronou em completa entrega, como um cão que naquele momento se tornou perfeitamente adestrado e submisso.

Arregalou os olhos que se encontravam fechados e úmidos quando sentiu suas presas saírem para fora.

Nunca, em hipótese alguma, Itachi imaginou que a conexão de almas gêmeas fosse tão intensa que poderia lhe trazer a vontade de marcar seu parceiro com o menor contato, principalmente após anos longe.

Estava pronto para se afastar daquele lugar quente e cheiroso onde estava escondendo seu rosto, porém sentiu os braços do ômega que antes estavam tremelicando ao lado de seu corpo se apertar em suas costas, enquanto as mãos pequenas agarraram com força a camisa que vestia naquele momento.

— Tachi…

Naruto gemeu o nome do lúpus de forma dolorosa enquanto chorava e afundava o rosto no pescoço do homem que o tinha em seus braços, imitando o gesto que o outro fazia em si mesmo. Suas pernas fracas e trêmulas rodearam a cintura firme do corpo no qual estava grudado, o trazendo para mais perto como se quisesse se fundir com o maior.

Tantos anos ansiando para o retorno de Itachi…

Desejando que o Uchiha o pegasse em seus braços e o protegesse de todo o mundo quando sentia medo, assim como fazia quando eram menores…

E ali estavam…

— Ah, Naruto.

Aquela voz doce e durante todo aquele tempo apenas gravada em sua memória, tão quente e intensa e que tanto almejou ouvir durante aqueles anos, repleta de amor e devoção como sempre fora estava ali novamente…

Naquele momento, não importava os poucos jovens que ainda restavam ali e encaravam a cena com confusão e questionamento, esperando o desenrolar do que estava acontecendo. Não existia um Kimimaro ainda receoso a alguns passos mais distantes por ter recuado instintivamente.

Nada daquilo importava.

Naruto arregalou os olhos quando entendeu tudo o que acontecia. Sua mente tão nublada em incontáveis sentimentos não pode raciocinar de imediato, mas um estalo o trouxe para a realidade.

Itachi havia voltado.

Anos depois de tê-lo abandonado.

Após tanto tempo sem uma notícia sequer vinda do próprio, apenas poucos comentários vindo de sua mãe ou tia.

Itachi ainda preso em apreciar aquele contato se surpreendeu quando sentiu o corpo pequeno se mexer com mais afinco e diferente dos pequenos tremeliques que podia sentir, dessa vez Naruto usava mais força, desejando se soltar daquele agarre firme que os braços fortes e musculosos de Itachi tinham ao seu redor.

Quando foi posto delicadamente no chão e ajudado a se manter firme por aquele que mais lhe machucou em sua vida, Naruto encarou intensamente as íris de Itachi que pareciam apresentar um tom de vermelho intenso enquanto também miravam intensamente seus olhos.

Os punhos de Naruto se fecharam e mesmo tremendo constantemente e exalando feromônios de aflição, o ômega franziu as sobrancelhas loiras ainda com o queixo erguido para encarar diretamente os olhos de Itachi.

O primogênito dos Uchihas só pode também franzir as sobrancelhas em confusão com o tanto de sentimentos que eram refletidos nas orbes de seu companheiro que naquele momento apresentavam um leve tom de laranja. Sentiu os feromônios de aflição que eram expelidos pelo menor mostrarem outro sentimento que não pode identificar de imediato e estava pronto para falar algo para o menor, porém teve tempo apenas de arregalar os olhos em surpresa quando sentiu um impacto leve em sua bochecha esquerda e sentiu seu rosto virar brutalmente para o lado.

Um tapa.

Naruto havia lhe dado um tapa.

Fazia anos que não sentia um toque como aquele.

Onde estava ninguém nunca ousou levantar a mão para si e mesmo que fizesse, não poderiam concretizar o ato, visto que sua agilidade e rapidez sempre esteve muito além da de seus colegas e até mesmo de seus superiores que nunca se atreveram a bater de frente com ele durante os anos em que serviu ao seu país.

Mas naquele momento, sua guarda estava baixa.

Na presença de seu ômega e para seu ômega ela sempre estaria baixa.

A bochecha bronzeada de Itachi se tornou levemente rosada. O tapa em si não havia doído, era preciso muito mais do que aquilo para que uma pequena dor fosse sentida, mas imaginava que o ômega tinha usado toda sua força e estaria com a mão latejando pela dor.

Quando seus olhos se voltaram para as orbes alaranjadas do loiro, Itachi pode enfim identificar o sentimento que exalava do Namikaze naquele momento e que antes era desconhecido por si.

Mágoa.

Naruto cheirava a mágoa.

Suas mãos automaticamente se ergueram em direção ao ser à sua frente, a pessoa mais importante na sua vida e que naquele momento estava frágil. Iria pegá-lo com a maior delicadeza já usada por si mesmo, pois acreditava que o menor poderia quebrar com o mais bruto movimento em seu corpo. Porém Itachi não pode completar o ato, pois quando suas mãos estavam quase tocando o rosto bronzeado do ômega o viu estapear sua mão para longe de si com violência.

Itachi podia jurar que sentiu seu coração rachar.

— Não ouse me tocar — O ômega lúpus gritou, sua voz se tornou mais grave devido ao choro e mesmo que grossas lágrimas escorressem por seu rosto o deixando com uma aparência ainda mais fragilizada, havia determinação em seu olhar — Eu te odeio, Itachi — Cuspiu sem piedade e sem desviar o olhar.

Quebrou.

A rachadura em seu coração se intensificou ao ponto de quebrá-lo em pedacinhos pequenos.

Itachi engasgou com a saliva ao ouvir aquela frase coberta de rancor e mágoa e travou no lugar que estava, não reagiu nem mesmo quando viu o ômega correr para longe de si e virar uma das esquinas da longa rua, fugindo de sua vista. O moreno levou a mão direita ao peito sentindo uma dor absurda em seu coração. Uma dor tão agonizante, como jamais antes sentida e sua mão esquerda teve caminho a sua cabeça, a segurando com firmeza enquanto sentia suas pernas fraquejarem.

O rugido agonizante de dor que foi ecoado em sua cabeça por culpa de seu lobo quase o levou de uma vez para o chão, porém mãos firmes o seguraram e o ajudaram a se manter em pé. Sentiu seu braço direito que antes levava sua mão ao seu coração ser segurado e forçado a rodear os ombros de um lúpus mais baixo que si mesmo. Itachi largou a cabeça que antes segurava e com os olhos semiabertos encarou a figura castanha de seu irmão caçula que conhecia à pouco tempo, mas já o amava.

— K-kono…

— Você está bem? —  o jovem perguntou enquanto o encarava com preocupação e recebeu apenas um aceno leve do Uchiha. Konohamaru desviou os olhos do moreno e olhou para todos os cantos daquela universidade à procura de seu amado irmão, sentia o cheiro do ômega, mas não o encontrava e seu coração parecia que iria sair por sua boca por conta disso. — Itachi, cadê o Naruto? — Perguntou temeroso e viu o Uchiha grunhir dolorido novamente apenas com a menção do nome do irmão.

Konohamaru estava preocupado e levantou os olhos em busca de ajuda. Naquele momento reparou em um alfa albino que estava paralisado a poucos metros de onde se encontrava. Franziu as sobrancelhas ao ver que o alfa comum segurava a mochila de seu irmão, considerou que o conhecia, então levantou os olhos castanhos e questionadores para encarar o rosto do desconhecido.

— Vem aqui — Praticamente ordenou.

Kimimaro que ainda se mantinha paralisado pela presença intensa do moreno desconhecido à ponto de não conseguir forças nem para ir atrás do novo amigo que havia feito, pôde apenas engolir a saliva acumulada em sua boca e que atualmente parecia poder rasgar sua garganta e se aproximou dos alfas lúpus até então desconhecidos para si.

— Onde está meu irmão? — Ouviu a voz grossa questionar novamente o paradeiro do ômega loiro, mas dessa vez, a pergunta era direcionada para si. Em um movimento leve de cabeça o alfa comum indicou a direção para onde havia visto Naruto correr e apesar de temeroso, se sentiu aliviado por ver que aquelas pessoas eram conhecidas e a família do novo amigo, mesmo que tivesse dúvidas sobre a relação do moreno com o ômega e os motivos que levaram aquela briga a aquele nível. Porém, mesmo curioso, não teria coragem de questionar.

Kimimaro viu o adolescente murmurar um xingamento baixo enquanto encarava Itachi preocupadamente e logo voltava os olhos castanhos para si lhe causando calafrios. Mesmo que a presença daquele adolescente não chegasse a metade da intensidade que sentiu quando se viu alvo dos olhos vermelhos do outro alfa lúpus, Kimimaro não poderia negar que também se sentia acuado com o castanho, mesmo que o rapaz não passasse de um adolescente.

— Eu preciso ir atrás do Naruto, por favor, leve o Itachi para casa — O adolescente pediu enquanto indicava o moreno ainda fraco que se apoiava em si e diferente de antes que os olhos de cor avelã lhe encaravam com desconfiança, agora o brilho era de uma súplica intensa e medo. O albino não poderia negar aquele pedido.

Apenas acenou com a cabeça e se aproximou cautelosamente, agora mais confiante e sentindo o controle de seu corpo voltar novamente para si. Tomou o outro lado do alfa maior entre eles e o apoiou no ombro. 

O adolescente soltou por completo o corpo de Itachi o deixando ser apoiado totalmente pelo alfa comum no qual naquele momento estava confiando cegamente que deixaria seu irmão em casa. E enquanto tateava o bolso traseiro do irmão lúpus, Konohamaru murmurou o endereço da residência Uchiha, deixando para Kimimaro o trabalho de lembrar-se do local. Quando encontrou a chave do carro que havia sido dirigido por Itachi, a segurou apressadamente e jogou para o alfa comum que em reflexo a agarrou com a mão que também segurava a mochila de Naruto.

— Konohamaru.

— Kimimaro.

A apresentação foi breve e o mais novo apenas sorriu levemente em agradecimento e correu para a direção indicada na qual poderia sentir o aroma e feromônios que seu irmão deixou para trás.

Itachi, que parecia ter entrado em transe durante aqueles últimos minutos, levantou levemente a cabeça para olhar a direção na qual Konohamaru tinha ido, com certeza a mesma que o próprio Naruto foi. Balançou a cabeça tentando se estabilizar e engolir o bolo em sua garganta, seu braço que não estava apoiado no alfa comum foi levantado para que sua mão pudesse esfregar os olhos úmidos.

Havia doído.

Deuses, como havia doído ouvir aquela frase vindo de Naruto.

Durante aquele tempo, imaginou que Naruto estaria magoado devido a sua ausência e poderia nutrir um certo rancor por si, assim como seus outros dois irmãos. Mas que após aparecer e lhe acalentar como sempre fez durante a vida, iriam esquecer aquela irritação boba e na realidade, foi isso que ocorreu quando se encontrou com Sasuke e Menma.

Mas Naruto não o perdoou. 

Naruto não esqueceu a mágoa ou a irritação.

E pior, Naruto o odiava.

Não, Naruto não podia odiá-lo. Isso não podia acontecer.

Itachi tentaria ficar longe de Naruto se assim fosse o desejo do menor, mas não poderia ficar longe sabendo que o ômega o odiava, era doloroso. Não, não podia deixar isso acontecer.

Engoliu o bolo que novamente subia pela sua garganta e consequentemente fazia seus olhos transbordarem e suspirou mais uma vez, buscando a concentração que sempre tinha.

Não podia desfalecer.

Não ali, não em frente a pessoas que não eram de seu círculo familiar ou até mesmo importantes para si.

Se equilibrou em seus pés e sua face se tornou fria como o gelo, em nada lembrando o moreno fraco e abatido que havia estado ali anteriormente. Se soltou bruscamente do apoio daquele alfa atrevido que estava ali ao seu lado e se firmou em pé, sua postura indicava a todos o poderoso alfa lúpus que era.

— Solte-me.

— E-ei, calma aí — Kimimaro por instinto levantou a mão livre e estava prestes a tocar o ombro do maior ao vê-lo se virar na direção onde Naruto e o adolescente que agora sabia que se chamava Konohamaru foram. Seu movimento foi parado em um piscar de olhos e tão rapidamente se viu sendo virado e com seu pulso sendo preso firmemente em suas costas.

— Nunca mais —  a voz grossa foi sussurrada em seu pé de ouvido, lhe causando arrepios — Nunca mais tente me tocar ou tocar em minha família tão atrevidamente sem permissão, alfa.

Kimimaro suspirou temeroso e procurou dentro de si algum vestígio de dignidade, não a encontrando. Em toda sua vida enfrentou alfas lúpus bem mais fortes que si e até poucas horas estava batendo de frente com uma e seu bando, mas para aquele lúpus, para aquela família, se sentia acuado e indefeso como um ômega.

— C-calma, eu só quero te ajudar — seu tom de voz foi baixo e internamente o alfa comum praguejou por não ter corrido para longe daquele lúpus agressivo antes.

Itachi poderia ser frio, agressivo e na maior parte do tempo sem sentimentos nenhum. Mas sabia reconhecer quando alguém não apresentava ameaça nenhuma e o albino à sua frente não era um perigo, ao menos por agora. Apesar de inicialmente ter sentido ódio por vê-lo tão perto de seu companheiro, viu que o alfa comum parecia ser uma boa pessoa e não exalava feromônios luxuriosos em direção a Naruto.

Viu o menor virar de frente para si novamente assim que foi solto. Encarou a chave de um dos carros de sua mãe na mão do albino e apenas pode suspirar sem saber o que fazer.

O Uchiha sentiu seu bolso vibrar e rapidamente pegou seu aparelho celular para ver a notificação que havia chegado. Sentiu o coração errar uma batida ao ver que era uma mensagem privada de Konohamaru e quase se ajoelhou para agradecer à todos os deuses por mais cedo sua tia Kushina ter criado um grupo com todos os integrantes daquela pequena família, com exceção de Naruto que ainda não sabia da “surpresa”, lhe dando a chance de salvar o número de Konohamaru e do adolescente também salvar o seu.

“Encontrei o Naruto e irei levá-lo para nossa casa. Você precisa conversar com nossos pais.”

Seus instintos gritavam para que fosse atrás do ômega e de seu irmão caçula, mas sentia-se agonizando apenas por imaginar ser alvo de tamanho ódio vindo daqueles olhos que tanto amou em toda sua vida. Não entendia o que estava acontecendo e apesar da grande preocupação, confiava que Konohamaru poderia cuidar da situação sozinho. Mesmo não entendendo como o castanho apareceu ali, naquele momento agradecia por isso. Se o adolescente não tivesse aparecido, o moreno teria colapsado no chão e o ômega ainda estaria correndo sozinho e desamparado.

Notou que suas mãos tremiam levemente enquanto segurava o celular e com rapidez guardou o celular no bolso mantendo as mãos guardadas naquele local para esconder o quão desestabilizado ainda estava. Seu lobo há tempos se recolheu e não dava nenhum sinal de vida, lhe deixando ainda mais angustiado e sozinho. 

Precisava ir para casa, precisava conversar com seus pais.

— Você não ia me levar para casa? — Murmurou após começar a caminhar em direção ao carro e não ver o albino o acompanhando. Virou levemente o rosto e encarou os olhos verdes que se encontravam receosos e surpresos pela pergunta direcionada a si, pois não imaginava que o moreno queria ser seguido e principalmente que queria ser levado para casa.

Itachi era orgulhoso, mas não inconsequente. 

Se tentasse dirigir naquele momento poderia ter consequências graves, como não tinha escolha e para não contradizer a ordem que seu irmãozinho havia dado ao alfa comum, aceitaria que ele fosse seu motorista.

Caminhou para fora daquele lugar vendo que já não havia uma alma perdida na região, com exceção é claro dos dois alfas e de poucos funcionários da universidade que ainda caminhavam pelo local. Itachi sentia que era seguido pelo outro alfa e assim que chegaram próximo ao carro que o Uchiha havia utilizado ouviu o alarme ser desativado. O maior apenas abriu a porta do lado do passageiro e se sentou, afivelando o cinto de segurança em seguida e não dirigindo um único olhar ao alfa comum.

— Kimimaro — o jovem se apresentou após tomar o lugar do motorista tentando puxar assunto e entendeu que falhou miseravelmente quando viu que Itachi nem mesmo o direcionou um olhar. Suspirou e pode apenas afivelar o cinto, repetindo o movimento anterior do lúpus. Se virou para trás apenas para colocar a mochila de Naruto no banco de trás do carro juntamente com a sua e quando retornou à posição anterior ligou o carro sem perca de tempo, se dirigindo ao destino que lhe foi dito minutos atrás.

O caminho foi silencioso, Kimimaro vez ou outra encarava o moreno ao seu lado que naquele momento apoiava o cotovelo na porta do carro e seu queixo na mão fechada, olhando para fora completamente perdido em seus próprios pensamentos. Sua mão esquerda estava fechada em formato de soco enquanto era apoiada na coxa grossa que possuia e se Kimimaro a analisasse atentamente, poderia ver que ela tremia.

Quando chegaram em frente ao endereço, o alfa comum nem teve tempo para admirar a mansão, pois a voz grave do moreno que se manteve calado ao seu lado durante todo aquele tempo lhe chamou toda a atenção.

— Devolva o carro na segunda. 

O tom do Uchiha não estava aberto a objeções e o moreno deixou claro que não as aceitaria quando mirou os olhos verdes de Kimimaro que assentiu ainda em estado de alerta por estar ao lado daquele assustador alfa lúpus. Itachi ao se libertar do cinto apenas virou o corpo e estendeu o braço para pegar a mochila de cor laranja no banco de trás do carro, sabendo que ela pertencia à Naruto.

— Itachi — o ex-militar falou enquanto olhava para Kimimaro que estava com a boca aberta, surpreso por ouvir pela segunda vez aquele nome, mas agora vindo do próprio dono como uma apresentação, em resposta ao que disse assim que adentrou o veículo — Obrigado.

A porta foi aberta pelo lado do passageiro de forma brusca e fechada com a mesma intensidade, assustando o motorista e lhe tirando de seu estado entorpecido que se encontrava. Kimimaro continuou encarando o moreno se distanciar e adentrar o enorme portão que dava acesso aos jardins daquela residência deslumbrante.

Kimimaro viu que próximo daquele portão haviam dois jovens que pareciam ter a sua idade e que agora encarava o moreno maior que caminhava para dentro da residência sem lhes direcionar um único olhar. Um extremamente parecido com Itachi e esse logo seguiu o mesmo destino do maior para dentro da mansão. O outro jovem era idêntico ao seu novo amigo Naruto, se não fosse o porte físico de alfa eles seriam praticamente um o clone do outro e Kimimaro poderia jurar que essa era a única diferença entre os dois. Mas logo os olhos daquele alfa lúpus se voltaram para si e foi quando o albino viu que não era somente a estatura que os diferenciava. De jeito nenhum.

A intensidade dos olhos azuis daquele alfa lúpus lhe fizeram quase gemer e foi obrigado a fechar firmemente as pernas ao sentir uma fisgada em seu pau.

— Ah, inferno.

Arrancou com o carro completamente desesperado e desejando fugir da mira daqueles olhos azuis o mais rápido possível. Aquelas safiras exalavam a própria perdição e luxúria encarnadas e o alfa só podia agradecer por já estar sentado ou teria fraquejado ali mesmo.

Menma poderia sorrir maliciosamente ao ver aquele alfa desconhecido fugir de sua vista, mas naquele momento apenas manteve o semblante fechado e se virou para seguir os dois morenos que estavam dentro de casa. Quando adentrou o cômodo pode ver todos sentados nos sofás e poltronas que haviam naquele cômodo.

Itachi havia colocado delicadamente a mochila de Naruto ao seu lado naquele espaçoso sofá, manteve as pernas bem abertas e apoiou os cotovelos em seus joelhos enquanto aguardava que Menma também se sentasse, cruzou as duas mãos e colocou seu queixo sobre elas ao mesmo tempo em que seus olhos frios encaravam aquelas pessoas que amava mais do que tudo em sua vida, mas que naquele momento eram surpreendidas por serem alvos de tamanha frieza vinda do ex-militar.

— Comecem.


~°~


Oi meus amores!

Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? Encontrei uma nova beta e aqui estamos nós com o capítulo fresquinhoooo!!! Jessieeee, eu te amo!

Próximo capítulo teremos Itachi lidando com as consequências, então?

Beijinhos e até o próximo!

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