Chegamos ao shopping e fomos para a nossa loja favorita, em frente a pista de boliche. Não fazia cinco minutos que tínhamos entrado e as minhas amigas já colocaram seis categorias de vestido na minha mão das mais variadas cores, texturas e estampas.
— Eu vou vestir tudo isso? — Perguntei.
— É claro que vai e mostrar um por um também! — Julie disse óbvia enquanto colocava mais um vestido de lantejoulas prateadas em cima da pilha de roupa.
— Julie, ele não me convidou para o baile, não preciso ir como se fosse. — A segui para o outro lado da arara.
— Sim, eu sei. Por isso, só coloquei roupas nem tão arrumadas, nem tão desleixadas. — Colocou uma blusa de tela rosa e um jeans.
Ri com aquilo. Um vestido de lantejoula não era nem de longe uma roupa básica.
— Olha esse vestido! — Melissa apareceu atrás de nós com um conjunto de vestido preto quadriculado e uma blusa branca por dentro.
— Já está bom, né?! — Perguntei vendo ela coloca-lo na pilha, já pesada.
— Ok, vai para o provador. — Julie revirou os olhos.
Fiquei provando vestidos, conjuntos, saias, blusas e tudo que eu pudesse experimentar por cerca de trinta minutos. Nada estava ficando do jeito que queria, até vestir o penúltimo vestido da pilha enorme. Era verde água com pequenas margaridas espalhadas e mangas caídas no ombro. Era perfeito e poderia usar em qualquer ocasião.
— Com certeza! — Julie falou sorridente.
— Você está linda! — Mel concordou.
Gargalhei.
— Então, esse será! — Falei animada.
Voltei para o provador e coloquei a minha roupa. Após pagar pelo vestido que, para a minha alegria, não foi tão caro, nós fomos tomar um milkshake enquanto Julie me dava "dicas" do que eu deveria fazer, falar ou não no "encontro".
— Se ele te levar para um restaurante, JAMAIS peça espaguete! — falou séria como se minha vida dependesse daquilo. — Principalmente se vier com molho de tomate.
— Eu gosto de espaguete... — Falei confusa.
— Não interessa, não peça! — Retrucou bebericando o seu milkshake.
— Por quê? Qual é o problema de comer macarrão? — Ri.
— Porque ninguém sabe comer direito! — Falou óbvia. — Sempre fica umas partes penduradas para fora e você precisa sugar ele respingando o molho em tudo. Péssima escolha! — Balançou a cabeça com uma de suas mãos em meu ombro.
— Então, eu peço carne? — Perguntei rindo.
— Só se você levar um fio dental. Você não quer beijar ele com carne entre os dentes, quer? — Melissa perguntou óbvia.
Fiz careta.
— Ok, então eu vou passar fome?
— Pede uma salada. — Ela deu de ombros.
— Sério? Salada?
— É saudável, pelo menos. — Riu.
— Mais alguma dica das especialistas? — Debochei.
— Divirta-se! — Melissa sorriu.
— E conta tudo para gente depois. — Julie completou.
Eu tinha ótimas amigas, realmente.
— Estou nervosa... — Falei me levantando e elas me acompanharam.
— Por que? — Mel perguntou jogando o copo vazio no lixo.
— Faz muito tempo que eu não saio com um garoto. — Falei pensativa.
Senti algo dentro da minha barriga se contorcer.
— Mais um motivo para você aproveitar. — Julie falou.
— O Jonathan é um cara legal e bem-humorado, ele vai te fazer esquecer que está em um encontro rapidinho. — Melissa falou bem segura.
Achei bem específico!
Olhei para ela desconfiada e ri.
— Vocês já tiveram algo né? — Perguntei e ela ficou sem graça.
— Saímos uma vez só. — Deu de ombros.
— É verdade, eu lembro disso! Foi ano passado! — Julie gargalhou. — Ela dispensou ele porque achava estranho ficar com amigos dos amigos dela.
Gargalhei.
— Coitado! Isso é verdade? — Perguntei enquanto saímos do shopping.
— Na verdade, na mesma semana eu conheci um garoto na sorveteria e fiquei bem interessada... — Deu de ombros.
— Aí você dispensou ele para sair com o outro? — Perguntei já sabendo a resposta e ela assentiu.
— Se eu contasse a verdade ele ia ficar sentido, coitado. — Fingiu preocupação. — O Jonathan, apesar de ser legal, tem uma masculinidade um pouco frágil, sabe?! — Brincou. — Se eu falasse que não ia sair com ele para sair com outro, ele ia entrar em depressão ou algo do tipo.
Gargalhamos.
— Então, você resolveu mentir para ele?!
— Não queria pagar terapia para ninguém. — Disse óbvia e eu gargalhei mais.
— Você está exagerando! Acho que ele ficaria irritadíssimo, não depressivo. — Julie zombou também.
— Vocês não valem nada. — Balancei a cabeça rindo. — Como vocês podem ter tanta certeza que ele reagiria dessa forma?
— Você já conversou com ele, Lauren. Ele ama ser o galanteador. — Melissa riu. — Justamente porque nunca foi rejeitado!
— Faz sentido. — Concordei.
Confesso que além de nervosa, estava na dúvida. Se ele quiser me beijar, o que eu vou fazer? Eu não sei se quero beijar ele. Mal nos conhecemos!
Mas, se ele quiser, o que eu faço? Digo não? Ficaria um clima estranho e ele poderia pensar que a culpa é dele. Então, eu beijaria mesmo não querendo?
Fiquei olhando para o teto, deitada na cama, enquanto um turbilhão de pensamentos passava pela minha cabeça. Eu não sei como é um encontro mais. Desaprendi completamente!
Peguei meu celular e liguei para Melissa e Julie por chamada de vídeo.
— Fala, amiga! — Julie foi a primeira a atender.
Ela estava no banheiro com o cabelo molhado enquanto passava algum tipo de creme nele. Colocou o celular em cima de algo e ficou na frente da câmera.
— O que está fazendo? — Perguntei.
— Hidratação com o creme novo que comprei. — Mostrou um pote amarelo enorme sem tampa.
— Oi, o que houve? — Melissa, que estava mais para uma sombra, atendeu com voz de sono.
Não dava para ver seu rosto, provavelmente ela estava no escuro.
— Acordei a donzela? — Ri.
— Não, já estava acordada. — Mentiu bocejando.
— Estamos vendo. — Julie ironizou.
— Então, convoquei essa reunião sem avisar para vocês poderem me tirar uma dúvida. — Sorri sem graça.
— Qual? — A voz de Julie estava longe e baixa, ela também estava fora do campo de visão da câmera e só dava para ouvir o som do chuveiro sendo ligado. Provavelmente ela estava no banho enquanto conversávamos.
Às vezes, a intimidade é uma maldição.
— Eu não sei se quero beijar ele hoje a noite. — Falei coçando a nuca.
— O quê? — Berraram juntas.
Melissa correu para acender a luz e voltou para frente do celular com sua cara amassada. Já Julie, colocou apenas sua cabeça molhada para aparecer na câmera e ambas pareciam bem assustadas.
— Por que você não quer beijar ele? — Melissa perguntou desesperada. — É sua oportunidade!
— Eu mal conheço ele! — Ri.
— E? — Julie gritou do outro lado da linha voltando a desaparecer. — Você por um acaso é religiosa?
Ri.
— Não, mas eu quero ir com calma... — Dei de ombros roendo as minhas unhas.
— Então, se ele tentar te beijar, você vai fazer o quê? — Mel perguntou.
— Por isso que eu liguei. — Fiz cara de paisagem.
Eu espero que elas me deem a resposta...
— Bom... fala que não quer. — Mel sugeriu como se fosse simples assim.
— Mas, como você mesmo disse, ele ia se sentir horrível. — Falei óbvia e ela pareceu se tocar.
— É verdade, tenta ser mais boazinha! — Acrescentou.
— Fala que você prefere conhecer ele um pouco mais, então. — Julie disse óbvia.
— E se ele não quiser mais sair comigo depois disso?
— Ah! Lauren, aí é ele que estará perdendo a grande gostosa que você é. — Mel respondeu revirando os olhos.
— Concordo com a Melissa! — Julie apareceu na câmera novamente, dessa vez com uma toalha no cabelo.
Nós conversamos mais um pouco sobre coisas aleatórias e eu precisei desligar para começar a me arrumar.
Fiz questão de tomar um banho moderadamente demorado e morno para tirar o nervosismo.
— Para onde você vai linda assim? — Meu pai perguntou se sentando no sofá da sala com um balde cheio de pipoca.
— Vou sair com um amigo. — Respondi me sentando ao seu lado e pegando um punhado de pipoca.
— Hmmmm — Me olhou travesso. — Um encontro?!
— Ele não mencionou nada disso, vocês que estão dizendo. — Ri.
— Eu conheço? É o Daniel? — Perguntou olhando para o jogo de golfe que passava na TV.
— Não, não é o Daniel. Por que está obcecado por ele, do nada? — Gargalhei com a possessão repentina dele.
— Ele está bem bonito, pensei que formariam um bom casal. — Deu de ombros comendo mais pipoca. Fiz careta.
A campainha tocou e eu me levantei para atender.
Abri a porta e Jonathan apareceu com um sorriso lindo. Ele estava com uma roupa casual e eu senti um alívio por dentro. Eu não estava mal vestida e nem muito arrumada, então.
— Boa noite. — Pegou a minha mão e deu um beijo em suas costas.
— Boa noite. — Sorri.
— Você está linda. — Ele falou me olhando de cima a baixo.
No mesmo segundo meu pai se levantou do sofá e apareceu atrás de mim. Jonathan diminuiu um pouco o sorriso e ajeitou a coluna.
— Jonathan, esse é o meu pai. Pai, esse é o Jonathan, um amigo da escola. — Apresentei os dois.
Meu pai tinha uma expressão séria no rosto, totalmente diferente da que apresentava alguns minutos atrás.
— É um prazer conhecê-lo, Senhor Anderson. — Estendeu sua mão para cumprimento e meu pai retribuiu lhe dando um aperto firme.
— O prazer é meu, Jonathan. — Assentiu ainda sério.
Mordi minhas bochechas para não cair na gargalhada ali mesmo. Essa coisa formal não era para o meu pai.
— Vocês pretendem voltar que horas? — Perguntou.
— Meia-noite, senhor. — Limpou a garganta.
Meu pai o olhou, ainda sério, sem dizer nada, o que fez Jonathan ficar com dúvida se era uma boa hora.
— Onze horas?! — Falou outra vez e meu pai esboçou um mínimo sorriso.
— Onze horas parece ótimo. Bom passeio!
Jonathan me acompanhou até o carro e abriu a porta para mim. Meu pai nos olhava encostado no batente da porta e só entrou novamente assim que partimos.
Olá, olá! Demorei? Não, né?!
Ai como sou maldosa, deixei vocês na curiosidade outra vez rs
Comentem muito sobre o capítulo, hein e se preparem para o próximo que lá vem!
beijinhoos!