Amor com Propósito| Série Pro...

By daianeantonio_

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Johanna Santiago tomou a importante decisão de confiar a sua vida sentimental a Deus ainda muito jovem, no en... More

Dedicatória
Epígrafe
Prólogo
Parte I - Reatar da Amizade
I.1| Auto defraudação
I.2| À Maneira de Deus
I.3| O Propósito
I. 4| Más notícias
I. 5| Descartável
I. 6| Melhor amigo
I. 7| Isaque
I. 8| Reencontro
I. 9| A fé
I. 10| Casamento
I. 11| Cana quebrada
I. 12| Desmoronando
I. 13| Entrega
I. 14| Ainda dói
I. 15| Colheita
I. 16| Perdão e Promessa de mindinho
I. 17| Reatar da Amizade
Parte II - Nasce o Amor
II. 1| Presença que Cura
II. 2| Convites e Propostas
II. 3| Vida em Abundância
II. 4| Coração Inconstante
II. 5| Resposta certeira
II.6| Tempos distintos
II. 7| Novos caminhos
II. 8| Renúncias
II. 9| Curados para Curar
II. 10| Cinco primaveras depois
II. 11| Cinco primaveras antes
II. 12| Laços que se rompem
II. 13| Ultrapassando barreiras
II. 14| Usados na Vulnerabilidade
II. 15| Amor vs. Paixão
II. 16| Sobre dependência
II. 17| Espinhos que Ferem
II. 18| Amor que preenche
II. 19| Eu acredito
II. 20| Culto de Formatura
II. 21| Despertar do coração
II. 22| Amigas
II. 23| Nasce o amor
Parte III - Amor com Propósito
III. 1| À moda antiga
III. 2| Véspera de Ano Novo
III. 3| Vigília
III. 4| Sob a Lua Nova
III. 5| Despedidas
III. 6| Rio de Janeiro
III. 7| Idas e Voltas
III. 8| Família Fernandez
III. 9| O verdadeiro esperar
III. 10| Sobre o cortejo
III. 11| Notícias inesperadas
III. 12| Encontros e desencontros
III. 13| Amor ao próximo
III. 14| Graça
III. 15| Passado que condena
III. 16| Sangue que purifica
III. 17| De volta ao lar
III. 18| Jantar em família
III. 20| Consequências de uma mentira
III. 21| Consertando o altar
III. 22| Diálogo e girassóis
III. 23| Perdão
III. 24| Amor com Propósito
Epílogo
Capítulo Extra
Carta da Autora
Livro 2

III. 19| Piquenique

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By daianeantonio_

"As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam."
- Cantares de Salomão 8:7

Já fazia um tempo que eu havia voltado para casa, e nesse tempo tantas coisas aconteceram. E em todas elas, você orou e chorou comigo, esteve ao meu lado em todos os momentos e me ajudou a lembrar que manter a mansidão e o domínio próprio era necessário.

É por isso que eu vejo Jesus na sua vida. Nós somos o completamento perfeito um para o outro. Você não é insensível ou algo do gênero, apenas tem a estabilidade emocional que muitas vezes me falta. Você é a força que me falta e eu sou grata a Deus por ter nos feito assim, um para o outro e ambos para Ele. Homem é mulher unidos pelo Amor sacrificial que provém de Cristo e somente dEle.

Os últimos dias passaram-se tão de pressa a ponto de Johanna sequer perceber o nascer e o pôr do sol de cada um deles. Envolta nos problemas cujos cercavam Nina ameaçando submergi-la a qualquer momento, a moça ao menos tivera a oportunidade de ir ao templo após a sua volta para o interior, e muito menos pôde conversar com Antônia acerca do seu relacionamento com Isaque.

O mundo da Santiago do meio parecia estar orbitando ao redor da Velásquez e os seus dilemas.

E ainda tinha Daniel, a quem a moça fora visitar apenas alguns dias atrás por conta da falta de tempo. Otávio e Mayla jaziam desolados, mas confiavam na soberania Divina acima de todas as coisas, sendo assim, Hanna não estranhou que a amiga convidasse a ela e ao noivo para um piquenique naquela tarde ensolarada.

No entanto, todos esses acontecimentos serviram para que a cacheada comprovasse mais uma vez o quão companheiro seu futuro marido era. Ele não saíra do seu lado, enquanto a menina auxiliava Carolina nas dificuldades enfrentadas por esta em todo o seu tempo livre, e quando a filha do pastor precisou de privacidade, ele orou em todo tempo para que o Pai usasse Hanna como um instrumento em Suas mãos a fim de ajudar e exortar a amiga de algum modo.

E depois de Carolina ter resolvido - ou no mínimo tentando resolver - as suas questões com Deus, os senhores Velásquez e Filipe, a missionária tentava concentrar-se em outra coisa que não fosse a garota e as atitudes precipitadas desta. Ela era ciente de que Deus tem o controle da vida de cada um dos Seus filhos na palma da mão, e essa certeza na maioria das vezes acabava com toda a ansiedade cuja insistia em afligir-lhe o coração.

- Hanna, o Zac já chegou - a voz de Laura soou atrás da filha tirando-a do seu transe.

Johanna jazia sentada em frente a penteadeira situada a alguns metros de sua cama encarando o próprio reflexo. A menina usava um vestido vermelho rodado, enquanto os seus pés eram calçados por um par de rasteirinhas douradas.

Ela estava pronta.

- Já estou indo - murmurou ao levantar-se e em seguida, virou-se em direção a mãe.

A senhora Santiago não pôde deixar de notar as feições cansadas da mais jovem. Os últimos dias haviam exigido tanta longanimidade por parte da morena, que ela questionava-se como fora capaz de não desferir nenhum soco contra a Velásquez, sendo que na sua concepção humana era isso o que a outra merecia.

Entretanto, a concepção Divina era sempre contrária a carnal e Hanna escolheu agir como Jesus agiu quando estivera diante de uma situação semelhante a de Carolina retratada na Bíblia Sagrada.

- Ainda está preocupada com a Nina, meu amor? - a loira indagou acariciando o rosto moreno da menina com carinho e delicadeza.

- E eu faço algo além de me preocupar com ela, mãe? - devolveu com impaciência. - A Nina insiste em sempre fazer tudo errado, e o pior é que nem posso julgá-la já que todo ser humano age da mesma forma, apesar de errar em áreas distintas!

- Fico feliz em saber que pensa assim. - A matriarca sorriu com orgulho da mulher que a filha estava se tornando. - Ela não precisa do seu julgamento ou desprezo, e sim do seu apoio. Você sempre foi uma das poucas amigas dela, aproveite todo esse caos e se deixe ser usada por Deus como um canal de graça e misericórdia na vida dela.

A noiva de Isaque limitou-se a assentir as palavras ditas por Laura com um simplório manejo de cabeça. A moça estava tentando ser tal canal na vida da amiga como fora na de Elisa e Laís, no entanto temia ser dominada pela decepção a qualquer instante. Ela havia confiado em Carolina, dado créditos à sua mudança, para depois descobrir que as necessidades da garota ainda sobressaíam os mandamentos do Pai na lista de prioridades da mesma.

Na maior parte do tempo, era menos complicado lidar com os erros de desconhecidos do que daqueles que faziam parte da sua vida diária; daqueles a quem conhecia e sendo assim, esperava mais deles. Johanna não conheceu a irmã de Lucas antes das drogas, ou Elisa antes de ter caído em fornicação. Mas ela conheceu o antes de Nina e sentia o coração apertar ao constatar que a amiga nunca mais seria a mesma.

E o pior era que a própria Velásquez poderia ter evitado o seu naufrágio, porém não evitou.

A verdade é que ninguém espera que um ente querido apareça em sua frente tendo uma bomba-relógio prestes a explodir entre as mãos, pois o efeito da explosão não machucará apenas aquele que a segura e sim todos os que o cercam. E a Santiago do meio se sentia ferida pelas escolhas da filha do pastor.

- Creio que Deus me dará graça e sabedoria para ajudar a Nina - disse mais para si mesma do que para a mãe.

- Eu creio que Ele já tem dado. E se você está esperando não se sentir triste ou decepcionada, lembre que você é humana e que por isso traz uma imensidão de sentimentos dentro de si. Apenas não permita que esses sentimentos silenciem a voz do Espírito Santo, o qual nos manda amar o nosso próximo independente da situação. E quem ama não julga, nem condena e muito menos abandona, mas abraça e caminha com ele em meio a tempestade - a esposa de Benjamin soou firme demais para alguém que falava alicerçada na sabedoria humana, era como se o próprio Deus estivesse falando através da sua boca.

E Ele realmente estava.

- Obrigada, mãe. - A menina lançou-se nos braços da mulher sendo recebida por um doce abraço, enquanto algumas lágrimas silenciosas escapavam dos seus olhos correndo pela extensão das bochechas.

Nessas horas era gratificante o fato de Hanna não usar maquiagem e por isso, poder chorar livremente sem medo de ter o semblante borrado ou coisa do gênero.

- Não precisa agradecer, minha filha. - Laura afastou-se enxugando o rosto da cacheada com ambos os polegares. - Agora, trate de pôr um sorriso nesse rostinho lindo porque o seu noivo está ali na sala lhe esperando para um piquenique!

E bastou a senhora Santigo citar o rapaz para que um sorriso botasse nos lábios da moça. O Martins era um verdadeiro instrumento do Pai usado para acalmar os vendavais internos da moça e vice-versa.

- Por falar nisso, estou um pouquinho atrasada - resmungou ao fitar os ponteiros do relógio preso em seu pulso. - E a Mayla odeia atrasos.

Hanna praticamente correu até o cômodo em que Isaque a aguardava, e depois de despedirem-se de Laura, eles partiram rumo ao parque no qual se encontrariam com Mayla e o seu futuro marido, a fim de juntos desfrutarem de um momento de confraternização ao ar livre na presença do Senhor.

[...]

As árvores balançavam em perfeita sincronia, embaladas pelo vento ameno típico do final de abril. O pequeno lago localizado no centro do ambiente era cercado por um gramado verdejante sobre o qual brotavam um conjunto de árvores frondosas cujas eram responsáveis por fornecer sombra às pessoas que decidiam passar um tempo ali, e alguns bancos e mesas feitos de concreto também jaziam espalhados pelo solo com o objetivo de conceder conforto aos visitantes que não quisessem descansar sobre a grama.

E era nesse cenário que Isaque e Johanna andavam de mãos dadas a procura da instrutora da Escola de Missões de Rosa Blanca e o seu noivo, até então desconhecido pela cacheada. A moça nunca havia feito nada parecido com andar de mãos dadas com um rapaz, e naquele momento constatou a maneira como toda a sua espera valeu a pena.

Borboletas furiosas sobrevoavam o seu estômago, à medida em que Isaque lhe contava algumas histórias acerca do tempo em que estivera na Escola de Missões junto de Mayla e Bruno. Perdida no som da voz do rapaz somado ao seu olhar azulado, Hanna só conseguia agradecer a Deus por estar vivenciando uma ocasião tão simples e ao mesmo tempo, tão especial e singela.

- E ali estão eles - disse o loiro apontando para um casal acomodado sobre uma toalha xadrez próximo ao lago.

O jovem homem ao lado de Mayla possuía cabelos escuros e pele morena assim como a cacheada, era como se fossem um cosplay de Isaque e Johanna só que ao contrário. E a menina sorriu com o pensamento de que a Castilho e o Martins se pareciam fisicamente, tal como ela e Bruno.

- Até que enfim os encontramos - a Santiago do meio murmurou ao
aproximar-se dos outros.

- Por quê? Está tão ruim assim passear de mãos dadas com o seu noivo? - Levou a mão livre ao peito fingindo-se de ofendido.

- Não é isso, é só que... - ela parou de falar quando percebeu que Isaque esforçava-se para segurar o riso. - Está tirando com a minha cara? - inquiriu semicerrando os olhos na direção do amado.

- Não. Jamais. Em hipótese alguma - negou forçando as suas feições a permanecerem sérias. - Sou um homem muito sério e maduro.

E então, os dois renderam-se as intensas gargalhadas de maneira que acabaram por chamar a atenção dos outros cujos viraram-se um tanto sobressaltados para o novo casal. Bruno de Mayla se puseram de pé com o intuito de receber o Martins e a Santiago do meio.

- A alegria realmente está no coração de quem já conhece ao Senhor! - a loira exclamou com um grande entusiasmo.

- Claro! Afinal, a verdadeira paz só tem aquele que já conhece a Jesus! - Isaque continuou sorrindo para a amiga.

- É isso o que acontece quando dois cantores se encontram. Eles começam a recitar a letra dos hinos errado, e eu acabo sobrando - o moreno fingiu indignação.

- Somos dois - Hanna pronunciou em uma tentativa de soar simpática.

Os olhos claros de Mayla voltaram-se para a noiva do amigo e os lábios da mesma não tardaram em esboçar um grande sorriso, seguido de um abraço apertado. No seu último encontro, que aconteceu no hospital, não houvera tempo ou clima para comemorações ou atos de alegria genuína, por esta razão, a Castilho e o noivo acharam por bem convidar os amigos para um encontro.

- Glória a Deus por esse casal que finalmente se concretizou! - a moça manifestou a sua animação após soltar a cacheada. - Não aguentava mais ouvir o Zac falando sobre o quanto sentia a sua falta e o quão ansioso estava para vê-la outra vez. - Revirou os olhos fazendo graça.

A Santiago do meio fitou o rapaz ao seu lado com as sobrancelhas arqueadas esperando por uma reação de sua parte, no entanto tudo o que obteve fora um Isaque coçando a nuca enquanto as suas bochechas eram tomadas por um leve rubor. Ele estava constrangido.

Johanna raramente via o noivo constrangido com alguma coisa. E tímido com algo relacionado a ela então, nunca havia presenciado antes. Mas precisava admitir que o seu coração aqueceu ao vislumbrar com os próprios olhos que tinha sobre ele o mesmo efeito que ele tinha sobre ela.

- Não aja como se eu não tivesse passado o mesmo com você - o Martins acusou ao recuperar-se do seu breve e raro momento de constrangimento. - "Ai, como eu sinto falta do Bruno!" "Zac, ele me mandou uma foto de bom dia e tinha uma flor nela!" - o missionário afinou a voz repetindo algumas das frases cujas a amiga lhe dissera em ocasiões do pretérito.

- A minha noiva é uma princesa do Senhor mesmo - disse Bruno rindo, enquanto depositava um beijo no topo da cabeça da loira.

- Ainda bem que você sabe. - Mayla jogou os cabelos para trás do ombro convidando os outros para se sentar e desfrutar do lanche o qual ela preparara especialmente para eles.

Os jovens engataram uma conversa animada acerca das suas viagens missionárias, assim como fizeram as apresentações formais entre Bruno e Johanna os quais se deram muito bem de imediato.

- E o Daniel? Nenhum avanço? - a cacheada indagou ao morder um pedaço do bolo de chocolate.

Ela bem sabia que aquele era um assunto delicado, todavia a curiosidade e preocupação falaram mais alto. Deveria ser muito doloroso contemplar um ente querido preso em um sono profundo sem ter um prazo humano para acordar. E quanto ao prazo Divino, mesmo que confiassem no Dono dele, não possuíam habilidade para medi-lo ou estipulá-lo.

- Infelizmente não. - A jovem ofereceu um sorriso entristecido para a outra. - Os médicos fizeram uma bateria de exames há dois dias, mas não houve melhora alguma. Aliás, eu e o Bruno estávamos esperando os resultados dos exames como uma confirmação dos próximos passos que deveríamos dar em nosso relacionamento.

- Sinto muito pelo Daniel. Mas vamos confiar que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. - A menina mirou Mayla com compaixão. - Uma vez, o Israel me disse que ter fé não é acreditar que Deus fará as coisas como nós queremos, mas confiar que Ele fará conforme a Sua vontade. E a Sua vontade é boa, porque Ele é bom.

- Amém - concordou apoiando a sua mão sobre a da morena. - Confesso que é muito difícil ter esse tipo de fé, porém situações como essas devem ser vistas como uma oportunidade para exercitá-la, e o Pai nos dá graça para isso dia após dia.

A Santiago do meio tinha ciência de tal fato, tendo em vista que já estivera em uma posição similar a em que Mayla estava atualmente. Embora não tivesse contemplado um de seus irmãos em coma, ela vira Davi tendo a sua saúde consumida por um câncer aos poucos. E hoje, a menina entendia que nada acontece por acaso e que diante da experiência cuja trazia consigo, podia compreender e até mesmo, aconselhar a loira caso assim fosse preciso.

Nos planos do Senhor não existiam pontas soltas e um dia tudo faz sentido, nem que este dia chegue apenas na eternidade.

- E como a situação do Daniel implicou no casamento de vocês, exatamente? - Isaque tentou mudar o curso da conversa.

- Nós tínhamos colocado em oração que, caso houvesse um avanço mínimo por parte do Daniel iríamos esperar ele voltar para nos casarmos - Bruno tomou a palavra sabendo que aquele assunto era demasiadamente delicado para a noiva. - Mas caso ele não reagisse, nos casaríamos na data já marcada. Temos agendas para cumprir e um propósito enquanto casal, não podemos ficar adiando nossa união.

- E diante dos acontecimentos, entendemos que Deus quer que nos casemos agora - Mayla concluiu envolvendo uma das mãos do amado nas suas. - Não será a mesma coisa sem o meu irmão, mas o Pai estará lá e é isso o que realmente importa.

O morena abraçou a noiva na intenção de confortá-la, mesmo sabendo que o único capaz de fazê-lo era o Espírito Santo e que ele nada mais era que um canal de demonstração de amor por parte de Deus para com a moça. Ele nunca seria o suficiente para ela assim como ela também nunca seria o suficiente para ele, contudo o Senhor era o suficiente para ambos e a Sua graça lhes bastava em todo o tempo.

- E eu tenho certeza de que Deus já está lá preparando cada detalhe desse momento tão singular. - Hanna sorriu contente pelo casal.

- Vão casar quando? Semana que vem? Lembrem que é sempre bom fazer a vontade de Deus o quanto antes - o Martins brincou insistindo em dissipar a tristeza e o pesar dos semblantes dos amigos.

- Sinto em informá-lo, mas não será na semana que vem e sim no mês que vem - a Castilho respondeu com um sorriso largo. - Vai ser uma cerimônia simples, apenas para a família e amigos mais chegados.

- Espero que eu e a minha digníssima futura esposa estejamos entre esses amigos. - Isaque arqueou as sobrancelhas loiras de forma sugestiva, ao pousar um dos braços sobre os ombros da de cabelos enrolados.

- É feio se convidar para uma festa, Isaque - a noiva o repreendeu em um tom de voz baixo a fim de que somente ele a ouvisse.

Bruno e Mayla trocaram olhares cúmplices ao vislumbrarem o casal a sua frente cochichando, e retirando da bolsa um envelope branco com detalhes dourados, a moça limpou a garganta chamando a atenção dos outros dois para si.

- Não queremos apenas convidá-los para a cerimônia, como também desejamos lhes fazer uma pergunta - o noivo da loira disse fazendo suspense.

- Que pergunta? - indagou Johanna roubando um sorriso dos três.

- Aqui dentro está ela! - Mayla lhe entregou o envelope, animada.
No centro do envelope jaziam desenhadas as iniciais de Bruno e Mayla.

A Santiago do meio retirou uma espécie de carta de dentro do envelope, a qual dizia:

"Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce um irmão." - Provérbios 17:17

Isaque Martins e Johanna Santiago, sabemos que podemos contar com vocês em toda e qualquer situação, seja ela alegre ou triste, de fartura ou escassez. Não importa o que aconteça estamos cientes de que estarão ali para nos estender a mão, não porque são bons ou perfeitos, mas pelo fato de que buscam ser cada vez mais parecidos com Cristo. Sendo assim, gostaríamos de lhes perguntar algo: aceitam ser nossos padrinhos de casamento?

Com amor fraterno, carinho e admiração, Bruno e Mayla.

Deus vos abençoe!"

Johanna sorriu emocionada ao ler as palavras impressas naquele papel, tal como o noivo que acariciava os seus cabelos enquanto lia o bilhete em questão. O loiro mal via a hora de distribuir os convites do seu casamento com a morena, todavia entendia que Deus tinha um tempo estabelecido para todas as coisas debaixo do céu. E se Ele os mandou esperar até dezembro é porque tinha um motivo para isso.

Motivo o qual, talvez nunca lhes fosse revelado durante a vida terrena. Porém, foi essa a direção que o casal recebera e era ela que iriam seguir ainda que não compreendessem o porquê.

- Devo admitir que fizeram uma ótima escolha de madrinha, em contrapartida poderiam ter escolhido melhor o padrinho - o Martins continuou com seus gracejos.

- Nem parece o rapaz que há alguns dias estava tentando provar para o Israel que era um exemplo a ser seguido - Hanna brincou mirando o noivo com a diversão cravada em suas feições.

- Não acredito que vocês dois continuam implicando um com o outro! - A Castilho revirou os olhos rindo.

- Eu sou mesmo um exemplo para a glória de Deus! Só estou fazendo um charme. - Piscou de forma cômica antes de voltar-se para Bruno e Mayla. - E sobre esse convite incrível, é claro que nós aceitamos.

- Sem sombra de dúvidas, será um prazer fazer parte desse momento - a Santiago complementou a fala do noivo sorrindo.

- Sempre soube que poderia conversar com vocês! - disse a loira eufórica, envolvendo o casal em um único abraço.

- Somos verdadeiramente gratos a Deus por suas vidas. - O moreno limitou-se a acenar com a cabeça para os padrinhos.

Após mais alguns minutos de conversa, Bruno e Mayla tiveram de se retirar deixando Zac e Hanna para trás, e estes resolveram assistir o pôr do sol antes de voltar para as suas respectivas casas. Johanna guardou o celular no bolso depois de ter mandado uma mensagem para Laura perguntando se poderia chegar em casa mais tarde e ela respondeu que sim, porém era para ambos os jovens terem juízo e principalmente, temor ao Pai.

- O que ela disse? - Isaque perguntou trazendo a noiva para mais perto de modo que a cabeça dela descansasse sobre o seu ombro.

- Para termos juízo e não fazermos nada que possa vir a entristecer o Senhor - repetiu as falas da mãe, ao mesmo tempo em que assistia o azul do céu ser substituído por uma paleta de cores quentes, cujas refletiam no lago a frente deles. - Deus é perfeito, não acha? Ele criou todo esse espetáculo apenas para que a humanidade pudesse contemplá-lo e admirá-lo. Seria tão mais fácil e menos trabalhoso ter nos colocado em um mundo branco e preto. Mas Ele quis fazer algo belo e agradável aos nossos olhos.

Isaque fitou a menina ao seu lado com um sorriso bobo desenhado em seu semblante. Na sua humilde concepção, a criação mais bela do Pai não estava no pôr do sol ou na natureza ao redor, e sim ali, dentro do seu abraço sorrindo perante aquele espetáculo o qual ocorria no céu naquela hora. Johanna Santiago era a criação mais doce e graciosa que Deus poderia ter moldado com as próprias mãos, segundo a opinião do Martins.

- Concordo com você. Mas penso que a criação mais bela do Senhor foi a humanidade, já que somos a imagem e semelhança dEle - começou sussurrando contra os cabelos da moça. - Em especial, a minha noiva que é a mais linda de todas as filhas de Deus.

A morena sentiu o coração errar uma batida enquanto o calor tomava o seu rosto, e levantando o olhar para o rapaz sorriu envergonhada. Ela achava incrível a forma como o seu amado conseguia lhe constranger de um jeito tão bom a ponto de aquecer o seu interior.

- Digo o mesmo a seu respeito, amor - disse arregalando os olhos ao perceber do que tinha acabado de chamar o noivo.

Falar aquilo parecia tão complicado e agora, havia saído de sua boca quase que involuntariamente.

- O que foi que você disse? - o músico perguntou esboçando o maior sorriso permitido pelos seus músculos faciais.

- Que você também é muito bonito. -
Deu de ombros desviando os olhos do rosto do outro.

E usando uma das mãos o rapaz tocou a bochecha da noiva com delicadeza virando o rosto desta para si, outra vez, ela estava ainda mais corada que antes se é que isso era possível. Isaque cresceu vendo aqueles olhos jabuticabas, entretanto eles nunca lhe pareceram tão bonitos e iluminados como agora.

- Não. Eu gostei mais da última parte - confessou em um tom risonho. - Poderia repetir, por favor?

- Não - respondeu voltando a fitar o céu.

- Tudo bem, mas eu ainda vou poder contar aos nossos netos que a primeira vez que a avó deles me chamou de amor foi sob um belo pôr do sol. Pôr do sol o qual só não era mais lindo que ela. - Suspirou apaixonado, deixando um beijo demorado na bochecha da amada.

Qualquer pessoa que os visse de costas diria que Isaque estava beijando os lábios da noiva. E foi justamente por esse ângulo que Christopher Reis os contemplou enquanto passava pela outra extremidade do parque usando-o como atalho para chegar em mais rápido em sua casa. O homem fechou as mãos em punho, ao mesmo tempo em que sentia a raiva tomar o íntimo do seu ser.

Então era isso, a sua filha morria e o noivo dela arranjava outra para colocar em seu lugar? Era isso o que Isaque Martins definia como amor?

Eu te amo, e aos poucos estou aprendendo a expressar isso em palavras. Obrigada por ser paciente. Quero estar ao seu lado em todas as circunstâncias.

Fique com Deus, e até breve. Ou nem tão breve assim.

Att. Johanna Santiago, sua querida futura esposa e parceira de guerra.

Rosa Blanca, abril de 2022.







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