Ampulheta Quebrada

Od piwrre10

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Tentando salvar Sirius Black de um destino terrível, Hermione envolveu Harry com seu vira-tempo. Porém, ao in... Více

Prólogo - (Remastered)
Família
Por Entre Chamas
Enxurrada Solta
Visitantes do Leste
A Floresta Proibida
Aceitação
Labirinto de Emoções
Entre a Varinha e um Olhar
Cavalo de Troia
Ao Olho do Furacão
Correndo para o desconhecido
Quem eu sou? - Parte I
Quem eu sou? - Parte II

Quebra-Cabeça

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Od piwrre10


- Harry? – Hermione chacoalhou seu ombro. – Você está me escutando?

Ele não estava.

Eles estavam na biblioteca de Hogwarts, rodeados de livros mais uma vez; já faziam cerca de 1 hora que procuravam por algo naquela pilha.

Harry não estava realmente dando sua atenção total a ler todos aqueles livros e escutar os pensamentos altos de Hermione. Sua cabeça ainda estava na aula de DCAT; tinha sido devidamente impactante o contato com Ethan Ehrenberg, ele não sabia o que pensar sobre. Raiva? Ethan lhe pressionou tanto com um feitiço que ele nem sabia qual era. Empatia? Ele havia hesitado ao olhar o rosto de Ethan. Era confuso... por que Harry se sentia tão ligado àquele garoto? Sempre pensava nele como se fosse algo importante, mas não havia uma razão explicita para isso.

- Estou. – Harry mentiu, olhando para a garota. A julgar por sua expressão, ela não tinha acreditado muito.

- Não precisa mentir, estou te vendo aí. – Hermione foi direta.

- Ah, Hermione... não estamos achando nada, não percebe? – Harry mostrou os livros na mesa. – Pensei que tínhamos saído dessa fase.

- Não é uma fase! – Hermione exclamou devidamente alto. Tratou de baixar o tom a seguir, não queria ser expulsa da biblioteca. – Vamos, Harry. Você mesmo sabe que achou algo importante... estamos perto disso.

- Muito perto. – Harry deu de ombros. – Eu não faço nenhuma ideia de como fui parar naquela sala. Deve ser aleatório.

- Não tem como ser, tem de haver uma lógica. – Hermione olhou fixamente. – E a resposta vai estar em algum lugar aqui...

- Não vai, Hermione. – Harry cerrou as mãos, como se suplicasse. – Olha, o que eu acho é que ninguém falou sobre essa sala. As coisas que eu vi por lá... várias delas... não imagino ninguém falando sobre isso. É algo secreto, não vai estar em nenhum livro. A câmara secreta não estava.

- Porquê tiraram...

- Pode ser a mesma coisa, não dá para saber. – Harry pensou. Pouco a pouco, ele criou coragem para colocar sua mão sobre a de Hermione.

Imediatamente, pensou que talvez não fosse uma boa ideia. Queria tranquiliza-la de alguma forma, mas assim que tocou sua mão, tudo pareceu diferente. Onde estavam as palavras? Como olhar no rosto dela? A mão dela era tão suave... Harry travou completamente. Hermione pareceu incrivelmente assustada, também; sem saber o que fazer.

- Haaaarryyyyy!!! – a voz inconfundível de Marie Longbottom invadiu o local.

Desconfortavelmente, Harry afastou a mão para longe da de Hermione. Ele desviou o olhar para qualquer lugar que não fosse o da garota.

Marie chegou sentando ao lado de Harry, enlaçando-o em um braço extremamente apertado.

- Quanto tempo! – ela deu um beijo na bochecha do garoto, cujo o qual ele não pôde fazer muito sobre.

- Nos vimos antes de ontem. – Harry disse, tentando se afastar um pouco da garota.

- Ah, parece uma eternidade! – ela disse, levantando os braços para cima.

Se a ideia era atrair a atenção de toda a biblioteca, Marie tinha conseguido; e muito bem.

Hermione pigarreou.

- Marie, querida, vão nos expulsar daqui dessa maneira! – exclamou ela. Harry não achava que o sorriso dela era de felicidade ao ver Marie.

- Oi, Hermione. – Marie disse, com a energia muito mais baixa ao notar Hermione.

- Ela tem razão, Marie. – Harry achou bom concordar. – Estamos lendo alguns livros aqui. Você tem algo à falar?

- Como assim se tenho algo à falar?! – Marie se revoltou. Obviamente, ela não diminuiu o tom de voz o quanto era necessário. – Você realmente não sabe porquê estou aqui...

Harry abriu os braços, não muito afim de entrar em joguinhos.

- Não ficou sabendo sobre o Baile de Inverno que vamos ter? – ela deu um peteleco na testa de Harry (que incomodou consideravelmente).

- Baile de Inverno, eu...

- Ela está falando da festa de celebração dos 50 anos do fim da guerra. – Hermione explicou. – Agora, 20 de dezembro. A Profa. Minerva disse em sala, Harry.

- Ah... – Harry jurava que não tinha escutado nada daquilo.

- Isso mesmo... você vai comigo, não vai, Harry? – Marie segurou o braço de Harry.

- Isso não é tipo... daqui 1 mês e meio? – Harry perguntou, sabendo a resposta.

- É, mas é bom planejarmos as coisas, não é? – justificou Marie.

- Olha, Marie... – Harry olhou ao redor. Hermione olhava a cena com a mesma cara que sempre fazia; não era de desprezo, mas era quase que próxima. Harry não estava com cabeça em baile ou em festa nenhuma no momento, mas ele tinha certeza que Marie não lhe deixaria em paz se dissesse sim. Uma possibilidade passou por sua cabeça... mas ele não sabia das consequências. Bem, talvez resolvesse inúmeros problemas de uma vez só. – Não posso ir como você porquê já tenho par.

Marie demorou a processar a resposta, ela afastou a mão de Harry.

- Você nem sabia que haveria uma festa...

- É, mas sinto que não posso ir com outra pessoa a não ser essa. – Harry disse. Hermione olhava com curiosidade. Ele tentava manter a calma nas palavras.

A Longbottom parecia sem chão no momento. Ela não sabia para onde olhar; Harry chegou a sentir um pouco de dó, talvez tivesse lhe faltado um pouco de sensatez. Ela olhou de Harry à Hermione, impaciente.

- Você vai com a Hermione, não é? – perguntou Marie, após algum tempo. Soou triste, mas seu olhar em Harry alfinetava em busca de respostas.

Harry deu de ombros, ele não queria falar disso agora.

- Não sei. – tentou negar ele. – No dia veremos, Marie. Sinto muito... mas tenho certeza que você vai conseguir achar alguém melhor que eu...

- Humpf. ­– Marie virou o rosto, revoltada. Ela se levantou, olhando para Harry de uma maneira que ele não estava acostumado. – Façam o que quiser. – e saiu batendo o pé.

Harry não sabia o que sentia; alivio? Pena? Talvez tivesse sido duro, mas às vezes era o necessário e o certo. Um dia, Marie teria de ver aquilo, se não acabaria sendo tarde demais. Harry tinha cada vez mais certeza que seu amor estava muito longe de pousar em Marie. Muito longe.

- Posso saber o que foi isso? – Hermione quis saber, depois de algum tempo observando Harry com certa curiosidade.

Ok, parte difícil agora.

- Ah, é... – Harry sentia as palavras difíceis de serem achadas agora. Era só Hermione... eles conversavam todos os dias. Por que tinha de ser diferente agora? – Bem... Você ouviu... Temos um baile, então... não que eu esteja preocupado com isso, sabe... é uma das minhas últimas preocupações... mas, lá no fundo... se... se precisarmos ir...

- Harry, você quer me chamar para ir com você? – Hermione tirou as palavras que ele tanto enrolava para dizer. Ela sorria, desconcertada, enquanto continuava encarando Harry nos olhos. – É isso?

- Bem... é. – Harry concordou, simplista, engolindo em seco.

Hermione riu, deixando Harry em uma situação mais incômoda ainda.

- Eu nunca imaginei que você pudesse fazer isso. – disse ela, balançando a cabeça, como se não acreditasse.

- Porquê não...? – Harry perguntou, um pouco ofendido.

Hermione deu de ombros.

- Por que você ficou tão nervoso, Harry? – ela perguntou, ignorando o tema interior. Ela piscou leve e lentamente seus olhos, sem perder o contato. Harry estava lento; tão lento que sentia que estava prestes a babar. – Sou eu. Não precisa ficar assim, nos conhecemos bem desde sempre.

Por que ela estava olhando tão diretamente para ele? Harry não conseguia pensar em nada com firmeza. Era como se seu cérebro estivesse derretendo dentro de sua cabeça, escorrendo pouco a pouco.

- Ahn, eu... – ele ainda se sentia completamente devagar com aquele par de olhos cor de mel lhe olhando tão fixamente. – Sabe... eu não sei, você é a pessoa que eu mais gosto de todo esse lugar. É sempre você que está do meu lado e eu adoro isso... Eu não quero... na verdade eu tenho medo de algum dia perder essa conexão, seja por que for.

As bochechas da garota rosaram levemente, Harry pôde perceber, o sorriso dela pareceu nervoso.

- Do que você está falando? – Hermione perguntou, quase ofegando.

- Ei, Harry! – Bruce Brown chegava bem em frente à mesa dos dois. – Como está?

Harry não sabia se suspirava aliviado; estava em terreno perigoso quando o capitão da Griffinória anunciava sua chegada.

- Ah, oi, Hermione. – Bruce notou a garota do outro lado da mesa. – Estou interrompendo algo? – ela questionou, balançando o dedo de Harry para Hermione como se estivesse insinuando algo.

- Não, não. – Harry tratou em negar, nervoso. Hermione parecia bem inquieta.

- Ok. – Bruce balançou a cabeça, apoiando as mãos na mesa. – Tudo bem com suas lesões?

- Estou 100%, eu acho. – Harry declarou, ainda suando um pouco frio.

- Você sabe que já jogamos na semana que vem, certo? – Bruce perguntou, incomodado. – Precisamos de você em ao menos um treino, cara. Hoje, a noite. É nosso último.

- Eu tenho detenção no finalzinho da tarde. – Harry disse, se lembrando. – Se você puder adiar um pouco...

- Dou um jeito, cara. Só apareça. – clamou ele, ansioso.

- Eu vou. – Harry confirmou.

Bruce quase deu um soco na mesa, empolgado, mas se controlou.

- Que bom! – disse ele, empolgado. – Vamos acabar com eles, Harry!

Harry sorriu com o entusiasmo dele; lhe fazia ter um pouco de nostalgia por Wood.

- Até lá, então. – disse ele, despedindo-se de Harry e Hermione.

A empolgação de Harry foi novamente tomada pela ansiedade quando encarou Hermione. A garota se demorou analisando-o, pensativa. Harry engoliu em seco; o que ela estava pensando em perguntar? Talvez finalmente tivesse começado a desconfiar para onde os sentimentos de Harry estava indo. Para falar a verdade, isso havia sido uma provação até para ele mesmo. Com aquela atitude, com aquelas sensações que ele sentia... Harry não tinha mais dúvidas de que o que ele sentia por Hermione, atualmente, era muito mais do que uma simples amizade.

No entanto, ele agradeceu internamente quando a garota desviou o olhar, para conferir as horas no relógio em seu pulso.

- Bom, você também tem detenção à tarde, certo? – Hermione parecia completamente diferente de instantes atrás, Harry ficou indeciso ao que sentir em relação à isso. – Melhor nos apressarmos, então. Me ajuda com os livros?

- Claro. – Harry concordou, aéreo.

***

- Excelente treino hoje, pessoal! – Bruce exclamou, batendo palmas no vestiário. – Precisamos dessa energia, dessa empolgação, para o fim de semana. Griffinória no três. – ele levantou o punho para os outros jogadores.

- 1, 2, 3, GRIFFINÓRIA! – berraram em conjunto, com os punhos unidos.

- Estão dispensados. – anunciou Bruce, finalizando o treino. – Ei, Harry. Espere um pouco aí.

Harry estava cansado, mesmo que fosse só um treino. Seu corpo ainda doía um pouco e ele tinha certeza que tudo iria piorar quando esfriasse. Ele definitivamente havia perdido o físico ideal para jogar Quadribol.

- O que foi? – Harry perguntou, com um quê de "quero ir embora daqui o mais breve possível."

Bruce bateu no ombro do garoto, sério.

- Obrigado por ter vindo. – disse ele. – Não faço ideia pelo que você estava passando, mas fico feliz que tenha superado isso.

Harry concordou com a cabeça, sem ter ideia do que falar; Bruce era uma pessoa sincera.

- Vai ser um bom jogo, um bom campeonato. – continuou ele. – Você os inspira, mesmo que não fale nada.

Harry já estava começando a se envergonhar um pouco com tudo aquilo.

- Espero que sim. Até amanhã, Bruce. – Harry se despediu com um cumprimento com o punho.

A noite já havia caído enquanto deixava o vestiário. Sua barriga roncou de fome, o jantar agora cairia bem.

Haviam poucas pessoas da Griffinória assistindo ao treino e a maioria já havia saído dali. Porém, Harry quase se assustou ao constatar Ethan na arquibancada.

Ele encarou Harry, mas não pareceu tão ameaçador e sinistro como das últimas vezes. Óbvio, ele ainda estava com a expressão fechada e invariável de sempre, mas a maneira como ele olhou para Harry era quase como se... quisesse conversar. Ele julgou isso como uma deixa e se aproximou.

Ethan o acompanhou com o olhar até que ele se sentou ao seu lado direito.

- Não vai passar o que viu para a Hartmann, vai? – Harry perguntou, em um tom cuidadoso de brincadeira.

- Tsc. – Ethan balançou a cabeça negativamente. – Você está precisando de um banho, Potter.

- Ah, obrigado. – respondeu Harry, ironicamente. – Por que estava me chamando aqui então?

- Eu não falei seu nome em nenhum momento, do que você está falando? – Ethan encarou Harry irritado.

- Bom, era o que parecia da maneira que estava me olhando quando saí do vestiário. – esclareceu ele.

- Está viajando, Potter. – negou ele, balançando a cabeça.

- Certo, peço desculpas então. – Harry disse, se levantando. – Realmente preciso de um banho...

- Espera. – Ethan falou, com a voz grossa, quando Harry já havia lhe dado as costas.

Harry voltou a encarar o garoto. Como ele suspeitava, ele queria falar alguma coisa. Ele fez um gesto com a mão, como se mandasse Ethan prosseguir com o que quer que fosse.

Ethan esfregava as mãos, aparentando estar nervoso. Ele também fazia aquela careta característica, mostrando os dentes.

- Ethan, o que você...

- Por que você não me venceu no duelo? – Ethan criou coragem para perguntar.

- Eu...

- Eu te pressionei contra o chão, te esmaguei e você... não quis me vencer.

Harry encarava Ethan, sem ter certeza do que estava vendo. Ele parecia bem desconfortável com aquilo.

- Ethan, você contra-atacou mais rápido, eu não tive...

- Não. Não. – Ethan negou, fazendo todo o gestual. – Não foi isso. Você por alguma razão, não quis me vencer. Mesmo que... mesmo que eu tenha usado aquela... aquilo em você.

Ethan clamava por sinceridade. O porquê? Harry não sabia exatamente, mas estava perturbando o garoto.

- Foi apenas uma hesitação. – Harry respondeu. – Você aparenta ter sofrido muito na vida, Ethan. Eu apenas... foi só uma sensação de que não deveria fazer aquilo.

- Está com dó de mim? – Ethan questionou, arqueando as sobrancelhas.

- Eu... não é isso, Ethan...

- O que Sophia te disse? – ele colocou a mão na cabeça, como se estivesse com dor. – Porquê ela tem que ser assim? Merda.

Harry se sentou ao lado de Ethan novamente.

- Ela não disse nada demais. – Harry tranquilizou. – Eu também não perguntei nada à ela. Dividimos detenção um dia, acho que você sabe disso...

- Sim. – Ethan concordou, ele não olhava para Harry. – O dia que ela me salvou de Filch na Torre de Astronomia. Idiota.

Harry riu timidamente.

- Ela se importa muito com você, dá para perceber. – disse ele. – Ela não queria que eu ficasse com uma imagem ruim de vocês, ou coisa parecida... foi só isso.

- Ela te disse sobre Sirkel? – Ethan questionou, olhando de esguelha para Harry.

- A vila? Sim. – afirmou Harry.

- O quanto? – apertou Ethan.

- Não muito, é um assunto doloroso. – respondeu Harry, escolhendo bem as palavras. – Só sei por cima o que aconteceu. Sinto muito.

- Hum. – Ethan respondeu, sem dizer muito. Ele ainda tinha inúmeras feridas abertas, Harry não queria se alastrar naquele assunto.

- Deve ser complicado ficar longe das únicas pessoas em quem confia. – Harry disse, pensando nisso em sua própria perspectiva, também. – Em casas separadas dos seus amigos...

- Estou bem. – rapidamente Ethan cortou.

Harry balançou a cabeça. Ethan não era um cara que gostava de se alastrar em conversas sentimentais, aparentemente. Era daqueles que guardava quase tudo para si; mais mesmo do que o próprio Harry.

- Eu estou lá, na sala comunal da Griffinória...

- Eu sei, Potter. – novamente ele cortou, voltando ao modo defensivo. – Estou bem, já disse.

- Você quem sabe, Ethan. Até mais ver.

- Eu não queria ter te pressionado daquela maneira. – Ethan falou, abruptamente, enquanto Harry já ia embora. – Você estava todo remendado, não acho que foi... justo.

- Não foi agradável. – Harry se viu obrigado a concordar. – Eu nem faço ideia de qual feitiço se trata, mas você parece dominá-lo bem.

- Não sabe do que está falando. – Ethan retrucou imediatamente, nervoso. – Não é um feitiço. – ele acrescentou, com mais calma.

- Não? – Harry repetiu.

- É telecinésia. – Ethan respondeu. – Poder da mente.

- Eu sei o que é... não imaginava ser tão forte assim. – Harry disse, assombrado.

- Não é um dom tão legal quanto você está pensando agora... – Ethan se levantou, passando por ele. – Sophia e Dimy devem ter saído da sala comunal à essa altura.

E então, Ethan caminhou pelas arquibancadas, sem nem mesmo se despedir de Harry.

Telecinésia? Seria por isso as sensações ao encarar Ethan nos olhos? Fazia sentido.

O garoto era complexo. Quanto mais Harry sabia, mais havia a saber. Por que sentia essa sensação? Ele não precisava necessariamente saber absolutamente nada dele, mas se sentia quase que obrigado. Harry acompanhou Ethan sumir com esse questionamento na cabeça.

Depois de muito se perder em pensamentos, ele achou justo ir logo tomar seu banho.

Limpo e finalmente com a fome saciada, Harry chegou até a sala comunal, cheio de dores.

- Você demorou. – Hermione constatou. Ela estava sentada no sofá, próximo a lareira. Harry aproveitou e se jogou ao lado dela, afundando no sofá.

- Meu corpo dói. – queixou-se ele.

- Mas é claro que dói. – respondeu a garota, com aquele quê de "eu tinha razão". – Não se lembra dos inúmeros ossos que quebrou poucas semanas atrás?

- Estou lembrando agora. – retrucou Harry.

- Você já jantou? – Hermione perguntou, preocupada.

- Sim, depois de tomar banho. – disse Harry. – Se não, não teria nem subido as escadas.

- Hum. – Hermione concordou, sem dizer muito mais.

Eles ficaram em silêncio por algum tempo. Harry não tinha certeza do que dizer depois de hoje; tinha muito medo de dar um passo maior que a perna no momento. Cada vez mais a sensação que ele deveria tentar quebrar a barreira aumentava. Ele já não se segurava mais, mas não tinha ideia de como fazer.

- Acabei de conversar com Ethan. – Harry disse, um pouco mais baixo, para que ninguém ao redor escutasse.

- E? – Hermione quis saber, sem tirar os olhos do seu livro.

- Ele meio que... se desculpou. – Harry contou, olhando para o teto. Bem, aquele assunto tinha sido um bom escape no momento. – E também me contou algo importante.

Hermione não perguntou, mas sua postura indicava que queria que Harry prosseguisse.

- Ele domina a Telecinésia. – Harry disse, após uma pausa dramática.

Imediatamente, Hermione perdeu sua atenção no livro. Ela olhou para Harry como se fosse um absurdo.

- Como é?! – exclamou ela.

- Shh! – Harry pediu. Ele olhou para os rostos da sala comunal, que não eram muitos no momento; Ethan não estava ali, ainda deveria estar com os amigos. – Mais baixo.

- Você tem ideia do que está falando? – Hermione sussurrou. – Telecinésia é raríssimo! Não é como legilimência, que você adquire. É um dom!

- Você acha que ele mentiu? – Harry questionou, levantando a cabeça do sofá pela primeira vez afim de encarar Hermione,

Hermione mordeu o lábio inferior e desviou o olhar, pensativa. Aquela característica marcante dela tocava Harry e sempre lhe arrancava um sorriso, mesmo que mínimo.

- Não. – disse ela, por fim. Parecia assombrada. – O que ele fez... realmente parece telecinésia.

- O quão raro isso é? – Harry perguntou, curioso.

- Do tipo muito raro. – Hermione enfatizou. – Normalmente, as pessoas também não contam sobre isso, com medo do que pode acontecer. É realmente curioso que ele tenha te contado isso. Por que?

- Acho que ele se sentiu culpado. – respondeu Harry, após se pegar refletindo por um tempo. – Ele pareceu sincero em tudo. Talvez esclarecer lhe fizesse bem.

Hermione balançou lentamente a cabeça.

- Você precisa guardar esse segredo dele, também. – ela pediu. – Se ele te confiou, tem que continuar assim.

- Bom, já contei para você...

- É diferente...

- Claro, por que eu confio em você para isso mais do que confio em mim, Hermione.

Ela corou, sem graça; não aparentava estar esperando aquilo.

- Harry... – ela se virou novamente para ele, depois de um tempo com a cabeça baixa, rosada. – O que você queria dizer hoje, na biblioteca?

Boom. Não tinha para onde escapar mais.

Você provocou isso. Você quis isso.

Harry passou novamente o olhou pela sala comunal. Curiosamente, eles estavam a sós. Faltavam cerca de cinco minutos para a meia-noite.

Sem mais segredos, você precisa fazer isso. Seu interior lhe dizia.

Sua barriga estava quase doendo; tanto que, as dores ao longo do corpo já não lhe incomodavam mais. Ele tentava fazer seu máximo para não tremer.

- O que eu queria dizer...? – Harry repetiu, sentindo-se intimidado ao extremo pela presença imposta por Hermione. Era diferente de qualquer coisa que ele havia experimentado com ela. – Bem... eu...

- Você falou sobre perdermos nossa conexão... – Hermione lhe cortou. Seus olhos acompanhavam cada traço de Harry com atenção, era uma situação quase que embaraçosa. – Por que você pensaria que isso aconteceria um dia?

- Bem, não é exatamente isso... – Harry tentava encaixar as palavras no quebra-cabeça. Ele estava pronto para dizer aquilo? Aqueles sentimentos... ele tinha certeza? Seu coração batia tão forte como um coração de ferro maciço.

Hermione estava bem à sua frente, atenta. Ela estava disposta à escutar o que Harry falaria. Mas... e sua reação? Era o que Harry mais tinha medo. Ele podia confundir as coisas e prejudicar sua relação com a pessoa que mais importava para ele naquele mundo. Seu pilar.

Mas, seus sentimentos estavam transbordando recentemente. Como ele havia pensado antes... tinha certeza que não se tratava de uma simples amizade. Não podia se tratar apenas disso algo tão intenso assim. Era uma ligação tão tão forte que fazia Harry querer algo a mais. Ele necessitava de Hermione, ela tinha de ser seu completo; encaixe perfeito.

- Hermione, eu...

Harry se calou, mas não porque queria. Hermione o fez, selando seus lábios com os do garoto.

O que veio a seguir, era impossível de explicar. Durante aqueles segundos, Harry não sabia explicar o que era real ou não. Sua língua tocando a de Hermione, seus lábios se fundindo. Ele sentia o calor se trocando com o dela, os dois corpos próximos, conversando entre si através daqueles gestos. Não haviam palavras que ele pudesse colocar melhor do que aquilo. Era a mais pura adrenalina que ele já havia sentido em sua vida. Hermione proporcionava tudo de melhor que Harry já havia sentido, naquele exato momento.

O rosto de Hermione se afastou, indicando que havia terminado. As sensações do corpo de Harry demoraram um pouco a se acostumar com isso. Ele se sentia completamente no ápice.

A garota estava com o rosto vermelho, mas não tirava os olhos dos de Harry.

- O que foi isso?! – questionou Harry, ofegante. Ele também não conseguia se desviar de Hermione.

- Eu não sei. – respondeu a garota, respirando pesadamente.

- Eu... meu deus... – Harry tocou o próprio rosto. – Hermione... eu... isso foi bom... eu... – Harry respirou fundo, tentando-se colocar no lugar depois daquilo. – Eu só queria te falar que também sinto isso. Eu... é muito mais do que apenas uma amizade.

Hermione continuou encarando Harry, com aquelas respiração descompassada. O gosto dos lábios dela ainda jaziam nos de Harry. Droga, ele se sentia dependente daquilo agora. Queria voltar para eles imediatamente; era a melhor sensação que ele podia (ou não) ter imaginado.

No entanto, a garota balançou a cabeça negativamente; Harry estremeceu.

- Harry, me desculpe, eu...

- Hermione! – Harry tentou apanhá-la, mas a garota já havia subido ao dormitório feminino. - Merda!

Harry colocou a cabeça entre as mãos. Não era possível que o que ele mais temia iria acontecer... Ele não suportaria se aquilo mudasse negativamente o relacionamento dele com Hermione. Deixou a cabeça afundar, em quanto mergulhava nas lembranças quentes de segundos atrás e em pensamentos pessimistas.

***

Harry passava pelo sétimo andar, era hora da sua tão esperada volta; Griffinória x Lufa-Lufa. No entanto, ele estava com a cabeça em outros ares.

Não tinha visto Hermione durante a manhã; não tinha tido a oportunidade trocar sequer olhares com ela. Era preocupante.

Aquele beijo da noite tinha sido a coisa mais maravilhosa e horrorosa da sua vida ao mesmo tempo. Durante: sensacional, depois: amedrontador. Ele precisava falar com Hermione de volta, precisavam colocar as coisas no lugar.

Ela tinha partido para aquela ação, não ele. Por que será que agora ela fugia?

- Harry! Ei, Harry! – Harry ouviu Neville lhe chamar pelo que não parecia a primeira vez. – Espere.

O garoto vinha correndo em sua direção no corredor.

- Neville... não vai ver ao jogo? – Harry questionou, intrigado.

- Claro que vou. – respondeu ele, ofegante; quase colocando as mãos no joelho. – Só tive de passar no banheiro. Já estou indo para lá.

- Banheiro...? – Harry perguntou, sem entender; ali? – Não sabia que tinha um banheiro por aqui.

- É, eu também não... monitor-chefe e não sei dessas coisas... – Neville disse, coçando a cabeça desconcertado. – Melhor irmos, você está meio atrasado, não?

Harry sentia peças encaixando no seu quebra-cabeça mental, pouco a pouco...

- Eu... preciso fazer algo. – Harry disse, chocado com o que havia acabado de pensar. – Pode ir na frente. Chegarei à tempo, garanto.

Neville estava confuso, mas não questionou a decisão do Potter. Harry esperou ele se afastar o suficiente para sair correndo.

Banheiro... fazia todo sentido. Todo sentido! O método de funcionamento da Sala misteriosa não poderia ser outro.

Sua mente estava em conflito... ele poderia voltar ali em qualquer momento, mas simplesmente não conseguiria. Tinha de ir na sala o mais rápido possível.

Enquanto corria, sentia seu interior se efervescer. Suas outras preocupações, em segundo plano. Se descobrisse aquilo, Hermione teria mesmo de falar com aquele.

A sala mostrava o que o interior da pessoa queria; era a peça que faltava.

Mas então, por que não mostrou quando Harry queria tanto?

Ele não tinha certeza, mas achava que a sala processava seu pedido como ver a sala em seu puro estado; por isso ela aparecia vazia, sendo a sala original. Se Harry focasse naquele local de antes com clareza, ele iria conseguir chegar até ele.

Quando dobrou a esquina, Harry deu de cara com uma cena curiosa. Alguém já estava ali, parado, em frente à porta.

- Sophia? – Harry questionou, sem entender nada. – O que está fazendo aí?

Ela já tinha uma mão na maçaneta. Harry notou que ela parecia rígida demais; não era a Sophia que ele conhecia. Nervosa com algo, talvez? Era estranho. Porém, quando ela se virou para encarar Harry, lançou o sorriso amigável de sempre. Harry ainda tinha um pé atrás.

- Ei, Harry. – cumprimentou Sophia, como se nada estivesse acontecendo. – Você não devia estar no campo de quadribol agora?

Definitivamente algo estava fora do lugar, era notável. Sophia não se portava da maneira usual, era como se ela estivesse tentando... esconder algo.

- Eu acho que eu nunca vi essa porta aí. – mentiu Harry, apontando para a porta. – Que é que tem aí dentro?

Sophia fixou-se em Harry, com alguma hesitação. Parecia se decidir.

- É um lugar que achei recentemente. – disse ela, por fim, girando a maçaneta. Com um gesto de cabeça, ela convidou Harry à entrar.

Harry se sentia apreensivo de fora à fora. Entretanto, quando vislumbrou o que vinha à sua frente, surpreendeu-se; era o que estava procurando. A sala da primeira vez.

- O que você...

- Me desculpe, Harry. – e ele apenas ouviu um estalo, antes de seus sentidos se esvaírem enquanto caía.

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