Quem É Ela | Livro 1 | Conclu...

By Quarta-usamos_verde

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|Livro um da duologia Eles| {É preciso realizar a leitura na ordem para um entendimento melhor da história} ... More

Recados
Prólogo
Cast
1|Era Domingo
2|Isso é um erro
3|Quando nos conhecemos
4|Você não é metade do que ele dizia ser
5|Irresponsabilidade
6|Ele não me deixa dormir
7|Despedida ao Bar
8|Pizza?
9|O Jantar
10|Pobre lata de lixo
12|O Lago
13|Uma noite longa
14|Adoradoras
15|Ele tem nós dois, nunca estará sozinho
16|Te trouxe flores
17|Sim, eu prometo
18|Se eu fechar os olhos
Epílogo

11|Dejavu com gosto de lembranças

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By Quarta-usamos_verde

Magnólia estava enrolada em uma manta de flanela xadres enquanto observava o grande quintal que era repleto de árvores frutíferas e flores, que ficavam do outro lado das grandes portas de vidro. A noite já havia chegado, mas a iluminação esverdeada do jardim permitirá que ela pudesse observar o local que trazia a ela uma paz no coração, a chuva que caia trazia uma sensação de conforto, e o cheiro de terra molhada dava-lhe a sensação de pureza.

- Pronto! Coloquei todas as malas nos quartos. - Sebastian se pronunciou ao se aproximar e parar ao lado dela.

- Obrigado.. - Um momento de silêncio confortável pairou no ar. - Aqui é realmente um lugar muito bonito. - Magnólia voltou a dizer.

- Meu pai comprou tudo quando ainda eramos crianças. - Um sorriso escondido se fez presente nos seus lábios. - Chris e eu corremos muito por esse quintal. - As lembranças começaram a passar de ante de seus olhos como se fossem um filme caseiro. - Ta vendo aquela árvore? - Apontou e Magnólia confirmou com um balançar de cabeça. - Existia um formigueiro ali, um dia Chris inventou de jogarmos água nele, acabamos os dois cheios de picadas e com a pele toda vermelha por uma semana. - Ela não conseguiu disfarçar o olhar de admissão enquanto o observava falando do irmão. - Papai dizia que quando se aposenta-se, esse seria o seu hobby. - Sebastian estava nostálgico.

- Uau, um hobby com mais de 20 hectares de terra, e cerca de 30 puros sangues. Coitada da senhora que acredita que fazer crochê é um hobby. - A mulher Ironizou, e ele repetiu a frase em voz baixa.

- Não é que eu esteja duvidando da sua capacidade, mas, como você intende de hectares e cavalos? - Essa era mais uma das curiosidades de Magnólia Xavier.

- Depois de me casar, eu passava muito tempo em casa então, assistir documentários meio que se tornou um... Passa tempo. - Respondeu e Sebastian pensou no quão aquela frase parecia ser feita.

- Documentários?

- Nossa, já é tarde acho melhor nós irmos nos deitar. - O rapaz percebeu que aquele er em um dos assuntos na qual ela não gostavade falar, um dos muitos assuntos que ela vinha evitando desde que se conhecram. - Eu disse nós, mas cada um no seu quarto, obviamente. E aliás, você pode me dizer onde fica o meu quarto? - Magnólia estava sem jeito, queria correr dali, correr de perto dele.

- Por incrível que pareça, o seu quarto ainda continua ao lado do meu. - Sebastian disse fingindo não perceber a mudança drástica de assunto. Depois de observá-la rapidamente ele se virou e começou a caminhar pela casa enquanto sua cunhada o seguia.

- Isso é carma, porém não estou surpresa. - Ironizou o segundo, enquanto o observava de costas, a altura dele era significativa perto da dela. Os ombros largos que se movimentavam conforme ele andavam.

- Que isso. - Fingiu estar se sentindo ofendido. - Não é tão ruim assim dormir ao meu lado. - Automaticamente o homem se lembrou da noite em que dormiram juntos na qual ele jurava ter feito ela acreditar de que não havia pasado de um sonho.

- Depende, se você decidir dormir com a filha do caseiro, então eu aposto que dormir ao seu lado não vai ser ruim. - Fez uma pausa dramática e percebeu quando ele lhe olhou por cima dos ombros largos e fortes. - Na verdade seria uma tortura.

- A Florence? - Se virou para encará-la de vez. - Não, infelizmente ela está fazendo Direito em Boston. - Sebastian tentou estudar a reação da mulher, mas, ela pareceu impassível. - Mas talvez Natacha, a sobrinha ruiva dele esteje em casa. - Agora sim, ela havia semiserrado seus olhos. O homem sorriu e voltou a caminhar despreocupadamente pelo corredor.

- Você é...

- Eu sei, eu sei. Eu sou maravilhoso! - Parou em frente a uma porta e a abriu para que a mulher passasse.

- Não é bem isso o que eu ia dizer. - Magnólia revirou os seus olhos e entrou no cômodo de esguio pois Sebastian ficou parado entre a porta e o batente.

- Você tem a chance de provar que dormir comigo não é uma tortura. - Falou ainda parado a porta. - Vem comigo, assim você garante que eu não chame a Nathi. - Ele mal finalizou e logo foi atingido por uma das almofadas que estavam em cima da cama, o rapaz ria enquanto segurava a almofada.

- Sai Sebastian, já chega dessas gracinhas. - Caminhou até ele para pegar de volta o objeto. - Me deixa em paz, eu ainda estou brava com você. - Pegou a pequena almofada, mas ele não soltou.

- Não está não Meg. - A mulher levou um susto, talvez fosse as longas horas de viagem, a falta de sono, ou simplesmente loucura, mas ela havia ouvido bem o homem parado a sua frente que olhava em seus olhos fixamente, e sim ele havia acabado de lhe chamar de Meg, um apelido fofo ao invés do habitual na qual ela internamente estava se acostumando.

- O que ouve com Praga? - Questionou quase que inaudível, então apertava o tédio em seus dedos, por algum motivo suas mão pareciam suar frio.

- Pensei que não gostasse. - Afirmou dando um passo para dentro do cômodo.

- Pra você. - Ela piscou lentamente e moveu suas mãos sobre o tecido da almofada os seus dedos tocaram o dorso da mão dele que continuava lhe olhando com aqueles dois olhos azuis que mais pareciam lagos cristalinos. Com cuidado ela começou a dar passos na direção do homem que só percebeu que agora estava fora do quarto porque suas costas se chocaram com a parede do pequeno corredor.

- Eu?... - Sussurrou agora observando cada ponto do rosto da mulher que passou a língua pelos lábios.

- É... Magnólia. - Finalizou séria, em seguida ela puxou a almofada das mãos do rapaz com força e então se afastou. - Boa noite, Sebastian! - A mulher deu as costas e então fechou a porta atrás de si.

Sebastian não sabia com certeza de que nutria um desejo pela mulher até aquele exato momento, a provocação havia dado certo e de repente ele se pegou pensando em todas as outras vezes em que pensava nela ou no corpo dela, às vezes em que notava a sua presença só por sentir o cheiro do seu perfume de flores, e claro todos os momentos em que se via preso como em uma armadilha por aqueles grandes olhos arredondados de cores que para ele eram indecifráveis. Depois de alguns minutos parado em frente a porta daquele quarto e de reflexão, ele voltou para a sala e lá ficou pensando em como as coisas seriam agora que ele sabia do seu interesse, uma parte dele gostou da ideia, porém, por outro lado, ele se sentia culpado. Sim, culpado, pois aquela era a mulher do seu irmão, a sunha cunhada e automaticamente algo entre eles seria motivo de fofoca. Junto ao interesse pela mulher, vinha a certeza de que aquilo era um grande erro.

Magnólia fazia uma pequena retrospectiva mental para tenta achar o momento em que a situação entre ela e Sebastian haviam mudado de rumo. Mas ela não conseguia achar nada até a alguns dias atrás quando ele havia feito um comentário sobre seu corpo, porém pouco tempo havia se passado pra que eles chegasse ao ponto de se provocarem. Então para ela, não fazia sentido tal mudança em tão pouco tempo, por tanto, ela só conseguia pensa em um motivo para um ato tão repentino, ele estava armando algo, estava tentando atingi-la, talvez para afastá-la como sempre quis desde o início. O que Christopher pensaria dela, se a visse balançada pelo irmão dele. Ela pensou ao rolar sobre a cama.


Pensativos e se sentindo culpados, foi assim que ambos pagaram no sono após horas acordados. E foi assim que ambos acordaram quando ouviram o som dos pássaros cantando. O dia estava apenas começando e eles não sabiam o que os esperavam pelo resto daquele final de semana, porém os dois jovens se levantaram, tomaram um banho da cabeça aos pés e decidiram que não deixariam a provocação da noite passada lhes afetarem. Afinal nada de mais havia acontecido, nada grande de mais para fazer com que ambos perdessem horas de sono ou fazer com que ambos agissem de forma estranha um com o outro.

Foi com esse pensamento que Magnólia se sentou a mesa do café da manhã e cumprimentou todos com um belo sorriso, brincou com seu filho e comeu tranquilamente enquanto fazia planos com o garotinho. Planos esses que envolviam todos, como de costume o homem resmungou algumas vezes por saber que teria que fazer parte das atividades, porém Elen o colocava na linha sem nem se quer dizer um "A".

Mesmo que o homem não queira dar o braço a torcer, ele ficou encantado em ver a felicidade do seu sobrinho ao conhecer os cavalos, sorriu ao ver o pirralho correndo pelo local e se assustando com o barulho de um dos cavalos e então voltando para os braços da sua mãe que o acalmou com um abraço e vários beijos. Ele também percebeu a felicidade de sua mãe, e se lembrou de quando eram crianças os sorrisos que sua mãe davam naquele momento eram iguais aos que estampavam o rosto dela, no passado.

- Vamos com a vovó, vamos conhecer os cavalinhos. - Elen disse ao pegar na mão do seu neto e caminhar com ele até o local onde os potros ficavam.

Magnólia continuou no estábulo observando os animais de porte grande de crinas brilhantes, que pareciam estar mais hidratados do que os seus próprios cabelos.

- Você quer dar uma volta? - Ele pergunta ao se aproximar e dar ao cavalos um pouco de feno.

- Não acredito que montar em um animal com mais 400kg seja algo divertido. - Respondeu caminhando até a baía ao lado.

- Vamos, estamos aqui para isso. - Insistiu, e após alguns segundos de silêncio a mulher concordou.

O dia estava parcialmente nublado, a grama molhada, e o vento que soprava era gelado, Magnólia matinha seus braços cruzados em seu peito enquanto esperava o pessoal selar um dos cavalos para ela, eles também haviam lhe arranjado botas de montaria e ela se surpreendeu quando viu Sebastian vindo da cede usando também um par de botas e um casaco de lã, ela agradeceu quando ele lhe estendeu um segundo casaco feito de lá também, porém de cor diferente. Mas sua gentileza não foi o suficiente para impedi-la de pensar no quanto ele havia ficado bonito com as botas e uma blusa de gola alta.

- Pronta? - Sebastian segurava as rédeas de dois cavalos, quando se aproximou e a tirou do seu pensamento.

- Não. - Ela não exitou em responder.

- Ótimo. Não é difícil eu juro, primeiro você coloca um pé aqui. - Mostrou a mulher um estribo. - Então você impulsiona o seu corpo e joga a outra perna do outro lado. - Completou satisfeito com a sua explicação, porém a mulher revirou os olhos para ele. - A quer saber eu ajudo você. - Ele tentou se aproximar para pegá-la e colocá-la sobre o animal.

- Me da isso aqui. - Magnólia tomou uma das rédeas da mão dele e montou o animal sem dificuldades e sem a ajuda do homem. - Você vem ou não? - Questionou lhe olhando uma única vez antes de fazer com que o animal andasse.

Depois de disfarçar a cara de tacho, e com uma certa pressa, ele montou no segundo animal e logo a alcançou, eles andavam em silêncio por uma estrada de terra que tinha algumas poças de lama que logo foram deixadas para trás quando eles entraram em um campo aberto, o silêncio entre eles estava confortável, pois ambos observavam o lugar, aquele eram um momento de paz para os jovens que até então não sabiam que precisavam daquela paz.

- Aprendeu a montar em um documentário também? - Sebastian quebrou o silêncio.

- Fiz aulas de equitação por alguns anos. - Respondeu brevemente.

- Quando morava em Londres?

- Não... Quando ainda morava com os meus pais. Quando morar em Londres, não era uma opção.

- Você nunca me disse nada sobre você. - Ele afirmou.

- Porque será né Sebastian! - Suspirou. - Deve ser porque você nunca me deu espaço para falar sobre mim, na verdade, deixou claro desde o primeiro dia em que nos vimos que não tinha interesse em me conhecer. - Ela se lembrava com clareza daquele dia. - Usou a palavra Poupar, depois da palavra Conhecer. - Enfatizou as palavras. - E não satisfeito ficou buscando por motivos futes pra poder brigar comigo. - Suspirou uma segunda vez. Foi ai que ele percebeu o quanto a havia machucado com suas palavras. Agora ele perceberá que realmente a atacou gratuitamente. - Não vou revelar coisas da minha vida para uma pessoa que não está interessada. - Finalizou.

- Não foi bem assim. - Tentou se defender. - Bom as coisas mudaram, eu não quero ficar brigando... - Quis mudar o clima pesado que havia se instalado.

- E porque mudaram Sebastian? Porque agora? - Questionou o olhando.

- Se eu tivesse perguntado sobre você antes, teria me dito algo?

- Você não respondeu a minha pergunta Sebastian.

- Eu não sei o porque, só senti que mudaram. Você não sente também? - Agora ele quem a questionou.

- Eu vou voltar. - Magnólia deu meia volta com o cavalo e começou a correr, aquela conversa estranha lhe incomodou.

- Magnólia espera! - Chamou, mas a mesma continuou se afastando.

Ela só parou quando ouviu o homem falando com o animal que começou a relinchar.

- Ôa calma, calma. - Puxou as rédeas, mas o animal não se conteve e saiu feito um disparo. - MAS QUE MERDAA! - Ele gritou.

- Sebastian? - Chamou ao ver o animal passar ao seu lado feito um mustang em alta velocidade. - SEBASTIAN? - Gritou mais uma vez e logo coloco o seu cavalo para correr atrás do homem que ainda tentava controlar seu animal.

Em pouco tempo a mulher se aproximava de ambos e o homem mudou sua expressão de assustado para surpreso quando a viu ao seu lado.

- Me dê a sua mão. - Ela disse esticando o braço.

- Sinto muito mais não pretendo me casar. - Ele brincou, mas logo parou quando quase caiu.

- Sebastian. - a mulher esticou sua mão mais uma vez quando viu que se aproximavam da cerca.

Relutante ele segurou na mão da mulher, mas já era tarde, quando os animais viram a cerca se aproximando frearam quase que imediatamente e então Sebastian e Magnólia voaram para o outro lado, os jovens que caíram no chão rolaram por alguns metros. Quando eles finalmente pararam de rolar sobre a grama úmida, Magnólia passou uma de suas mãos por seu rosto para tentar retirar os seus cabelos e o mato que a atrapalhava a ver.

- Você tá bem? - Sebastian perguntou apressadamente.

- Eu vou ficar bem quando você sair de cima de mim. - Ela respondeu fazendo careta enquanto o encarava.

- No que você tava pensando, não devia ter vindo atrás de mim. - Ele segurou os lados do seu rosto para ver se ela realmente não havia se machucado.

- Eu sei. - Ela sorriu. - Você lida muito bem com momentos de pressão. - Ela começou a rir e ele fez o mesmo. - Quem fala de casamento quando está em cima de um animal desgovernado. - Riu mais ainda, porém parou quando sentiu algo pingar em seu rosto. - Merda você ta sangrando.

- Eu to bem.

- Não, você não tá. - Magnólia levou os seus dedos até a testa do homem. - Acho que vai precisar de pontos.

- Eu disse que to bem, nem sindo dor. - Sebastian fez uma careta quando ela apertou em volta do corte.

- Vamos eu vou levar você até o hospital. - Falou enquanto o empurrava e o tirava de cima dela.

- Não precisa. - Relutou enquanto se levantava.

- Você não tem escolha. - Disse por fim.

Elen brincava com Timóth no quintal em frente a casa quando viu seu filho e sua nora se aproximando, no momento em que ela viu a mulher dando a poio ao homem que tinha uma cara fechada e resmungava algo inaudível, ela chamou uma das empregadas da casa e pediu para que leva-se o menino para dentro.

Ao se aproximar de ambos ela viu o sangue escorrer na testa do seu filho e então desviou seus olhos para Magnólia na tentativa de obter uma resposta para tal cena, porém foi inevitável o susto que ela levou, automaticamente Elen tampou a boca com suas mãos quando viu o rosto da mulher vermelho.

- Eu disse, não preciso de ajuda.. - O homem resmungava.

- Vocês... vocês ultrapassam todos os limites permitidos. - Elen disse ao caminhar até eles. - Agressão. - Parecia chocada. - O seu pai deve estar se revirando no caixão, que Deus o tenha. Nós não criamos você para bater em mulheres. - Disse rapidamente ao afasta os dois e então averiguar todo o corpo da sua nora na tentativa de achar mais marcas. Sebastian se perguntou em qual momento sua mãe se preocupava mais com os outros do que com ele que era seu filho. Era ele quem estava sangrando e com um corte, não a sua cunhada.

- Agressão? - Perguntou. - Eu não bati em ninguém. - Afirmou.

- Cale a boca, eu vou ligar para a polícia agora. Você é meu filho, mas isso é imperdoável. - Sua mãe tentou pegar o seu celular no bolso da sua blusa.

- Elen, ele não me bateu. Nós estávamos andando a cavalo e caímos, foi só isso. - Magnólia tentou impedir que a mulher continuasse a discar o número de emergência.

- Querida! - A mais velha olhou para sua nora com tristeza nos olhos. - Você não tem que defendê-lo, sabe quantas mulheres dão desculpas semelhantes por dia por terem apanhado do companheiro. Eu não vou permitir que você seja uma delas.

- Mãe eu não faria isso com mulher alguma, sou eu, o Sebastian.

- É a verdade ele não me bateu, Sebastian não teria coragem de encostar um dedo em mim. - Ele afirmou.

- É... Diga por você, e não, por, mim! - Ele falou pausadamente quando às duas o olharam com incredulidade. - Quer dizer... Eu nunca, nunca, bateria ns Magnólia. Mãe, nós estávamos andando então perdi o controle do Tess, a Meg tentando me ajudar e ambos acabamos caindo. - Tentou explicar e Magnólia confirmou com a cabeça. Mas Elen só reparou no momento em que seu filho chamou a mulher de Meg.

- Eu preciso levar ele até um hospital, a senhora pode ficar com Timóth pra mim? - Magnólia perguntou a sua sogra que ainda não parecia acreditar no que ouvia.

- Eu já disse que não existe necessidade de ir ao hospital.

- VOCÊ VAI. - Disseram juntas.

- Onde estão as chaves do seu carro? - Sua cunhada perguntou.

- Em cima da mesa da sala. - Respondeu cabisbaixo.


Magnólia tinha um dos pés apoiado no seu suporte de soro enquanto o outro lhe dava impulso para que as rodinhas do objeto a levassem pelo corredor como se fosse um patinete, e ela a criança. A mulher e seu cunhado estavam presos no hospital pelas próximas horas em observação, o médico que os atendeu pediu exames como tomografias e radiografias na intenção de achar possíveis ferimentos internos. Felizmente não houve nada, porém, o médico insistiu para que eles ficassem ali em observação por algumas horas. Por isso Magnólia corria pelo corredor na tentativa de não ser pega pelas enfermeiras, já havia se passado mais de uma hora e a mulher não aguentava mais ficar presa ao quarto, pois os barulhos vindo dos aparelhos que estavam conectados a uma senhora na qual havia saído de um pós hoperatorio estavam lhe incomodando e trazendo-lhe lembranças de quando chegou na cidade, então como tentativa de se distrair ela decidiu procurar por Sebastian que estava em outro quarto.

Quando ela o achou viu o homem deitado sobre a maca, em seu braço havia um equipo igual ao dela que também levava soro a sua veia. Com cautela ela entrou no cômodo, pois ele dormia serenamente, ela deu graça a Deus quando viu que ele estava sozinho no local. Ao se aproximar sem fazer barulhos ela viu o curativo próximo ao cabelo do homem, ele precisou levar cinco pontos que ele relutou desde o início ao fim. Parada ao lado da maca do homem e após observá-lo por alguns segundos. Magnólia levantou sua mão e passou seus dedos por entre os fios de cabelos dele.

- Porque as mulheres não fazem mais isso. - O homem disse baixinho enquanto ainda tinha os seus olhos fechados, a mulher retirou sua mão rapidamente mais ele logo segurou seu braço para incentivá-la a continuar. - Não para. - Pediu olhando em seus olhos, por um segundo ela pensou em fazer o que ele lhe pedia, mas não fez.

- O que as mulheres não fazem mais? - Perguntou tentando disfarçar. Com cuidado ela se aproximou e se sentou ao lado do seu cunhado que se afastou para dar espaço a ela.

- Carinho, as mulheres não fazem mais isso.

- Infelizmente não sei responder essa sua pergunta sem sentido. - Desviou os olhos para a fita de identificação no seu braço. - Graças a você, vou ter que ficar o resto do dia aqui. - Mudou de assunto drasticamente mais uma vez, a mulher era perita em fazer isso.

- Não sei se a senhorita se lembra, mas você também levou um tombo. - Se sentou ao lado dela.

- É, mas o médico não saberia disso se você não tivesse abrido essa boca.

- E então eu ficaria o dia todo aqui sem nem uma companhia para me distrair? Isso nunca. - Respondeu e Magnólia revirou os olhos.

Assim as horas se passaram, ambos sentados um ao lado do outro enquanto balançavam as suas pernas e conversavam muito mais do que já haviam conversado desde que se conheceram.

Um acidente de ônibus que acotenteu na estrada fez com que todo o hospital virasse um inferno, todos os profissionais de saúde que estavam de plantão corriam de um lado para o outro incluindo o médico de Sebastian e Magnólia que no meio de toda a confusão esqueceu de liberar os dois, ato que fez com que eles ficassem ali até que a penumbra chegasse.

A mulher dirigia de volta para o haras com cautela, pois junto da noite veio também a chuva que dificultava a visibilidade da estrada. No rádio Power Over Me tocava baixinho enquanto ela batucava os dedos no volante, Sebastian estava concentrado nas gotas de água que corriam pelo vidro do carro quando sentiu a velocidade diminuiu. No mesmo instante ele desviou os seus olhos para sua cunhada que franziu o senho olhando para o painel do carro, com cuidado ela parou no acostamento e então ambos se entre olharam sem intender o que estava acontecendo ali.

- Porque você parou? - O homem perguntou.

- Eu não sei, perdi o acelerador. - Respondeu enquanto ainda segurava no volante.

Magnólia olhou paras todos os lados através dos vidros e não viu sinal de nem uma outra condução vindo em sua direção, a moça praguejou baixinho, pois aquele dia não havia sido um dos melhores para ela, e agora a noite também não estava favorável.

A mulher tentou sair com o carro mais uma vez, porém não conseguiu, frustrada ela bateu com a mão no volante e jogou seu corpo para trás batendo com certa força no banco de couro.

- Vou ligar para o seguro. - Sebastian se pronunciou enquanto tentava arrancar o seu celular do bolso, porém suas expectativas foram 100 a 0 no instante em que viu o aparelho fora da área de cobertura. - Merda, não tem sinal. - Olhou para sua cunhada que continuava parada olhando para o nada a sua frente.

- Que ótimo. - Disse séria, e esperou alguns segundos antes de procurar pelo botão que abria o capo do carro.

- O que tá fazendo?

- Eu vou consertar. - Respondeu curta.

- Você não pode consertar um carro, Magnólia. - Sebastian falou com um sorriso quase que debochado estampado em seu rosto. A mulher o observou por mais um segundo e então o céu foi iluminado e logo o som de um trovão tomou conta dos seus ouvidos fazendo com que ela desviasse seu olhar para o vidro onde as gotas de água batiam. - Vamos esperar, alguém vai passar e nós pedimos ajuda.

A fala do homem que era cheia de dúvida, a chuva que caia lá fora sem piedade, o carro parado em um lugar qualquer, e o elástico preso em seu pulso fizeram com que ela lembra-se do momento em que conheceu Christopher. Tentando não pensar muito ela abriu a porta do carro e colocou os pés para fora, Sebastian logo a seguiu sentindo a chuva gelada batendo em sua pele e o vento frio assoprando.

- Caramba você é muito teimosa mulher, Entra no carro, vamos dar um jeito. - Falou acompanhando a mulher que já estava parada em frente o carro.

- Eu posso dar uma olhada. - Ela Insistiu.

- Magnólia o que você entende de carros? entra aqui. - Parou de frente com ela.

- Você pode ficar aí pedindo para mim entrar, ou pode vir aqui e segurar a lanterna pra mim... - Ele suspirou, pensou, e só então pegou o veu celular e ligou a lanterna

- Eu aposto que você não sabe qual é o problema. - Ele bufou após jogar a luz em cima do motor.

- Porque eu sinto que já vivi isso. - Magnólia olhou para seu cunhado que parecia emburrado e um sorriso estampou seus lábios.

- Eu duvido que tenha. - Resmungou virando o rosto na esperança de que alguém se aproxima-se.

- Você ficaria surpreso...

Não demorou muito para que Magnólia encontra-se a falha, a mangueira do acelerador havia se soltado, e como da última vez ela logo a colocou no lugar e para ter certeza de que não iria mais se soltar ela retirou o laço que estava em seu braço e deus uma volta ao redor do objeto. Agora prendedores de cabelo haviam entrado oficialmente para a sua lista de objetos que serviam para fazer algum tipo de gambiarra.

- Pronto? Já conseguiu o que queria? - Sebastian estava tão concentrado na chuva, e na estrada que nem se quer percebeu que ela havia achado o problema.

Após revirar os olhos ela pegou o celular das mãos dele fechou o capo e voltou para o banco do motorista. Agora que suas roupas estavam ensopadas ela retirou as botas e a blusa de frio e as jogou no banco de trás. Depois de observá-la Sebastian fez o mesmo, porém resmungando por estar todo molhado, mas o homem parou de resmungar quando a mulher deu partida e então conseguiu sair do acostamento.

- O que você disse mesmo? - Perguntou a mulhercom um sorriso no rosto.

- Como... O que mais você esconde de mim? - O homem estava parcialmente chocado, pois a mulher ao seu lado demonstrava saber de vários assunto e isso o deixava intrigado, ela era uma verdadeira caixinha de surpresas.

- A mangueira do acelerador havia soltado, arrumei com o meu laço de cabelo, mas não sei se vai aguentar por muito tempo... Bom, espero que de pra chegarmos em casa. - Ignorou a perguntar do seu cunhado como sempre.

- Porque você disse que já havia vivido isso? - Voltou a perguntar.

Ela demorou um pouco para responder, mas, no fundo ela sentiu que talvez fosse o momento de dizer a ele pelo menos isso.

- Quando conheci Chris ele estava parado de baixo da chuva, o carro dele também havia dado problemas e então eu ajudei ele. - Ela sorriu sem mostrar os dentes e olhou para o rapaz que a encarava ouvindo atentamente em silêncio para que ela continuasse. - Era madrugada, eu estava voltando do trabalho quando vi um homem parado de baixo da chuva chutando as rodas do seu carro. De imediato eu pensei em passar direto e ir embora, mas a minha curiosidade foi maior, e ele nãome pareceu ser uma pessoa ruim. - Voltou a dizer enquanto olhava fixamente para a estrada. - Quando me aproximei, perguntei o que estava acontecendo e ele deu um leve surto. Foi engraçado. - Ela sorriu nostálgica. - Eu disse que podia ajudar e ele teve a mesma reação que a sua. Duvidou, eu quase fiz uma aposta com ele, porém, eu não faço apostas com estranhos, o que me lembra que eu deveria ter apostado com você.

Sebastian sentia algo no peito, ele não sabia identificar qual sentimento era, pois, essa era a primeira vez que ele ouvia alguém contando a ele uma história do seu irmão mais velho na qual ele não sabia e não tinha presenciado.

- Consertei o carro dele com a presilha do meu cabelo, e quando me despedi para ir embora ele me ofereceu uma carona, que eu não aceitei de primeira obviamente, eu nem o conhecia. - O peito da mulher subia e descia com força. - Por insistência dele eu acabei aceitando. Ele tinha um jeito estranho de perguntar se eu estava solteira. Bom quando chegamos na minha casa ele descobriu que eu morava em uma oficina.

- Ah claro, filha de mecânico. - Sebastian concretizou

- Ele pensou o mesmo, mas não. - Magnólia respondeu sorridente após desviar o olhar para o homem brevemente. - Na verdade, prima... Antes de nos despedir eu ofereci a ele algumas roupas já que as dele estavam ensopadas, e depois ele se foi e eu pensei que nunca mais o veria.

- Mais então como acabaram casados e com um filho?

- Ele apareceu no meu serviço, passou a noite toda sentado em uma mesa comendo batatas e tomando algumas cervejas, com a desculpa de que queria me devolver o prendedor de cabelo. Quando o meu turno acabou ru o encontrei dormindo na mesa, mas ele não foi embora, ficou até o final como disse que faria. Então ele me ofereceu outra carona, mas dessa vez me chamou para sair, e eu acabei aceitando. - Respondeu.

O silêncio tomou conta do interior do carro, Magnólia pensava no dia em que havia conhecido seu marido e Sebastian pensava no quanto teria gostado de ouvir essa história dita pelas palavras do seu irmão. Porém, seus pensamentos foram cortados quando mais uma vez o carro começou a perder velocidade.

- O quê? Você não tinha concertado? Que mecânica você é... - O jovem falou.

- Eu disse que não sabia se ia aguentar por muito tempo. - Ela retornou.

- Merda.. Estamos no meio do nada, de baixo de chuva, molhados, sem sinal, com carro que não funciona. O que mais pode acontecer. - Sebastian resmungou e Magnólia observou o quão similar os irmãos eram.

- Não estamos tão o meio do nada assim. - Falou. - Olha tem luzes ali. - Apontou para luzes vermelhas e azuis que estavam a pouco mais de 500 m. - Vamos levar o carro até lá e pedir ajuda. - Finalizou.

Com relutância Sebastian concordou e então os dois empurraram o veículo até o local, os 500 m logo pareceu se tornar 10 km em um percurso de triathlon. De longe eles viram a luz com nitidez e descobriram que se tratava de um hotel.

Magnólia deu graça a Deus, pois lá eles poderiam ter roupas e um telefone, podia não parecer, mas a mulher estava preocupada com seu filho, ela não tinha notícias dele desde o início da noite.

- Isso tudo é culpa sua. - Sebastian resmungou.

- O quê? - Perguntou, mas ela havia entendido muito bem o que ele havia dito. - É, se você não tivesse corrido de mim, nós não teríamos caído e não precisaríamos ir ao hospital. - Ele afirmou enquanto fazia força para empurrar o carro, mas logo ele teve de fazer o dobro da força, pois, sua cunhada parou no instante em que ouviu tais palavras saindo da boca do homem.

- A culpa é minha? Você quem é dono de um haras e não sabe guiar um cavalo, e a culpa é minha? O Seu carro apresenta defeitos e a culpa é minha? - Deu ênfase na palava seu. - Isso não estaria acontecendo se a revisão do seu veículo estivesse em dia. - Completou.

- Ei, não fala assim com ele. - Respondeu parado do outro lado do veículo. - Não liga pra ela, ela não sabe o que ta dizendo. - Dialogou com o carro. - Para sua informação todas as revisões dele são feitas em dia.

- Quer saber, fica aí com o seu carro que eu vou dar um jeito de voltar pra casa, e sem você!

- Espera! Não pode me deixar aqui. Olha já estamos perto. - Pediu quando viu a mulher lhe dando as costas. - Me desculpa tá, a culpa não é sua. Agora por favor me ajuda a chegar até o hotel, quanto mais rápido irmos, mas rápido vamos poder tirar essas roupas e pedir por ajuda. Vai ser questão de horas e já vamos estar em casa e deitados de baixo de um cobertor quentinho. - Tentou convencê-la.

Magnólia continuou de costas por algum tempo, ela havia decidido ajudá-lo no momento em que ouviu as palavras "Desculpas e por favor" vindas da boca dele. Porém, ela decidiu fazer um drama para que ele não ficasse se achando.

- Ok, mas só porque eu quero chegar e casa logo.

Em silêncio eles acabaram de chegar até o hotel que não parecia ser um cinco estrelas, mas no mínimo três ele tinha, já que abaixo do nome do lugar 3 estrelas brilhavam, bom a última ficava piscando em intervalos de 1 segundo. Depois de pararem o carro em frente o local, eles correram até a recepção e deram de cara com uma senhora com cerca de 50 anos, que ouvia música no rádio e bordava um pedaço de tecido.

Antes mesmo de pensarem que agora as coisas iriam melhorar, um balde de água fria caiu sobre eles. Os telefones do lugar também estavam sem linha, e a Defesa Civil havia soltado um aviso de tempestade nas próximas 24 horas, portanto pediam para que a população permanece em casa e só saíssem em caso de estrema urgência. Mas pelo menos 10% daquela noite melhorou quando a senhora revelou ter quartos disponíveis, água quente, e comida.

- Eu devo ter uma troca de roupa no carro. - Sebastian disse para Magnólia antes mesmo que ela perguntasse a jovem senhora. - Vou querer dois quartos por favor. - Pediu agora olhando para a mulher.

- Não vejo a hora de tomar um banho quente e tirar essa roupa. - Sua cunhada disse.

- Somos dois. - Ele respondeu, e permaneceu parado olhando para ela que tinha a roupa colada ao corpo, os cabelos pingavam água que escorriam por seu peito fazendo o mesmo caminho da pequena gota de suor que ele já havia visto uma vez, os lábios dela estavam arroxeados devido ao frio, e gotículas de chuva estavam presas em seus cílios.

- Sebastian? - Chamou e ele pareceu ver os lábios da mulher se movimentarem em câmera lenta.

- Sim? - Falou após acordar do seu transe.

- Você tem que pagar. - Magnólia disse.

- Ah! Sim, claro eu, eu vou pagar, só preciso... Um segundo.

- Não liga não, é que ele bateu à cabeça e ta meio desorientado. - A mulher disse para a senhora que olhou para o homem com pesar. - A propósito, a senhora teria algum kit de primeiros-socorros?

- Eu estou aqui, consigo ouvir você. Você se machucou? - Perguntou.

- Você não pode ficar com um curativo molhado. - Respondeu brevemente.

- Na gaveta ao lado da cama querida, tem um kit em todos os quartos. - A senhora respondeu.

Antes de irem paras os quartos Sebastian voltou ao carro e trouxe junto dele uma camiseta, bermuda e uma cueca. Magnólia quase bateu no homem quando viu que ele só tinha aquelas três peças de roupa, por tanto uma breve discussão aconteceu enquanto eles estavam parados ao corredor em frente a porta dos seus quarto. No final Magnólia havia ficado com a camiseta de cor vinho e a cueca box. O rapaz apenas concordou já que ela o ameaçou dizendo que ele ficaria sem nada caso ele dissesse qualquer palavra em discordância.

Sim a noite de ambos seriam longa.

FINALMENTE UM CAPÍTULO.

EU OUVI UM AMÉM?

Eu sei que disse, que o capitulo seria grande, porém eu não gostei da forma que ele ria ficar. Pois seriam muitas cenas curtas em um capítulo muito grande e eu não acho isso legal. Portanto deciti dividi-lo em dois.

Eu espero q vcs gostem e perdoem pela demora.

Espero q gostem e peço que deixem seu voto e seu comentário. ❤

Beijos amo você mil milhões❤

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