Vicenzo
Eu sabia que algo assim aconteceria, tentei tirar aquela velha ordinária daquele muquifo a todo custo, mas a miserável não aceitou, agora estou eu, no dia do meu casamento resolvendo toda essa merda.
Olho para frente e meus olhos encontram os de Amanda, que caminha em direção ao banheiro com Emily e dois soldados, ela sorri para mim de longe e eu retribuo.
Vou fazer de tudo para resgatar sua vó, pois não suporto ver você triste.
Matteo está me passando com detalhes a situação em que meus soldados, que faziam a segurança na antiga casa de Amanda foram encontrados. Os quatro foram mortos pelo que parece um ou mais snipers, as perfurações eram compatíveis com um rifle sniper AWM.
A casa teve a porta arrombada e alguns objetos quebrados, com certeza a velha tentou lutar, mas sem sucesso.
— Amanda está demorando...
— Sim, ela estava bem nervosa, deve estar se recompondo Vicenzo... Relaxa isso aqui é uma fortaleza, toda os membros importantes da máfia estão aqui, tem soltados o suficiente para começar uma guerra, Nikolay não seria louco de atacar um lugar assim.
— Você tem razão, estou ficando paranoico.
Algumas pessoas se aproximam e cumprimentam eu e Matteo, mas não estou bem, acho que ver Amanda chorando antes me deixou preocupado, vou encontrá-la no banheiro e ver como ela está, pois já estão lá a um tempinho.
— Você está indo ver a Amanda?
— Sim, estou preocupado com ela...
— Vou acompanhar você então.
Ele deixa escapar um risinho.
— Nem começa rir Matteo, um dia você vai encontrar alguém que mexa com sua cabeça assim e então quem vai rir sou eu.
Ele solta uma gargalhada.
— Eu já desisti do Amor Vicenzo.
Estamos nos aproximando do banheiro feminino, e não vejo meus soldados. Eu e Matteo nos entreolhamos e ficamos em alerta.
A porta está trancada, com um chute próximo a maçaneta arrombo a porta.
Entro e vejo meus soldados ao chão, um pouco à frente vejo Emily inconsciente, o vestido da Amanda está jogado ao chão.
O Desespero começa tomar conta de mim.
Matteo verifica a pulsação dos soldados e informa os demais via comunicador sobre o ocorrido, botando todos em alerta.
Abaixo e verifico a pulsação de Emily, ela está viva.
Ela abre os olhos assustada... Quando me reconhece, começa chorar.
— Vicenzo levaram ela... Levaram ela!
— Emily o vestido dela está aqui, que roupa ela usava... Preciso saber disso para encontrá-la.
— Um vestido largo preto de empregada eu acho, tinha detalhes brancos na gola e nas mangas... Dois Garçons e uma mulher levaram ela.
Os Russos se infiltraram na festa, mas como?
— Eu estava no banheiro, escutei Amanda falando com alguém, achei estranha a conversa, quando sai do banheiro dois garçons me imobilizaram, a mulher apontava uma arma para a Amanda... Xingava ela e batia também.
— Como era essa mulher?
— Loira, Amanda conhecia ela... Ela falou um nome, era com M, acho que Marta...
— Martina?
— Sim, era isso Martina.
— Matteo você passou as informações?
— Sim, ninguém sai daqui, estão todos procurando por Amanda em trajes de empregada e Martina.
Encaro Matteo.
— Eu preciso da sua arma, pois não trouxe...
Ele me entrega.
— Leva a Emily para um lugar mais confortável e chame a emergência para ela e os dois soldados, preciso do seu comunicador também, pegue outro para você.
Matteo faz o que mando.
— Estou com o comunicador do Matteo, se reportem diretamente a mim sobre qualquer informação.
Deixo o banheiro em direção a festa, preciso comunicar todos sobre o ocorrido. Uma mensagem no comunicador me faz parar.
— Capo Gambino encontramos a senhorita Martina Bonanno, ela está na cozinha, uma das cozinheiras havia encontrado ela desacordada a alguns minutos atrás no lado de fora e a levou para a cozinha. Mas ela está bem, apesar de estar com o rosto machucado.
— Tragam a desgraçada até mim, estou no salão principal.
Chego no salão, faço sinal para que a música pare.
— Hoje aqui presente está só o alto escalão da Máfia, temos soldados e armamentos o suficiente para iniciar uma guerra, mas vejam só... Tudo isso não impediu que minha mulher fosse sequestrada, em baixo dos nossos narizes, os homens de Nikolay Ivanov levaram minha mulher... Mas vejam, isso só foi possível graças a um membro da famiglia... QUE AJUDOU UM RUSSO MISERÁVEL LEVAR MINHA MULHER GRÁVIDA... A MULHER DE UM CAPO!
Meu pai se aproxima.
— O que você está dizendo Vicenzo?!
— Isso que você ouviu Don Gambino, mas o traidor está chegando, meus soldados já estão com ele.
Martina aparece sendo segurada por meus soldados.
— Aqui está a maldita traidora.
Me aproximo dela, pego a vadia pelos cabelos, arrastando ela para o centro do salão, ela se debate e grita.
Arremesso ela ao chão com força.
Capo Bonanno se aproxima apavorada.
— Você ficou louco Vicenzo?! Martina não faria isso...
Pego minha arma e aponto para a cabeça do Capo Bonanno.
— Mas um passo em direção a essa vadia traidora, para ajudá-la e você será considerado cúmplice, até onde eu sei a máfia tem leis bem rígidas.
Desvio o olha do Capo Bonanno e encaro meu pai.
— Não é mesmo Don Gambino... NÃO TEMOS LEIS NESSA PORRA!!!
— Capo Bonanno, Vicenzo está certo, pois se ela cometeu esse ato de traição, será punida e se você interferir, será exonerado de seu posto da máfia e morto.
Capo Bonanno recua dando dois passos para trás.
Vou até martini e aponto minha arma em sua direção.
— Para onde levaram Amanda??
— Eu não sei do que você está falando.
— A então você não sabe.
A ergo pela gola de seu vestido, pego em seu pescoço e aperto... Quando ela está quase sem ar, a jogo no chão.
— Ainda você não sabe de nada??
No chão ofegante com uma das mãos no pescoço ela grita.
— Não!
Pego minha arma e atiro em seu joelho esquerdo, ela se contorce de dor no chão.
Capo Bonanno ameaça interferir, mas meu pai o repreende.
Me aproximo da desgraçada e pressiono com força meu pé em seu joelho ferido, escuto o som de seus ossos se rompendo, pois o disparo já havia danificado eles.
— Você ainda não sabe de nada vadia ordinária?
O grito de dor dela ecoa pelo salão.
— PARA RÚSSIA, ELE VAI LEVAR ELA PARA RÚSSIA!
— De qual local eles vão partir?
Ela chora alto.
— Eu não sei, eu juro que não sei... Ele prometeu que me levaria junto, mas os homens dele me bateram e me deixaram para trás... Eu nunca soube a localização da pista de decolagem.
Falo imediatamente com meus homens via comunicador.
— Amanda está sendo levada para Rússia, então eles devem estar indo para alguma pista de decolagem clandestina, ou algo assim, quero vocês sobrevoando toda região, até encontrarem minha mulher.
Encaro Martina que está aos prantos no chão.
— Não foi difícil falar, não é mesmo...
Me aproximo dela e desfiro um tapa forte em seu rosto.
— Foi assim que você bateu em minha mulher?
Ela chora jogada ao chão.
— Nossa conversa não acabou puta Bonanno, você ainda tem muito para falar, antes de morrer.
Dou a ordem aos meus homens.
— Tirem essa desgraçada da minha frente.
Todos me encaram, muitos horrorizados, começo a caminhar para fora, mas antes de sair falo alto.
— A festa acabou!
Já no lado de fora Matteo se junta a mim.
— Emily foi levada ao hospital, vai passar por uma bateria de exames, mas aparentemente está bem... Os soldados também foram levados para o hospital.
Entramos no carro que nos aguardava. Não consigo mais aguentar, libero o nó que estava preso em minha garganta, deixo minhas emoções transbordarem pela primeira vez, lágrimas rolam pelo meu rosto.
Matteo tenta me consolar.
— Nós vamos resgatar ela, não fica assim.
— Se acontecer alguma coisa com ela...
Ele não me deixa concluir.
— Irmão, não vai acontecer.
Recebemos uma informação pelo comunicador .
— Capo Gambino o helicóptero avistou movimentação em uma pista de decolagem clandestina em Nova Jersey, tem muitos homens armados no local, mais soldados estão indo para lá neste instante.
— Não deixem o jato levantar voo, obstruam a pista de alguma forma, quero todos os soldados indo pra lá agora.
Dou a ordem para o motorista.
— Vamos para o heliponto da corporação, e na sequência Nova Jersey.
Estou recebendo informações sobre toda operação, o cenário em Nova Jersey é de guerra.
Finalmente chego no prédio, eu e Matteo entramos no helicóptero já com a rota estabelecida.
Quando chegamos no local, a troca de disparos continuava frenética, meus soldados estavam em maioria, os homens de Nikolay começaram a recuar.
Fomos ganhando mais território, e avançando... finalmente rendemos todos os homens, conseguindo capturar dois reféns.
Avançamos para o jato, eu e Matteo fizemos a frente. Rendemos o piloto, copiloto e uma aeromoça.
Amanda não está aqui, desfiro socos na parede do jato, descontrolado... Amanda onde você está?
Amanda
Acordo em um quarto mal iluminado e úmido. O chão é concretado e as paredes mal rebocadas, me lembram uma construção abandonada. A única saída é uma porta de metal grande.
Estou deitada em um colchão de solteiro no chão, não sei por quanto tempo fiquei apagada, ou onde estou.
Sinto tremores de frio, o cheiro de mofo e urina do lugar me da náusea.
Levo as mãos a barriga pensando no que acontecerá com nós aqui, estou com muito medo meu bebê.
Tento levantar devagar, pois estou tonta, deve ser do sedativo ainda.
Me afasto do colchão, me apoiando na parede, acabo vomitando no chão, me desequilibro e acabo caindo no meu próprio vômito, sinto meus sentidos e equilíbrio afetados... O que eles deram pra mim?
Começo a tentar levantar-me, mas mais uma leva de vômito chega. Ainda no chão começo a chorar... Deus porque isso está acontecendo comigo?
Levanto finalmente, com passos lentos, apoiando-me na parede chego no colchão. Fico ali deitada por muito tempo, acredito que se passaram muitas horas, aqui não consigo ter noção de tempo, pois é um quarto escuro sem janelas. Estou em posição fetal, para de alguma forma tentar me aquecer.
Noto uma pequena luz vermelha acima da porta que fica piscando, será uma câmera? Ele deve estar me observando todo esse tempo... Toco em minha aliança com a mão direita, como que o dia mais feliz da minha vida acabou assim?!
Lágrimas inundam meu rosto... Eu não posso perder a fé, Vicenzo vai tirar-me daqui.