Apesar de notar que Bruno realmente parecia melhor, o assunto que ele levantou ficou na minha cabeça. Se eu pelo menos tivesse notado como ele também estava mal com tudo que aconteceu... Ele sempre percebe quando tem algo de errado comigo.
Esse fato me deixou com a consciência pesada.
- Tá com fome? - ele perguntou, e olhou em volta procurando alguma coisa. - Não tem telefone nesse quarto.
Como eu tinha descido da mesinha, caminhei até o banheiro e acendi a luz para ver como é lá dentro. Fiquei feliz em ver uma banheira.
- Estamos em um hotel de 1.500. - brinquei, lembrando do olhar que a mulher do balcão nos lançou. - E sim, estou com fome.
- Pelo jeito, vou ter que ir atrás da comida. - disse, e caminhou até a porta. - Vai ficar bem sozinha? - perguntou, se referindo ao meu receio pela cabeça de cervo.
- Claro que vou. - respondi, não totalmente confiante. - Não demora.
Ele assentiu e saiu do quarto.
Ficando sozinha, olhei a cabeça de cervo e quando senti novamente que ela me encarava, peguei um lençol da cama e joguei naquela coisa.
- Muito melhor. - exclamei, satisfeita.
Sem nada para fazer até o Bruno voltar, acabei lembrando do sumiço do meu celular.
Tentei me forçar a recordar dá última vez que eu vi o aparelho.
Lembro que estava no bar quando Bruno me ligou, encerrei a ligação e guardei o celular no bolso. Quando Bruno me obrigou a ir embora, eu ainda estava com o celular quando entrei no carro. Mas não estava mais com ele quando cheguei em casa.
Ou seja...
O celular ainda está dentro do carro.
Querendo saber se eu estou certa, levantei da cama e sai do quarto. Só ia checar e voltar antes do meu marido.
Passei pelo corredor e quando cheguei na recepção, vi que a mulher mais velha continua atrás do balcão.
Sorri rapidamente para ela de forma educada e fui até a porta.
- Sr.? - ela chamou, atrapalhando meus planos.
Virei em sua direção querendo saber o assunto.
- Sim? - questionei.
- Eu avisei que não alugamos quartos para casais e mesmo assim minha funcionária disse que viu seu acompanhante entrar em sua suíte.
Franzi o cenho achando aquilo um absurdo. Que bom que não deixei o Bruno dar mais dinheiro para essa mulher.
- Que bela privacidade você oferece aos seus hóspedes. - falei, talvez pensando que ficar no carro é bem melhor.
- São as regras. - explicou.
- Sem ofender, mas se eu quisesse que as pessoas soubessem quem entra e sai do meu quarto, eu estaria em um reality show. - exclamei.
- Só deixei claro uma coisa e vocês ignoraram. - disse, e notei que não gostou da forma que falei.
- E nós já pagamos também. Vai devolver o dinheiro? - perguntei.
Ela pareceu pensar um pouco e no final, ajeitou seus óculos para voltar a ler o papel que estava no balcão.
- Se for sair, use o guarda-chuva. - disse, e apontou para algo perto da porta.
Feliz por ela ter desistido do assunto, peguei o guarda-chuva e sai do hotel. A chuva não estava tão forte, o vento que é o problema. Corri até o estacionamento e deixei o guarda-chuva no chão quando entrei no carro. Fechei a porta e comecei a procurar meu celular.
Como ele não estava em um lugar visível, procurei na parte de baixo onde meus pés estavam. E, depois de alguns minutos, finalmente achei o aparelho. Peguei ele na mão e tentei liga-lo, mas o mesmo estava descarregado.
Pelo menos agora sei onde ele está.
Coloquei o celular no porta luvas e olhei em direção ao lado do motorista. É a primeira vez que fico sozinha no carro desde o acidente. Por isso, imagens daquele dia começaram a rodar pela minha cabeça mesmo contra a minha vontade.
Fechei os olhos e respirei fundo.
Adam já tinha me tirado muita coisa, não posso mais deixar ele destruir minha vida. Eu tenho uma família que eu amo, e que me ama também.
Focar no que importa é o que tenho que fazer.
Com isso em mente, sai do carro e depois de travar o veículo, peguei o guarda-chuva e corri de volta para o hotel. Mas antes de entrar, acabei esbarrando com o Bruno na entrada.
- Eu já estava voltando. - falei, e me afastei um pouco para encarar seus olhos.
- O que está fazendo nessa chuva? - ele perguntou, e olhou em volta.
Joguei o guarda-chuva ao lado da porta e passei a mão no meu cabelo percebendo que estava um pouco molhado.
- Descobri que meu celular ficou esse tempo todo dentro do seu carro. - contei, notando que ele permaneceu sério.
- Não podia esperar até amanhã? - questionou.
- Foi rápido, eu nem demorei. - expliquei. - Nem precisava ter vindo atrás.
- Você não estava no quarto quando voltei.
Lembrando do que ele disse mais cedo: "tenho medo de me afastar e você sumir" eu sorri o mais tranquila possível.
- Ainda tô com fome, me fala o que conseguiu pra gente jantar. - eu disse, querendo mudar de assunto.
- Vamos voltar para o quarto.
Ele passou seu braço em volta dos meus ombros e entramos de vez no hotel. Quando passamos ao lado do balcão na recepção, lembrei da minha conversa com a funcionária.
- Sabe a coisa de dormirmos em quartos separados? Então, eu resolvi. - contei, quando já estávamos no corredor.
- Você fez a pobre coitada chorar? - perguntou.
- O que? Não. - sorri, sabendo que ele só queria me irritar. - Conversei com ela... e talvez eu tenha ameaçado devolver o dinheiro da hospedagem.
Bruno me soltou quando entramos no quarto. Ao reparar na cama, vi que tinha uma bandeja de prata.
- Você trouxe vinho. - exclamei, ficando animada ao me aproximar da bebida.
Mas, antes que eu pudesse tocar na garrafa, Bruno foi mais rápido e pegou o vinho. Até tentei pegar de volta, mas como ele é mais alto, só precisou levantar um pouco o braço para tirar a garrafa do meu alcance.
- Você nem prestou atenção no resto da bandeja. Só olhou o vinho. - comentou.
- Isso não me torna uma alcoólatra.
- Tá bebendo demais nos últimos dias. - continuou.
Bom, aquilo é verdade.
- Então por que trouxe o vinho?
- Foi um teste, e você não passou. - disse, e finalmente desceu a garrafa deixando ela na mesinha.
Nem tentei pegar porque ele não ia deixar mesmo.
Suspirei, me sentindo contrariada.
- Isso não foi nada legal. - subi em cima da cama e sentei no meio ficando um pouco longe do Bruno.
- Não faz essa cara, você me disse que sabia reconhecer seus limites. - ele falou, e dobrou um joelho no colchão para se inclinar na minha direção.
- E eu sei. - afirmei. - Só tive alguns contratempos nos últimos dias.
Posso ter invadido um cemitério enquanto estava bêbada? Posso, mas isso ainda não me torna uma alcoólatra.
Quando Bruno chegou perto, eu virei o rosto assim que ele tentou me beijar.
Isso fez meu marido rir.
- Eu só estou cuidando de você. - exclamou, agora perto do meu ouvido. - Se você quiser eu posso te fazer sentir melhor como nunca antes. Você só precisa deixar.
Em um movimento inesperado, ele segurou minha perna direita e puxou. Com isso, acabei escorregando no colchão ficando deitada. Bruno ficou por cima e foi automático dobrar minhas pernas em volta da sua cintura. Sua barriga tocou a minha e apesar de nossas roupas estarem atrapalhando o contato, consegui sentir o calor da sua pele. Bruno foi me beijar de novo, e dessa vez, não tive forças para afasta-lo.
- Você tem sorte que é gostoso. - falei, totalmente rendida.
- Vou levar como um elogio. - disse, e segurou meu pescoço mantendo minha cabeça imóvel no colchão. Fez isso para assumir o comando do beijo.
Coloquei minha mão entre nossos corpos e comecei a abrir os botões da sua camisa. Quando cheguei no último botão, passei a mão em seu peito arranhando levemente. Não satisfeita, eu tentei tocar seu cinto, mas Bruno se afastou naquele momento. Ele ficou ajoelhado no colchão, e não tentei impedir quando o mesmo tirou minha calça. Sentei na cama e tirei minha blusa.
Agora, pelada na sua frente, Bruno voltou a me beijar, e se inclinou junto comigo até que voltei a deitar na cama.
Os próximos minutos se passaram assim, com ele me beijando e tocando como bem queria.
Chegando no seu limite, Bruno tirou de vez sua camisa e precisou levantar da cama para tirar a calça. E, antes que eu pudesse sentir falta do seu toque, ele já estava de volta.
Firmei minhas pernas em volta da sua cintura adorando a sensação da sua pele tocando a minha, sem nenhuma roupa para atrapalhar.
Senti minha pele inteira se arrepiar quando a cabeça do seu membro tocou o meio das minhas pernas. Ele então começou a entrar devagar, tão lentamente que senti cada pedaço seu. Bruno voltou a deitar em cima de cima, e me beijou antes de começar a se mexer.
Toquei suas costas e arranhei ele com mais força dessa vez.
Meu marido segurou minha coxa e pressionou me obrigando a manter minha perna em volta dele. Seu outro braço, ele passou em volta da minha cintura e levantou meu quadril indo de encontro ao dele. Aquele movimento fez seu membro entrar completamente dentro de mim, e a sensação foi tão enlouquecedora que acabei jogando minha cabeça para trás.
E, encarando o teto daquele quarto de hotel, deixei ele fazer o que quisesse comigo.
Finalmente consegui finalizar esse capítulo. Ele ficou vários dias nos rascunhos até eu ficar satisfeita.
Espero que tenham gostado e até o próximo.