OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100

By _ImAnna

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Como um planeta que fora dominado pela radiação durante quase um século poderia transmitir um ambiente acolhe... More

Da autora
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Vocês serão enviados à Terra
We're back, bitches! (Pt. 1)
We're back, bitches! (Pt. 2)
Minha salvadora
Nightmare
Ele merece morrer
Shooting stars
Ela sabe o que faz
Hallucinations
Começaram uma guerra
I became the death
Não sou tão horrível quanto pensa
It was a mistake
É o único jeito
We are grounders (Pt. 1)
We are grounders (Pt. 2)
Onde estão todos?
You're under arrest
Não entregaria sem lutar
Get me out of here
Acampamento Jaha
We're... What?
Névoa ácida
Jus drein jus daun
Chamas de adeus
First act
Erros acontecem, querida
Containment breach
Vermelho reluzente
Do not leave me
Segunda posição
Your own hell
Seres infames
Silence
Manhã vazia
Run
Raven
The flame
Último suspiro (Pt. 1)
Último suspiro (Pt. 2)
Dark age
Girassóis para a chuva
Radioactive pond
A morte clama
I prefer to get high
Desconhecido
Loneliness hurts
Me prometa (Pt. 1)
Me prometa (Pt. 2)
Don't be my opposite (Pt. 1)
Don't be my opposite (Pt.2)
I'll be here
Você?
Dirty invaders
Cortante chuva
Don't talk
Infiltrada
Natural disaster
Traição
Can't resist
Sempre e para sempre
Grey sky
Prevalecer
We can't say goodbye
Agradecimentos

Cairemos juntos

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By _ImAnna

[ Um ano após Praimfaya ]
| Pode conter gatilhos |

Meu corpo sua e os cortes meramente superficiais ardem incomodamente por isso. Um treino. Um único treino é capaz de eliminar meu estresse acumulado e fazer minha mente vaguear para um lugar fora daqui. As lâminas se movem com destreza, desviando das investidas de Oc que não carregam uma linha de piedade. Ela me encara como sua pior inimiga e por um momento até acredito nisso, derrapo no chão para atingi-la com o cotovelo na dobra dos joelhos quando me dirige um ataque alto. Superando minhas outras tentativas em meio a uma brecha, consigo a desestabilizar, porém não é o suficiente para que caia. A morena grunhe cambaleando até se firmar. Me mira vorazmente enquanto me levanto, iniciando uma sequência de investidas selvagens com uma curta corrida para me alcançar. Aperto os cabos e desvio com a excelência que adquiri no decorrer dos meses. Deixando sua empunhadura mais frágil, giro para trás de seu corpo, parando uma adaga ao lado do pescoço envolvido por meu braço e a impedindo manusear a espada imobilizando seu braço esticado.

Touché.—ofego exausta por sua energia inesgotável.

—É a primeira em que tem sucesso, não se vanglorie tanto.—bate sua mão livre na minha mão para que a solte. Nem parece que acabou de sair de um combate. Não respira descompassada necessitada por oxigênio e nem evidencia cansaço.

—Parece uma máquina...—a libero, caindo no chão em recuperação.

—E você deveria parar de copiar o corte dos outros.—se levanta ajeitando com maestria seus fios de cabelos à altura dos ombros após guardar a espada.

—Não foi cópia! Sabe que aqui é abafado e sufocante.—levanto somente para alcançar o banco no canto da sala nada espaçosa—Vai me dizer que cortou o seu só para a imagem de Heda?—apresento uma careta minúscula pelo conhecido título, o que não a agrada nada.

—Menos uma coisa para atrapalhar na batalha.—famigerada Skairipa pigarreia, sustentando uma postura perfeita. Me avalia quase me desfazendo à superfície sem evitar julgamentos surdos. Faz meia volta indo no caminho da porta, mas antes de sair fala: —E é realmente quente.

Sua quebra de imagem intocável me faz rir breve. Sempre restará uma parte da Oc que conheci confinada no espaço, mesmo que a esconda por debaixo de ares sérios. Sempre. Entrelaço meus dedos nos cabelos já mais refrescada. Talvez tenha sido mais radical do que jamais fui, arriscando um corte logo abaixo do queixo. Não caiu mal... De qualquer forma, cabelo cresce, peguei a tesoura com esse pensamento firme em mente, porém não me arrependi.

Deixo as adagas ao lado e encosto o corpo por inteiro na parede gelada, me fazendo respirar agraciada. Volto a observar a sala, passos rápidos e leves voam até meus ouvidos.

Super-Faísca!—a voz infantil e entusiasmada vem de Thomas, atravessando a porta como um pequeno raio eletrizante e fofo.

Sorrio levada por sua presença. Antes de abraçá-lo, checo meu estado: grudenta e dois cortes fracos no braço esquerdo, felizmente escondidos por terem sido feitos junto ao tecido que cobre até o meio dos antebraços. Entretanto, não muito bom. Me levanto e faço uma continência, dando um passo para o lado o impossibilitando de visualizar as lâminas curtas.

—Soldado Tommy!—curvo os cantos dos lábios para cima.

Caramba, enfrentou uma maratona?—Ben surge logo atrás, parando ao lado do mais novo que se diverte todas as vezes com o apelido—Oc fez isso?

Estreito os olhos minimamente convencida.

—Pois eu ganhei.—lanço uma piscadela.

—Tia Octavia fez o quê?

Fito Thomas, formulando a mesma desculpa de sempre.

—Tia Octavia e eu estávamos brincando de lutinha.

—De cosquinhas?—inclina a cabeça.

—Sim, Tommy, de cosquinhas.—Ben confirma mexendo os dedos como se fosse fazer nele, mas recua—Alguma coisa muito importante para me falar, Pierce?

Ah, esse olhar... Ele sabe. Tenho certeza. Abaixo os ombros deixando a boca numa linha fina, pegando no ar o potinho de comprimidos quando me lança.

Valeu...

—Logo serei o responsável por vocês dois.—arqueia uma sobrancelha pouco contente—Mas, não se preocupe, deve ser a última semana com eles. Nervo desinflamado, meus parabéns.

Cruzo os braços imitando sua expressão, até que ele se rende num riso fraco vacilando o olhar para o chão num instante.

—Nate disse que eu poderia ir na patrulha de hoje!—o mais novo chama nossa atenção.

Fito o Bresson curiosa, me perguntando em que exato momento essa oferta ocorreu. Uma patrulha não é um passeio pelo bosque, é uma tarefa propícia a riscos. Deixar Thomas Sayle ir nunca esteve nos meus objetivos de cuidadora.

—Vamos, sabe que a Blake tem sido muito mais perigosa do que qualquer outra coisa no bunker.—Ben procura argumentar—Não temos revoltas e coisas violentas há um tempo. A não ser que considere o roubo de rações e travesseiros como violência.

—Não sei... Não podemos contar simplesmente com a sorte.—guardo as lâminas na bainha fazendo um negativo com a cabeça—Por que não vai brincar com sua amiguinha Laysa e as outras crianças, querido?—me ajoelho para ficar da sua altura.

Seus olhinhos marejam decepcionados, me quebrando por inteira.

—Não posso ir com a Niylah?—mexe um pé.

Ben também se abaixa, considerando o pedido e aguardando minha resposta. Andar por aí junto do carrinho é algo que Tommy costuma fazer. Os riscos caem pela metade. A loira percorre os corredores do segundo nível nesse horário, onde os ex-arcadianos e uma parcela de outros ex-clãs residem. Não que eu tenha criado uma certa insegurança em relação a deixá-lo passear no meio de pessoas que não conheço, é que... é exatamente isso.

—Por favor, por favor, por favor...—junta as mãozinhas.

Já estou passando dos limites da superproteção. Miro ele cabisbaixo e franzo os lábios.

—Tudo bem, pode ir.—digo.

Ele reacende a empolgação e comemora.

—Levo ele.—o outro se põe de pé. Faço o mesmo—Te vejo depois.

—Provavelmente estarei com Kane.—aviso.

Vejo Thomas sair, pegando uma boa carona no colo do de olhos verdes. Suspiro de maneira longa e pesarosa. Todas as noites ele costumava dar boa noite ao pai, que, segundo Jaha lhe contou, havia virado uma estrelinha brilhante no céu, como sua mãe na descida até a Terra. Hoje faz quando se lembra, apertando meu peito em todas as vezes. Ele é tão jovem para já ter passado por tanto...

É um garoto bom e amável. Gosta de viajar com histórias fantasiosas e brincar com o que conseguimos criar de brinquedos. Não pude deixar de contá-lo sobre Raven e... e os demais. Me diz que gostaria de viajar em um foguete e ir para o espaço, me fazendo recordar que deveria ser pequeno demais para se lembrar que um dia já esteve lá. Não cansa de fazer perguntas sobre cada um deles e as aventuras que eu, Ben, tia Oc e os outros vivemos. São tantas que nem sempre dou conta de responder. Meu maior ponto de alívio é ver que se adaptou à minha companhia. Ver seu sorriso brilhante me conforta e eu tenho a certeza de que fiz a escolha certa.

Acordando para a vida novamente e focalizando a saída, cruzo a porta massageando minha cintura dolorida. Rodeio o piso acima do centro do bunker — cercado por grades da arena , atravesso a sala fechada de Octavia e desço a rampa, me desviando de dois delegados Azgeda que vão até a sala de Heda.

Roubo de cobertores de novo?

Adentro o primeiro corredor, cruzando a interseção e bisbilhotando a sala de reuniões à procura de Marcus. Vazia. Volto meu corpo para fora, olhando ao redor em busca de um rosto familiar e me deparando com Gaia e Indra conversando na saída de um dos dormitórios.

—...deve esquecer a chama. A era daqueles comandantes já foi, agora Octavia nos guia.—é o que pego da conversa baixa quando me aproximo primeiramente da mais velha.

—Ainda vou guardar ela com a minha vida, mãe.—Gaia busca compreensão com o olhar, se mostrando rígida—Nossos antepassados vivem, independente da crença.

Resolvo intervir antes que roube muito do espaço das duas:

—Ahn, oi... Viram Kane por aí?—questiono ligeira, atraindo a atenção das duas como se houvesse pego algo no flagra.

—Deve estar com a médica.—Indra retoma sua austeridade—Tivemos dois casos de fome extrema hoje cedo.

—Vá a ala próxima.—Gaia indica sua direita com a cabeça.

—Obrigada.—assinto.

Dou meia volta e sigo a orientação. A inanição está começando a alcançar alguns, é como um pesadelo ver que a previsão de Abby era real. A dieta é insuficiente para muitos, porém seguimos à risca desde aquele dia, reduzindo para a metade e tentando esquecer que ainda estamos presos ao lado de dentro contra nossa vontade. Se não sucumbirmos a isso, podemos sucumbir ao contemplar os resultados da fome.

Visualizo a sala de atendimento a alguns passos e bato na porta aberta para anunciar que estou aqui. A Griffin dispensa o paciente acompanhado de uma mulher no exato momento, entregando algo que imagino ser um suplemento ou algo do tipo. Marcus está encostado na maca vendo o atendimento e me lança um sorriso contido quando nota minha presença, me chamando com um gesto de cabeça.

—Entre, querida.—Abby diz se levantando e indo guardar duas pequenas maletas.

Ela parece frágil. Frágil demais para alguém tão forte e importante. Está mais pálida do que todos nós depois de um ano de bunker. Seu vício pelos remédios se revela mais forte, a deteriorando de pouco em pouco. Kane a acompanha quase sempre e praticamente implora para que pare, tendo seu pedido deixado de lado. Nem o amor é capaz de ajudar.

—Achei que fosse estar estudando as informações da fazenda e estoques.—caminho até ele com as mãos apoiadas na lombar.

—Farei mais tarde.—fala seguindo os movimentos da loira com os olhos—Não se preocupe em ajudar hoje, acho que preciso de um tempo a mais sozinho com os papéis.—expira, virando para mim e cruzando os braços.

Observo Abby destampar a caixinha de remédios ficando de frente para a parede e engolir um comprimido a seco.

—Ela vai superar, é uma Griffin.—o encaro hesitante.

—Assim espero.—ele ajeita a postura no segundo em que a vê se aproximando com um sorriso ensaiado—Como vai o Tom?

Intercalo o foco entre os dois.

—Está bem.—respondo repuxando um canto da boca—Ben foi levar ele para passar um tempo com Niylah. Queria ir para a patrulha com Miller, mas achei perigoso, então recusei.

—Agiu corretamente, não sabemos o que esperar das pessoas. Ainda mais agora que estão vendo o que a decisão de Octavia está acarretando.—consente ele.

Posso dizer que está quase incomodado com a máscara de "estou bem" da mulher, porém busca disfarçar coçando a nuca e trazendo um ar de sorriso.

—Logo não vai mais conseguir segurar ele.—a doutora comenta, correndo os olhos pelo chão. Sei em quem está pensando, então muda de assunto: —O Bresson parece bom para você. Nunca considerou... algo?—dá de ombros insinuativa.

Esse ponto específico prefiro manter guardado. Não sei o que pensar. É demais. Ainda é demais. Tanta bagunça depois que tudo aconteceu que subi barreiras íngremes.

Marcus a fita de canto com as sobrancelhas erguidas ao centro como um "não acredito que disse isso" e eu rio. É definitivamente um pai que desvia do assunto "namorados".

—Melhor eu ir.—sugiro, pendendo os braços ao lado do corpo. Dou meia volta e sinto uma mão leve me segurar.

—Leve isso então.—Abby me estende dois curativos pequenos—Percebi antes de ver que era você à porta.

Aceito com um obrigada e me vou, levando alguns questionamentos nas costas.

ׂٜ֗̇◍̸ׅ֯٠

—Aí está você.—Ben entra no dormitório—Achei que estaria com Kane.

Desvio minha atenção do livro que folheio nas mãos enquanto estou sentada sobre a cama, o pondo de lado.

—Fui liberada.—percebo que a ponta adesiva do primeiro curativo está soltando, me fazendo a apertar.

—Teve a sorte grande então.—se espreguiça—Thomas não me parou de fazer perguntas sobre personagens das suas histórias enquanto não encontrávamos Niylah.—ri. Senta-se na outra extremidade do móvel e expira de seu cansaço da metade do dia—Eu ganhei um super-nome também, morra de inveja do Super-Raio!

Tento segurar uma risada mordendo os lábios, mas não aguento.

—O que fez para conquistar?—o olho de cima a baixo.

—Tom me fez correr pelos corredores.—franze o cenho compartilhando da risada—Era isso ou ele brigava comigo por estar impaciente.

—Logo montamos uma equipe.—regrido para um sorriso renovado do humor.

—Talvez, uma dupla imbatível...—faz beicinho fingindo pensar no caso extremamente concentrado—Quer dar uma volta depois de arrumarmos aqui?—indaga, levantando e indo até sua cama.

—Por que não?—desço da minha.

Dobro o cobertor e deixo o livro de capa dura desgastada dentro do baú ao lado. Junto dois brinquedos do Tommy jogados ao redor de sua beliche e faço o mesmo. É uma arrumação aceitável se levar em conta a cama da mulher com quem compartilhamos o quarto. Seu forro não tem uma ruga e seu travesseiro não possui um fio de seu cabelo avermelhado. Giana é calada e silenciosa como um felino, mas gentil. Sua efêmera companhia — quando aceita estar com outros além de seu clã — é agradável, meu único incômodo é quando me perco no acobreado de seus fios e seus traços finos do rosto. Malina invade minha mente com lembranças ruins sempre que acha alguma brecha. Me questiono se o moreno também pensa nisso, nos momentos de terror e aflição, é possível que por esse motivo quando Giana entra, ele sai. Ou apenas seja uma ironia do destino.

—Está melhor do que eu.—franzo a testa—Um dia chega no nível dela.—aponto a cama vizinha.

—Não, não disputamos com ruivas.—nega com os indicadores—Achei que tivéssemos essa regra.

—Só porque perdemos para uma?

Exato!

E aí está minha pergunta sendo respondida; ele lembra.

—Centro?—me apressa.

—Corredor da fazenda?—dou outra ideia, seguindo seus passos até a porta.

—Desde que não fiquemos presos de novo.—vira para o corredor.

Espero que não.—murmuro—Estou acompanhando as flores desabrocharem no fundo da sala, as violetas são as mais bonitas.

—Kane não acharia ruim?—entramos no refeitório, o cruzando direto. Nossos passos ecoando no vazio.

—Não faremos nada demais, Ben.—o fito com as sobrancelhas levantadas.

Ele dá de ombros. Dobramos à esquerda e eu empurro a porta de dobradiças, que rangem e liberam a pintura de verde vivo e cores vibrantes em cada canto bem iluminado. Kara tem feito um bom trabalho desde que saiu vitoriosa no campo de gladiadores. Uma cicatriz consideravelmente grande na bochecha a marca. Se pôs no seu lugar e virou uma das guardas de Oc, ainda que teimosa.

Esticando o pescoço para ter a certeza de que está vazia, puxo o garoto pelo pulso até onde gravei a posição das flores mais novas. Os aromas invadem minhas narinas como um presente de derreter o mais duro dos corações e as folhas se movem suavemente conforme passamos em alta velocidade.

—Cara eu tenho pulsos de criança, preciso deles se ainda quiser trabalhar!—brinca, trocando meus dedos para sua mão.

—Dramático, nem estava apertando.—digo reduzindo quando já estamos perto o suficiente.

—Acredite nisso...—franze o cenho me dizendo o contrário.

Volto o olhar para a frente com um riso e breve revirada de olhos, estacionando quando encontro alguns botões ainda por abrir e uma dezena de tímidas flores entre rosa, roxo e amarelo. Todas com tonalidades suaves.

—São lindas.—o Bresson diz.

O toque da sua mão na minha faz minhas bochechas ruborizarem. A solto, passando ela no meu outro braço. É estranho, completamente estranho. Abby girou uma maldita chave enferrujada.

Nos aproximamos diante os problemas que vivemos juntos naquele período. Estar trancafiada com pessoas a maior parte do dia faz você criar laços. Laços inimagináveis como eu e Murphy, contando sobre nossos relacionamentos e superando desentendimentos. Zaara se tornou minha parceira quando fiquei só e Ben conseguia me fazer enxergar além de toda a escuridão e umidade que me asfixiavam. Contava histórias estranhas e irritava John o chamando de barata, o que, na verdade, eu adorava. Tudo foi um pesadelo, porém um pesadelo mais fácil de lidar ao lado deles.

Estou virada para as flores, entretanto completamente em outro lugar, onde flashes voam ao meu redor e meu coração se enrola nisso. "Quero que seja livre para seguir em frente", mas que droga, Bellamy!

Minha feição leve se vai, descendo o foco até a estrutura metálica que sustenta as plantas. Tenho vontade de xingar o Blake. Xingar por ter me convencido a ficar. Tanto quanto tenho vontade de voltar no tempo e fazer tudo direito. Consertar minha explosão pela notícia de Kane e todo o restante, voltando a ser a delinquente insistente e teimosa.

Eu conseguiria fazer isso uma segunda vez? Me perder tão profundamente nos olhos de alguém que o mundo inteiro suma? Errar uma batida a cada ação apaixonante? Imaginar um futuro inteiro ao lado da pessoa?

E se for disso que eu preciso? Seguir em frente... assim?

Solto minha mão do entorno do meu braço, a descendo vacilante e quase recuando no momento em que junto nossos dedos. "O Bresson parece bom para você. Nunca considerou... algo?", bem...

Subo meus olhos para ele, encarando o resto de seu rosto no momento em que percebo que já me observava com ar curioso. Esses únicos segundos são capazes de revelar mais coisas do que as bocas seriam capazes de dizer um dia. Me aproximo um pouco, incerta, notando que retribui, acabo lentamente com a distância que nos separa.

É um choque tremendo de realidade despencando sobre minha cabeça. Seria injusto pensar em um outro alguém exatamente agora, então o deixo ir. Arrancando uma parte dolorosa de mim, como uma flecha fincada e há muito cicatrizada.

Seu beijo me envolve, entorpecendo por um instante meu lado racional. Nos afastando, não sei exatamente se quero me esconder no outro corredor com hortaliças ou subir até suas íris esverdeadas que com certeza me farão enlouquecer pela atitude. Meu estômago revira ansioso, até que para quando sinto seu toque sutil na lateral do meu rosto.

—Eu juro que já estava ensaiando isso.—as palavras inesperadas me roubam um riso nasalado.

É um alívio saber que não forcei, mas tenho medo de ter jogado tudo para os ares. Algo do zero me assusta, uma completa novidade e, meu Deus, Thomas!

—Vem comigo buscar o Tommy?—franzo os lábios.

O Bresson pigarreia.

Ahn, claro, claro.—volta para a fazenda hidropônica, parecendo se localizar—Niylah deve ter subido para o nível um. Já falei que ficou linda com o novo corte?—suas palavras ligeiras e quase atrapalhadas me atingem.

—Ben, vamos.—rio, o guiando para a rampa próxima.

_______________________________
Família, vou reduzir o tempo entre as atualizações. Já está tudo prontinho, cansei de deixá-los ansiosos!!!

—Anna ♡

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