Corte de Amores e Segredos...

By ledaisyy

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Quando duas irmãs se veem caçando para sobreviver, enquanto o resto de sua família apenas aproveita do dinhei... More

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prologue
one - the begin
two - the beast
four - your majesty
five - brother from another mother
six - high lord
seven - my real "me": a queen
eight - they were fine
nine - violet eyes
ten - you're shine
eleven - what are you?
bonus - for her
twelve - back to the old house, or hell
thirteen - hello, did you miss me?
bonus - I lost
fourteen - they need us
fifteen - under the mountain
sixteen - all this for a riddle
seventeen - a deal, that's all
eighteen - sweet dream
nineteen - balls and wines
twenty - we were supposed to be dead
twenty one - no, one it's enough
twenty two - i can rest now
bonus - she is... was my sister
bonus - i felt her dying
bonus - she cannot go
epilogue
thanks
new book

three - she isn't human

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By ledaisyy

Ela não é humana

Descobri que havia mais gente na mansão, e alguém que imaginei que nunca mais veria. Alguém que a última vez que havia visto foi antes da morte do meu pai e do meu irmão, alguém que eu considerei como meu próprio irmão. Mas alguém que eu não poderia nem contar que conhecia ou demonstrar alguma reação quando o vi pela primeira vez depois de tanto tempo.

Depois de um vago encontro com Lucien na imensa sala de jantar, em que ele passou mais tempo alfinetando eu e Feyre e se perguntando como duas humanas como nós poderiamos ter matado feéricos como Andras e Ankor – e fiz questão de o amaldiçoar em cada insulto dirigido a mim ou minha irmã, porque Lucien era uma raposa ardilosa e terrivelmente mentirosa, ou talvez apenas muito lerda para algumas coisas –, segui uma criada até onde seria o quarto em que passaria o resto de meus dias. Talvez meu lado humano fizesse com que eu tivesse uma vida até os 60 anos ou um pouco mais, mas talvez meu lado feérico resolvesse agir e eu teria que sobreviver por mais de 500 anos em uma terra de primavera eterna, e sem minhas irmãs.

Provavelmente Tamlin havia tentando usar glamour em mim para evitar que eu percebesse que a criada, descobri mais tarde se chamar Lene, tinha uma pele parecida com casca de árvore, ou que a mansão estava estupidamente lotada. E se ele havia feito essa tentativa idiota significava que ainda não sabia o que eu era, e, enquanto pudesse, usaria isso ao meu favor.

Deixei Lene me ajudar no banho e a colocar o vestido que havia separado – roxo com algumas flores bordadas na barra, nas alças e algumas perto do colo, justo no busto e se abrindo em uma saia rodada a partir da cintura. Havia passado tantos anos sem tocar em algum vestido que tinha me esquecido da sensação que era usá-los, lembrava de minha mãe contratando os melhores costureiros para fazer os meus vestidos e os das minhas irmãs, mas o tecido na minha pele ainda era estranho.

⁛--------------⁙--------------⁛

— Como quer seu vestido, querida? — perguntou minha mãe enquanto uma mulher tirava minhas medidas e outra as anotava. Feyre em seu colo, brincando com algumas mexas que caia do seu coque. Nestha e Elain estavam esperando sentadas em um sofá ao meu lado.

— Preto. Com um tule transparente e estrelas prateadas.

— Já pediu esse da última vez, Lay. E da anterior a essa — Nestha resmungou, como se não aguentasse mais ver esse vestido ano após ano. Mas eu sabia que esse era seu jeito e sabia que não era um insulto de verdade, pelo contrário.

— Eu sei... Mas é que uma noite estrelada sempre aparece nos meus sonhos — acrescento mentalmente que, de alguma forma, ela me conforta durante os pesadelos. — É apenas uma forma de traduzir esses sonhos a algo real. — De sentir que, mesmo nova, ainda não enlouqueci.

— Faremos esse vestido, querida. Faremos quantas vezes você quiser. Mas como imaginei que você o pediria, já havia deixado isso preparado. Peça outro também.

— Um azul, parecido com meus olhos.

Ainda tinha meus olhos azuis, por mais que meu cabelo já fosse castanho-dourado igual o de minhas irmãs. A cada dia percebia como aquela parte minha estava desaparecendo e, quando a noite chegava e eu podia deitar na minha cama, deixava as lágrimas escorrerem porque sabia que a imagem de meu pai e meu irmão estavam se apagando da minha mente e da história.

— Escutaram então — minha mãe diz, se dirigindo as costureiras. — Um vestido azul igual aos olhos da minha mini rainha.

Sorri com o elogio. Um olhar a minha mãe e vi que ela fazia o mesmo.

⁛--------------⁙--------------⁛

Paro no corredor, a espera de Feyre, quando escuto uma conversa vindo do andar de baixo. Tento reconhecer as vozes, mas estavam extremamente baixas, o que significava que talvez já fosse hora de voltar a treinar meus poderes feéricos. Com um pouco de dificuldade, consegui perceber a voz de Tamlin e Lucien.

— Trouxe duas, talvez a chance de acabar com toda essa merda seja maior — era Lucien que falava, sua voz tinha mais sotaque que a do de cabelos dourados, mas ainda assim não entendi sobre o que exatamente falavam.

— Não — retruca Tamlin. — Só uma chance, na verdade. Seja o que for, a mais velha não é o que aparenta ser. Não é humana, pelo menos não completamente.

— Não sentiu nada que pudesse indicar o que ela é?

— Não. Nem no cheiro, nem com magia, o que quer que seja, ela sabe esconder.

— E ela foi bem clara quando disse humana — Lucien resmungou, mas sabia que, no momento que ele descobrisse, estaria orgulhoso.

Faço uma nota mental de não tirar a magia de transformação de mim, não podia arriscar deixar com que Tamlin visse meus olhos azuis, a cor de nascença do meu cabelo ou minhas orelha meio pontudas.

Antes que pudesse voltar a concentrar na conversa do andar de baixo, sinto mãos rodeando minha cintura. Poderia ter me assustado, se eu não reconhecesse aquele abraço mais que qualquer coisa. Me viro para abraçar Feyre também, que apenas afunda sua cabeça no meu peito.

— Tinha me esquecido do quão bonita você fica de vestido — sua voz sai abafada.

— Tinha me esquecido da sensação de usar um. Mas e você, por que não está usando um? — pergunto afastando um pouco sua cabeça, apenas para olhá-la nos olhos.

— Me senti mais confortável com a calça. Além do mais, faz tanto tempo que não usamos algo assim — ela segura um pouco de tecido do vestido — que ao menos lembro como é. Me acostumei com calças e túnicas.

— Uma pena, você sempre foi a mais bonita de nós quatro com aqueles vestidos.

— Dizer isso é um eufemismo — grunhiu. — Todo mundo sabe que você de longe era a mais bonita. Ainda é. Olhe só para isso! — ela se afasta mais, segurando minha mão e me girando no lugar.

— Não exagere, Fey.

— Não estou exagerando, é a verdade.

Quando acabamos a mini discussão de qual das irmãs ficavam mais bonitas em vestidos – Feyre me fez admitir que era eu – descemos em direção à sala de jantar. Onde Tamlin e Lucien já esperavam, o primeiro sentado na cabeceira da mesa enquanto o segundo estava a sua esquerda.

Eles pararam a conversa na hora que nos viram entrando na sala, se for porque não deveríamos escutar sobre o que conversavam ou se estavam terrivelmente surpresos, eu não saberia dizer. Percebendo claramente a diferença de minha irmã e eu – e não duvido que tentando farejar o que impedia o Grão-Senhor de afirmar que eu era tão humana quanto Feyre –, reparei que me esconder seria ainda mais difícil. Quando viram que não nos movemos ou falamos algo Tamlin decidiu se pronunciar:

— Antes que perguntem: a comida ainda é segura para que comam — ele apontou para as cadeiras na outra ponta da mesa. Nenhum sinal das garras. Quando não nos movemos, o feérico disse, rispidamente: — O que querem, então?

Nem eu e Feyre fizemos questão de responder. Podia ler os pensamentos de minha irmã no seu rosto: comer, fugir, salvar minha família. Rezei aos deuses para que eles não percebessem isso também, para que só eu tivesse facilidade de ler minha irmã por completo. Eu, por outro lado, me concentrava em salvar Feyre; porque eu podia me virar desse lado da muralha, mas Feyre ainda era humana, muito mais humana que eu.

Lucien falou do assento na extensa lateral da mesa:

— Eu avisei, Tamlin — ele olhou para o amigo. — Suas habilidades com fêmeas definitivamente enferrujaram nas últimas décadas.

«——————⁜—⁜——————»

Depois de um jantar nem um pouco agradável, com farpas sendo soltas a cada abrir de boca, finalmente volto para o quarto que seria meu agora. Não me preocupo em fazer alguma proteção na porta do quarto, se realmente quisessem entrar nele alguns pedaços de madeira não ajudariam.

Tiro o vestido e coloco a camisola que Lene provavelmente havia separado. Por um momento me deixo sentir falta de dormir com alguma calça, ou de apenas usar uma – talvez amanhã eu pedisse uma túnica e alguma calça, assim como Feyre havia feito. Não me preocuparia com isso agora, não com uma cama definitivamente mais confortável que o sofá no qual eu dormia no chalé, apenas para deixar a cama para minhas irmãs.

Me entrego a escuridão logo que encosto minha cabeça no travesseiro. Não sonhei com a escuridão e um salpicado de estrelas, ou com os olhos violetas que sempre me salvavam de alguma coisa. Deixo minha mente divagar em meio aos pensamentos.

⁛--------------⁙--------------⁛

— Mãe, posso ir naquela praça que tem aqui perto de casa? — pergunto enquanto sinto suas mãos se perdendo no meio do meu cabelo, já castanho.

Tinha 12 anos, e por mais que minha mãe não gostasse que eu saísse de casa sem ela estar junto, eu tentaria; porque não havia mais motivo para ela ter medo. Meu cabelo já era igual ao dela, e meus olhos estavam bem mais cinza do que antes. E eu conhecia as pessoas que moravam aqui, e elas me conheciam – e conheciam minha família – ao ponto de não tentarem nada. Além do mais, saberia que encontraria Paige na praça e que uma Clarke e uma Archeron juntas significavam poder, ou seja, ninguém se atreveria a encostar um mísero dedo em nós duas.

— Tem certeza, querida? Tenho tanto medo... — levanto de repente de seu colo, a assustando.

— Tenho, mamãe. O dia parece tão bonito lá fora, se sentir mais segura posso levar alguma das meninas comigo... Feyre, talvez.

— Feyre está trancada no quarto pintando. Pode ir... só tome cuidado, ok? Se vir algo estranho, volte para casa. Por favor, querida.

Dou um beijo estalado em sua bochecha e prometo que tudo vai ficar bem – e que voltaria para casa se algo acontecesse. Passo no meu quarto apenas para pegar uma presilha e prendo o cabelo que caia no meu rosto.

Quando volto para o andar de baixo, minha mãe já me espera com meu casaco em mãos.

— Fique bem, princesa — aceno à ela em concordância.

Saio de casa sem dar tempo dela intervir em algo – seja no vestido azul claro com alguns detalhes em branco, na presilha branca ou no casaco também branco.

Ao chegar na praça não vou em direção as outras crianças, que se acumulavam em torno dos balanços e escorregas. Como não encontrei Paige em nenhum lugar, resolvi ficar perto de um canteiro de flores, observando uma a uma depois da mini aula de Elain sobre suas diferenças e o que cada uma podia fazer.

Minha mente divaga em meio a pensamentos e a sonhos que não percebo o tempo passando, ou quando um menino – claramente perdido – se aproxima. Ele tem que tossir algumas vezes até que eu perceba que ele estava ali, um rubor começa a subir pelo meu rosto quando me viro para olhá-lo.

— Erhh... Desculpe atrapalhar a senhorita, é só que... Bom, estou meio perdido. Me mudei para cá ontem e... — vejo ele corar também. Envergonhado de ter que pedir ajudar a outra pessoa. — Quis ver um pouco da aldeia e agora não me lembro direito onde era a casa. Não sei se ajuda, mas a outra dona foi Martha Collin, minha tia...

— Ah! Um Collin! — exclamo, fazia tempos de não os víamos mais. — Acho que todo mundo aqui conhecia sua tia, sempre ajudando a todos. Sinto muito, inclusive, pela perda... Imagino como deve ser difícil.

— Sim... Eu era bem apegado a ela.

— Bom, você pode continuar descendo essa rua mesmo — aponto para a rua atrás de nós. — Dará na rua da sua casa, duas casas a esquerda da do meio.

— Obrigado, de verdade, senhorita...

— Layla.

— Bom, obrigado, Layla.

— Não foi nada...

— Pietro.

— Nos vemos por ai então, Pietro.

⁛--------------⁙--------------⁛

Quando acordo já é de manhã. Não posso evitar que aquele sonho me atinja, havia lutado tanto para simplesmente esquecer da existência dele que lembrar disso agora, acima da muralha... Não conseguia decidir se era uma maldição ou um livramento. Ele havia deixado bem claro quando acabou com tudo, quando disse que não teria mais volta. Quando resolveu casar com a minha melhor amiga.

Eu sabia muito bem da minha parcela de culpa, como persuadi Paige a fazer coisas que ela talvez não quisesse verdadeiramente, somente porque sentia dentro de mim que deveria humilhá-lo da mesma forma em que eu fui. A fiz a trair e a manchar sua consciência inteira.

Mas ainda assim dói, dói muito mais do que eu possa suportar. Mas eu não deveria sentir isso, não deveria nem por um maldito segundo. Porque foi ele, ele que não quis me ajudar quando tudo nos atingiu. Ele que foi egoísta o suficiente para escolher status ao invés do amor, isso se ele realmente chegou a me amar em algum momento – talvez não, éramos crianças. Crianças idiotas e inconsequentes.

Mas ele sempre ferrava as coisas. E quando elas não aconteciam do jeito que ele queria, e precisava que alguém as concertasse, era eu. Sempre foi eu a concertar. A deixar minhas irmãs de lado, para ele. Por ele.

E se ele pedisse para voltar, e dissesse que sente falta de nós... Merda. Nem eu sei ao certo o que escolheria. Porque ele me machucou, ele me quebrou primeiro, mas ainda assim... Pietro havia sido meu primeiro amor. Não queria acreditar quando vi que ele havia superado, enquanto todo dia eu esperava ele. Esperava ele aparecer na porta da minha casa e dizer que tudo ficaria bem, que ajudaria.

Tola. Era isso que eu era. Então, por mais que doesse, que quebrasse cada parte de mim que ainda recolhe os pequenos pedaços do meu coração, eu o deixaria. Deixaria ele no meu passado, porque Pietro não poderia me quebrar mais que isso, não agora. Não quando eu tinha certeza que jamais o veria novamente, então não haveria nem uma razão de sofrer por um idiota igual a ele.

Eu faria as coisas diferentes. Faria escolhas diferentes. E, talvez, no fim de tudo, aquele par de olhos violetas pudesse aparecer. Aparecer para me tirar da bolha de escuridão que eu manteria envolta de mim. Igual sempre acontecia nos sonhos, porque era sempre aqueles olhos.

E caso aqueles olhos nem ao menos existem de verdade, então eu aprenderia a lutar e superar sozinha. Eu aprenderia a lutar pela minha mãe, pelo meu pai – que ao menos pode me ver crescer –, pelo meu irmão e pelas minhas irmãs, pelas três sem exceção.

Aprenderia a lutar por um sonho perdido, um sonho que desse lado se torna impossível. E aprenderia por mim. Porque eu merecia saber me reerguer e me defender sozinha caso necessário, merecia por cada parte que foi tirada de mim.

E nada. Nada. Me tiraria desse caminho. Dessa batalha.

Porque Pietro definitivamente foi quem quebrou meu coração e minha alma primeiro, mas agora eu consertaria cada pedaço antes que mais alguém tivesse a chance de me ver estilhaçar.

E como em concordância, uma voz dentro de mim sussurrava. Grave e sensual.

É sua batalha, não deixe que ninguém a derrote. Você pode ganhar, tem força para isso. Não precisa de um salvador .

Não sou muito boa com descrições. Então o que melhor que uma imagem de como eu imaginei o vestido dela.


As coisas ainda estão bem calmas, né? Algumas memórias, alguns sonhos... Menção de olhos violetas. 

Não esqueçam de votar e comentar, isso ajuda o engajamento da fic, além de me fazer feliz.

Fazer uma pergunta aqui também: vocês querem que a Feyre morra em Sob a Montanha e vire feérica? Se ela morrer ou não ela virará feérica de qualquer jeito, já tenho ideia para as duas opções.


xoxo, l.

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