23:10 / 04 de outubro, domingo.
Ana Liz on
Acordo com o barulho da vã abrindo, olho pela janela e percebo que estamos na frente de meu prédio.
Lucca: "Eu não consigo dormir"!- disse imitando o que eu disse com uma voz engraçada, e então mostrei o dedo do meio seguido de uma risada.
Esfreguei meus olhos, tirei o cinto e desci do carro, logo sentindo o vento gelado bater em meu rosto e minhas pernas.
Grace: Olha, acordou da hibernação!- olhei para meu pulso como se tivesse um relógio.- Tá olhando o que?
Liz: Tava vendo se já é hora de você ir pastar.- sorri sínica e peguei minha mala no porta malas.
Connor: Ui...- segurou a risada e Grace o olhou.- Ninguém mandou cutucar.- levantou as mãos como rendição.
Todos que tinham os carro estacionado em frente ao prédio, pegaram as malas e foram embora, então subi com Connor, Lucca, Emma e Scott.
Lucca: Connor, pode ir comigo levar a vã? Preciso que alguém me acompanhe de carro para poder voltar.- perguntou saindo do elevador.
Connor: Claro, só vou colocar as coisas lá dentro, e nós vamos.- saiu do elevador e foi para o apartamento dele junto com Scott.
Abri meu apartamento, acendi a luz e levei minhas malas para meu quarto, enquanto meu irmão deixava as coisas dele na sala, já que ele ia voltar para buscar Emma.
Lucca: Estou indo devolver a vã!- disse alto para que eu ouvisse de meu quarto.
Liz: Tá!- ouvi a porta fechar e fui até a sala.- Eita...- disse quando olhei para o sofá e vi o celular dele.- Lucca, seu celular!- disse saindo de casa, mas o elevador já tinha descido, e só tinha Scott plantado na frente da minha porta.- Oxi...
Scott: Vou ficar aqui com vocês.- sorriu.
Liz: Entra aí.- dei espaço e entrei logo em seguida.
Deixei o celular do meu irmão em cima da bancada e comecei a conversar com Scott e Emma sobre a viagem.
Tinha alguém que não parava de mandar mensagem, chequei meu celular e não tinha nada, então Emma e Scott fizeram o mesmo, e cheguei a conclusão de que era do celular do Lucca.
O celular começou a tocar e então fui até o mesmo e vi que ela minha mãe. Atendi o celular, e não deu nem tempo de dizer oi, minha mãe estava desesperada e já foi falando achando que era o Lucca.
Ligação on
Mãe: Lucca meu filho, pelo amor de Deus, vem para o hospital.- disse chorando.- Seu pai piorou muito.
Liz: Mãe, é a Liz! Do que a senhora está falando?- perguntei com meus olhos cheios de lágrima.
Mãe: A-ah... Oi filha, cadê seu irmão?- gaguejou e tentou conter o desespero.
Liz: Saiu, agora me fala o que aconteceu! O que tem meu pai?!- ela ficou em silêncio.- MÃE!- a chamei nervosa.
Mãe: Seu pai passou mal a alguns dias atrás, vomitando sangue e sem força.- respirou fundo.- Ele melhorou, recebeu alta sábado e então ficamos a espera de alguns exames, que sairam hoje, só que quando estávamos saindo para ir buscar, ele passou mal de novo e desmaiou na sala.- comecei a chorar e tremer.
Liz: Por que não me contaram?- perguntei chorando.
Mãe: Porque você iria ficar preocupada... Desculpa filha.
Liz: Em que hospital estão?- perguntei e ela me passou o endereço.- Te encontro aí.
Mãe: Toma cuidado querida.
Ligação off
Assim que desliguei o celular, sequei minhas lágrimas e peguei minha chave do carro, logo saindo de casa. Scott e Emma vieram atrás de mim preocupados e acabaram entrando no carro comigo.
Liz: Scott, liga para o Connor e fala para o João nos encontrar nesse hospital.- disse saindo da garagem.
Acelerei o carro e fomos até o hospital. Chegando lá, minha mãe estava chorando e me abraçou assim que me viu.
Liz: Como ele está?- perguntei segurando o choro.
Clarice: Ele acordou, e os médicos foram buscar os exames que estávamos vindo buscar...- saiu do abraço.- Oi crianças.- sorriu fraco para Emma e Scott.
Emma: Vai ficar tudo bem Sra. Garcia.- a abraçou.
Scott: Senta um pouco, a senhora está nervosa...- ajudou minha mãe a sentar e então me sentei ao lado dela, logo apoiando a cabeça em seu ombro.
Lucca: Oi gente, o que aconteceu?- perguntou preocupado.- Mãe?- paralisou e a olhou.- Tá fazendo o que aqui?
Liz: O papai estava passando mal semana passada, mas isso você já sabe né?- me levantei e fui até ele.- Agora ele está pior e eu nem sabia que ele estava doente!- o empurrei e comecei a chorar.- Eu tinha o direito de saber, e vocês esconderam isso de mim!- empurrei ele de novo.
Emma: Liz, para!- me puxou.- Escondemos para o seu bem!- parei e a olhei.
Liz: Você também sabia?- mais lágrimas caíram.
Emma: Desculpa, eu não tinha o direito de te contar, o assunto não é meu.
Liz: É o meu pai... Como puderam fazer isso comigo?- os olhei.
Dr. Estevam: Família de Phillip Rodrigues!- chamou e então Lucca, minha mãe, e eu fomos até ele.- Venham comigo por favor.
O médico nos guiou até o quarto que meu pai estava, e assim que entramos, vi meu pai ligado a um monte de aparelho. Agora descobri o porquê do mal pressentimento e o aperto no peito que eu estava sentindo...
Phillip: Oi meus amores.- disse fraco e sorriu.- Olá doutor, boa noite.
Dr. Estevam: Boa noite senhor.- o cumprimentou.- Bom, os exames que solicitei a uns dias atrás ficaram prontos, então achei melhor trazer a vocês.- disse entregando os papéis que estava na mão para meu pai.
Ele estava sorrindo com o mínimo de força que lhe restava, estava magro e pálido. Meu pai começou a ler os exames e conforme foi passando para os outros papéis, seu sorriso foi se desmanchando.
Liz: Papai... O que foi?- meus olhos encheram de lágrimas.
Phillip: Isso quer dizer que...-olhou para o médico, que logo assentiu.
Seus olhos transbordaram, e sua mão foi até a boca, logo a tampando. Ele puxou eu e meu irmão para um abraço, e logo beijou nossos rostos.
Lucca: O que está acontecendo?- perguntou assustado.
Clarice: Posso ler os papéis?- meu pai assentiu e ela começou a ler em prantos.
Liz: O que meu pai tem, doutor?
Dr. Estevam: Senhor?- olhou para meu pai que deu permissão para ele falar.- Seu pai está com câncer avançado no estômago...- senti meu mundo desabar, olhei para meu pai e paralisei sem conseguir ao menos chorar.- Eu sinto muito.
Minha mãe o abraçou em meio a lágrimas, Lucca começou a chorar e eu continuei tentando processar.
Phillip: Tem tratamento doutor?- o olhou.
Dr. Estevam: Podemos começar a radioterapia e a quimioterapia, também tem algumas cirurgias que podemos considerar fazer.
Phillip: Eu quero fazer tudo que for possível, não quero deixar minha família...- o médico assentiu.
Liz: Eu sinto muito papai...- abaixei a cabeça e ele me puxou para um abraço.
Phillip: Você não tem culpa querida.- beijou minha cabeça.- Eu te amo, e vou fazer o possível para continuar com vocês.- sorriu e eu beijei sua bochecha.
Liz: Te amo.- sorri fraco.
Phillip: Se divertiram na viagem?- perguntou sorrindo para Lucca e eu, que logo assentimos.- Que ótimo!- beijou nossas testas.- Imagino que estejam cansados, vão para casa descansar.- segurou minha mão.
Liz: Mas...- o olhei.
Phillip: Eu estou bem querida.- sorriu.- Ainda vou encher muito o saco de vocês, não se preocupe.- riu.
Lucca: Está bem mesmo?- assentiu.- Tudo bem... Te amo pai, te amo mãe.- beijou os dois.- Qualquer coisa nos liguem.
Liz: Amo vocês.- sorri fraco e os abracei.
Clarice: Também te amamos meu amor.- beijou minha bochecha.
Eu e Lucca saímos do quarto e fomos para a recepção encontrar nossos amigos, que logo vieram até nos saber o que havia acontecido. Lucca os explicou e eles nos confortaram, mas eu não consegui dizer uma sequer palavra desde que sai daquele quarto.
Fomos para meu apartamento, Emma pegou suas coisas, se despediu de mim e Lucca a levou para a casa dela. Assim que fiquei sozinha em casa, meu mundo desabou totalmente.
Senti minha respiração ficar ofegante, meu coração acelerar e minhas lágrimas não cessaram de modo algum. Escorreguei pela parede e me encolhi enquanto chorava no chão.
Connor on
Liz estava totalmente em choque, não estava chorando e nem falando nada. Assim que chegamos no prédio, fui para meu apartamento com Scott e senti a necessidade de mandar uma mensagem para saber como Liz está, mas ela não me respondeu.
Fui até seu apartamento e bati na porta esperando alguém atender, o que não aconteceu, então vi a porta destrancada e abri a porta.
Connor: Oi Liz... Sou eu, o Connor!- disse entrando.- Mandei mensagem, mas você não respondeu, então vim ver como está.- acendi a luz e a vi encolhida no chão.- Ei pequena...- fui até a mesma.- Está tendo uma crise?- a olhei e ela assentiu, então me sentei no chão ao seu lado, a puxei para meu colo e então a abracei forte.- Sabe... Mesmo que eu conheça pouco seu pai, sei que ele é forte, e vai aguentar.
Liz: Mas e se ele for embora?- me olhou.- E se ele morrer, Connor? Eu não vou aguentar...- perguntou com dificuldade de respirar.
Connor: Pensa positivo pequena!- fiz carinho em seu cabelo.- Vai dar certo, logo ele começa o tratamento e vai ter mais tempo com você.- segurei sua mão.- Aproveita ele pequena, deixa de pensar no pior.- ela assentiu.- Agora vamos controlar essa respiração, inspira...- inspirei junto com ela.- Expira.- expiramos.
Fizemos isso várias vezes, depois fiz um chá para ela se acalmar e separei um pouco para Lucca, que não importa o mais forte que ele pareça na frente dos amigos, eu sei que ele está destruído.
Assim que ele chegou, o abracei, ele abraçou Liz por alguns minutos e depois bebeu o chá.
Lucca: Obrigada Connor, por ter ficado com ela.- sorriu.
Connor: Qualquer coisa que precisarem, só chamar.- sorri de volta.- Bom, ja está tarde e eu vou deixar vocês descansarem.- respirei fundo.- Boa noite gente, se cuidem.
Fui para meu apartamento, tomei um banho quente e deitei na minha cama tentando dormir, o que foi difícil, mas consegui.